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Estrutura da apresentação
1. Noção
2. As várias “Administrações públicas” - A autonomização da
Administração Independente
3. Autoridades Administrativas Independentes
A. Comissão Nacional de Eleições
B. Autoridade Reguladora da Comunicação Social
C. Comissão de Mercado de Valores Mobiliários
4. Características da Administração Independente – síntese
5 . Distinção das restantes Administrações Públicas
6. Conclusão
Ana Lopes, João Caleira, Rita Teixeira
FDUNL
1. Noção
“ADMINISTRAÇÃO INDEPENDENTE – (i) em sentido
organizatório ou subjectivo, é o conjunto de órgãos do
Estado e de pessoas colectivas públicas de carácter
institucional que asseguram a prossecução de tarefas
administrativas de incumbência do Estado sem estarem
sujeitos aos poderes de hierarquia, de superintendência,
nem de tutela dos órgãos de direcção política; (ii) em
sentido material ou objectivo, é a actividade
administrativa exercida com vista à prossecução dos fins
do Estado, no respeito pela ordem jurídica mas sem
subordinação à política.”
Pública
• “Longa manus
Administração executiva”
Directa
• Complexificação
dos problemas
Administração • Descentralização
Pública Administração
Indirecta • Devolução de
Moderna poderes
• Afirmação de
Administração colectividades
Autónoma de âmbito
infraestadual
Ana Lopes, João Caleira, Rita Teixeira
FDUNL
Experiência Norte-Americana
Experiência Norte-Americana
Nos anos 30, aquando do New Deal do
Presidente Franklin Roosevelt, os
americanos preferiram confiar nas
“agencies” para acompanhar as
reformas económicas.
independente
No caso de Portugal, com a
complexificação dos problemas,
os nossos dirigentes políticos
sentiram a necessidade de criar
estruturas organizatórias para o
exercício das novas funções do
Estado, de foro regulador.
Ana Lopes, João Caleira, Rita Teixeira
FDUNL
3. Autoridades Administrativas
Independentes
“São órgãos do Estado ou pessoas colectivas públicas
de carácter institucional que a lei incumbe da
prossecução de fins do Estado, para o que lhes confia o
exercício da função administrativa, com outorga
expressa de competências de administração activa, mas
cujos dirigentes beneficiam de um especial regime de
independência, orgânica e funcional, perante os órgãos
de soberania.”
In Dicionário Jurídico da Administração Pública
Ana Lopes, João Caleira, Rita Teixeira
FDUNL
Critérios em análise
i. Motivos determinantes da criação de um “novo
modo de ser dos poderes públicos”.
ii. Fins Prosseguidos por este sector fundamental da
Administração Pública.
iii. Regime Jurídico a que estão submetidas as
autoridades administrativas independentes.
iv. Natureza jurídica que as mesmas revestem.
v. A independência: (a.) mecanismos
concretizadores, respectivas (b.) garantias e (c.)
limites
Ana Lopes, João Caleira, Rita Teixeira
FDUNL
(CNE)
“A Comissão Nacional de Eleições (CNE) que é um órgão
do Estado incumbido da administração dos actos de
recenseamento e dos processos eleitorais para os órgãos
de soberania, de governo próprio das regiões autónomas
e do poder local.”
In Dicionário Jurídico da Administração Pública
A. CNE
(i) Motivos da criação
Preâmbulo do DL nº621-C/74, de 15 de Novembro
Na primeira lei eleitoral aprovada após a Revolução, os propósitos
de “evidenciar o princípio da neutralidade das entidades públicas
perante as diversas candidaturas e (de) assegurar a estas um
regular e equitativo exercício das liberdades de expressão,
informação e reunião” foram invocados como fundamento do
Estatuto da Comissão Nacional de Eleições.
A. CNE
(iii) Regime Jurídico:
Formação e Composição:
- Um juiz conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça, designado pelo
Conselho Superior da Magistratura, que preside,
- Cidadãos de reconhecido mérito, eleitos pela Assembleia da República.
- Três cidadãos nomeados pelos membros do Governo que tenham a seu
cargo a Administração Interna, os Negócios Estrangeiros e a
Comunicação Social.
- Lei nº 71/78, de 27 de Dezembro, com as alterações introduzidas pela
Lei nº 4/2000, de 12 de Abril.
Funcionamento:
O quadro legal que rege a actual Comissão Nacional de Eleições atem-se,
primordialmente, à Lei nº 71/78, de 27 de Dezembro, e ao seu Regimento,
que regula o modo de funcionamento interno.
