• Ursula U., 31 anos, foi vista recentemente no hospital local, devido a uma pielonefrite e teve alta em uso do antibiótico trimetoprim- sulfametoxazol. Ela busca o acompanhamento de rotina com você. Ursula é relativamente nova na cidade e sua paciente há pouco tempo. A infecção parece estar respondendo bem ao antibiótico, porém você observa que a pressão arterial está um pouco elevada, em 145/95 • Ela lhe diz que está em uso de medicação anti- hipertensiva, lisinopril, mas não tem ido ao médico desde que a medicação foi prescrita. Alguma coisa chama a sua atenção e você faz um eletrocardiograma. A seguir, estão os traçados apenas das derivações aumentadas dos membros. O que você vê? • O ECG parece espantoso. No entanto, analise-o com cuidado: os complexos QRS são claramente alargados e não há ondas P visíveis. Embora os complexos QRS e as ondas T sejam distintas, eles certamente parecem estar se fundindo em uma única configuração (observe particularmente a derivação aVR). Isso poderia ser algum tipo de ritmo idioventricular? Bem, talvez, mas o contexto clínico fala a favor de outra interpretação. • Tanto o trimetoprim-sulfametoxazol quanto o lisinopril podem causar hipercaliemia , que em geral, é leve, mas combinados, eles podem causar elevações graves e potencialmente fatais no potássio sérico. E isso é o que você vê aqui – manifestações eletrocardiográficas graves de hipercaliemia, com perdas de onda P e com complexos QRS alargados que estão começando a se fundir com as ondas T criando um padrão senoidal • Devido ao risco de fibrilação ventricular nessa situação, você encaminha Ursula diretamente para a unidade de emergência onde ela é tratada agressivamente para hipercaliemia, suspendendo as medicações que ela usava e sendo monitorada na UTI até que o ECG retorne ao normal. Eventualmente, ela tem alta em uso de um antibiótico diferente e uma outra classe de anti- hipertensivos. • Ursula evolui muito bem e declara que você é o melhor clínico que ela já conheceu e que irá lhe indicar para todos os seus novos amigos. • Hipercalemia: evolução de ondas T apiculadas, prolongamento de PR, e achatamento de onda P, e alargamento do QRS. Finalmente, os complexos QRS e ondas T se mesclam para formar uma onda senoide e pode ocorrer fibrilação ventricular.