Você está na página 1de 31

Vigiar e punir

Foucault

O nascimento da prisão

“O poder produz muito mais do que reprime.”


O LIVRO

Foucault visa analisar o nascimento da prisão


no século XIX, como uma instituição de fato.
O LIVRO
• Narração de uma verdadeira cena de
crueldade humana.
• A execução da pena de Damiens, um parricida
condenado
• O conceito de poder é central dentro da obra
de Michel Foucault

• Difere da análise de Althusser que acredita


que todo o poder emana dos A.I.
PODER
• Poder = relações, práticas de poder.

• É retirado do exclusivo campo político para ser


instalado no cotidiano. Sem deixar de
reconhecer que os interesses hegemônicos de
diferentes grupos sociais se encontram por
trás de situações de poder generalizadas,
considera-se que não é a única manifestação
do poder propriamente dito.
• Foucault trata a questão do poder
relacionando-o com o saber.

• O poder implica saber.


PODER SOBERANO
• Até século XVIII era comum o poder ser
exercido por meio da força física, da dor.

• RITUAL DO SUPLÍCIO (cerimônia pública onde


um criminoso era torturado até a morte);
Desapareceu o corpo supliciado, esquartejado,
amputado, marcado simbolicamente no rosto ou no
ombro, exposto vivo ou morto, dado como
espetáculo. Desapareceu o corpo como alvo principal
da repreensão penal.
PODER DISCIPLINAR
• Os séculos XVII a XIX não foram apenas um
marco na regulamentação escrita dos
exércitos, escolas, prisões, hospitais e fábricas;

• Converter o homem em máquina.


• Uma manifestação externa desses poderes
que Foucault analisa diz respeito aos seus
efeitos sobre nossos corpos, que ele chama
de poder disciplinar e que caracterizou
determinadas sociedades no século 20.
• “O poder disciplinar é com efeito um poder
que, em vez de se apropriar e de retirar, tem
como função maior ‘adestrar’; ou sem dúvida
adestrar para retirar e se apropriar ainda mais
e melhor. A disciplina ‘fabrica’ indivíduos; ela é
a técnica específica de um poder que toma os
indivíduos ao mesmo tempo como objetos e
como instrumentos de seu exercício” (Foucault,
p.167)
• Transformar os de indivíduos em corpos úteis,
dóceis e disciplinados através do trabalho –
ADESTRAR -.

• Esse tipo específico de poder que se expande por


toda a sociedade, investindo sobre as instituições
e tomando forma em técnicas de dominação,
possui, uma tecnologia e história específica, pois,
atinge o corpo do indivíduo, realizando um
controle detalhado e minucioso sobre seus
gestos, hábitos, atitudes, comportamento e etc.
• Maximizar a utilidade econômica de nossos
corpos, para o trabalho, e diminuir a força
política e criativa.
“O sucesso do poder disciplinar se deve sem
dúvida ao uso de instrumentos simples:
• o olhar hierárquico;
• a sanção normalizadora e sua combinação
num procedimento que lhe é específico;
• o exame.”
(Foucault, Vigiar e Punir).
Olhar hierárquico
• Ao mesmo tempo discreto e indiscreto, esta forma de poder
procura criar corpos competentes, obedientes e morais.
Quanto maior o número de pessoas, quanto maior a divisão
de trabalho, maior a vigilância hierárquica;

• A disciplina bem exercida requer um dispositivo que, pelo


simples jogo do olhar, provoca efeitos de poder.

• Aparentemente menos violento e corporal, mas na verdade,


absolutamente físico e formalizador (padronizar).
Sanção normalizadora
• Ao mesmo tempo em que se olha, se cria todo um mecanismo penal para os
comportamentos.

• Uma aparelho de micropenalidades se forma em torno do indivíduo sujeito às


instituições disciplinares: “castigo físico leve, privações ligeiras e pequenas
humilhações morais” (Foucault).

• Atenção para qualquer desvio: atraso, negligência, grosseria, desobediência,


conversas paralelas, sujeira, indecência. - Tudo o que foge do padrão, da regra,
tudo que afasta de uma uniformização é passível de punição

• O castigo é essencialmente corretivo, e portanto repetitivo, “castigar é exercitar”.


Duas são as consequências: distribuição segundo as aptidões (pontos positivos e
negativos para os alunos, condecorações e medalhas para soldados), e submissão
ao modelo. Os efeitos se dão por etapas: comparar os indivíduos, diferenciá-los de
acordo com suas aptidões, medir e hierarquizar, coagir os que não se enquadram,
traçar limites entre o aceitável e inaceitável, normal e anormal, saudável e doente.
Sanção normalizadora
• Dentro de todos os sistemas disciplinares, funciona um pequeno
mecanismo penal, com suas leis próprias, seus delitos especificados, suas
formas de sanção e instâncias de julgamento. Isso significa que as
disciplinas ocupam os espaços das minúcias do dia-a-dia, atingem os
comportamentos rotineiros da vida nas instituições, diferente dos grandes
sistemas punitivos.
• A disciplina tem, assim, uma maneira específica de punição. O castigo
disciplinar impõe uma ordem que é colocada por uma lei ou regulamento
institucional.
Exame
• “A superposição das relações de poder e das de saber assume
no exame todo o seu brilho visível”.
• Este é o ponto máximo do controle normalizante, a mistura do olhar e da sanção; é através
dele que o indivíduo se torna visível e objeto indivisível (atômico) da ação do poder. Através
do exame se encontra a “verdade” do indivíduo.

