configurações vinculares¹ 24/03/18 Introdução a uma psicoterapia com casal e família: Por que uma psicoterapia com casal e família? Origem e considerações históricas da psicoterapia de casal e familiar. Rivalidade entre abordagem Sistêmica e Psicanalítica. Configurações vinculares inconscientes? Referências Obrigatórias: GABBARD, Glen O. Tratamentos em psiquiatria dinâmica: terapia de grupo, terapia familiar e de casal e farmacologia. In: GABBARD, Glen O. Psiquiatria psicodinâmica na prática clínica. Cap. 5. 4 ed. Artmed: Porto Alegre, 2006. p. 108-121. GOMES, Purificacion Barcia; PORCHAT, Ieda. História da abordagem psicanalítica no tratamento de casais. In: GOMES, Purificacion Barcia; PORCHAT, Ieda. Psicoterapia do casal. Cap. 1. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2006. p. 51-85. Coleção Clínica Psicanalítica. Referências Complementares: DIAS, Maria Luiza. O que é Psicoterapia de Família. 2. ed. SP: Brasiliense, 2006. p. 9-14; 34-45; 72-73. (Coleção Primeiros Passos). ZIMERMAN. D. E. Grupos com crianças, púberes, adolescentes, casais, famílias, psicossomático, psicóticos e depressivos. In: ZIMERMAN. D. E.. Fundamentos básicos em grupoterapias. Cap. 25. 2 ed. Artmed: Porto Alegre, 2000. p. 214-216. Origem e considerações históricas da psicoterapia de casal e familiar. Após II Guerra Mundial ► Divórcios ► Compreensão dos profissionais sobre o assunto ► Desdobramentos: lacunas culturais dentro do casamento pela miscigenação, a liberdade de escolher o parceiro, emancipação das mulheres... Tensões conjugais ► Ver a díade (casal) como paciente, vinculando a uma mesma unidade e não mera soma das psiques individuais. Séc. XX ► Insatisfação de profissionais quanto ao alcance nos resultados com crianças e adultos (sobretudo, os mais severamente perturbados) ► Continuidade da melhora individual dependia de um bom ambiente familiar ► Relações eram perturbadas/doentes sem consciência da necessidade de ajuda. Cenário do tratamento psíquico da época ► Visão clássica, voltada para o individual e intrapsíquico: Conflitos entre as instâncias e as relações com o outro (objeto) a partir das pulsões e de suas transformações – objeto sendo, ou não, uma gratificação para as pulsões. M. Klein (seguido de Bion, Rosenfeld) ► Identificação projetiva interdependência entre sujeito e objeto – forças intersubjetivas e interpessoais. Psicoterapia de casal e de família ► Parâmetros teóricos e técnicos de intervenção ► Apoio na teoria das relações objetais para entender a dinâmica dos vínculos, sobretudo em: Fairbain, Balint e Winnicott. Henry Dicks ► Pioneiro nessa modalidade na Inglaterra. Publicou Marital Tensions, 1967: necessidade de regressão e gratificação do parceiro, uso da projeção (aspectos rejeitados do self e reprimidos das relações objetais primárias), significado dos sintomas dentro da relação (várias interpretações), aspectos socioculturais da relação. Instituto Tavistock de Estudos Maritais (TIMS) ► Interesse pelas interações inconscientes, incluindo fatores sócio- culturais, políticos e econômicos vinculados à situação conjugal (interconexão entre fatores externos e internos). EUA, 1950 ► Insatisfeitos com a abordagem intrapsíquica ► Interacional ► Patologia das relações familiares – explicação para os distúrbios individuais ► Abandono da Psicanálise e nascimento da Sistêmica, propondo uma análise interacional objetiva das relações familiares (comunicacional, modelos ativos de intervenção no sistema familiar perturbado ou disfuncional). Alguns fizeram uso de conceito das duas abordagens ► Famílias esquizofrênicas (fatores internos e externos desencadeavam a patologia). Murray Bowen ► Eixo central de TF ► Diferenciação do self ► “Massa egóica familiar não-diferenciada”. Nathan Ackermann ► Psiquiatra infantil ► Manteve forte vínculo com a Psicanálise ► Revelação de perturbações ocultas na dinâmica familiar: sexo e agressão. Apenas na Déc. de 80 os conceitos psicanalíticos, a partir do Modelo da teoria das relações objetais é reconhecido nos EUA. França (Déc. 70) e os “Grupalistas” ► Ruffiot e Eiguer (enraizamento teórico fundamentado em estudos psicanalíticos Anzieu e Kaës) – e Lemaire ► Uso da A. Sistêmica e do Modelo da teoria das relações objetais na prática clínica e em seus esquemas teóricos. Lemaire ► Atenção aos comportamentos objetivos da família e mudanças na interação comunicacional. Ruffiot e Eiguer ► Kaës desenvolveu “Aparelho psíquico grupal” retomado pelos grupalistas como “Aparelho psíquico familiar primário”. Aparelho psíquico comum ► Fusionamento dos psiquismos primários individuais ► Modo autônomo em relação aos psiquismos individuais, transcendendo-os. Crises – distúrbios profundos ► APC ou “Eu conjugal”. Ruffiot aplicou os “Três organizadores” de Anzieu ► Funcionamento grupal inconsciente ► Observado no tratamento das Famílias: ilusão grupal, imago, fantasmas originais. Privilegiam os sonhos e as fantasias, ao invés de situações concretas. Trabalha o inconsciente grupal que se revela nas associações livres. A individualização ocorrerá como consequência do processo analítico. O discurso é sempre interpretado como um “vivido” grupal ► Representante do APF. Os mecanismos de defesas, angústias e seus fantasmas. Rivalidade entre abordagem Sistêmica e