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A experiência

holandesa na
América
História, Economia e Administração
Contexto e fatores da expansão holandesa
• “A Holanda que conquistou o Brasil, nos anos de
1620, era a principal dentre as sete Províncias
Unidas dos Países Baixos. Liderava uma
confederação que incluía Zelândia, Frísia, Gueldria
ou Gelderland, Utrecht, Groningen e Overrrijssel,
O que formada em 1579 para combater a Espanha de
Filipe II” (VAINFAS, 2014, p. 227)
chamamos de • “Boa parte da historiografia considera que as
Holanda? Provícias Unidas organizadas na União de Utrecht
(1579) formavam uma república. Mas, na verdade,
tratava-se de uma confederação de províncias na
qual cada uma delas gozava de larga autonomia
política, com governantes e instituições próprias”
(VAINFAS, 2014, p. 228)
• Uma continuidade da guerra de independência: “(...) os
Países Baixos pertenciam ao ramo espanhol da dinastia
Habsburg que, sob Felipe II, adotou política contrária aos
interesses neerlandeses. O longo conflito, que durou de
1568 até 1648, ficou conhecido como a Guerra dos 80
anos e após inúmeras batalhas, entremeadas por breves
tréguas, a Espanha acabaria por reconhecer a
Uma reação independência das províncias rebeldes” (VAINFAS, 2014,
p. 227)
política
• Um inimigo tomado por empréstimo: “(...) com ou sem
trégua, o destino das colônias de Portugal estava selado
desde 1580. A chamada União Ibérica entre Espanha e
Portugal (1580-1640) transformou esse último, por
extensão, em inimigo dos holandeses” (VAINFAS, 2014,
p. 228)
• “O conflito luso-holandês, que começou com os ataques a
Príncipe e São Tomé em 1598-1599, terminou com a conquista
das colônias portuguesas do Malabar em 1663, embora os
termos de paz só tivessem sido fixados seis anos mais tarde,
em Lisboa e Haia. Até a restauração da independência [fim da
União Ibérica], com a proclamação do duque de Bragança
Uma disputa como rei d. João IV (1640), os portugueses e os espanhóis
eram aliados contra os holandeses, mas nos vinte e três anos
comercial seguintes, os portugueses tiveram que lutar contra os
espanhóis na península e contra os holandeses no ultramar.
Com o risco de uma excessiva simplificação, pode-se dizer que
esta longa guerra colonial revestiu a forma de luta pelo
comércio das especiarias asiáticas, pelo comércio esclavagista
da África Ocidental e pelo comércio do açúcar brasileiro”
(BOXER, 1969, p. 118)
• “(...) havia um forte conflito religioso na questão, na
medida em que os portugueses, católicos apostólicos
romanos, e os holandeses, calvinistas, se consideravam
campeões das respectivas fés e, consequentemente,
consideravam que travavam batalhas de Deus contra os
seus inimigos. Para os adeptos da “verdadeira religião
cristã reformada”, tal como foi definida no sínodo de Dort
Uma guerra em 1618-1619, a igreja de Roma era “a grande meretriz
da Babilônia” e o papa um verdadeiro anticristo. Os
santa portugueses, por seu lado, estavam completamente
convencidos de que salvação só se podia obter pela
crença nas doutrinas da Igreja Católica Apostólica
Romana definidas no concílio de Trento, que se realizara
no século XVI. “Os holandeses são apenas bons
artilheiros e, para além disso, só são bons para ser
queimados como heréticos invertebrados”, escreveu um
cronista português”
Os meios e a dinâmica da expansão holandesa
• Companhias comerciais, organizadas pro ações, com
objetivo de acabar com os monopólios ultramarinos
ibéricos, que tinham autorização de fazer aliança
com os naturais da Ásia, África e América, previam a
construção de fortalezas, possuíam autoridade na As instituições
nomeação de governadores, tinham liberdade para
implementação do comércio com as áreas basilares da
conquistadas
• Companhia das Índias Orientais (1602): criada para
conquista e
quebrar o monopólio comercial ibérico na Ásia comércio
• Companhia das Índias Ocidentais (1621): criada para
conquistar as riquezas coloniais do Brasil e costa da
África
• Guerra colonial: corso, saque e conquista
• “(...) a Companhia das Índias Ocidentais recobrará, com
proveito, as despesas feitas e em breve tempo, tendo-se em
vista principalmente a presa que será encontrada nas duas
referidas cidades (Bahia e Pernambuco) e nos lugares vizinhos,
Os métodos
a qual consistirá de mercadorias, navios, munições de guerra,
produtos da terra, rendas, dívidas das plantações pois durante
(ou os fins
a pilhagem dos habitantes por parte dos soldados e
marinheiros, tudo isso reverteria à Companhia. Os soldados e justificam os
marinheiros obterão também muita presa tanto em moeda
corrente como em joias, pratarias, vestidos preciosos, linho e meios)
outras coisas” (Motivos por que a Companhia das Índias
Ocidentais deve tentar tirar ao rei de Espanha a terra do Brasil,
1624)
O império colonial holandês
• “A batalha (entre holandeses e ibéricos) travou-
se não só nos campos de Flandres e do mar do
Dimensão e Norte, mas também em regiões tão remotas
como o estuário do Amazonas, o interior de
natureza da Angola, a ilha de Timor e a costa do Chile. As
presas incluíam o cravo da índia e a noz
expansão moscada das Molucas; a canela de Ceilão; a
pimenta do Malabar; a prata do México, Peru e
holandesa Japão; o ouro da Guiné e de Monomotapa; o
açúcar do Brasil e os escravos negros da África
Ocidental” (BOXER, 1969, p. 115)
A conquista do Brasil
• Uma questão política: “A América portuguesa constituiria o elo frágil do
sistema imperial castelhano, em vista da sua condição de possessão
lusitana, o que conferia à sua defesa uma posição subalterna na escala de
prioridades militares do governo de Madri” (Mello, 2010, p. 29)
• Uma questão econômica: “Contava-se também com a obtenção de lucros
fabulosos a serem proporcionados pelo açúcar e pelo pau-brasil,