• “É uma vigilância que permite qualificar, classificar e punir”. Em outras palavras, é uma forma
prática de aplicar a vigilância e a punição. O exame é um procedimento que articula a
vigilância hierárquica e a sanção normalizadora, permitindo avaliar o desempenho do
indivíduo e sancioná-lo ou recompensá-lo.
• Ele liga certo tipo de formação de saber a uma certa forma de exercício do poder. Na escola é
“uma verdadeira e constante troca de saberes; garante a passagem dos conhecimentos do
mestre ao aluno, mas retira do aluno um saber destinado e reservado ao mestre”
(FOUCAULT).
EXAME
Dele, três características emergem:
• 1) inverte-se a visibilidade do poder: através do exame o poder se
esconde, e faz brilhar aquele sobre quem atua, através do exame o sujeito
se mostra como objeto, se dá, se torna números e medidas.
• 2) inclui a individualidade dentro de um campo documentário: nasce o
indivíduo e as ciências do homem, através do exame é possível descrever
o indivíduo e compará-lo aos demais; caracteriza-se grupo, coletivos e
pode-se verificar os desvios dos “desajustados”
• 3) cada indivíduo se torna um “caso”: honra antes dada somente aos reis e
realizadores de grandes feitos, agora todo ser humano tem sua vida
esmiuçada, pormenorizada, detalhada, violentada por processos de
marcação, classificação e objetificação.
• Analisa-se o indivíduo por indivíduo para
colocá-los dentro de uma linha de
normalidade e semelhança.

SOCIEDADE MODERNA
Preocupação de Foucault

Como o poder atravessa o conjunto da


sociedade através de procedimentos de
disciplina que reprimem os corpos dos
indivíduos?
• "É interessante notar que a prisão não será
uma pena do direito, no sistema penal dos
séculos XVII e XVIII. Os legistas são
perfeitamente claros a este respeito. Eles
afirmam que, quando a lei pune alguém, a
punição será a condenação à morte, a ser
queimado, a ser esquartejado, a ser marcado,
a ser banido, a pagar uma multa, etc. A prisão
não é uma punição."
• Discute a formação do PODER como produção
de uma hierarquia que se realiza a partir da
troca entre saberes disciplinares nas mais
diversas instituições:
• repressivas (tal qual a prisão e as forças
armadas);
• econômica (como as fábricas)
• pedagógicas (como as escolas).
• "...foi preciso esperar o século XIX para saber o
que era a exploração; mas talvez ainda não se
saiba o que é o poder. E Marx e Freud talvez
não sejam suficientes para nos ajudar a
conhecer esta coisa tão enigmática, ao mesmo
tempo visível, presente e oculta, investida em
toda parte, que se chama poder."
• O corpo político é o conjunto dos elementos
materiais e técnicos que servem de armas,
prolongamentos, pontos de apoio às relações
de poder sobre outros corpos, gerando as
prescrições, as reformas, as disciplinas, etc.
PRISÃO - NOVA FASE
• Reforma penitenciária - destitui a prisão de
sua exemplaridade, fazendo-a voltar ao estado
de agenciamento localizado, restrito e
separado.

• As técnicas disciplinares serão substituídas


pelo modelo técnico de normalização.
O Panóptico
• Funciona como uma espécie de laboratório de
poder;
• graças a seus mecanismos de observação,
ganha em eficácia e em capacidade de
penetração no comportamento dos homens;
O Panóptico
• Uma arquitetura que não serve simplesmente
para ser vista ou para vigiar o espaço exterior,
mas que proporciona o controle meticuloso e
articulado dos indivíduos que nela se
encontram. Trata-se de, por meio de um jogo
escalonado de olhares, agir sobre indivíduos,
dominar seu comportamento, reconduzir
sobre eles os efeitos do poder, oferecê-los a
um conhecimento, enfim, modificá-los.
PANOPTICON
• vigilância e exame.

• O panoptismo teve uma tríplice função: a


vigilância, o controle e a correção.
PANOPTICON
• O panóptico permitiu aperfeiçoar o exercício do
poder no final do séc. XVIII.

• O poder disciplinar panóptico, por meio da


visibilidade, da regulamentação minuciosa do
tempo e na localização dos corpos no espaço,
possibilitou o controle sobre os indivíduos vigiados,
de forma a torná-los dóceis e úteis à sociedade,
instaurando, dessa forma, uma nova tecnologia do
poder.
Objetivo do autor
• Romper com o exibicionismo contemplativo
que a sociedade tem diante das instituições,
em particular aquelas que excluem,
controlam, reformulam os corpos dos
indivíduos, desmistificando-as e
demonstrando que ali se instalam infinitos
mecanismos de saber e poder.

Você também pode gostar