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ENCONTRO DE LITURGIA

A LITURGIA NA
HISTÓRIA DA SALVAÇÃO
INTRODUÇÃO
• Objetivos:
• A) Situar a Liturgia no horizonte da
História da Salvação;
• B) Refletir sobre a manifestação de Deus
no mundo por palavras e sinais;
• C) Mergulhar no Mistério Pascal de Jesus
Cristo;
LITURGIA E HISTÓRIA DA SALVAÇÃO
NO ANTIGO TESTAMENTO
O QUE É A HISTÓRIA DA SALVAÇÃO?

É a história da manifestação de Deus


ao ser humano no mundo, um campo de
acontecimentos e experiências de
Deus no tempo.
O QUE É A HISTÓRIA DA SALVAÇÃO?

Deus, por sua própria iniciativa, quis


proporcionar ao ser humano uma série
de meios para estabelecer com ele um
diálogo de vida e de amor.
O QUE É A HISTÓRIA DA SALVAÇÃO?

Muitas vezes e de muitos modos, Deus


falou outrora aos nossos pais, pelos
profetas. Nestes dias, que são os últimos,
falou-nos por meio do Filho, a quem
constituiu herdeiro de todas as coisas e pelo
qual também criou o universo (Hb 1,1-2).
• Vamos recordar algumas personagens
bíblicas que conheceram a
manifestação de Deus.
QUANDO COMEÇOU A
HISTÓRIA DA SALVAÇÃO?

Ela começou com a própria origem do


mundo. Foi por meio da intervenção de
Deus que tudo passou a existir:

“No princípio, Deus criou o céu e a terra”


(Gn 1,1).
QUANDO COMEÇOU A
HISTÓRIA DA SALVAÇÃO?
E o homem, modelado com o pó da
terra, ganhou vida com o sopro divino
em suas narinas:

“Então o Senhor Deus formou o ser humano


com o pó do solo, sopro-lhe nas narinas o
sopro da vida, e ele tornou-se um ser vivente”
(Gn 2,7).
QUANDO COMEÇOU A
HISTÓRIA DA SALVAÇÃO?
Todavia, o homem e a mulher se
afastaram da amizade divina pelo
pecado:

“O Senhor viu o quanto havia crescido a


maldade das pessoas na terra e como todos os
projetos de seus corações tendiam unicamente
para o mal” (Gn 6,5).
DEUS CONTINUOU A INTERVIR
NA HISTÓRIA APÓS O PECADO?
Mas, ainda que perdidos e em contínua
discórdia, Deus nunca cansou de nos
perdoar e de nos oferecer sua amizade:

“Meu povo é propenso à rebeldia, chama por


Baal, mas ele não é capaz de reerguê-los.
Como poderia entregar-te, Israel? [...] O
coração se comove no meu peito, as entranhas
se agitam dentro de mim!” (Os 11,7-8).
DEUS CONTINUOU A INTERVIR NA
HISTÓRIA APÓS O PECADO? COMO?
a) Ele constituiu um povo e fez a
aliança com ele:

“De minha parte, esta é a minha aliança


contigo: tu serás pai de uma multidão de
nações. Já não te chamarás Abrão: Abraão
será teu nome, porque farei de ti o pai de uma
multidão de nações” (Gn 17,4-5).
DEUS CONTINUOU A INTERVIR NA
HISTÓRIA APÓS O PECADO? COMO?
b) Acompanhou providentemente seu
povo nos momentos de perigo:

“O Senhor disse a Moisés: ‘Por que clamar a


mim por socorro? Dize aos israelitas que se
ponham e marcha. [...] Naquele dia o Senhor
livrou Israel das mãos dos egípcios e Israel viu
os egípcios mortos na praia do mar”
(Ex 14, 15).
DEUS CONTINUOU A INTERVIR NA
HISTÓRIA APÓS O PECADO? COMO?
c) Ergueu-se vigorosamente contra a
idolatria e o pecado:

“Procurai por mim e havereis de viver; não


procurais Betel, não entreis em Guilgal, não
façais romarias até Bersabéia, pois Guilgal vai
provar o cativeiro, Betel vira ilusão” (Am 5,3).
DEUS CONTINUOU A INTERVIR NA
HISTÓRIA APÓS O PECADO? COMO?
d) Libertador quando o povo foi
escravizado:

“Desci para libertá-los das mãos dos egípcios


[...] O grito e aflição dos israelitas chegou até
mim. Eu vi a opressão que os egípcios fazem
pesar sobre eles” (Ex 3, 8-9).
DEUS CONTINUOU A INTERVIR NA
HISTÓRIA APÓS O PECADO? COMO?

Pouco a pouco, Ele guiou o seu povo


como quem cuida primeiro de um bebê,
depois, de uma criança rebelde que
precisa de corretivo, até chegarem à
consciência de que Ele os ama
apaixonadamente como o esposo a sua
esposa.
COMO O POVO DE ISRAEL RESPONDEU
A MANIFESTAÇÃO DE DEUS?

