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Unidade 1 – Gênese e evolução do Direito Administrativo

Direito Administrativo como ramo do Direito Público

História e Princípios do Direito Administrativo

O Direito Administrativo no Brasil

O ensino do Direito Administrativo

Princípios da Administração Pública


a) Gênese e evolução do Direito Administrativo

“O direito administrativo, como ramo autônomo,


nasceu em fins do século XVIII e início do século
XIX, o que não significa que inexistissem
anteriormente normas administrativa, pois onde
quer que exista Estado existem órgãos
encarregados do exercício de funções
administrativas. O que ocorre é que tais normas
se enquadravam no jus civile (...)” (DI PIETRO,
Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 24
ed., São Paulo: Atlas, 2011, p. 01).
“Foi graças principalmente à elaboração
jurisprudencial do Conselho de Estado
francês que se construiu o Direito
Administrativo” (DI PIETRO, 2011, p.
05).
No Brasil, “já no período imperial, criou-se a cadeira de
Direito Administrativo nos cursos jurídicos” (DI PIETRO,
2011, p. 20).

“A partir da Constituição de 1934, o Direito


Administrativo experimentou grande evolução, em
decorrência da própria previsão constitucional de
extensão da atividade do Estado nos âmbito social e
econômico (...) o Estado deixa sua posição de guardião
da ordem pública e passa a atuar no campo da saúde,
higiene, educação, economia, assistência e previdência
social”. (DI PIETRO, 2011, p. 21).
“Com o Estado Social de Direito, houve um
fortalecimento do Poder Executivo, com a
outorga de novas funções na área social e
econômica e, paralelamente, com a atribuição
de competência normativa, envolvendo a
possibilidade de editar normas com força de
lei (medidas provisórias, regulamentos
autônomos, decretos-lei, leis delegadas ou
outras modalidades)” (DI PIETRO, 2011, p.
31).
“Hoje, pode-se dizer que existem duas tendências opostas,
revelando mais um paradoxo do direito administrativo:
a) de um lado, os neoliberais, sob a inspiração do direito
estrangeiro, propugnam pela ampliação da
discricionariedade: a ideia de substituir a Administração
burocrática pela Administração gerencial depende, em
grande parte, do reconhecimento de maior liberdade
decisória aos dirigentes; por isso se diz que o direito
administrativo atrapalha as reformas, porque ele se apoia
no princípio da legalidade, que exige lei para dar
fundamento a decisões administrativas; o princípio da
legalidade também ‘atrapalha’ a função normativa das
agências reguladoras” (DI PIETRO, 2011, p. 31).
“b) de outro lado, há a tendência bastante forte
dos chamados ‘conservadores’, calcada no direito
positivo e na Constituição, que defende maiores
limites à discricionariedade administrativa,
exatamente pelo fato de que sua atuação tem que
ter fundamento na lei, mas também tem que
observar os limites impostos pela Constituição” (DI
PIETRO, 2011, p. 31).
“O princípio da supremacia do interesse público está na
base de praticamente todas as funções do Estado e de
todos os ramos do direito público. Está presente nos
quatro tipos de funções administrativas: serviço público,
fomento, polícia administrativa e intervenção (DI PIETRO,
2011, p. 36)”.

“A defesa do interesse público corresponde ao próprio


fim do Estado. O Estado tem que defender os interesses
da coletividade. Tem que atuar no sentido de favorecer
o bem estar social. Negar existência desse princípio é
negar o próprio papel do Estado (DI PIETRO, 2011, p.
37)”.
Princípios da Administração Pública:

a) Moralidade
Constituição Federal, art. 37, caput
Conteúdo:
“(...) não é qualquer ofensa à moral social que se considerará
idônea para dizer-se ofensiva ao princípio jurídico da
moralidade administrativa, entendemos que este será havido
como transgredido quando houver violação a uma norma de
moral social que traga consigo menosprezo a um bem
juridicamente valorado. Significa, portanto, reforço ao princípio
da legalidade (...)”(BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de
Direito Administrativo. 25ª ed. São Paulo: Malheiros, 2008,
p.120).
b) Impessoalidade

Constituição, art. 5, caput e art. 37, caput.


