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5 - Processo cervejeiro
5.1 - Moagem
5.2 - Preparo da água
5.3 – Brassagem, mostura ou cozimento
5.4 - Lavagem, filtragem e clarificação do mosto
5.5 - Medição da densidade
5.6 - Fervura e lupulagem
5.7 - Ativação do fermento
5.8 - Decantação e resfriamento do mosto
5.9 - Trasfega para o fermentador
5.10 - Aeração
5.11 - Inoculação do fermento
5.12 - fermentação
5.13 - maturação
5.14 - Engarrafamento ou embarrilhamento
6 - Passo a Passo
7 – Limpeza e sanitização
8 - Receitas
1 – Breve Histórico
No Mundo
Acredita-se que a descoberta da cerveja ocorreu
acidentalmente a partir de cereais deixados expostos ao relento, e
assim teriam sido fermentados por leveduras (fermento) presentes na
atmosfera. Por terem os mesmos ingredientes que o pão, cereais,
água e fermento, na antiguidade as cervejas eram feitas por padeiros,
ou por mulheres, responsáveis pelo preparo dos alimentos, daí serem
até hoje conhecidas pelo termo “Pão Líquido”. Modernamente,
entende-se cerveja como sendo a bebida obtida pela fermentação do
malte de cevada.
Embora não haja consenso entre os historiadores quanto
à origem da cerveja, esta é considerada a bebida alcoólica mais antiga
da humanidade, com registros que datam de mais de 8 milênios. A
origem documentada da cerveja começa 6.000 anos antes de Cristo,
numa região entre o Tigre e o Eufrates, onde viviam Sumérios e
Babilônios, que já fabricavam mais de 20 tipos de cerveja de cevada,
trigo e mel. No Egito, a cerveja ganhou status de bebida nacional, e
sua fabricação ficava por conta das sacerdotisas dos templos de seus
deuses. Zythos era a denominação dada à cerveja pelos egípcios, que,
além do uso como bebida e nos rituais religiosos, também a aplicavam
na medicina, entrando na formulação de mais de 100 medicamentos.
Escuras, opacas e sem serem filtradas, muito diferentes das cervejas
que hoje bebemos, somente a partir da Idade Média, com novas técnicas
implementadas pelos monges à produção da bebida, que visavam torná-la
mais agradável ao palato e mais nutritiva, já que durante seus jejuns
passavam dezenas de dias alimentando-se apenas de cerveja, é que esta
foi adquirindo a aparência e os gostos como os das quais mais vemos
atualmente. Foram também os Monges que passaram a utilizar, com
habitualidade, o lúpulo em substituição a outras ervas, e que começaram
a anotar e organizar as receitas, para que mantivessem a qualidade. Os
monges beneditinos de Weihenstephan, em Freising na Alemanha, foram
os primeiros a receber autorização profissional para o fabrico e venda de
cerveja, em 1040, sendo a cervejaria de Weihenstephan, ainda hoje em
funcionamento, a mais antiga do mundo.
Em 1516, o Duque Wilhelm IV da Baviera criou a Reinheitsgebot - lei
de pureza - em atenção às guildas bávaras, a fim de defender a produção
de cerveja de qualidade, pois naquela época eram muito utilizados
ingredientes estranhos para aromatizar as cervejas, como, por exemplo,
frutos silvestres e ervas variadas, por vezes danosas à saúde. Foi assim
que o Duque tornou ilegal o uso de outros ingredientes no fabrico de
cerveja que não fossem água, cevada e lúpulo (é de salientar que nesta
época ainda não se conhecia e utilizava o fermento, e a bebida era
fermentada por leveduras presentes na atmosfera local). Posteriormente,
o uso do trigo maltado foi aceito, embora sob condições especiais.
