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PRINCÍPIOS DE DIREITO

DO TRABALHO

ANDRÉ LUIZ TAMBOSI


MARCELO DA SILVA FREITAS
DEFINIÇÃO:

 Linhas diretrizes que informam algumas


normas e inspiram direta e indiretamente
uma série de soluções;
 Normas fundamentais e informadoras da
organização jurídica trabalhista.
FUNÇÕES:

 INFORMADORA: inspiram o legislador,


servindo de fundamento para o ordenamento
jurídico;
 NORMATIVA: atuam como fonte supletiva,
no caso de ausência de lei;
 INTERPRETADORA: operam como
critério orientador do Juiz ou do intérprete.
CLASSIFICAÇÃO:

 Princípios Políticos: são mais políticos do


que jurídicos, mais programáticos que
normativos, dependem das circunstâncias
históricas e geográficas;
 Princípios Jurídicos: cumprem uma função
similar à que realizam os princípios gerais
do direito em todo o panorama jurídico.
PRINCIPAIS PRINCÍPIOS DE
DIREITO DO TRABALHO
 Princípio de proteção;

 Princípio da irrenunciabilidade;

 Princípio de continuidade;
PRINCIPAIS PRINCÍPIOS DE
DIREITO DO TRABALHO
 Princípio da primazia da realidade;

 Princípio da razoabilidade;

 Princípio da boa-fé.
PRINCÍPIO DE PROTEÇÃO
DEFINIÇÃO:

 Critériofundamental que
orienta o Direito do Trabalho;
 Objetiva estabelecer um
amparo preferencial a uma das
partes: O TRABALHADOR.
PRINCÍPIO DE PROTEÇÃO
REGRAS GERAIS
A) IN DUBIO PRO OPERARIO
 Servepara o intérprete escolher entre os
vários sentidos da norma, aquele que seja o
mais favorável ao trabalhador;
 Aplicado somente em caso de dúvida sobre
o alcance da norma legal.
PRINCÍPIO DE PROTEÇÃO
REGRAS GERAIS
B) NORMA MAIS FAVORÁVEL
 Considera-se a situação da coletividade
trabalhadora;
 Deveser resolvida objetivamente, em
função dos motivos que tenham inspirado as
normas;
PRINCÍPIO DE PROTEÇÃO
REGRAS GERAIS
B) NORMA MAIS FAVORÁVEL
 Deve-se observar se a regra inferior é mais
ou menos favorável aos trabalhadores;
 Não se admite a eficácia de uma disposição
inferior.
PRINCÍPIO DE PROTEÇÃO

REGRAS GERAIS
C) CONDIÇÃO MAIS BENÉFICA
 Nova norma nunca deve diminuir as
condições mais favoráveis em que se
encontrava o trabalhador.
PRINCÍPIO DA
IRRENUNCIABILIDADE

DEFINIÇÃO
 Impossibilidade jurídica de
privar-se voluntariamente de
uma ou mais vantagens
concedidas pelo Direito
Trabalhista em benefício
próprio.
PRINCÍPIO DA
IRRENUNCIABILIDADE

DEFINIÇÃO
 Ninguém pode privar-se das possibilidades
ou vantagens estabelecidas em seu proveito
próprio, ao contrário de outros ramos do
Direito.
PRINCÍPIO DA
IRRENUNCIABILIDADE

FUNDAMENTOS
 Princípio da indisponibilidade;
 imperatividade das normas trabalhistas;
 caráter de ordem pública;
 limitação a autonomia da vontade.
PRINCÍPIO DA
IRRENUNCIABILIDADE

PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE
 Implica a nulidade da renúncia pelo
trabalhador, dos benefícios estabelecidos
por normas de direito inderrogável;
 A indisponibilidade assume as modalidades
da irrenunciabilidade e intransigibilidade.
PRINCÍPIO DA
IRRENUNCIABILIDADE
IMPERATIVIDADE DAS NORMAS
TRABALHISTAS