Conteúdo:
“Nele se traduz a idéia de que a Administração tem que
tratar a todos os administrados sem discriminações,
benéficas ou detrimentosas. Nem favoritismos nem
perseguições são toleráveis. Simpatias ou animosidades
pessoais, políticas ou ideológicas não podem interferir na
atuação administrativa e muito menos interesses sectários,
de facções ou grupos de qualquer espécie” (BANDEIRA DE
MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo. 25ª
ed. São Paulo: Malheiros, 2008, p.114).
c) Legalidade
Constituição Federal, art. 5º, I e art. 37, caput
Conteúdo:
1) garantia contra arbitrariedades da Administração
Pública, pois a lei se caracteriza como instrumento de
disciplina da atuação estatal;
2) proteção da liberdade humana e do bem comum, pois
obriga o Estado a seguir os ditames legais,
democraticamente construídos;
3) obrigação de seguir as competências firmadas em lei,
sob pena de desvio de finalidade (ROCHA, Sergio André.
Processo Administrativo Fiscal. 3ª ed., Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2009, p. 51 e ss).
d) Publicidade

Constituição Federal, art. 37, caput


Conteúdo:
“(...) dever administrativo de manter plena transparência
em seus comportamentos. Não pode haver em um Estado
Democrático de Direito, no qual o poder reside no povo,
ocultamento aos administrados dos assuntos que a todos
interessam, e muito menos em relação aos sujeitos
individualmente afetados por alguma medida” (BANDEIRA
DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo.
25ª ed. São Paulo: Malheiros, 2008, p.114).
d) Publicidade

Fazer promoção pessoal viola os princípios da legalidade,


moralidade, impessoalidade, isonomia, supremacia e
eficiência.

- A simples inserção do nome não caracteriza a


promoção pessoal, tem-se que analisar o caso concreto.
e) Eficiência

Desenvolvimento das atividades administrativas do modo


mais oportuno, adequado e idôneo para alcançar as
finalidades estabelecidas em lei.

- A partir da EC/98 ganhou roupagem de princípio


constitucional expresso. Antes disso, estava previsto na Lei
8.987/95, em seu art. 6º.

- Eficiência significa: ausência de desperdício, agilidade,


qualidade, economia.
Em 1998, em função do princípio da eficiência, a
estabilidade foi modificada (art. 41). Hoje, existem algumas
condições para sua aquisição:
a) Nomeação em cargo efetivo – concurso público.
b) Três anos de exercício.
c) Aprovação na avaliação especial de desempenho.
Uma vez estável, o servidor só perderá o cargo nas
seguintes hipóteses (art. 41, §1º, CF/88):
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
II - mediante processo administrativo em que lhe seja
assegurada ampla defesa;
III - mediante procedimento de avaliação periódica de
desempenho, na forma de lei complementar, assegurada
ampla defesa.
f) Princípio da Continuidade
O serviço deve ser prestado de forma ininterrupta e
obrigatória.

5.1 Direito e Greve


O servidor público tem direito da greve na forma da lei
específica (art. 37, VII, CF).
Até a emenda 19/98 o direito de greve dependia de lei
complementar, com o advento da emenda estabeleceu-se a
necessidade de lei ordinária.
g) Princípio da Razoabilidade
Deve o Administrador Público agir com lógica, coerência,
congruência, seguindo o padrão do homem médio.
Proporcionalidade:
-> equilíbrio entre atos e medidas. Ex.: Infração leve (ato)->
sanção leve – advertência (medida).
-> equilíbrio entre os prejuízos e benefícios.
 Controle realizado pelo poder judiciário:
- controle de legalidade: hoje esse controle é considerado em
sentido amplo, tanto no que tange a aplicação das leis como
das regras constitucionais (princípios). Nesse sentido, a
análise da razoabilidade / proporcionalidade pode ser feita
por meio do controle de legalidade por causa da aplicação
dos princípios constitucionais da administração pública.
-O poder judiciário não pode controlar o
mérito dos atos administrativos.

- Quando o poder judiciário controla a


razoabilidade e a proporcionalidade está
fazendo controle de legalidade, no entanto,
indiretamente interfere na liberdade do
administrador, ou seja, no mérito dos atos
administrativos. (prova subjetiva)
h) Princípio da Autotutela
- A administração pode rever seus próprios atos.
- Anulação quando os atos forem ilegais.
- Revogação quando os atos forem inconvenientes.
- STF Súmula 346, 473.
STF Súmula nº 346 - A administração pública pode
declarar a nulidade dos seus próprios atos.
STF Súmula nº 473 - A administração pode anular seus
próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam
ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-
los, por motivo de conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos
os casos, a apreciação judicial.

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