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Desenvolvimento

físico e cognitivo
A 3ª infância – dos 6 aos 12 anos
Panorama geral
• O crescimento durante a terceira infância é consideravelmente
mais lento. Entretanto, embora as mudanças possam não ser
evidentes no dia a dia, contribuem para uma surpreendente
diferença entre as crianças de 6 anos, que ainda são
pequenas, e as de 11 anos que, em muitos casos, começam a
parecer adultos.
• Altura e Peso: As crianças crescem de 5 a 7,5 centímetros por
ano entre os 6 e os 11 anos, adquirindo aproximadamente o
dobro do peso nesse mesmo período.
• Nutrição: Criança em idade escolar: em média, de 2.400
calorias diárias.
• Sono: As necessidades de sono diminuem de
aproximadamente 11 horas por dia aos 5 anos de idade para
pouco mais de 10 horas aos 9 anos e cerca de 9 horas aos 13
anos.
Brincadeiras
• Brincadeiras na hora do recreio: as brincadeiras das crianças no
recreio tendem a ser informais e organizadas espontaneamente. Os
meninos brincam de jogos mais fisicamente ativos, enquanto as
meninas preferem jogos que incluem expressão verbal ou contagem
em voz alta, como amarelinha e pular corda. Essas atividades
durante o recreio promovem o desenvolvimento da agilidade e a
competência social e favorecem o ajustamento à escola.
• Programas esportivos: Além de melhorar as habilidades motoras, a
atividade física regular tem benefícios para a saúde imediatos e de
longo prazo: controle do peso, pressão sanguínea mais baixa,
melhor funcionamento cardiovascular e autoestima e bem estar
aumentados. Crianças ativas tendem a tornar-se adultos ativos.
Portanto os programas esportivos organizados devem incluir o
maior número possível de crianças e devem concentrar-se mais em
desenvolver habilidades do que vencer jogos
Obesidade infantil
• Efeitos adversos da obesidade para a saúde
das crianças são semelhantes aos
enfrentados por adultos. Essas crianças
estão em risco para problemas de
comportamento, depressão e autoestima
baixa. Comumente têm problemas
médicos, incluindo pressão sanguínea alta,
colesterol alto e níveis de insulina altos. O
diabetes infantil é um dos principais
resultados da elevação das taxas de
obesidade.
• Infelizmente, as crianças que tentam
perder peso nem sempre são aqueles que
necessitam. A preocupação com a imagem
corporal – como a pessoa acredita que
parece – torna-se importante na terceira
infância, especialmente para as meninas, e
pode evoluir para transtornos da
alimentação na adolescência
Mortes acidentais
Desenvolvimento cognitivo
• Por volta dos 7 anos, segundo Piaget, as crianças atingem o
estágio operatório-concreto, em que fazem uso de operações
mentais para resolver problemas concretos (reais). As crianças
podem pensar logicamente porque conseguem levar em conta
os vários aspectos de uma situação. Entretanto, a maneira de
pensar delas é ainda limitada a situações reais no aqui e no
agora.
• No estágio operatório-concreto, as crianças têm, em relação
ao estágio pré-operatório, um melhor entendimento dos
conceitos espaciais, causalidade, categorização, raciocínio
indutivo e dedutivo, conservação e números.
Pensamento
• Piaget afirmava que a mudança do pensamento rígido e
ilógico das crianças menores para o pensamento flexível e
lógico das crianças mais velhas depende ao mesmo tempo do
desenvolvimento neurológico e das experiências de adaptação
ao ambiente. O apoio a uma influência neurológica vem de
medições da atividade cerebral durante uma tarefa de
conservação. As crianças que entenderam a conservação de
volume têm padrões de onda cerebral diferentes daquelas
que ainda não haviam compreendido, o que sugere que usam
diferentes regiões do cérebro para a tarefa (Stauder, Molenaar
e Van der Molen, 1993).
Raciocínio Moral: o tinteiro
• Para entender o pensamento moral das crianças, Piaget (1932) lhes
contava uma história sobre dois menininhos: “Um dia Augustus
percebeu que o tinteiro do seu pai estava vazio e decidiu ajudá-lo
enchendo-o. Enquanto estava abrindo o vidro, ele derramou um
monte de tinta sobre a toalha de mesa. O outro menino, Julian,
brincava com o tinteiro do seu pai e derramou um pouco de tinta
sobre a toalha.” Então Piaget perguntava, “Qual dos meninos foi
mais travesso, e por quê?” As crianças com menos de 7 anos
geralmente diziam que Augustus era o mais travesso porque ele fez
uma mancha maior. As crianças mais velhas reconheciam que
Augustus tinha boas intenções e fez a mancha maior por acidente,