O Povo de Deus compreendeu


lentamente, sob a guia e iluminação
paciente de Deus, que aquele que
habita uma luz inacessível, a quem
ninguém pode ver (Cf. 1Tm 1,16), falou
aos seres humanos com palavras
humanas a fim de que a humanidade
pudesse se dirigir novamente a Ele.
PARA REFLETIR

A partir do que estudamos, vamos comentar


estas frases:

1) Deus se revelou na história da humanidade


de modo a se fazer entender.

2) Deus nunca cansou de nos perdoar e de nos


oferecer sua amizade.
QUE MEIOS DEUS USOU PARA
SE REVELAR A ISRAEL?
Deus interveio no mundo com ações e
palavras: fez a aliança com Abraão (Gn
15, 17-18), travou uma luta com Jacó
(Gn 32,25-27), chamou Moisés do meio
de uma sarça ardente (Ex 3,2-4), deu-
nos sua Lei, pôs na boca dos profetas
suas próprias palavras (Jr 1,9).
QUE MEIOS DEUS USOU PARA
SE REVELAR A ISRAEL?

Ninguém pode vê-lo face a face (Êx


33,18-23), mas pode reconhecer sua
presença nos sinais e ver as suas
obras (Dt 11,1-7).
QUE MEIOS DEUS USOU PARA
SE REVELAR A ISRAEL?

Em sua manifestação nos sinais ele


propunha uma aliança, um pacto de
fidelidade: “Eu sou o teu Deus e não há
outro”. Ele nos deu suas leis e
mandamentos para que caminhássemos
sobre a sua guia.
ALIANÇA
RUBEM ENTRADA
SIMEÃO NA
LEVI TERRA
ABRAÃO (JACÓ) JUDÁ PROMETIDA
SARA ISAAC ISRAEL MOISÉS
ISSACAR COM JOSUÉ
ZABULÃO
JOSÉ ÊXODO
BENJAMIN • SAÍDA DO EGITO
DÃ  40 ANOS DE DESERTO
NEFTALI
GAD
ASER

ANTIGA
INÍCIO DO POVO DE
ALIANÇA
ISRAEL

a.C. 1850 ....................................................................................................1265........... .........


QUE MEIOS DEUS USOU PARA
SE REVELAR A ISRAEL?

E quando o povo quebrava a Aliança,


Ele por meio dos profetas, animava-os a
refazer os laços e voltar a fidelidade à
Deus.
QUAL É A IMPORTÂNCIA DO MEMORIAL
NA HISTÓRIA DA SALVAÇÃO?

Cada intervenção de Deus no mundo era


sempre memorável para Israel, uma
lembrança perpétua que devia ser
transmitida para as futuras gerações, na
certeza de que a ação de Deus é um
acontecimento inesgotável, que já se
realizou, mas que não é passado, pois
continua a derramar seus efeitos para toda
a história.
QUAL É A IMPORTÂNCIA DO MEMORIAL
NA HISTÓRIA DA SALVAÇÃO?

“E quando o teu filho, amanhã, te


perguntar: ‘Que significa isto?’ tu lhe dirás:
‘Com mão poderosa o Senhor nos tirou do
Egito, da casa da Escravidão [...] Por isso
eu sacrifico ao Senhor todo o primogênito
macho dos animais, enquanto resgato todo
primogênito de meus filhos’”
(Ex 13, 14-15).
QUAL É A IMPORTÂNCIA DO MEMORIAL
NA HISTÓRIA DA SALVAÇÃO?

Todo israelita celebra a Páscoa não só


como recordação da fuga do Egito, mas
como sua própria libertação, na certeza de
que a ação de Deus naquela noite continua
para todas as gerações, pois as ações de
Deus não cessam nunca.
NA PLENITUDE DOS TEMPOS...
O Mistério Pascal
O QUE É O MISTÉRIO?

Mistério significa não “aquilo que está


oculto”, mas sim “a revelação daquilo
que estava oculto”. É a experiência de
algo tão forte e profundo, que é
preciso um tempo de adaptação para
vê-lo e comunicá-lo.
O QUE É O MISTÉRIO?

No Novo Testamento é característico o uso


do termo Mistério para falar de todo o agir
de Deus na história humana e, de modo
especial, na revelação de Deus em Jesus
Cristo.
O QUE É O MISTÉRIO?

Segundo Paulo, o mistério escondido desde


todos os séculos, Deus nos deu a conhecer
naquele que apareceu em natureza humana:

“Mistério que ele manteve escondido desde


séculos e por inúmeras gerações e que, agora,
acaba de manifestar aos seus santos [...] Deus
quis revelar a riqueza da glória deste mistério
entre os pagãos: Cristo no meio de vós, a
esperança da glória” (Cl 1,26-27).
O QUE É O MISTÉRIO?

