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HISTÓRIA DA AMÉRICA

Unidade I
Módulo IV
Prof. Dr. Gilmar Moraes
Feudalismo: Os quatro pilares
* Social: as relações se davam entre o
senhor e o servo. O senhor, dono da terra,
mandava e o servo obedecia.
* Político: representava um período em
que o poder político estava descentralizado
em relação ao rei. O rei existia, mas não era
forte politicamente. O senhor feudal
exercia um forte poder sobre seus
camponeses e era soberano em seu feudo.
*Econômico: caracterizava-se pela autossuficiência
econômica e pela ausência quase total do
comércio e de intercâmbios monetários. A
produção era predominantemente agropastoril,
toda voltada para a subsistência, a troca ocorria
apenas com produtos, sem relação com dinheiro.
* Religioso: a Igreja se tornou proprietária de uma
grande quantidade de feudos e,
consequentemente, exerceu forte poder político e
econômico na sociedade. Também exerceu forte
controle sobre a produção científica e cultural da
época.
OS FATORES APONTADOS COMO CAUSA DA CRISE DO
SISTEMA FEUDAL.

Decadência do feudalismo em decorrência do renascimento


urbano e comercial. Neste cenário a posse da terra perde o
significado mantido até então em detrimento do avanço das
práticas mercantis.
Escassez de metais preciosos para cunhar moedas e,
consequentemente, dinamizar as relações comerciais.
Necessidade de expandir a fé cristã em novas terras em
resposta ao avanço da religião protestante.
- A expansão econômica e cultural promovida pelas Cruzadas
estreitou as relações entre o Ocidente e o Oriente.
- Com esta aproximação houve o gradual desmantelamento
do feudalismo, pois contribuiu para o Renascimento
Comercial e o Renascimento das Cidades.
A Colonização da América: uma saída para a
crise Europeia
Os principais fatores que levaram à colonização das
Américas estão ligados à profunda crise que abalou a
Europa, a partir do século XIII. A falta de mercados, a
grande fome, as epidemias e a super exploração pela
nobreza feudal fizeram desaparecer grande
quantidade de camponeses e, como consequência,
houve o retraimento do comércio. A colonização
passa a ser vista como uma promissora chance de
recuperação de uma Europa em crise, política,
econômica, social e religiosa.
Portanto... Por que a busca de novos
caminhos para atingir o Oriente????
Terra encarada como fonte de riquezas,
passou a constituir uma questão de
sobrevivência. Era preciso enfrentar o
Atlântico, explorá-lo, buscando saídas.
Entretanto, para financiar um
empreendimento desse porte era condição
prévia a existência de Estados Nacionais
com poder político centralizado e recursos
financeiros volumosos.
Portugal e Espanha formaram os primeiros
Estados Nacionais. Estavam, portanto, prontos
para liderar o expansionismo marítimo e,
levados pela necessidade, assim o fizeram.” Ou
seja, a crise europeia associada à decadência do
sistema feudal e a ascensão das relações pré-
capitalistas de produção provocaram a
necessidade, por parte dos europeus, de
dominar novas rotas marítimas com destino às
índias ou regiões a partir das quais fosse viável a
extração de algum tipo de riqueza.
Assim...
a viabilidade de colonização da América por
parte dos europeus a partir do final do
século XV foi observado como fonte as
mais diversas riquezas naturais, necessárias
à sustentação dos novos padrões
econômicos emergentes no Velho Mundo:
sanar a escassez monetária (falta de metais
preciosos), estabelecer novas relações
comerciais (mercados consumidores e
fornecedores).
A América antes dos Europeus
A respeito da chegada dos europeus por aqui, houve
descobrimento, conquista ou apenas um encontro de
culturas? Tradicionalmente, uma visão historiográfica
mais conservadora chama este momento como
descobrimento. Outros trabalham com o
“achamento”:
A compreensão e utilização do Continente Americano
enquanto uma região autêntica em seus mais variados
aspectos sociais, culturais e ambientais.
O nativo não é analisado como um indivíduo inferior
tampouco superior ao europeu ou qualquer outro
povo.
MAIAS, INCAS E ASTECAS
Quando os europeus chegaram ao novo mundo
procuravam povos que de alguma forma pudessem
comercializar com eles, que tivesse algo que
interessasse aos europeus. Estes três povos
apresentavam assentamentos permanentes ou
urbanos, agricultura, e arquitetura cívica e
monumental e complexas hierarquias sociais,
governos centralizados (com exceção dos maias que
se organizavam em cidades-estados), criaram sistemas
de escrita (exceto os incas).
MAIAS – habitavam a península do Yucatán, na
América Central, alcançando seu apogeu no século
VII. Sua economia baseava-se no cultivo de milho,
feijão, batata-doce. Eles desconheciam o uso do
ferro, a roda, o arado e de transporte por animais. A
sociedade estava organizada em diversas cidades-
estados e eram dirigidos por sacerdotes.
