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Origem do Projeto

Índice de Transparência
Porque combater à Corrupção?
 Importância do Combate:A alguns autores
Argumentam que a corrupção é inevitável
(Samuel Phillips Huntington)

 Impacto sobre o PIB: (Fiemg), este custo


alcança R$ 10 bilhões (ou US$ 4,6 bilhões

 Impacto sobre gastos sociais: desvia recursos


que estariam indo para a saúde

 A Corrupção MATA
Contas Abertas
 O Contas Abertas é uma entidade da
sociedade civil, sem fins lucrativos,
que reúne pessoas físicas e jurídicas,
lideranças sociais, empresários,
estudantes, jornalistas, bem como
quaisquer interessados em conhecer
e contribuir para o aprimoramento do
dispêndio público, notadamente
quanto à qualidade, à prioridade e à
legalidade.
Missão da Contas Abertas
 Oferecer permanentemente subsídio para o
desenvolvimento, aprimoramento, fiscalização,
acompanhamento e divulgação das execuções
orçamentária, financeira e contábil da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de
forma a assegurar o uso ético e transparente dos
recursos públicos, preservando-se e difundindo-
se os princípios da publicidade, eficiência,
moralidade, impessoalidade e legalidade,
previstos no artigo 37 da Constituição Federal.
Objetivos da Contas Abertas
 Tornar disponível para a sociedade as execuções
orçamentárias, financeira e contábil da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios.**
• Estimular o aprimoramento da qualidade, da prioridade e
da legalidade do dispêndio público.
• Estimular a participação do cidadão na elaboração e no
acompanhamento do Orçamento Geral da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
• Estimular a fiscalização das contas públicas.
• Estimular a cidadania participativa, especialmente a
relação entre o governo e a sociedade, com vistas ao
acompanhamento da arrecadação e das despesas públicas.
ESTATUTO DA C.A.
 Art. 1° A ASSOCIAÇÃO CONTAS ABERTAS foi constituída em Assembléia Geral
realizada aos dezenove dias do mês de setembro de 2005. É uma pessoa jurídica de
direito privado, sem fins econômicos, e está em conformidade com a Constituição
Federal e com o Código Civil (Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002), no que
couber. A Associação atuará em âmbito nacional, por tempo indeterminado e com
sede, administração e foro em Brasília – DF.
Art. 2° A ASSOCIAÇÃO tem por finalidade a defesa do interesse público, em especial
por intermédio do desenvolvimento, aprimoramento, fiscalização, acompanhamento e
divulgação das execuções orçamentária, financeira e contábil da União, dos Estados,
do Distrito Federal e Municípios, de forma a assegurar o uso ético e transparente dos
recursos públicos, preservando-se e difundindo-se os princípios da publicidade,
eficiência, moralidade, impessoalidade e legalidade, nos termos previstos no artigo
37 da Constituição Federal.

(...)
 Art. 36° A Associação não poderá, em hipótese alguma, receber recursos públicos da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, sendo igualmente vedado o
recebimento de recursos de quaisquer pessoas jurídicas ou entidades
subvencionadas pelos cofres públicos, em especial daquelas expressamente
mencionadas no art. 1o da Lei no 4.717, de 29 de junho de 1965.
Parágrafo único. Não se aplica o disposto no caput deste artigo às entidades privadas
sem fins lucrativos, sejam elas nacionais ou internacionais, desde que estas
entidades, para efeito de celebração de contratos, convênios e outros ajustes
congêneres, façam prova documental de sua natureza jurídica.
Brasília-DF, 19 de setembro de 2005.
Reunião

 Gil Castelo Branco propôs a idéia de criar


um índice de transparência para verificar
quais Estados (União) estavam buscando a
transparência em suas contas públicas

 Prof. Bruno Speck – Unicamp

 Prof. Ricardo Caldas – CEAM/UnB


Índice de Transparência da C.A.
 A Lei Complementar 131 (LC 131), promulgada em 27 de maio de
2009, acrescentou dispositivos à Lei de Responsabilidade Fiscal
(LRF) e determinou que a União (Poderes Executivo, Legislativo e
Judiciário), Estados, Distrito Federal e Municípios disponibilizem na
internet, em tempo real, informações pormenorizadas sobre a
execução orçamentária e financeira.