 Baseia-seno interesse e na necessidade de


organizar a economia e de proteger os
hiposuficientes.
PRINCÍPIO DA
IRRENUNCIABILIDADE
CARÁTER DE ORDEM PÚBLICA
 As partes não podem regulamentar sua
conduta, de maneira diversa da que tenha
estabelecido o legislador;
 Limitação do jus dispositivum.
PRINCÍPIO DA
IRRENUNCIABILIDADE
LIMITAÇÃO A AUTONOMIA DA
VONTADE
 Transcendem a esfera individual daqueles
que atuam como sujeitos das relações de
trabalho, para interessar a sociedade em
geral;
 Protege-se o trabalho, a liberdade e a
dignidade do trabalhador.
PRINCÍPIO DA
IRRENUNCIABILIDADE
PROIBIÇÃO DE RENÚNCIA
 Resulta de um ato unilateral, na qual o
titular de um direito dele se despoja;
 Difere-seda transação, pois nesta as partes
fazem concessões recíprocas. Extinguem
obrigações litigiosas ou duvidosas.
PRINCÍPIO DA
IRRENUNCIABILIDADE
ALGUMAS VARIEDADES DE RENÚNCIA
 Expressa e tácita;
 Anterior ou posterior ao Direito;
 Durante ou posterior ao contrato;
 Efetuadas por meio de convenções
coletivas.
PRINCÍPIO DA
IRRENUNCIABILIDADE
EXPRESSA E TÁCITA
 A primeiraexterioriza de forma clara a
vontade de desligar-se de um direito;
 A segunda pode ser deduzida de certos
comportamentos do trabalhador, que
evidenciem o propósito de privar-se de
certos direitos.
PRINCÍPIO DA
IRRENUNCIABILIDADE
ANTERIOR OU POSTERIOR AO DIREITO
 A primeira é nula de pleno direito, salvo se
a própria lei a admitir;
 A segunda é permitida por entender-se que
os direitos já confirmados se convertem em
verdadeiros direitos de crédito.
PRINCÍPIO DA
IRRENUNCIABILIDADE
DURANTE OU POSTERIOR AO
CONTRATO
 Nega-seveementemente a possibilidade das
renúncias durante a vigência do contrato;
 Admite-se a possibilidade de renúncia após
a vigência da relação trabalhista.
PRINCÍPIO DA
IRRENUNCIABILIDADE
EFETUADAS POR MEIO DE
CONVENÇÕES COLETIVAS
São válidas desde que:
a) modifiquem direitos procedentes de
anterior convenção;
b) que se estipule a possibilidade de renúncia
a direito emergentes das convenções.
PRINCÍPIO DA
IRRENUNCIABILIDADE
DIREITOS IRRENUNCIÁVEIS
 direitos legais;
 direitos subjetivos, ou seja, outorgados pela
lei ao renunciante;
 direitos
que beneficiem o trabalhador, com
algumas exceções.
PRINCÍPIO DE
CONTINUIDADE
FUNDAMENTO
 Visanão apenas dar segurança ao
trabalhador, como também trazer benefícios
a própria empresa;
 Contribuipara aumentar o lucro e melhorar
o clima social das relações de trabalho.
PRINCÍPIO DE
CONTINUIDADE
ALCANCE
 Existe preferência pelos contratos de
duração indeterminada.
 Justifica-se: a) maior tendência a durar; b) o
contrato de duração limitada prescinde da
indenização por despedida e obriga mais o
trabalhador, pois não existe possibilidade de
denúncia.
PRINCÍPIO DE
CONTINUIDADE
CONSEQUÊNCIAS PRÁTICAS
 Nada constando, presume-se que o contrato
é de duração indefinida;
 Quando for de duração determinada, caso
prorrogado, converte-se em indeterminado;
 Ocorrendo a sucessão ininterrupta de
contrato determinado, configura-se em
indefinido.
PRINCÍPIO DE
CONTINUIDADE
CARACTERÍSTICAS
 Permanência apesar da existência de
cláusulas nulas;
 Permanência apesar da existência de
violações;
 A despedida como anomalia jurídica;
 Estabilidade.
PRINCÍPIO DE
CONTINUIDADE
PERMANÊNCIA APESAR DA
EXISTÊNCIA DE CLÁUSULAS NULAS
 Existindo cláusulas contrárias ao
ordenamento jurídico, será preservado a
relação, substituindo-se a cláusula viciada;
 Reconhece-se todos os direitos ainda que
nascidos de um trabalho ilícito.
PRINCÍPIO DE
CONTINUIDADE
PERMANÊNCIA APESAR DA
EXISTÊNCIA DE VIOLAÇÕES
 Existindo inadimplemento ou violação por
parte do empregador, cabe ao trabalhador
optar pela continuidade do contrato ou
pretender a caracterização da despedida
indireta, invocando a culpa patronal.
PRINCÍPIO DE
CONTINUIDADE
DESPEDIDA COMO ANOMALIA
JURÍDICA
 Principal expressão deste princípio;
 Consiste na resistência a que o empregador
possa romper o contrato por sua vontade
exclusiva.
PRINCÍPIO DE
CONTINUIDADE
ESTABILIDADE
 Consiste no direito de não ser despedido
arbitrariamente.
O empregador não tem o direito de despedir
senão quando haja causa justificada.
PRINCÍPIO DE
CONTINUIDADE
CLASSIFICAÇÃO DA ESTABILIDADE