Por que o calculando-se que, uma vez conquistada a um custo máximo de 2,5
milhões de florins, a colônia renderia anualmente cerca de 8 milhões de
florins” (Mello, 2010, p. 29)
nordeste? • Uma questão militar: diferente da América espanhola, “os núcleos de
população portuguesa situavam-se ao longo do litoral, ao alcance do
poder naval batavo” (Mello, 2010, p. 29)
• Uma questão comercial: “(...) o Brasil poderia proporcionar excelente
base de operação contra a navegação espanhola no Caribe, contra a
navegação portuguesa com o Oriente, sem falar na proximidade das
minas de prata do Peru” (Mello, 2010, p. 29)
• “Estes dois lugares, isto é, a Bahia e Pernambuco, não dispõem
de forças consideráveis ou fortalezas, de modo que, com a
graça de Deus, os mesmos poderão ser e serão ocupados [...]
principalmente se a Companhia das Índias Ocidentais para aí
enviar oficiais corajosos, bons soldados, mestres ou
Um engenheiros experimentados e adequados instrumentos de
guerra”
testemunho • “Desta terra do Brasil podem anualmente ser trazidas para cá
documental e aqui vendidas ou distribuídas 60 mil caixas de açúcar (...) ter-
se-ia um lucro de aproximadamente 53 toneladas de ouro. (...)
O pau-brasil que compete anualmente ao rei da Espanha vale
uma tonelada de ouro (...). De outras diversas mercadorias,
(Jan Andries Moerbeeck, como tabaco, gengibre, xaropes, doces etc, a Companhia tirará
Motivos por que a Companhia anualmente um lucro de três a quadro toneladas de ouro”
das Índias Ocidentais deve
tentar tirar ao rei da Espanha a
terra do Brasil, 1624)
O governo de Nassau

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