 A LC 131 foi regulamentada em 28 de maio de 2010 pelo Decreto


7.185, mas apesar das diretrizes apontadas pela legislação, fez-se
necessária a criação de critérios e formas de avaliação das
informações eventualmente disponibilizadas pela União, Estados e
Municípios. Com base em parâmetros técnicos, um Comitê
formado por especialistas em finanças e contas públicas criou o
Índice de Transparência, cujo objetivo é implementar um ranking,
que elenca sites com maior ou menor grau de transparência. O
Índice de Transparência é, portanto, um meio de informar ao
cidadão o nível de transparência das contas públicas.
O Índice de Transparência
 O projeto tem como escopo o desenvolvimento de
parâmetros de transparência orçamentária e métodos de
avaliação objetivos, para a criação de índices relativos às
unidades da federação. A seleção dos índices de
transparência orçamentária leva em consideração
pesquisas sobre parâmetros já adotados com base em
metodologias existentes, no País e no exterior.

Com base nos parâmetros técnicos escolhidos, foram criados


três índices:
 o Índice de Transparência dos Municípios (ITM)
 o Índice de Transparência dos Estados (ITE)
 o Índice de Transparência da União (ITU)
 A compilação dos índices do Municípios e dos Estados
permite a criação de um “ranking”, classificando as
unidades da federação com maior ou menor grau de
transparência.
 Ao mesmo tempo foi criado ainda um terceiro índice
específico para a União, em um primeiro momento somente
abrangendo o Poder Executivo Federal.
Parâmetros de Transparência
Orçamentária 

 Considerando os termos da Lei Complementar 131, bem como os


critérios estabelecidos pelo Comitê de Transparência, são
considerados transparentes, sob o ponto de vista da
transparência orçamentária, os entes federativos que possuírem
sites com as seguintes características: 

1) Conteúdo – Pontuação máxima: 1.650, representando 60% do


Índice 

 Disponibilização de todas as fases da execução orçamentária,


detalhamento da arrecadação, fácil acesso às classificações
orçamentárias e ampla divulgação de processos licitatórios,
convênios, contratos e informações sobre os servidores públicos. 
Execução Orçamentária

 Compreende a fase de Execução Orçamentária os


seguintes itens: dotação inicial (orçamento aprovado,
sem remanejamentos), dotação autorizada
(orçamento atualizado, incluindo créditos adicionais),
valores empenhados (reserva em orçamento), valores
liquidados (reconhecimento do serviço prestado ou da
entrega do bem), restos a pagar pagos (pagamentos
referentes a despesas contraídas em anos anteriores)
e restos a pagar a pagar (dívidas de anos anteriores e
ainda não quitadas), valores pagos (fase em que a
administração pública quita o débito contraído no
exercício vigente) e o total desembolsado (valor
global desembolsado, incluindo os valores pagos com
o orçamento do exercício, acrescidos dos restos a
pagar pagos). 
Classificação Orçamentária

 Compreende a Classificação Orçamentária os seguintes itens:

o órgão e a unidade gestora responsável pela despesa, a função (setor da


despesa – ex: educação, transporte, saúde), subfunção (subdivisão da
função – ex: assistência hospitalar, vigilância sanitária), programa
(instrumento de organização da ação governamental, que visa alcançar os
objetivos pretendidos), ação (conjunto de operações do qual resulta um
produto – bem ou serviço – ofertado à sociedade), o subtítulo (localizador
do gasto), categoria econômica (despesa corrente ou de capital), natureza
da despesa (ex: investimentos, pessoal), modalidade de aplicação (ex:
aplicação direta, entidade privada sem fins lucrativos, órgão público
municipal), elemento (que define a natureza do gasto – ex: material de
consumo, obras, imóveis), subelemento (ex; material de copa e cozinha,
combustível, alimentos e bebidas) e fonte de recurso (ex: indenizações,
royalties, contribuições sociais).
Receita orçamentária

 Compreende a Receita orçamentária os seguintes itens: órgão ou


unidade gestora arrecadadora, origem da receita, tipo de receita,
valor da previsão e valor arrecadado.

 Compreende Contratos os seguintes itens: unidade gestora


contratante, razão social da contratada, data de publicação,
vigência, valor contratado, objeto, número do contrato, programa
de trabalho, natureza da despesa e empenho.

 Compreende Convênios os seguintes itens: número do convênio,


órgão concedente e convenente, responsável concedente e
convenente, data da celebração e publicação, vigência, objeto,
justificativa, situação (adimplente/inadimplente/concluído) e
valores transferidos, da contrapartida e total pactuado.

 Compreende o Detalhamento de Pessoal os seguintes itens; relação


completa de cargos e funções, além da remuneração por posto de
trabalho e salários.
Parâmetros de Transparência
Orçamentária (cont.)
2) Série Histórica e frequência de atualização – Pontuação
máxima: 200, representando 7% do Índice

 Disponibilização de séries históricas (entre um e cinco


anos) e maior frequência possível na atualização das
informações disponibilizadas (diária, semanal, mensal,
etc.).