Por fim, é bom registrar a importância do século XIX para a
produção da cerveja. Com a evolução tecnológica, foi neste século
que se descobriu o fermento lager, de baixa fermentação, utilizado
nas cervejas do tipo pilsen, a mais consumida no mundo, e Louis
Pasteur trouxe ao mundo o processo conhecido por
“pasteurização”, com o qual permitiu a conservação da cerveja por
um período maior de tempo. Cabe consignar ainda que a única
diferença entre o chopp e a cerveja é que esta é “pasteurizada”,
enquanto aquele não, razão pela qual o chopp tem um período de
validade bem menor.
No Brasil
Até o início do século XIX a produção de cerveja no Brasil era
mantida apenas por poucos imigrantes, que a produziam
caseiramente e para o consumo próprio. Foi com a chegada da
família real portuguesa, em 1808, que a cerveja iniciou seu
desenvolvimento no país. Reza a lenda que Dom João era um
apreciador inveterado da bebida, e foi com a abertura dos portos
brasileiros às nações amigas que o consumo de cerveja iniciou
seu crescimento no Brasil, até chegar ao que é hoje, o 9º em
consumo per capita e o 5º maior produtor mundial em volume.
Em 1836 foi publicado no Jornal do Comércio do Rio de
Janeiro o primeiro anúncio dando conta da produção de cerveja no Brasil.
Vale salientar que as ruas Matacavallos e Direita são respectivamente as
ruas do Riachuelo e 1º de Março, na atualidade. Veja o anúncio abaixo:
Até o final da década de 30 do século XIX, a cachaça e o vinho eram ainda as
bebidas mais populares, situação esta que começou a mudar com a instalação de
pequenas fábricas de cerveja no Brasil, que permitiam uma alternativa mais
acessível às custosas cervejas inglesas trazidas em barris da Inglaterra, para
atender à nobreza.
Naquela época, a cerveja fabricada no Brasil era bastante rudimentar, feita de
farinha de milho, gengibre, casca de limão e água, e levou o nome de “Cerveja
Barbante”, por causa do amarrado de barbante que era colocado sobre as rolhas, a
fim de evitar que as mesmas explodissem com a elevada pressão das garrafas.
A partir daí novas fabricas foram sendo instaladas no Brasil, principalmente por
imigrantes ou filhos destes, e iniciou-se o que até hoje vemos: as maiores fábricas
adquirindo as menores, dificultando seu crescimento e diminuindo a oferta de estilos
e variedades de cervejas.
Tal situação, embora ainda perdure, começou a perder força no cenário
mundial no final da década de 1970, com o advento do movimento The Craft Beer
Renaissance, ou com o renascimento da cerveja artesanal. Desde então na Europa
e Estados Unidos milhares de micro-cervejarias foram criadas, e nelas são
resgatados estilos de cervejas há muito deixados de lado pelas grandes cervejarias,
primando pela qualidade e tradições da bebida acima de tudo, emprestando
personalidade à cerveja.
No Brasil este movimento tardou, mas começa a ganhar forte impulso com a
instalação de excelentes micro-cervejarias, como a Cervejaria Eisenbahn, de
Blumenau, a Colorado, de Ribeirão Preto, a Falke Bier, de Belo Horizonte, a Mistura
Clássica, de Volta Redonda, entre tantas outras, que produzem cervejas como
antigamente, com qualidade, respeito às tradições e aos seus clientes, visando a um
produto diferenciado e com personalidade.
2 – O que é Cerveja?
Tradicionalmente, então, diz-se cerveja
toda bebida fermentada a partir de cereais.
Entretanto, por força de lei, no Brasil, entende-se
cerveja como uma bebida obtida pela fermentação
alcoólica do mosto cervejeiro, oriundo este do
malte de cevada e água potável, por ação da
levedura, com adição de lúpulo. Para maiores
detalhes procure pela lei federal nº 8.918/94,
regulamentada pelo Decreto 6.871 de 04 de junho
de 2009.
