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Eros e Psique

HUGO COELHO Nº12


INÊS LENCASTRE Nº13
INÊS LOBO Nº14

Escola Secundária Aurélia de Sousa


O mito grego de Eros e Psique

 A narrativa deste mito chegou até nós através da obra A metamorfose ou


O asno de ouro do escritor latino, do século II d.C., Lúcio Apuleio.
 Um rei tinha três filhas. A mais nova, cujo nome era Psique (alma), possuía
uma beleza suprema. Todos se encantavam com a sua maravilhosa figura,
todos a admiravam, mas ninguém se apaixonava por ela. O rei viu as
outras duas filhas casarem, enquanto a mais nova permanecia solteira.
Entretanto, era tal o sucesso de Psique que o culto da deusa Vénus tinha
decaído e os seus inúmeros templos estavam votados ao abandono.
 Esse facto encheu de ciúme, inveja e ira a deusa do amor. Vénus pediu,
então, a seu filho — Eros — para compelir o coração de Psique a
apaixonar-se pelo mais horrendo dos seres. Seria a sua vingança. O filho
assentiu, mas ao deparar-se com a imagem de Psique, sucumbiu à paixão
avassaladora que a indescritível beleza despertou nele.
 Entretanto, querendo oferecer um futuro estável à sua filha, o rei resolveu
consultar o oráculo de Apolo. E o deus foi claro: Psique teria de ser
abandonada no alto de uma montanha, onde uma horrível serpente seria o
seu marido. E assim fizeram, porque aos deuses nada se deve negar.
 Quando a deixaram entregue a si mesma, um
vento suave transportou-a até um local
maravilhoso, junto a uma riquíssima mansão.
E desta forma, apesar de o não ver no escuro
da noite, quando as trevas não permitem
distinguir os objetos, apaixonou-se pelo
senhor da mansão, que para ela haveria de
permanecer incógnito.

William Bouguereau
 Uma noite, instigada pelas suas duas irmãs, que invejavam a sua sorte,
balançando entre a curiosidade, a dúvida, a desconfiança e o medo,
acendeu uma candeia para se certificar da aparência física do ser com
quem partilhava o leito.
 Era afinal Eros — o deus do amor —, o mais belo de entre todos os
deuses. Mas como onde paira a desconfiança o amor não tem morada.
Eros abandonou-a e foi para junto da deusa Vénus.
 Psique parte em busca da sua única paixão, procurando o favor dos
deuses. Mas nada consegue.
 Até que se encontra com Vénus que pretende finalmente puni-la. Psique
aceita submeter-se às mais duras provações para recuperar o seu amor
perdido. Com a preciosa ajuda de determinados elementos da natureza.
 Vénus, ao recebê-la no seu templo, não esconde a sua raiva. Afinal, por
aquela reles mortal, o seu filho desobedeceu às suas ordens. Ele estava a
recuperar da ferida causada por Psique. Como condição para o seu
perdão, a deusa impôs três tarefas que deveria realizar. Tarefas tão difíceis
que poderiam causar sua morte.
 1ª Tarefa, deveria, antes do anoitecer, separar uma
grande quantidade de grãos misturados de trigo,
aveia, cevada, feijões e lentilhas. Psique ficou
assustada diante de tanto trabalho, porém uma
formiga que estava próxima, ficou comovida com a
tristeza da jovem e convocou o seu exército a isolar
cada uma das qualidades de grão.
 Como 2ª tarefa, Vénus ordenou que fosse até as margens de um rio onde
ovelhas de lã dourada pastavam e trouxesse um pouco da lã de cada
ovelha. Psique estava prestes a cruzar o rio quando ouviu um junco dizer
que não atravessasse as águas do rio até que os carneiros se pusessem a
descansar sob o sol quente, quando ela poderia aproveitar e cortar a sua
lã. De outro modo, seria atacada e morta pelos ovelhas.
 A sua 3ª tarefa seria subir ao topo de uma alta
montanha e trazer para a deusa uma jarra
cheia de água escura que jorrava do seu cume.
Dentre os perigos que Psique enfrentou, estava
um dragão que guardava a fonte. Ela foi
ajudada nessa tarefa por uma grande águia,
que voou baixo próximo da fonte e encheu a
jarra com a negra água.
 Irada com o sucesso da jovem, a deusa planeou uma última, porém
fatal, tarefa. Psique deveria descer ao mundo inferior e pedir a
Perséfone, que lhe desse um pouco de sua própria beleza, que deveria
guardar numa caixa. Desesperada, subiu ao topo de uma elevada torre e
quis atirar-se, para assim poder alcançar o mundo subterrâneo. A torre
porém murmurou instruções de como entrar numa particular caverna
para alcançar o reino de Hades.
 Ensinou-lhe ainda como enfrentar os diversos perigos da jornada, como
passar pelo cão Cérbero e deu-lhe uma moeda para pagar a Caronte
pela travessia do rio Estige, advertindo-a:
 - "Quando Perséfone te der a caixa com a sua beleza, toma o cuidado,
maior que todas as outras coisas, de não olhar para dentro da caixa, pois
a beleza dos deuses não cabe aos olhos mortais."
 Seguindo essas palavras, conseguiu chegar até Perséfone, que
estava sentada imponente no seu trono e recebeu dela a caixa
com o precioso tesouro. Tomada porém pela curiosidade e
vaidade no seu regresso, abriu a caixa para espreitar. Ao
invés de beleza havia apenas um sono terrível que dela se
apossou.
 Eros, curado de sua ferida, voou ao socorro de Psique
e conseguiu colocar o sono novamente na caixa,
salvando-a. Lembrou-lhe novamente que a sua
curiosidade tinha sido a sua grande falta, mas que
agora podia apresentar-se à Vénus e cumprir a tarefa
final.
 Eros foi ao encontro de Zeus e implorou-lhe que
tranquilizasse a ira de Vénus e ratificasse o seu
casamento com Psique. Atendendo o seu pedido, o
grande deus do Olimpo ordenou que Hermes
conduzisse a jovem à assembleia dos deuses. A ela foi
oferecida uma taça com a bebida dos deuses. Então
com toda a cerimónia, Eros casou-se com Psique, e no
devido tempo nasceu a sua filha, chamada Voluptuas
(Prazer).
 Vénus já nada pôde fazer e, afinal, já não teria na Terra nenhuma
concorrente, porque Psique moraria com Eros no extraordinário e
longínquo mundo dos deuses.
Poema

A Princesa adormecida,
Conta a lenda que dormia
Se espera, dormindo espera.
Sonha em morte a sua vida, Uma princesa encantada
E orna-lhe a fronte A quem só despertaria
esquecida,
Um infante, que viria
Verde, uma grinalda de hera.
De além do muro da estrada.
Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem, Ele tinha que, tentado,
Rompe o caminho fadado.
Vencer o mal e o bem,
Ele dela é ignorado,
Ela para ele é ninguém. Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.
Antonio Canova
Mas cada um cumpre o Destino — E, inda tonto do que houvera,
Ela dormindo encantada, À cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
Ele buscando-a sem tino
E vê que ele mesmo era
Pelo processo divino A Princesa que dormia.
Que faz existir a estrada.
Fernando Pessoa

E, se bem que seja obscuro


Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E, vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora.

François Gérard
Outras obras relacionadas
FIM

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