enquanto Julian fez uma mancha pequena embora estivesse fazendo
algo que não deveria estar fazendo. Piaget concluiu que os
julgamentos morais imaturos se concentram apenas no grau da
transgressão; julgamentos mais maduros consideram a intenção
Atenção Seletiva
• Crianças em idade escolar podem concentrar-se por
mais tempo do que crianças mais novas e podem
focalizar-se na informação que necessitam e
desejam enquanto filtram informações irrelevantes.
Por exemplo, elas podem alçar da memória o
significado adequado de uma palavra e suprimir
outros significados que não se encaixam no
contexto. Este crescimento na atenção seletiva – a
capacidade de deliberadamente direcionar a
atenção e afastar distrações – pode depender da
habilidade executiva de controle inibitório, a
supressão voluntária de respostas indesejadas
Memória
Inteligências
Escala de inteligência
• A inteligência das crianças em idade escolar pode ser medida por
testes psicométricos aplicados individualmente ou em grupo. O
teste individual mais amplamente utilizado é a Escala de Inteligência
Wechsler para Crianças (WISC-IV). Este teste para as idades de 6 a
16 anos mede as habilidades verbais e de desempenho, produzindo
pontuações separadas para cada uma, bem como uma pontuação
total. As pontuações de subteste separadas indicam os pontos fortes
de uma criança e ajudam a diagnosticar problemas específicos. Por
exemplo, se uma criança vai bem em testes verbais (tais como
informação geral e operações aritméticas básicas), mas mal em
testes de desempenho (tais como armar um quebra-cabeça ou
desenhar a parte que falta de uma figura), a criança pode ser lenta
no desenvolvimento perceptual ou motor. Uma criança que vai bem
em testes de desempenho, mas mal em testes verbais pode ter um
problema de linguagem
Alfabetização
• Leitura e escrita: As crianças podem identificar uma palavra
impressa de duas maneiras. Uma é chamada de decodificação: a
criança ouve a palavra e a converte da escrita para a fala antes de
recuperá-la da memória de longo prazo. Para fazer isso, a criança tem
de dominar o código fonético que associa o alfabeto impresso aos
sons falados. O outro método é a recuperação baseada na
visualização: a criança simplesmente vê a palavra e a recupera. Estes
dois métodos formam o núcleo de duas abordagens contrastantes do
ensino da leitura. A abordagem tradicional, que enfatiza a
decodificação, é chamada de abordagem fonética (com ênfase no
código). A mais recente abordagem da linguagem integral enfatiza a
recuperação visual e o uso de sugestões contextuais.
• O exemplo do pato
Vocabulário, Gramática e Sintaxe
• À medida que o vocabulário aumenta durante os anos
escolares, as crianças usam cada vez mais verbos específicos.
Elas aprendem que uma palavra como manga pode ter mais
de um significado e, pelo contexto, podem deduzir o
significado pretendido.
• A alegoria e a metáfora, figuras de linguagem em que uma
palavra ou uma frase que normalmente significam uma coisa,
são postas em comparação ou aplicadas à outra, tornam-se
progressivamente usuais. Embora a gramática seja bastante
complexa para a idade de 6 anos, as crianças nos primeiros
anos escolares usam raramente a voz passiva (como em “A
calçada está sendo varrida”).
• João prometeu a Maria comprar água e João disse para Maria
comprar água.
A criança na escola
Primeiros contatos
• O primeiro dia da escola “de verdade” é um marco – um sinal
do desenvolvimento que torna possível esta nova condição.
Para conseguir progressos acadêmicos, a criança tem que
estar envolvida com o que acontece na aula. Interesse,
atenção e participação ativa estão positivamente associados
com pontuações em testes de desempenho e, mais ainda,
com as notas dos professores da 1a até pelo menos a 4a série.
Fatos intervenientes
• Crenças de autosuficiência;
• Gênero;
• Estilos de parentalidade;
• Nível socioeconômico;
• Aceitação pelos pares;
• Métodos educativos;
• Tamanho da classe;
• Inovações educacionais;
• Uso do mídia;
• Necessidades especiais.
Desenvolvimento
psicossocial
A 3ª infância – dos 6 aos 12 anos
Identidade
O autoconceito
• Por volta dos 7 ou 8 anos, as crianças alcançam o terceiro estágio do
desenvolvimento do autoconceito. Nessa época, os julgamentos
sobre si mesmas tornam-se mais conscientes, realistas, equilibrados
e abrangentes à medida que as crianças formam os sistemas
representativos: autoconceitos amplos e inclusivos que integram
vários aspectos da identidade