2.1 – Ale e Lager
Em qualquer área temática, é natural que classificações sejam feitas para uma
melhor compreensão. Em se tratando de cervejas não poderia ser diferente, e, como
em toda classificação, há sempre dúvidas sobre qual seria a melhor maneira de fazê-
lo. Há aspectos técnicos nas legislações cujos termos, muitas vezes, não são
familiares aos consumidores. Um exemplo disso é a classificação das cervejas como
fraca, extra ou forte, feita em função de seu extrato primitivo. Poucos sabem,
tecnicamente, do que se trata e interpretam o termo em seu sentido coloquial e
subjetivo. Outro exemplo é a abordagem alusiva ao teor alcoólico – baixo, médio ou
alto – classificação que, embora útil e mais intuitiva para o consumidor, pouco
esclarece quanto ao paladar.
Por conta disso, em nosso país, a “classificação” adotada pelo grande público
sempre foi a da coloração das cervejas: clara ou escura. Para um universo de
poucas ofertas, embora primitiva, esta visão era satisfatória. Entretanto, diante do
aumento de opções trazidas atualmente pelo segmento cervejeiro, tornou-se
necessário aos consumidores brasileiros um melhor entendimento sobre o tema, a
fim de que possamos saber o que esperar ao se abrir uma garrafa de cerveja. Assim
sendo, importa uma melhor compreensão das famílias de cervejas, o que se faz
baseando-se no tipo de fermentação. Em cada família há vários estilos que variam
em função das matérias-primas e dos processos usados em sua fabricação.
~ 20 milhões
toneladas/ano
(para cerveja)
Malteação
Malte
Malteação
• Maceração
• Germinação
• Secagem
Malteação
• Maceração
• Maceração
Paulo Schiaveto
• Germinação
• Germinação
Paulo Schiaveto
Malteação
• Germinação
Secagem
• Interrupção da germinação
• formação de aromas e cor
• eliminação das radículas
• Parâmetros: temperatura, tempo
Paulo Schiaveto
Formação de cor e aroma - caramelização e
reações de Maillard/Strecker
• caramelização de açúcares
• combinação com proteínas e aminoácidos
• formação de cor e aromas
• Parâmetros: temperatura, tempo, pH,
umidade
Paulo Schiaveto
Malteação
• Secagem
• Secagem
• Secagem direta
Paulo Schiaveto
Maltes
Grain Type Description/Usage Color ° Appropriate Beer Commercial
Lovibond Styles Examples
Acidulated / Pale malt that has been treated 1.5 - 2.0 Stouts, Wheat Beers, Weyermann
Sauer Malt with lactic acid. Used in small Lambics Acidulated
quantities to lower pH in mash.
Also used to impart a tart flavor.
Aromatic Malt High kilned malt. Adds color, 25 Bocks, Brown Ales, Weyermann
malty flavors and aromas Munich Dunkel, any Melanoidin
beer where malty Dingemans
flavor and aroma is Aromatic
desired Briess
Aromatic
Biscuit Malt A lightly roasted malt. Imparts a 25 IPA, Amber Ales, Briess Victory
biscuity flavor and aroma, and a Brown Ales Malt
light brown color. Dingemans
Biscuit Malt
Black (Patent) Kilned at a very high temperature. Used 470 - 560 Stouts, Porters, Red Muntons Black
Malt in small quantities for a red color. In Ales, Brown Ales, Malt
larger quantites imparts a dry-burnt
Porters, Scotch Ales, Briess Black
bitterness.
Dark Lagers Malt
Grain Type Description/Usage Color ° Appropriate Beer Commercial
Lovibond Styles Examples
Brown Malt A roasted malt, darker than biscuit, 60 - 70 Brown Ales, Porters, Crisp Brown
lighter than chocolate. Imparts a Dark Belgians, Old Ale Malt
dry biscuity flavor, and a light
brown color.
Cara Vienna A light colored crystal 27 - 35 Any beer where a light Dingemans
malt. Imparts a golden color, caramel character is Caravienne
caramel sweetness and aroma. desired Briess Cara
Vienne
Flaked Rye Processed through hot 1.0 - 2.0 Rye Pale Ales, Briess Flaked
rollers. Imparts a crisp spicy Roggenbier Rye
character.