3) Usabilidade – Pontuação máxima: 900, representando 33%


do Índice

 Possibilidades de download dos dados para tratamentos


específicos e comparações estatísticas, possibilidade de
consultas em diversas periodicidades (mensal, bimestral,
trimestral, semestral e anual) e interação com os usuários,
tornando possível o esclarecimento de eventuais dúvidas,
por meio dos seguintes instrumentos: manual de
navegação, glossário, perguntas frequentes e fale conosco
por telefone e e-mail.
Cálculo do Índice de
Transparência
 A partir da somatória da pontuação de cada subitem dos três
componentes, Conteúdo, Séries Histórica e Frequência de
Atualização e Usabilidade tem-se as seguintes ponderações
máximas: 
 C = Conteúdo, cuja pontuação máxima = 1.650 pontos (60%
do total)
 SH = Série Histórica e Frequência de Atualização, cuja
pontuação máxima = 200 pontos (7% do total)
 U = Usabilidade, cuja pontuação máxima = 900 pontos (33%
do total) 
 Cmáx + SHmáx + Umáx = 2.750 pontos (100%)  
 ou, em termos percentuais (Índice de Transparência) 
 Cmax + SHmax + Umax = 1 
 Em termos mais formais o índice pode ser definido como:

 Onde IT representa o Índice da Transparência, pi é a nota obtida no


ítem i (por exemplo, 50 pontos no ítem 1.1) e wi é um fator de
ponderação determinado pela pontuação máxima do item. Ou seja,
o wi do fator 1.1 será 0,04; do fator 1.2 será 0,20; e assim por
diante.
 Índice de Transparência
Membros do Comitê
 Bruno Speck – UNICAMP e Transparência

 Ciro Biderman – FGV – Setor Público

 David Fleischer – Transparência (DF)

 Ernesto Sabóia (TCU – Ceará)

 Gil Castelo Branco – Contas Abertas

 José Roberto Toledo – ABRAJI – Associação Brasileira de


Jornalismo Investigativo

 Ricardo Caldas – Disciplina na UnB –Teoria e Prática da


Corrupção Observatório de Combate à Corrupção

 Vânia Vieira – CGU (Observatório)


Resultado

 Índice de Transparência dos


Estados & Municípios
Ranking Geral
1º EXECUTIVO FEDERAL BR 7.56
2º SÃO PAULO (ESTADO) SP 6.96
3º PERNAMBUCO (ESTADO) PE 6.91
4º RIO GRANDE DO SUL (ESTADO) RS 6.29
5º PARANÁ (ESTADO) PR 6.07
6º MINAS GERAIS (ESTADO) MG 5.60
7º SANTA CATARINA (ESTADO) SC 5.56
8º RONDÔNIA (ESTADO) RO 5.38
9º ESPÍRITO SANTO (ESTADO) ES 5.36
10º AMAZONAS (ESTADO) AM 5.24
Por que a imprensa brasileira não
cobre a Lei de Acesso à Informação?
 Apesar da mobilização crescente da sociedade civil brasileira para exigir maior transparência no
poder público, o Brasil permanece na lista de poucos países da América Latina que ainda não
aprovaram uma Lei de Acesso à Informação.

 Propostas nesse sentido tramitam vagarosamente no Congresso desde 2003. O desinteresse da


imprensa brasileira pelo assunto tem sido um fator decisivo para o atraso na aprovação de uma
lei que garanta aos cidadãos o direito de acessar informações em poder das instituições
governamentais.

 Os meios de comunicação dedicaram recentemente um espaço considerável a outras propostas


e medidas relacionadas à prestação de contas do governo, como por exemplo a Lei da Ficha
Limpa. No entanto, o mecanismo mais importante para garantir a transparência dos atos
governamentais – a Lei de Acesso à Informação – não vem despe rtando a mesma atenção.

 Embora associações profissionais de jornalistas e meios de comunicação apoiem oficialmente a


adoção de uma Lei de Acesso, seus compromissos não se traduziram na cobertura que o tema
merece. Não se trata necessariamente de assumir uma postura ativista, fazendo campanha
aberta nas páginas dos jornais, mas simplesmente de dar espaço para o debate de uma lei de
interesse público – cuja aplicação está diretamente relacionada a questões como corrupção,
direitos humanos, liberdade de imprensa e ineficiência nos gastos públicos.

 Uma tese de doutorado que completei em 2010, na Universidade do Texas em Austin, encontrou
evidências de que a mídia exerce um papel fundamental no processo de adoção de leis de
acesso à informação. Ou seja, os países nos quais a imprensa se dedicou a uma ampla cobertura
do tema aprovaram essas leis de forma mais rápida, e com conteúdos mais abrangentes. A
pesquisa avaliou a difusão de mecanismos de acesso à informação pública em 12 países da
América Latina.
O silêncio dos meios de
comunicação
 No caso brasileiro, a cobertura tímida do assunto abre espaço para resistência política no
Congresso, com a consequente postergação da aprovação do projeto.