• “Na escola, estou ficando bem esperta em certas matérias,


Português e Estudos Sociais”, diz Lisa, de 8 anos. “Tirei A nessas
matérias, no meu último boletim, e fiquei toda orgulhosa. Mas estou
me sentindo bem burra em Matemática e Ciências, principalmente
quando vejo como as outras crianças estão indo bem... Mas gosto de
mim como pessoa, porque Matemática e Ciências simplesmente não
são importantes para mim. Minha aparência e minha popularidade
são mais importantes”
Autoestima: o vínculo cultural
Crescimento emocional
• À medida que as crianças crescem, elas tornam-se mais
conscientes de seus próprios sentimentos e dos sentimentos
das outras pessoas. Elas podem regular ou controlar melhor
suas emoções e responder ao sofrimento emocional alheio.
Por volta dos 7 ou 8 anos, as crianças têm consciência de que
sentem vergonha e orgulho, e têm uma ideia mais clara da
diferença entre culpa e vergonha. Essas emoções afetam a
opinião que elas têm de si próprias. As crianças também
sabem verbalizar emoções conflitantes. Como diz Lisa: “A
maioria dos meninos da escola é bem nojenta. Eu não acho
isso do meu irmãozinho Jason, embora ele me irrite. Eu gosto
dele, mas ao mesmo tempo ele faz coisas que me deixam
furiosa. Mas eu me controlo; eu teria vergonha de mim
mesma se não me controlasse”.
Comportamento pró-social
• As crianças tendem a tornar-se mais empáticas e mais inclinadas a
comportamento pró-social na terceira infância. A empatia parece
ser “pré-programada” nos cérebros de crianças normais. Como
acontece com os adultos, a empatia foi associada com ativação pré-
frontal em crianças de 6 anos de idade. Um estudo recente de
atividade cerebral em crianças de 7 a 12 anos revelou que partes de
seus cérebros eram ativadas quando elas viam figuras de pessoas
sofrendo. Crianças com autoestima alta tendem a estar mais
dispostas a oferecer-se para ajudar os que são menos afortunados
do que elas, e o altruísmo, por sua vez, ajuda a elevar a autoestima.
Crianças pró-sociais tendem a agir adequadamente em situações
sociais, a serem relativamente livres de emoção negativa, e a lidar
com os problemas de forma construtiva. Pais que reconhecem os
sentimentos de dor de seus filhos e os ajudam a focar-se na solução
da fonte do problema estimulam a empatia, o desenvolvimento
pró-social e as habilidades sociais.
Relacionamento entre irmãos
• O número de irmãos numa família e o espaçamento entre eles, a
ordem de nascimento e o gênero geralmente determinam papéis e
relacionamentos. O maior número de irmãos em sociedades não
industrializadas ajuda a família a dar conta de seu trabalho e a prover
os membros idosos. Nas sociedades industrializadas, os irmãos
tendem a ser em menor número e com maior diferença de idade, o
que permite aos pais concentrar mais recursos e atenção em cada
filho .

• O relacionamento entre irmãos pode ser um laboratório para


resolução de conflitos. Irmãos são motivados a fazer as pazes depois
das brigas, já que sabem que verão um ao outro todos os dias. Eles
aprendem que expressar raiva não significa pôr fim a um
relacionamento. As crianças estão mais propensas a discutir com
irmãos do mesmo sexo; dois meninos brigam mais do que qualquer
outra combinação
A criança no grupo de pares
• Amizade, Agressão, Popularidade, Rivalidade...
Saúde mental e problemas
comuns
• Transtornos de conduta
• Fobia escolar
• Transtornos de ansiedade
• Depressão infantil
• Traumas
Traumas

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