Flaked Wheat Processed through hot 1.0 - 2.0 Wheat beers Briess Flaked
rollers. Imparts a tart grainy Red Wheat
character, hazy appearance.
Maris Otter Base malt produced from winter 2.0 - 3.0 English Ales, Scottish Crisp Maris
Malt barley. Imparts a rich malt flavor Ales Otter
and aroma. Muntons Maris
Otter
Mild Ale Malt Lightly toasted base malt. Imparts 3 Mild Ale, Brown Ales Muntons Mild
a nutty character. Ale Malt
Munich Malt A high-kilned malt. Imparts malty 7.0 - 10 Oktoberfest, Dark Weyermann
aromas, flavors, and light copper Lager, Porters, Munich I
color. Scottish Ales, any Weyermann
beer where maltiness Munich
is desired II Durst Turbo
Munich
Pale 2-Row Base malt suitable for all beer 1.8 - 2.0 All beer styles Briess 2-Row
Malt styles. Provides fermentable Brewers Malt
sugars, light malt color flavor and
aroma.
Pale 6-Row Base malt with higher enzymatic 1.8 - 2.0 American Style Briess 6-Row
Malt power than 2-row. Used in Lagers, Cream Ale Brewers Malt
American styles with higher
percentage of adjuct grains.
Pale Ale Malt Base malt with slightly darker 2.0 - 2.5 Pale Ales, All but the Briess Pale Ale
color. Provides fermentable very lightest of beer Malt
sugars, light malt color flavor and styles Muntons Pale
aroma. Ale Malt
Weyermann
Pale Ale Malt
Roasted Unmalted barley roasted to a very 470 - 560 Stout, Red Ales Muntons
Barley dark color. Roasted Barley
Rye Malt Base malt for all rye 2.8 - 4.3 Rye Pale Ales, Weyermann
beers. Imparts a spicy flavor and Roggenbier Rye Malt
aroma, similar to wheat malts.
Smoked Malt Pale malt that has been smoked 2 Rauchbiers, Smoked Weyermann
with a hardwood. Imparts a Porters Smoked Malt
smokey flavor and aroma.
Special B Malt The darkest of the caramel 140 Belgian Dubbel, Dingemans
malts. Imparts a pruney/raisiny Russian Imperial Special B
character and deep garnet color. Stout
Toasted Malt Pale malt that has been 50 Brown Ales, Porters, Briess Special
toasted. Similar to biscuit malt Dark Belgians, Old Roast
but different. Ale
Vienna Malt High kilned base malt malt. Not 3 Vienna Lagers, Weyermann
as dark as Munich. Adds color, Munich Lagers Vienna
malty flavors and aromas. Durst Turbo
Vienna
Wheat Malt Base malt produced from 1.0 - 2.0 All Wheat Beers, Weyermann
wheat. Used as base for all Small amounts in Wheat Malt
wheat beer styles. Imparts a English Pale Ales
grainy tart character. Some yeast and Kolsch
strains modify existing compound
in this malt, producing a spicy
(phenolic) flavor
3.3 - Lúpulo
O lúpulo é uma planta trepadeira pertencente à
família das Moráceas, sendo originária das zonas
temperadas do norte da Europa, Ásia e Américas, da qual
se extrai de suas flores substratos de sabor amargo para
equilibrar o sabor adocicado proveniente do malte da
cerveja. Cabe ressaltar que somente as flores femininas
não polinizadas (virgens) do lúpulo podem ser utilizadas
na fabricação da cerveja, o que ocorre porque as resinas
de lúpulo (lupulinas), óleos essenciais que dão sabor
amargo e favorecem o aroma e sabor da cerveja,
somente estão presentes nestas flores. Existem diversas
variedades de lúpulo, umas mais aromáticas, outras mais
amargas, que podem ser utilizadas de várias maneiras,
ou em flores secas, em pó, em extrato, ou em pellets.