Construíram grandes templos, pirâmides e
observatórios de astronomia, criaram um calendário
preciso e tinham um sistema de escrita. Praticavam
arte da pintura mural e em cerâmica.
Quando os europeus aqui chegaram no século XVI os
maias estavam começando a ser dominados pelos
astecas.
ASTECAS – Estabelecidos a partir do século XII na região
do atual México, tinham construído uma das maiores
cidades do mundo na época, Tenochtitlán, tinha no
século XV cerca de 200 mil habitantes. Astecas estavam
em expansão a partir do século XIV. Sociedade de
guerreiros - era governada por um rei poderoso.
Plantavam milho, feijão, cacau, algodão, tomate e
tabaco. Conheciam práticas comerciais de tecidos, peles,
cerâmica, sal, objetos artesanais de ouro e prata. Não
conheciam ainda o ferro, a roda e animais de carga.
Tinham conhecimentos de ourivesaria.
Construíram templos e tinham escrita própria e um
calendário. A conquista foi feita por Hernán (ou
Fernando) Cortez a partir de 1519.
INCAS – Desenvolveram-se na América do Sul, na cordilheira
dos Andes onde hoje se localizam o Equador, Peru, Bolívia e
norte do Chile. Seu apogeu ocorreu no século anterior à
chegada dos europeus, eram governados por um imperador
considerado como uma divindade, filho do Sol (o Inca).
Tinham agricultura desenvolvida plantando milho, batata e
tabaco. Praticavam essa agricultura em “terraços” nas encostas
dos Andes. Conheciam tecelagem e cerâmica, metalurgia do
bronze, cobre, ouro e prata.
Construíram cidades monumentais como Cuzco e Machu
Pichu, palácios, templos, estradas pavimentadas, aquedutos e
canais de irrigação, além dos “terraços” nas montanhas.
Não tinham escrita convencional, mas possuíam comunicação
por intermédio dos “quipos”.
A conquista espanhola ocorreu a partir de 1531 comandada
por Francisco Pizarro.
A visão Asteca da conquista
vitória espanhola desperta muitos
questionamentos. Como uma civilização tão
desenvolvida, que apresentava um número
maior de guerreiros do que o exército
conquistador pôde ser dominada e destruída.
Quando os espanhóis chegaram a América, o
Reino Asteca já havia feito inúmeras conquistas
e se expandido pelo México Central. Tinham sua
própria cultura, cidades desenvolvidas e uma
complexa estrutura político-social com divisão
de classes.
OS PRESSÁGIOS QUE ANTECEDERAM A CHEGADA
ESPANHOLA
Na cultura asteca, qualquer fato que fuja um pouco
do que é de costume é considerado um presságio de
outro que está por vir, geralmente negativo. Nada
acontece sem ser previsto ou indicado por sinais e
presságios, mesmo porque o calendário asteca é
baseado na certeza da repetição do tempo, na
circularidade, então, para saber o futuro basta saber o
passado, sendo possível prever tudo. Passado e futuro
se tornam a mesma coisa.
AS IMPRESSÕES E AÇÕES EM RELAÇÃO AO
CONQUISTADOR
Os mexicanos acreditavam no retorno do Deus
civilizador Quetzalcóatl que teria partido em direção
ao leste e voltaria num ciclo de 52 anos. Coincidência
ou não, foi nesse ciclo que os espanhóis chegaram, o
que provavelmente os fez pensar, pelo menos até
certo ponto, que se tratava do retorno dos deuses.
Além disso, muitos acreditam que o Chefe Supremo
do Reino asteca, Motecuhzoma, angustiado por suas
culpas, temia serem os Taltecas que voltavam para
reinvidicar sua terra tomada pelos astecas que antes
eram apenas forasteiros e se declaravam herdeiros.
Os Nativos no Brasil em 1500
Os indígenas que habitavam o Brasil em 1500 viviam da
caça, da pesca e da agricultura de milho, amendoim,
feijão, abóbora, bata-doce e principalmente mandioca.
Esta agricultura era praticada de forma bem rudimentar,
pois utilizavam a técnica da coivara (derrubada de mata e
queimada para limpar o solo para o plantio).
Historiadores afirmam que antes da chegada dos
europeus à América havia aproximadamente 100 milhões
de índios no continente. Só em território brasileiro, esse
número chegava 5 milhões de nativos, aproximadamente.
Estes índios brasileiros estavam divididos em tribos, de
acordo com o tronco linguístico ao qual pertenciam: tupis-
guaranis (região do litoral), macro-jê ou tapuias (região do
Planalto Central), aruaques ou aruak (Amazônia) e
caraíbas ou karib (Amazônia ).