 Uma análise do conteúdo divulgado por um dos principais jornais brasileiros dá uma
dimensão disso.

 Essa análise abrange um período de onze meses – desde quando o Executivo enviou um
projeto de Lei de Acesso ao Congresso, em maio de 2009, até sua aprovação pela Câmara
dos Deputados em abril deste ano.

 Durante esse período, a Folha de São Paulo publicou uma média de 4,2 matérias por mês
mencionando o acesso à informação pública como um direito do cidadão ou uma medida
legal (essa menções faziam parte de matérias que tratavam principalmente de outros
assuntos). No entanto, uma média de apenas 1,5 matéria por mês falava especificamente
de uma lei de acesso à informação.

 A maior parte desses textos foi assinada por um único autor, o jornalista Fernando
Rodrigues.

 Um acompanhamento da cobertura feita pelos outros grandes jornais brasileiros


demonstra uma situação semelhante.
Situação em Outros Países
 Em outros países que aprovaram leis de acesso à informação na última
década, a imprensa dedicou uma atenção muito maior ao tema.

 Durante a campanha de 2001 e 2002 por uma lei de acesso à


informação no México, por exemplo, ambos os jornais El Universal e
Reforma publicaram uma média superior a 12 notícias por mês, durante
mais de um ano, tratando diretamente do projeto de lei de acesso à
informação.

 A legislação foi aprovada em maio de 2002 e é hoje considerada uma


referência internacional.

 Esse relativo silêncio da imprensa brasileira é surpreendente,


especialmente levando-se em conta episódios recentes do país, como
as denúncias de corrupção na Casa Civil da Presidência da República,
divulgadas pelos meios de comunicação.

 Em países como Chile, Guatemala, México e Peru, escândalos


envolvendo o desvio de dinheiro público serviram como gatilho para
iniciar uma forte cobertura e até mesmo campanhas abertas da
imprensa por maior transparência pública, através da aprovação de leis
de acesso à informação.
Tramitação lenta
 A reduzida cobertura das propostas de uma lei de acesso explica, em grande parte, por que os
políticos brasileiros têm sido capazes de postergar sua aprovação, desde que o primeiro projeto
chegou ao Congresso em 2003.

 Embora a transparência tenha sido um dos três pilares da campanha do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva naquele ano, poucos mecanismos para promover a abertura do Poder Público foram
de fato implementados.

 Uma proposta de lei de acesso introduzida na Câmara pelo deputado Reginaldo Lopes (PT),
durante o primeiro ano do governo Lula, foi ignorada.

 Em 2006, a aprovação de uma Lei de Acesso virou promessa de campanha, mas o governo só
enviou ao Congresso um projeto de lei em maio de 2009 – após um Seminário Internacional de
Acesso à Informação Pública organizado pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo
(Abraji), a ONG Artigo 19 e o Centro Knight para o Jornalismo nas Américas. O texto foi aprovado
em abril de 2010 pela Câmara dos Deputados, mas ainda depende de aprovação no Senado.

 5 bilhões de pessoas em 80 países se beneficiam de leis de acesso à informação.

 A tendência de aprovação desses marcos legais pode ser observada na América Latina, onde 11
países já aprovaram leis abrangentes, dez delas desde 2002 – Colômbia (1985), Chile (2008),
República Dominicana (2004), Equador (2004), Guatemala (2008), Honduras (2006), México
(2002), Nicarágua (2007), Panamá (2002), Peru (2002) e Uruguai (2008) são exemplos de
países que já aprovaram leis de acesso, e Argentina e Bolívia têm decretos presidenciais sobre
esse direito.

 Será que a sociedade civil e os meios de comunicação brasileiros irão começar a gerar pressão
suficiente na Presidência e no Senado para garantir a aprovação de um marco legal que
regulamente o direito de acesso? A esperança é de que o Brasil não tenha que depender apenas
da boa vontade dos representantes recém-eleitos para assegurar a aprovação de uma Lei de
Acesso à Informação Pública.
Conclusões
 A cultura política e orçamentária no Brasil não são
transparentes.

 A Lei 131 (‘Lei Capiberibe’) e o Portal da CGU


representam quebras desse paradigma.

 Não sabemos qual paradigma vencerá: o do sistema


político (opaco) ou o da Lei de Acesso à Informação.

 Tudo dependerá da Sociedade Civil e da postura da


imprensa.

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