Você está na página 1de 31

Laboratório de Engenharia

Química I
Determinação do fator de atrito e do nº de Reynolds crítico

Prof. Arnaldo Terra Gontijo


Mestre em Engenharia Química
Engenheiro Químico
Introdução

O escoamento permanente de um fluido incompressível em


um conduto fechado é um dos temas mais estudados na
área de mecânica dos fluidos.
Tem-se que este tipo de escoamento é utilizado em toda e
qualquer área e setor industrial na indústria moderna.
Portanto, tem grande importância em várias situações da
realidade prática.

https://www.youtube.com/watch?v=MEIerHQ9IAw

2
Classificação de condutos

Os condutos também chamados de tubos ou dutos.


São classificados em relação ao tipo de escoamento que
ocorre em seu interior: (a) livre ou (b) escoamento forçado.

3
Raio e diâmetro hidráulico

O raio hidráulico rh é definido como sendo uma relação


entre a área molhada A da seção transversal do duto e o
perímetro molhado P, que consiste no comprimento de
parede em contato com o escoamento, como mostra a
equação a seguir:
A
rh 
P

4
Raio e diâmetro hidráulico

O diâmetro hidráulico Dh é Portanto, o diâmetro hidráulico


definido como: para um conduto circular será:
4.A
Dh  4.rh  Dh 
P 4.A 4. .D 2
Dh   Dh 
Para um duto de seção
P 4. .D
transversal circular, temos:
Dh  D
 .D 2
A e P   .D
4
5
Raio e diâmetro hidráulico

Área molhada, perímetro


molhado, raio hidráulico
e diâmetro hidráulico de
condutos a seção plena
(totalmente cheios) para
diversas geometrias.

6
Exercício 1
Qual é a área molhada, o perímetro molhado, o raio
hidráulico e o diâmetro hidráulico de um conduto fechado
retangular a seção plena, com área da seção transversal de
lados a = 30 cm e b = 15 cm?
2
A  a· b  A  30.15  A  450 cm

P  2(a  b)  P  2(30  15)  P  90 cm


a.b 30.15
rh   rh   rh  5 cm
2(a b) 2(30 15)
2.a.b 2.30.15
Dh   Dh   Dh  20 cm
(a b) (30  15)
7
Exercício 2
Determine a área molhada, o perímetro molhado, o raio
hidráulico e o diâmetro hidráulico de um canal aberto de
largura igual a 40 cm, através do qual escoa-se água a uma
vazão de 160 L/s, sendo a profundidade da lâmina d’água igual
a 20 cm e a temperatura da água igual a 20ºC.

8
Camada limite: placa plana e duto forçado

Escoamento fluido em regime permanente, com velocidade


V0, incidindo sobre o bordo de ataque de uma placa plana
delgada, que é inserida paralelamente ao escoamento.

9
Camada limite: placa plana e duto forçado

Sabe-se que o gradiente de velocidade cria uma espécie de


atrito entre as diversas camadas do fluido, originando as
tensões de cisalhamento internas no fluido. Isso significa que
nessa região em que temos um gradiente de velocidade, os
efeitos viscosos são importantes. Essa região é chamada
dede camada limite.

10
Camada limite: placa plana e duto forçado

l = f(Re) ρ.V0 .x V0 .x µ – viscosidade dinâmica do fluido


Re   Re   – viscosidade cinemática do fluido
μ 
O regime do escoamento dentro
Re < 5 ⋅105 da camada limite é laminar
O regime do escoamento dentro
Re > 5 ⋅105 da camada limite é turbulento

11
Camada limite: placa plana e duto forçado

ρ.V0 .x cr Ponto do escoamento dentro da camada


Recr   5.105 limite em que ocorre a transição do regime
μ laminar para o turbulento

5 
x cr  5.10
ρ.V0

12
Camada limite: placa plana e duto forçado

Para um duto fechado, tem-se que o fluido entra no duto com um perfil de
velocidade uniforme. A partir da entrada do conduto fechado, devido ao
princípio do não escorregamento, temos o surgimento de uma camada
limite, que cresce em relação a x até atingir x.

ρ.V.D
Para : Re   2000
μ
  r 2 
V  Vmax 1   
  R  

13
Camada limite: placa plana e duto forçado

O comprimento de entrada x é a distância a partir da entrada


do conduto fechado até o ponto onde temos um escoamento
plenamente desenvolvido, ou seja, quando as camadas limite se
fundem, na linha de centro do conduto, tornando o escoamento
inteiramente viscoso.
A partir desse ponto, o perfil de velocidade não varia mais em
relação a x, isto é, o escoamento se torna desenvolvido e
dinamicamente estabelecido.

14
Camada limite: placa plana e duto forçado

Tem-se que, para escoamento laminar, o comprimento de


entrada x é dado por:

x ρ.V.D
 0,06.
D 

15
Camada limite: placa plana e duto forçado

É mais frequente esse preenchimento da camada limite


acontecer quando ela já está com movimento turbulento.

ρ.V.D
Para : Re   2400
μ
1/7
 r
V  Vmax 1 
 R

16
Camada limite: placa plana e duto forçado

Para escoamento turbulento, as camadas limite crescem mais


rapidamente. Portanto, o comprimento de entrada x é
calculado por:

1/ 6
x  ρ.V.D 
 4,4. 
D   

17
Rugosidade (e)
É o conjunto de irregularidades, isto é, pequenas saliências e
reentrâncias que caracterizam uma superfície. A rugosidade
desempenha um papel importante no comportamento dos
componentes mecânicos.
Ela influencia na:
 qualidade de deslizamento;
 resistência ao desgaste;
 resistência oferecida pela superfície ao escoamento de
fluidos e lubrificantes;
 resistência à corrosão e à fadiga;
18
Rugosidade (e)

Independentemente do processo de fabricação do duto, ele


terá uma rugosidade em sua parede interna, que influenciará
no valor da perda de carga do escoamento, dependendo do
regime do escoamento em questão.