Dependendo da quantidade, variedade e qualidade, e do
momento em que são adicionados à cerveja, podem
determinar uma bebida mais, ou menos, amarga, com
mais aroma floral ou de erva.
lupulina
• Componentes importantes do lúpulo
Paulo Schiaveto
Lúpulo em flor
Paulo Schiaveto
Lúpulo em pellets
• Composição
- Pellets 90
- semelhante à do lúpulo em flor, com menor umidade
- menor umidade
- Pellets 45
- 40-50% menos material vegetal (celulose, etc.)
- maior concentração das resinas
Paulo Schiaveto
Lúpulo em pellets
• Características
Paulo Schiaveto
Extratos de lúpulo
• Características
Paulo Schiaveto
3.4 - Adjuntos
Normalmente utilizados como fontes mais baratas de açúcares, em
relação à cevada. Por vezes também são utilizados para se obter maiores
percentuais de álcool, com menor incremento no corpo e dulçor da cerveja,
comparativamente ao que obteríamos com o uso da cevada.
A) Milho
moído
grits degerminado
flocos
Objetivo principal: fonte de amido mais barata que o malte
B) Arroz
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C) Cevada não maltada
moída
Objetivos fonte de amido e também incremento no corpo e espuma
(glucanos/dextrinas)
E ) Aveia ou Centeio
Paulo Schiaveto
F) Açúcares
fonte mais barata de extrato
composição de cervejas com teor elevado em extrato/ álcool
facilitar refermentação/priming - melhor absorção pela levedura
Aroma (mel, maple sirup)
OBS: Usado pelos cervejeiros caseiros para elaboração de primming,
que consiste numa calda de açúcar (100% fermentável) adicionada
à cerveja momentos antes de ser engarrafada, a fim de gerar
substrato para uma segunda fermentação na garrafa, que gerará o
gás dentro da mesma.
G) Xaropes de maltose
fonte mais barata de extrato
estocagem, manipulação e dosagem mais fáceis
características semelhantes aos açúcares do mosto
menor alteração no perfil de açúcares global
Paulo Schiaveto
H) Extrato de Malte
Paulo Schiaveto
3.5. Especiarias
• Condimentos
- Sementes de Coentro
- Cominho, Canela, Aniz, Cardamomo
- Gengibre e outras raízes
- Menta e outras folhas
• Frutas
- Inteiras, extrato ou sucos
- Cascas de laranja amarga e doce
• Flores
- Rosas, hibiscos, etc
• Madeira
- Lascas, maturação em barris
Paulo Schiaveto
3.6 - Aditivos e adjuvantes de processo principais
3.6.3. Caramelo
Paulo Schiaveto
3.6.1 - Sais de cálcio - Importância
• alfa amilase
- duas proteínas, na posição correta devido à
ligações con íons Ca++
- em caso de falta de cálcio na solução, a enzima
perde sua atividade
• pH
- O cálcio reage com fosfatos, regulando o pH
- menos utilizado para essa função
• Precipitação de oxalato
- evita resíduos de acído oxálico na cerveja
(turbidez / precipitado)
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Sais de cálcio - adições
• Mostura
- garantir boa atividade enzimática
• Fervura
- garantir Ca++ para a fermentação
Paulo Schiaveto
3.6.2 - Ácido - adições
• Mostura
- garantir boa atividade enzimática
- compensar o aumento do pH pela precipitação
fosfatos-cálcio
• Fervura
- garantir pH ótimo para floculação protéica
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Ácido - aspectos a observar
Paulo Schiaveto
3.6.3 - Uso de corante caramelo - Aspectos
• correção de cor - mosto
- maltes muito claros
- aumento de cor sem aromas de
torrado/café/caramelo
- uso em pequenas quantidades
- cor ~ 42000 EBC
Paulo Schiaveto
3.7 - Fermento
A levedura é um microorganismo unicelular que, além
de ter a capacidade de transformar açúcar em álcool e CO2, ainda
produz os componentes aromáticos característicos de cada cerveja.