Entre os indígenas não há classes sociais como a do
homem branco. Todos têm os mesmo direitos e recebem
o mesmo tratamento. A terra, por exemplo, pertence a
todos e quando um índio caça, costuma dividir com os
habitantes de sua tribo. Apenas os instrumentos de
trabalho (machado, arcos, flechas, arpões) são de
propriedade individual. O trabalho na tribo é realizado
por todos, porém possui uma divisão por sexo e idade. As
mulheres são responsáveis pela comida, crianças, colheita
e plantio. Já os homens da tribo ficam encarregados do
trabalho mais pesado: caça, pesca, guerra e derrubada
das árvores. A formação social era bastante simples, as
aldeias não tinham grandes concentrações populacionais
e as atividades eram exercidas de forma coletiva.
O índio que caçasse ou pescasse mais dividia seu
alimento com os outros. A coletividade era uma
característica marcante entre os índios. Suas cabanas
eram divididas entre vários casais e seus filhos, como não
havia classes sociais, até mesmo o chefe da tribo dividia
sua cabana. Duas figuras importantes na organização das
tribos são o pajé e o cacique. O pajé é o sacerdote da
tribo, pois conhece todos os rituais e recebe as
mensagens dos deuses. Ele também é o curandeiro, pois
conhece todos os chás e ervas para curar doenças. Ele
que faz o ritual da pajelança, onde evoca os deuses da
floresta e dos ancestrais para ajudar na cura. O cacique,
também importante na vida tribal, faz o papel de chefe,
pois organiza e orienta os índios.
América Portuguesa
Os métodos de ocupação da Terra de Vera Cruz
empregados pelos portugueses nas cinco primeiras
décadas de presença europeia.
Inicialmente, por não despertar maiores interesses, o
governo português concedeu a Fernão de Noronha o
direito de explorar as terras em troca da segurança da
costa, construção de fortificações e envio de uma
determinada quantidade de madeira. Posteriormente,
implantou-se o sistema de capitanias hereditárias, e
mais tarde, após o fracasso destas, uma expedição
comandada por Tomé de Souza funda a cidade de
Salvador, e este foi empossado como primeiro
governador-geral.
América Espanhola
A colonização espanhola se baseou na divisão entre 4
Vice-reinos (divisão intrinsecamente ligada a aspectos
econômicos), a saber:
•Vice-Reino da Nova Espanha: no sul da América do
Norte, correspondendo principalmente aos modernos
México e ao sul dos Estados Unidos. Rico em ouro e prata,
caracteriza-se pela mineração. A colonização ganha
impulso e se inicia mais facilmente devido às complexas
civilizações já ali existentes, com base econômica formada;
•Vice-Reino de Nova Granada: no noroeste da América do
Sul, correspondendo principalmente aos modernos
Colômbia, Equador, Venezuela, e Panamá. Baseada na
agricultura;
• Vice-Reino do Peru: no leste da América do Sul,
que no momento da sua maior extensão territorial
englobava grande parte da própria América do Sul,
sendo reduzido o seu território correspondendo
principalmente aos modernos Peru e Bolívia:
mineração aurífera e argêntea. Encontra-se, como no
México, uma complexa infra-estrutura e grande
densidade populacional;
• Vice-Reino do Rio da Prata: no sul da América do
Sul, correspondendo principalmente aos modernos
Argentina, Uruguai, Paraguai. Economia baseada na
pecuária, mais tarde caracterizando-se por uma
intensiva exploração da prata na Argentina.
Divisão social
•Chapetones: espanhóis que habitam a América, têm
em mãos os altos cargos públicos, dominam a política;
•Criollos: eram os brancos (europeu + europeu = filho
americano) nascidos na América, cuidam da economia
(terras e minas) e ocupam os baixos cargos públicos
da administração local: cabildos;
•Mestiços: são os bastardos (cor negra: Chapetones +
índios, ou Criollos + índios, sonho era embranquecer).
É o elo entre os chapetones e os índios, é o
intermediário, é assalariado dos espanhóis, recrutam
índios para a Mita;
•Índios/negros: massa trabalhadora./
Sistema de Trabalho
Mita: • Baseada no sorteio de tribos para retirar os
trabalhadores, que trabalhavam de 4 a 6 meses e
geralmente morriam ou adoeciam. Recebiam um
pequeno salário, mas endividavam-se, então,
alugavam mulheres e filhos para quitar dívidas e
acabavam como semi-escravos.
Encomienda: • Os europeus adquiriam índios nas
tribos para supostamente recrutá-los ao trabalho,
oferecendo em troca a garantia de sua subsistência e
o comprometimento com a catequese, no entanto,
não raramente submetia-os à compulsoriamente do
trabalho nas minas.