Tem-se que a rugosidade dificulta o deslizamento das


moléculas de fluido e, por consequência, o escoamento do
fluido. Portanto, quanto mais rugosa for a parede da tubulação,
maior será a perda de carga.

19
Rugosidade ()

Rugosidade para dutos utilizados em engenharia:


Considerações:
Rugosidade apresenta
uniformidade tanto em
relação a sua altura,
quanto em relação a
sua distribuição.

Unidade de medida:
mm.

Fonte: Apostila de apoio didático da Kroton

20
Rugosidade (e)

Um conceito bastante utilizado para o cálculo da perda de


carga em um escoamento em conduto fechado, é a
rugosidade relativa, que é dada em função do diâmetro
hidráulico do conduto.

Dependendo do autor, temos a rugosidade relativa como sendo


a rugosidade dividida pelo diâmetro hidráulico, ou o inverso, o
diâmetro hidráulico dividido pela rugosidade.

21
Fator de atrito
Perda de carga

Energia Energia
Mecânica Térmica

E. Potencial
Efeito do atrito
E. Cinética
E. Pressão

A perda de carga representa uma conversão de energia mecânica em


energia térmica, ou seja, uma energia potencial, cinética ou de pressão que
é perdida ao longo do escoamento, devido ao efeito do atrito.
22
Fator de atrito

Portanto, é importante conhecermos e compreendermos o fator de atrito de


Darcy f , a fim de calcularmos a perda de carga.
Tem-se que o fator de atrito de Darcy f é uma função do número de
Reynolds e da rugosidade relativa da parede interna do duto.
Há algumas maneiras de se obter o fator de atrito, são elas:
1) O diagrama de Moody: resultado de medidas experimentais, para uma
grande faixa de número de Reynolds e uma grande faixa de rugosidade
relativa, para dutos circulares.

23
24
Fator de atrito
2) Cálculo do fator de atrito por meio de correlações semi-empíricas:
64
f  Para escoamento laminar
Re
Para escoamento turbulento (Re > 4000): expressão de
1  e/D 2,51  Colebrook (expressão mais usual), criada a partir de ajustes
 2.log   
f  3,7 Re. f  de dados experimentais. Equação implícita em f, sendo,
portanto, resolvida através de iterações.

1   e/D 
1,11
6,9  Para escoamento turbulento: equação de Haaland,
 1,8.log     que dispensa a necessidade de iterações.
f  3,7  Re 

0,3164 Para escoamento turbulento em conduto liso: cálculo do fator de


f  atrito a partir da correlação de Blasius, válida para Re <105
Re0,25
25
Exercício 3
Uma empresa fabricante de máquinas hidráulicas (bombas e turbinas)
necessita determinar o comprimento de entrada da camada limite e o
fator de atrito em um conduto fechado, utilizado para suprir uma
determinada vazão requerida na instalação de uma tubulação de água.
O conduto fechado é de ferro fundido asfaltado possui 13 mm de
diâmetro e 20 m de comprimento e que fornece água a uma vazão de
0,3155 l/s . Dados : água= 10−6 m2/s; eduto = 0,12 mm.

26
Exercício 3
Primeiramente, calculamos o número de Analisando o número de Reynolds, tem-se
Reynolds, a fim de decidir qual formulação que o escoamento é turbulento. Portanto,
utilizaremos no cálculo do comprimento de o comprimento de entrada x é dado por:
entrada x. Então:
1/6
ρ.V.D V.D x  ρ.V.D 
Re   Re   4,4.  
μ  D  μ 
1/6 1/6
Sendo a vazão volumétrica dada por: x  ρ.V.D   V.D 
 4,4.    x  4,4. D. 
D  μ    
Q  V.A
1/6
Portanto:  2,38 m/s . 0,013 m 
x  4,4 . 0,013 m .  -6 2 
 10 m /s 
(Q/A).D 0,3155.10 -3 m3/s 0,013 m x  0,3204 m
Re   Re  2
. -6 2
ν 0,0001327 m 10 m /s
Re  30.900,54 O comprimento de entrada é aprox. 25 vezes
maior que o diâmetro da tubulação

27
Exemplo 3

Cálculo do fator de atrito:


Para Re = 30900,54, optou-se pela equação de Haaland:

Dados :  e/D 1,11 6,9   1,8.log 0,001286  0,000223


1 1
e  0,12 mm  1,8.log     f
f  3,7  Re 
D  13 mm
Re  30.900,54  0,0092 1,11  1
1 6,9  5,078421
e D  0,0092  1,8.log    
f  3,7  30.900,54  f

f  0,038774
Exercício 3

Cálculo do fator de atrito:


Solução pelo Diagrama de Moody

Dados :
e  0,12 mm
D  13 mm f  0,039
Re  30.900,54  3 ,1.10 4
e D  0,0092  0,01
f  0,038774
Exercício 4
Calcular o fator de atrito de uma canalização construída em
ferro fundido revestido com argamassa de cimento e areia,
com diâmetro de 300 mm, na qual escoam 100 L/s de água a
20ºC.
Dados : água= 10−6 m2/s; eduto = 0,20 mm.

30
Exercício 5
Água à 20ºC, efluente dos filtros de uma estação de tratamento de
água, escoa a uma vazão de 1,5 m3/s, sendo encaminhada a um
duto de concreto armado de seção retangular (e = 0,30 mm), que
funciona sob pressão (seção plena), com as seguintes dimensões:
largura = 800 mm; altura = 120 cm; extensão = 20 m. Determine o
fator de atrito desse duto.

31

Você também pode gostar