Existem dois tipos diferentes de levedura de cerveja: as de alta
fermentação (Saccharomyces Cerevisiae) e as de baixa
fermentação (Saccharomyces Calrsberginses).
Mosto •Açúcares
•Aminoácidos
•Lipídeos
•Oxigênio
•Ca, Zn, Mg
•Álcool
•CO2
•Álcoois superiores
•Ésteres
•Outros
CO2
Cerveja +
Energia
Paulo Schiaveto
para se multiplicar
•Açúcares
•Aminoácidos
•Lipídeos
•Oxigênio
•Ca, Zn, Mg
para “sobreviver”
Paulo Schiaveto
3.8 - Fornecedores
- WE Consultoria - http://www.weconsultoria.com.br
4.1 – Fogão
01 fogão de 4 bocas ou
maior;
4.2 – Panelas
02 caldeirões com
32 litros de capacidade
cada (~36 cm de
diâmetro). O ideal é que
instalemos nos dois
caldeirões uma torneira
(de ½), a uns 3 ou 4 cm
do fundo. Se não for
possível instalar nos
dois, instale em apenas
um, onde se fará a
filtragem e a fervura.
Em casas de materiais de cozinha para hotéis e restaurantes, e já prontas com
torneira acoplada na A Turma da Cerveja (www.cervejaartesanal.com.br),e na WE (www.weconsultoria.com.br).
4.3 – Fundo falso
01 forma de pizza do
diâmetro da panela (da que
tiver instalada a torneira),
que deverá ser furada em
inúmeros pontos, formando
uma espécie de coador ou
filtro, ou um fundo falso
melhorado, ou ainda uma
bazooca, a serem usados
para filtragem do mosto.
Secundariamente uso
também um saco de nylon,
que dá uma filtragem mais
fina;
4.6.4 – 01 Phmetro;
4.7 – Moedor de Cereais
Em casas de material de cozinha para hotéis e restaurantes. Pode-se também usar colheres de
pau ou de bambu.
4.9.2 – Jarra para lavagem e
recirculação;
4.9.3 – Balança;
Paulo Schiaveto
Etapas da mostura
5.4 – Lavagem do bagaço, clarificação e
filtragem do mosto
Esta etapa se destina à eficiente separação do bagaço do
mosto, evitando o arraste deste com sedimentos para fervura.
Inicialmente consiste na passagem da mistura (mosto + bagaço)
por uma espécie de peneira, a fim de obter o mosto primário, livre o
quanto mais de partículas sólidas.
Esta filtragem pode ocorrer através de um fundo falso, instalado
no segundo caldeirão, ou por uma bazooca, que será colocada na
mesma panela onde se realizar a brassagem. Ao término desta, caso
use a bazooca, deixe a mistura repousar por cerca de 15 minutos,
fazendo com que as próprias cascas dos maltes atuem como
elemento filtrante. Caso use um fundo falso, com um balde transfira a
mistura do caldeirão 1 para a panela com o fundo acoplado, após o
que deixe repousar por uns 15 minutos, para que o bagaço decante
e assente sobre o fundo falso, de maneira a termos a malha filtrante
bem formada.
Pela torneira instalada na panela retire o mosto filtrado, e, caso o
mesmo esteja saindo ainda com partículas sólidas, retorne com ele
para o caldeirão, recirculando, assim, até que comece o mosto a sair
bem clarificado, sem o bagaço.
Retirado o mosto primário, que foi levado para a tina de fervura,
passaremos a lavagem do bagaço, no qual ainda haverá grande
quantidade de açúcares, que obviamente queremos aproveitar.
facas
recirculação
Tina de clarificação ou tina filtro
Extração do mosto 1ário
extração 1ário
Tina de clarificação ou tina filtro
Extração do mosto 2ário
extração 2ário
Tina de clarificação ou tina filtro
Última água (last runnings)
Tina de clarificação ou tina filtro
Remoção do bagaço
Cálculo da água de lavagem - aproximado
Primeiramente, com o auxílio de um programa como o Beer Smith ou Beer Tools calculamos a quantidade de malte, de
grãos, para o volume desejado de mosto que pretendemos ao final da fervura. Feito isso, sabendo a quantidade de grãos,
para a mostura utilizaremos de 2 a 3 litros de água por kg de malte.