América Inglesa
Em decorrência dos conflitos sociais e
políticos observados na Inglaterra ao longo
do século XVII, a vinda de ingleses para a
América do Norte passou a ser considerada
uma alternativa viável tantos aqueles
prejudicados pela política de cercamentos,
que por sua vez ocasionaram um
acentuado êxodo rural, quanto aos
perseguidos por questões religiosas.
América Inglesa
As treze colônias inglesas implantadas na
América do Norte eram independentes umas
das outras, submetendo-se política e
diretamente ao governo inglês. Diferentemente
do modelo adotado por portugueses e até
mesmo por espanhóis em terras americanas, as
colônias foram concebidas a partir da iniciativa
privada, culminando no desenvolvimento de
uma acentuada autonomia até mesmo em
relação à própria metrópole.
As colônias do Norte ou Nova Inglaterra.· Por se
localizarem em região de clima frio (semelhante ao
europeu) não ofereceu atrativos(produtos tropicais)
Colônia de povoamento: minifúndio, produção para
abastecer o mercado interno (criação de bovinos e
ovinos, pesca, serrarias, manufaturas, etc.),
policultura e mão-de-obra livre (ou familiar).
Sociedade: dinâmica, predominantemente de
puritanos, grande comerciantes.· Comercio triangular:
1. Comprava melaço das Antilhas; 2. transformava-o
em rum e o vendia para a África em troca de escravos;
3. Os escravos eram levados para as Antilhas ou
colônias do Sul.
As colônias do Sul ou Colônias Meridionais· Eram
as colônias que se localizavam em região de clima
mais quente (semelhante as demais colônias da
América Latina) se adequou aos moldes
mercantilistas Plantation (ou colônias de
exploração).· Colônias de exploração: latifúndios,
produção para abastecer o mercado externo
(tabaco, algodão, etc.), monocultura e mão-de-
obra escrava africana (as vezes servidão por
contrato). Sociedade: marcada pela desigualdade
social e étnica, e pelo preconceito racial. Os
produtor esse tornaram uma aristocracia poderosa
e rica.
As colônias do Centro· Eram as colônias de:
Nova York e Nova Jersey, Pensilvânia e
Delawere.· Marcados pela diversidade cultural
devido à vinda de imigrantes de varias origens
(holandês, franceses, alemães e suecos) o que
logo no início as conferiu um ar cosmopolita.·
Souberam mesclar o dinamismo da Nova
Inglaterra com a tolerância religiosa das
Colônias Meridionais.
América Francesa
A participação da França no processo de
colonização do continente americano aconteceu
tardiamente em relação às nações ibéricas.
As dificuldades para consolidar o absolutismo
foram responsáveis pelo atraso francês na
expansão marítima do século XV. Consolidado o
absolutismo, a França procurou conquistar uma
porção das terras americanas.
Na América Latina, os franceses ocuparam regiões das
Antilhas e das Guianas empreendendo um tipo de
exploração voltado à produção açucareira e a
utilização de mão-de-obra escrava. Na região norte,
os franceses se fixaram na região do Quebec,
Louisiana, Golfo do México e Mississipi.
Nos séculos XVI e XVII, o Brasil foi palco de
incessantes lutas entre portugueses e franceses pelo
controle desta parte da América. No Rio de Janeiro,
Cabo Frio, Paraíba, Pernambuco, Maranhão, enfim por
toda parte, comerciando com os índios.
O Brasil foi, como se sabe, o alvo de duas
tentativas de colonização por parte dos
franceses. A primeira, bem conhecida, França
Antártica, na baía da Guanabara, concebida
para servir de refúgio para os huguenotes, foi
conquistada pelas armas portuguesas1 em
1560.
No início do século XVII, a França faria sua
segunda tentativa de colonização no Maranhão,
que a colonização portuguesa ainda não tinha
atingido.
* Em 1555 ocorre a primeira invasão, expedição
comandada por Nicolau Durand de Villegaignon, que
estabelece uma colônia na ilha de Serigipe, na Baía de
Guanabara. Foram expulsos em 1565 pelo
governador-geral Mem de Sá.
* Por volta de 1594 invadiram o Maranhão, onde
desembarcaram centenas de colonos, construíram
casas, igrejas e levantaram o forte de São Luís, que
deu origem à cidade de São Luís do Maranhão.
Atacados por forças portuguesas, tiveram que deixar o
Maranhão em 1615.
* A presença francesa na América do Norte ocorreu
somente em meados do século XVII, quando
ocuparam as terras do centro-sul, pois as terras
setentrionais eram muito geladas e não interessavam
aos colonizadores.
* Na América Central, nas Antilhas, os franceses
implantaram colônias de exploração, principalmente
na região do Haiti.
* Na América do Sul, na Guiana montaram uma base
de navios piratas.

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