CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE

PÚBLICA

Professor Luciano Filizola

INCÊNDIO
Art. 250 - Causar incêndio, expondo a perigo a
vida, a integridade física ou o patrimônio de
outrem:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e
multa.

Crime de perigo concreto, gerando um risco a um

número indeterminado de pessoas e bens
•Sujeito ativo: Proprietário?
• Gerando dano doloso a terceiro X art. 163, parágrafo
único, II? E se culposo?

Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:

Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
Parágrafo único - Se o crime é cometido:
II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se
o fato não constitui crime mais grave;
§ 1º - As penas aumentam-se de um terço:
I - se o crime é cometido com intuito de obter
vantagem pecuniária em proveito próprio ou
alheio;

X art. 171, § 2º, V (fraude a seguro)

II - se o incêndio é:
a) em casa habitada ou destinada a habitação;
b) em edifício público ou destinado a uso público ou a obra de
assistência social ou de cultura;
c) em embarcação, aeronave, comboio ou veículo de transporte
coletivo;
d) em estação ferroviária ou aeródromo;
e) em estaleiro, fábrica ou oficina;
f) em depósito de explosivo, combustível ou inflamável;
g) em poço petrolífico ou galeria de mineração;
h) em lavoura, pastagem, mata ou floresta. (art. 41, lei
9.605/98)
§ 2º - Se culposo o incêndio, é pena de detenção,
de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. (não se aplicam
as causas de aumento de pena)
 E se houver morte? Configura o homicídio?
Qualificado ou não? Haverá concurso de crimes?
Art. 258 - Se do crime doloso de perigo comum
resulta lesão corporal de natureza grave, a pena
privativa de liberdade é aumentada de metade; se
resulta morte, é aplicada em dobro. No caso de
culpa, se do fato resulta lesão corporal, a pena
aumenta-se de metade; se resulta morte, aplica-se
a pena cominada ao homicídio culposo,
aumentada de um terço.
Aplica-se esta majorante a qualquer crime de
perigo comum, doloso ou culposo, desde que o
resultado seja culposo, pois, caso o crime de
perigo seja doloso e o resultado também, haverá
concurso formal de crimes.
Art. 251 - Expor a perigo a vida, a integridade
física ou o patrimônio de outrem, mediante
explosão (estrondo com deslocamento de ar e
emissão de energia cinética), arremesso ou
simples colocação de engenho de dinamite (com
nitroglicerina) ou de substância de efeitos
análogos (TNT, C4):
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e
multa.
Tentativa: possível, mas de difícil constatação,
mas apenas na primeira e segunda modalidade,
ao tentar arremessar ou tentar colocar o engenho
explosivo em algum lugar que gere perigo.
§ 1º - Se a substância utilizada não é dinamite ou
explosivo de efeitos análogos (pólvora, outras substâncias
químicas):
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

§ 3º - No caso de culpa, se a explosão é de dinamite ou

substância de efeitos análogos, a pena é de detenção, de
6 (seis) meses a 2 (dois) anos; nos demais casos, é de
detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. (fábrica
clandestina de fogos de artifício)
Art. 252 - Expor a perigo a vida, a integridade
física ou o patrimônio de outrem, usando de gás
tóxico ou asfixiante:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.

Há entendimento majoritário que foi revogado

tacitamente pelo art. 54 da lei 9.605/98 (crimes
ambientais), persistindo ainda apenas quando há
risco apenas para patrimônio.
Art. 253 - Fabricar, fornecer, adquirir, possuir ou
transportar, sem licença da autoridade, substância
ou engenho explosivo, gás tóxico ou asfixiante, ou
material destinado à sua fabricação:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
anos, e multa.
Quanto às condutas relacionadas a explosivo,
houve uma derrogação tácita pelo art. 16,
parágrafo único, III da lei 10.826/2003. (estatuto
do desarmamento)
Art. 254 - Causar inundação (alagamento de local
impróprio em volume significativo, capaz de gerar
risco), expondo a perigo a vida, a integridade
física ou o patrimônio de outrem:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e
multa, no caso de dolo, ou detenção, de 6 (seis)
meses a 2 (dois) anos, no caso de culpa.
 Tentativa X perigo de inundação

Art. 255 - Remover, destruir ou inutilizar, em

prédio próprio ou alheio, expondo a perigo a vida,
a integridade física ou o patrimônio de outrem,
obstáculo natural ou obra destinada a impedir
inundação:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e
multa.
Mas e se houver a inundação em decorrência da
conduta prevista no art. 255?

Para uma corrente haverá concurso formal com o

crime de inundação culposa (Prado e Damásio),
para uma segunda corrente a inundação será
mero exaurimento do delito (Bitencourt, Mirabete e
Nucci)
Art. 256 - Causar desabamento ou
desmoronamento, expondo a perigo a vida, a
integridade física ou o patrimônio de outrem:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
multa.

Parágrafo único - Se o crime é culposo:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano.
• Desabamento: construção, obra humana

• Desmoronamento: partes do solo, uma encosta,

etc.

Se decorrer de uma explosão?

O agente responde apenas pela explosão, sendo
o desabamento mero exaurimento
E se o desabamento culposo decorrer de um erro
no projeto da casa?

X art. 29 do dec. Lei 3.688/41: Provocar

desabamento de construção ou, por erro no
projeto ou na execução, dar-lhe causa: pena –
multa, se o fato não constitui crime contra a
incolumidade pública.
Se gerar perigo comum, configura-se o crime do
art. 256 do CP, caso contrário aplica-se a
contravenção.
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