Terminada a mostura, parte da água utilizada será perdida por absorção pelo bagaço, perda esta aproximada de 1 litro por
cada kg, e o mosto resultante será um mosto mais denso, mais concentrado, o qual chamaremos de mosto primário.
Então precisaremos definir a quantidade de água a ser usada na lavagem deste bagaço a fim de possibilitemos terminar a
fervura com o volume calculado na receita. Para isso precisaremos saber da perda que teremos durante as etapas
seguintes, de fervura e de resfriamento.
a) perda por evaporação - durante a fervura teremos eliminação de água por evaporação, o que concentrará o mosto
diminuindo seu volume. Esta perda varia de equipamento pra equipamento, mas em média teremos uma perda de cerca de
10% por hora (numa fervura de 90 minutos perderemos cerca de 15% de volume por evaporação);
2) No resfriamento teremos uma perda de cerca de 4% de mosto por contração de seu volume;
3) Por fim teremos uma perda com o trub quente decantado abaixo do nível da torneira na panela. Esta perda variará de
equipamento pra equipamento, do volume compreendido entre a torneira e o fundo da panela, mas em média esta perda
em panelas n˚36, com 32 litros de volume, as quais usamos para levas de 20 litros, será de cerca de 3 a 4 litros.
Para levarmos então 20 litros limpos pro fermentador teremos que terminar a fervura com um volume de cerca de 24
litros, desprezando-se assim os cerca de 4 litros de trub sedimentados abaixo do nível da torneira. Este volume que
levaremos em conta para elaboração da receita.
Para terminar com este volume, precisaremos então prever as demais perdas, perda por evaporação e por contração
do mosto, para estimar a quantidade de água a ser usada na lavagem. Assumindo uma fervura de 90 minutos, com
perda de 10% por hora, perderemos 15% de volume por evaporação, mais 4% de perda por contração. Arredondando,
teremos uma perda de cerca de 20% de volume com as etapas de fervura e resfriamento.
Assim, pra que terminemos com 24 litros precisaremos iniciar a fervura com cerca de 30 litros, dos quais descontados
20% de volume nos sobrarão 24 litros.
Exemplo, numa receita com 5 kg de malte, para brassagem poderemos usar de 2 a 3 litros de água pra mostura.
Digamos que utilizemos 2,5 L/Kg, precisaríamos de 12,5 litros de água para brassagem. Destes cerca de 5 litros
seriam perdidos por absorção pelo bagaço, restando nos 7,5 litros de mosto primário, mais concentrado. Neste
bagaço ainda teremos grande quantidade de açúcares e nutrientes, os quais procuraremos extrair com a lavagem. Já
temos 7,5 litros de mosto primário, então para obtermos o volume de 30 litros no início da fervura precisaremos lavar
este bagaço com cerca de 22,5 litros de água.
Se na mostura utilizássemos 3L/Kg, então 15 litros, destes sobrariam 10 de mosto primário, então o volume de á’gua
para lavagem seria menor, cerca de 20 litros.
Obs: este cálculo é aproximado, mas nos permite ter uma boa ideia da quantidade de água que necessitaremos no
processo de produção.
5.5 – Medição da densidade
Retire cerca de 200 ml de mosto filtrado e
coloque na proveta, e com o densímetro ou
refratômetro meça a densidade do mosto
antes da fervura. Atente para temperatura
em que estiver o mosto e faça as correções
conforme tabela anexa.
O valor encontrado será importante para
mensurarmos o rendimento da brassagem.
5.6 – Fervura e lupulagem
Resumidamente, durante a fervura, que deve ser intensa e vigorosa,
ocorrerão as seguintes reações:
A) Esterelização e concentração do mosto.