Psicanalítica. Inglaterra ► Psicanálise (Teoria das relações objetais). EUA ► Renegava a Psicanálise, adotando o enfoque interacional familiar ou conjugal da teoria dos sistemas (Von Berthalanffy) e ideias provindas de outras áreas como a área de comunicação. A. Sistêmica: Família como um sistema vivo dinâmico e maior que suas partes ► Interações e não nas particularidades. Homeostase de Don Jackson (fisiologia) ► Tendência a se autorregular diante de modificações do ambiente externo, mobilizando-se e respondendo para manter constante o ambiente interno. Tendência da família de manter o equilíbrio e evitar mudanças. Sistema familiar disfuncional ► Interações perturbadas ou patológicas ► Uso de técnicas ativas. Causalidade circular (Bateson) e não linear ► Interação entre mãe e filho responsável pelo desenvolvimento da psicose. Ambos (mãe e filho) participam ativamente da doença num interjogo relacional. Anos 80 ► Interesse dos terapeutas sistêmicos pela psicanálise e psicanalistas buscaram pontos de convergências entre as abordagens para o tratamento: técnicas de dramatizações em sessões (Moreno) reelaboradas, exercícios de comunicação (Lemaire). Extinção da polêmica ► Desenvolvimento da AS (escolas iniciais Estrutural, Estratégica e Método de Milão) segue com a criação de mais 2 modelos teóricos (Construtivismo narrativo e Construtivismo social). Distanciam-se da compreensão objetiva e intervenção ativa e direta das primeiras escolas e do grande controle do terapeuta sobre a família pelas intervenções que faziam ► Mais subjetiva ou interna. Enfoque na ação p/ ► Significado. Inicialmente ► Laing, Cooper, Kurt Lewin (concepção mais objetiva e externa). Mais tarde, uma visão subjetiva, interna dos grupos e de sua dinâmica: Pichon-Rivière, Bleger, Puget (Argentina); Anzieu, Kaës (França); Bion (Inglaterra, grande nome). A Psicoterapia de Grupo ► TPF. Por que uma psicoterapia com casal e família?
Condição necessária ► Um par ou membros interessados em se
pensar e compreender sobre a dinâmica da relação (vínculo) que se estabelece ► Com filhos ou não, heterossexual, homossexual, bissexual, par solteiros, noivos, casados, separados, divorciados, amantes, etc. Dose de dor psíquica que mobilize e justifique um “olhar para dentro” (si e relação)*, investigação do mundo interior subjetivo ► Conhecimento Realidade Externa e Interna ► Conflitos. Necessidade pode não estar clara ► Mas alguma confusão, dúvida ou desejo em se pensar dentro do ciclo vital do grupo Casal/Família. Atuação ► Preventiva/Curativa. Família” ► Compreendida no sentido mais amplo que pai, mãe, filhos consanguíneos. “Casal” ► Para além do estado civil do casal. Sentimos e somos ► Tb fruto da qualidade dos vínculos estabelecidos ► Responsabilidade e resultados dessas interações (prazerosas, desprazerosas, sadias, nociva) devem ser compartilhadas e percebidas como produto comum. Pedido de ajuda ► Quase sempre não é compartilhado. Responsabilidade ≠ Culpa. Motivações do pedido ► Fases críticas da vida, autoconhecimento, duelos no casamento e ameaças de separação, conflitos familiares, etc. Psicoterapia ≠ Pedagogia ► Não ► Orientação de casal ou pais, familiar. Compreensão intelectual não resolve ► Compreender as motivações inconscientes que sustentam os problemas e elaborá-los. Terapia: Reunir ou separar. A separação como saída. Indivíduo sintomático (TPF). Mitos e crenças sobre a TPC e TPF: • Atestado de incapacidade; “Família comercial de margarina”; “Relação defeituosa”; “A terapia vai separar ou salvar o casamento”, “Casal 20”; “Família unida/desunida”; “Coisa de mulher”... Configurações vinculares inconscientes? Motivações inconscientes? Escolha de parceiros/ Manutenção e características específicas do vínculo. Vínculos criativos/ destrutivos? • Transformação: tentativa (ainda que às vezes fracassada) de lidar com o passado, resolver conflitos antigos inconscientes através da escolha de uma parceria que, complementar, oportunize que os conflitos sejam lidados no presente, no processo do casamento, objetivando crescimento. • Repetição: reprodução de conflitos vividos com as figuras primárias, revividos na nova composição de casal, reeditados dentro da dinâmica da nova unidade familiar. Recordar, repetir e elaborar (Freud, 1914) ► Recomendação técnica: “(...) o paciente não recorda coisa alguma do que esqueceu ou reprimiu, mas expressa-o pela atuação ou atua-o. Ele o reproduz não como lembrança, mas como ação; repete-o, sem, naturalmente saber o que está repetindo." Modelos de vínculos? • Neurótico ~ Psicótico ~ Perverso. Transmissão psíquica? “Heranças psíquicas/emocionais” transmitidas de geração a geração”. Dinâmica psíquica vincular do casal e da família (partilhadas) ► Inconsciente grupal ► Fantasias inconscientes/ ansiedades/ defesas (complementares). Contratransferência. Complexidade e singularidade das relações ► ≠ modelos teóricos e intervenções. Condições necessárias para um bom analista ou psicoterapeuta de casal e família (adendo).
¹ Alexandra de Oliveira Sampaio CRP/6 88850-6. Psicóloga Clínica e Docente.
Slides sobre Psicologia Da Família Mestrado: 1. Angélica Jose Mambico Manhonga; 2. Armando Domingos; 3. Cesar Jussa Maia; 4. Glória Carvalho Tamele 5. João Manuel Mabuteia Dambiro, 6. José Chigarire Armando