Jesus Cristo é o Mistério em pessoa, sua


presença no meio da humanidade
ultrapassa infinitamente nossa capacidade
de pensar e avaliar, o amor de Deus por nós
na encarnação e obra redentora de Cristo é
o mistério propriamente dito, porque será
sempre de uma profundidade inexplorável e
inesgotável.
ONDE SE DEU A REVELAÇÃO MÁXIMA E
DEFINITIVA DO MISTÉRIO DE DEUS?

A morte e ressurreição de Jesus constitui o


ponto mais alto do desvelamento do
mistério de Deus. Através desse
acontecimento foi nos revelado o desígnio
de Deus que guia toda a história da
humanidade: o amor que salva.
ONDE SE DEU A REVELAÇÃO MÁXIMA E
DEFINITIVA DO MISTÉRIO DE DEUS?

“Ele que não cometeu pecado e em cuja


boca não se encontra falsidade; ele que
injuriado não injuriava, maltratado não
ameaçava, mas se entregava aquele que
julga com justiça. Sobre a cruz ele levou os
nossos pecados em seu próprio corpo, a fim
de que, mortos para os pecados, vivamos
para a justiça. Por suas chagas é que fostes
curados” (1Pd 2,22ss).
ONDE SE DEU A REVELAÇÃO MÁXIMA E
DEFINITIVA DO MISTÉRIO DE DEUS?

Em Cristo morto e ressuscitado, o amor


de Deus realmente desceu sobre a
nossa pobre terra, no coração perfurado
do crucificado abriu-se o próprio
coração de Deus: “hão de olhar para
aquele que transpassaram” (Jo 19,37).
POR QUE CARACTERIZAMOS O
MISTÉRIO DA MORTE E RESSURREIÇÃO
DE JESUS COMO PASCAL?

O acontecimento da morte e
ressurreição de Jesus recebeu do
próprio Senhor um significado pascal.
Ele mesmo o relacionou com a Páscoa
dos judeus, celebrando-a com os
discípulos na Última Ceia.
POR QUE CARACTERIZAMOS O
MISTÉRIO DA MORTE E RESSURREIÇÃO
DE JESUS COMO PASCAL?

“[...] os discípulos aproximaram-se de Jesus e


perguntaram: “Onde queres que façamos os
preparativos para comeres a páscoa? Jesus
respondeu: Ide à cidade, procurai certo homem
e dizei-lhe: ‘O Mestre manda dizer: o meu
tempo está próximo, vou celebrar a ceia pascal
em tua casa, junto com meus discípulos”
(Mt 26,17-19)
POR QUE CARACTERIZAMOS O
MISTÉRIO DA MORTE E RESSURREIÇÃO
DE JESUS COMO PASCAL?

Como todo judeu, o Senhor celebrava a


cada ano a Páscoa judaica: o memorial
da ação de Deus que libertou o povo da
escravidão do Faraó e fez com eles uma
aliança no Sinai, na expectativa de uma
nova libertação mais profunda, radical e
definitiva.
POR QUE CARACTERIZAMOS O
MISTÉRIO DA MORTE E RESSURREIÇÃO
DE JESUS COMO PASCAL?
Na sua última festa pascal, Jesus inseriu um
acontecimento novo capaz de cumprir o
desejo mais profundo da antiga Páscoa. Na
sua morte e ressurreição cumpriu-se a
verdadeira libertação do pecado e da morte
e a Aliança foi elevada a um novo nível, de
modo que doravante fosse necessário falar
em Nova Aliança. Cessa a Páscoa do êxodo
e chega a Páscoa do Reino de Deus.
POR QUE CARACTERIZAMOS O
MISTÉRIO DA MORTE E RESSURREIÇÃO
DE JESUS COMO PASCAL?
Nesse sentido, com a expressão Mistério
Pascal queremos dizer que Deus agiu
mais uma vez e, agora, de modo definitivo.
Jesus ressuscitado é a libertação
verdadeira, nele a aliança de Deus com a
humanidade se torna definitiva e o ser
humano é unido a Deus para sempre,
numa nova comunhão maior que a força
do pecado e da morte.
O QUE É A LITURGIA NA HISTÓRIA DA
SALVAÇÃO?

A Liturgia é a História da Salvação


acontecendo para nós, ela é Deus
agindo e fazendo acontecer a libertação
por meio de palavras e sinais.
COMO A LITURGIA SE RELACIONA COM
O MISTÉRIO PASCAL?

Agora, através dos sacramentos o


Senhor nos transmite realmente a
salvação, ele mesmo é quem batiza,
unge, consagra, anuncia e abençoa.

Isso quer dizer, que celebramos


verdadeiramente o Mistério Pascal
porque, de fato, é mesmo Deus quem
age nas ações sagradas da Igreja.

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