Com a fervura serão eliminados eventuais contaminantes advindos das
matérias primas, bem como, pela evaporação da água, aumentaremos a
concentração do mosto. A taxa de evaporação influirá para o cálculo do
extrato de mosto desejado, e variará de acordo com a temperatura do
mosto, umidade relativa do ar e área de contato de troca de calor (quanto
menor a umidade e maior o diâmetro da panela, maior será a evaporação).
B) Formação e evaporação de voláteis.
Durante a fervura compostos voláteis indesejados são formados e
evaporados. Citamos aqui o DMS (sulfeto de dimetila), responsável pelo
aroma de legume cozido na cerveja.
C) Isomerização do lúpulo.
Nesta fase ocorre a isomerização do lúpulo, ou seja, a conversão dos alfa-
ácidos em iso-alfa-ácidos, responsáveis pelo amargor da cerveja. Segundo
ensinamento do Mestre Paulo Schiaveto, o ponto máximo de isomerização
ocorre entre 60 e 70 minutos de fervura, e correspone a aproximadamente
60% dos alfa-ácidos totais. Durante a fermentação e maturação, perde-se
Iso-alfa-ácidos (membrana da levedura e espumamento), de modo que o
valor de conversão de alfa-ácidos em iso-alfa-ácidos fica em torno de 40 %.
D) Extração dos produtos desejáveis de aroma e sabor do
lúpulo e especiarias
E) Aumento da cor, escurecimento da cerveja provocado
pela caramelização de açucares (reações de maillard)
F) Redução do nitrogênio coagulável para aumento da
estabilidade coloidal (importante para estabilidade coloidal
(turbidez a frio e permanente), Clarificação da cerveja,
Fermentação e aromas na cerveja)
G) Redução do PH (Precipitação de íons Ca++ através de
reação com fosfatos e polipeptídeos formando compostos
insolúveis)
H) Coagulação e posterior decantação (formando trub
quente) de proteínas e polifenóis (aumento da estabilidade
coloidal e melhoria da atuação do fermento)
5.7 - Ativação do fermento
Inicialmente, recomendo a utilização de fermentos secos, em
razão de ser mais fácil o manuseio.
Embora possamos usá-lo seco mesmo, inoculando-o
diretamente no mosto a fermentar após o resfriamento, melhor
hidratá-lo antes, cerca de 30 a 60 minutos anteriores à inoculação.
Para tanto, num pote previamente esterelizado, colocamos cerca de
120 ml de água estéril, e nela acrescentamos o fermento.
Tampamos o pote e, após um breve repouso, procedemos a uma
leve agitação, para homogeneizar o fermento.
Finalidade da decantação:
a)Separação do trub quente (principalmente
proteínas) – gera um aumento da estabilidade
coloidal
b) Separação de outros sólidos suspensos
Resfriamento
Após fazermos o whirpool, colocamos dentro da panela o
chiller de imersão, fazendo com que água gelada passe por
dentro dele, e o mais rapidamente possível, por meio de troca de
calor, resfriemos o mosto. Obs. A panela deve ficar tampada,
pois com o resfriamento aumenta o risco de contaminação.
Além do chiller de imersão, há ainda outras formas de
fazermos este cold break, como através do chiller de contra-
fluxo, resfriador por placas, ou até mesmo colocando a panela
inteira numa tina com gelo, método este mais rudimentar.
Finalidade do resfriamento:
a) formar o “cold break” (trub frio), coagulação proteína/polifenóis,
facilitando a clarificação da cerveja em etapas posteriores
b) adequar a temperatura do mosto à inoculação de levedura
c) facilitar a absorção do oxigênio na aeração
5.9 - Trasfega pro fermentador
5 – Pressão
Quanto maior a pressão dentro do tanque,
menor a esterificação e mais difícil a
eliminação de compostos voláteis.
Manejo da Fermentação
Fermentação - Controle da Temperatura