 Absoluta: determina a ineficácia da


despedida e garante a reintegração efetiva;

 Relativa:subdivide-se em própria e
imprópria.
PRINCÍPIO DE
CONTINUIDADE
ESTABILIDADE RELATIVA
 Própria:
considera nulo o ato da despedida,
permanecendo intacta a relação contratual;

 Imprópria:não afeta a eficácia da despedida.


Sanciona o inadimplemento contratual com
indenizações administrativas.
PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA
REALIDADE
CARACTERÍSTICAS
 Estabelecea primazia dos fatos sobre as
formas, as formalidades ou aparências;

 Entreo que ocorre no mundo real dos fatos


efetivos e o mundo formal dos documentos
deve prevalecer o primeiro;
PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA
REALIDADE
FUNDAMENTAÇÃO
A) Exigência de boa fé;
B) Dignidade da pessoa humana;
C) Desigualdade das partes;
D) Interpretação racional da vontade das
partes.
PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA
REALIDADE
EXIGÊNCIA DE BOA-FÉ
 A realidadereflete sempre e
necessariamente a verdade;
 A documentação pode refletir a realidade,
porém por vezes a dissimula;
 A boa-fé representa exigência indispensável
a idéia de justiça.
PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA
REALIDADE
DIGNIDADE DA ATIVIDADE HUMANA

O Direito do Trabalho regula o trabalho, isto


é, a atividade, não o documento;

 Havendo divergência entre ambos os


planos, interessa o real e não o formal.
PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA
REALIDADE
DESIGUALDADE DAS PARTES

 Devido a distância econômica e cultural


entre as partes o Direito do Trabalho
procura compensar com desigualdade
jurídica a desigualdade econômica inicial.
PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA
REALIDADE
INTERPRETAÇÃO RACIONAL DA
VONTADE DAS PARTES
 Osfatos revelam a vontade real das
partes;
 Osatos posteriores ao contrato servirão
para explicar a verdadeira intenção das
partes ao celebrá-lo.
PRINCÍPIO DA
RAZOABILIDADE
DEFINIÇÃO

 Consiste
na afirmação de que o ser humano
deve proceder conforme a razão;

 A premissa
é que o homem age
razoavelmente e não arbitrariamente.
PRINCÍPIO DA
RAZOABILIDADE
FORMAS DE APLICAÇÃO
 Necessidadede analisar, em concreto, cada
caso em que esse critério se aplica;
O enfoque flexível e elástico com que deve
ser manejado;
 Necessidade de uma certa proporcionalidade
entre a ação e a reação.
PRINCÍPIO DA BOA-FÉ
DEFINIÇÃO

 Constituium ingrediente de ordem moral


indispensável para o adequado
cumprimento das relações trabalhistas;
 Suposição de que ambas as partes devem
cumprir lealmente suas obrigações.
PRINCÍPIO DA BOA-FÉ
FORMAS DE MANIFESTAÇÃO POR
PARTE DO EMPREGADO
 impedido de revelar segredos;
 abster-se de fazer concorrência desleal;
 evitar todas as formas de corrupção;
 reservar ao empregador todo o tempo
ajustado
BIBLIOGRAFIA
 RODRIGUES, Américo Plá.
Princípios de Direito do Trabalho.
Américo Plá Rodrigues, Ltr, 1983, São
Paulo.

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