Ana Lopes, João Caleira, Rita Teixeira
FDUNL
A. CNE
Competências:
Funções de Administração Activa:
Promover o esclarecimento objectivo dos cidadãos acerca dos actos
eleitorais e referendários, designadamente através dos meios de
comunicação social;
Assegurar a igualdade de tratamento dos cidadãos em todos os actos
de recenseamento e operações eleitorais/referendárias;
Assegurar a igualdade de oportunidades de acção e propaganda das
candidaturas a determinada eleição e dos intervenientes nas
campanhas para os referendos (proceder à distribuição dos tempos de
antena)
A Comissão exerce também uma função administrativa de controlo
relativamente à compatibilidade das campanhas eleitorais.
É ainda titular de competências jurisdicionais.
A. CNE
(v) Independência:
A ordem jurídica portuguesa consagra mecanismos que se destinam a
assegurar, quer a independência pessoal ou orgânica, quer a independência
funcional, da Comissão.
A independência dos membros da comissão é garantida pela sua
inamovibilidade do cargo no decurso do seu mandato, perdendo ipso facto o
seu mandato caso, eventualmente, se apresentem como candidatos em
quaisquer dos actos eleitorais mencionados.
Ana Lopes, João Caleira, Rita Teixeira
B. Entidade reguladora para a FDUNL
B. ERC
(i) Motivos da criação
Preocupação em salvaguardar a liberdade de imprensa,
nomeadamente perante os poderes político e económico, evitando
a sua instrumentalização à prossecução de fins autocráticos.
B. ERC
(iii) Regime Jurídico
Formação e composição:
um Conselho Regulador, composto por cinco membros
(quatro eleitos pela Assembleia da República e o quinto
escolhido por aqueles), para um mandato de cinco anos,
não renovável;
uma Direcção Executiva, composto pelos presidente e vice-
presidente do Conselho e por um director executivo,
contratado por deliberação do mesmo Conselho;
um Conselho Consultivo e um Fiscal Único.
B. ERC
“Artigo 8º
Atribuições
São atribuições da ERC no domínio da comunicação social:
a) Assegurar o livre exercício do direito à informação e à liberdade de imprensa;
b) Velar pela não concentração da titularidade das entidades que prosseguem actividades de comunicação
social com vista à salvaguarda do pluralismo e da diversidade, sem prejuízo das competências expressamente
atribuídas por lei à Autoridade da Concorrência;
c) Zelar pela independência das entidades que prosseguem actividades de comunicação social perante os
poderes político e económico;
d) Garantir o respeito pelos direitos, liberdades e garantias;
e) Garantir a efectiva expressão e o confronto das diversas correntes de opinião, em respeito pelo princípio
do pluralismo e pela linha editorial de cada órgão de comunicação social;
f) Assegurar o exercício dos direitos de antena, de resposta e de réplica política;
g) Assegurar, em articulação com a Autoridade da Concorrência, o regular e eficaz funcionamento dos
mercados de imprensa escrita e de áudio- -visual em condições de transparência e equidade;
h) Colaborar na definição das políticas e estratégias sectoriais que fundamentam a planificação do espectro
radioeléctrico, sem prejuízo das atribuições cometidas por lei ao ICP-ANACOM;
i) Fiscalizar a conformidade das campanhas de publicidade do Estado, das Regiões Autónomas
e das autarquias locais com os princípios constitucionais da imparcialidade e isenção da Administração
Pública;
j) Assegurar o cumprimento das normas reguladoras das actividades de comunicação social.”
Ana Lopes, João Caleira, Rita Teixeira
FDUNL
B. ERC
Funcionamento
Conselho Regulador é o órgão colegial responsável pela definição
e implementação da actividade reguladora da ERC;
Presidente convoca e preside ao conselho regulador;
CR só pode reunir e deliberar com a presença de três dos seus
membros (quórum) e as deliberações são tomadas por maioria (voto
favorável de três membros.
B. ERC
(v) Independência
“Artigo 4º - Independência
A ERC é independente no exercício das suas funções,
definindo livremente a orientação das suas
actividades, sem sujeição a quaisquer directrizes ou
orientações por parte do poder político, em estrito
respeito pela Constituição e pela lei.”
Ana Lopes, João Caleira, Rita Teixeira
C. Comissão de Mercado de FDUNL
C. CMVM
(i) Motivos da criação - Preâmbulo do DL nº142-A/91, de 10 de Abril
O primeiro estatuto da Comissão do Mercado de Valores Imobiliários,
mencionava que a criação desta autoridade reguladora independente
constituía uma medida estrutural com vista à articulação de “duas
coordenadas fundamentais” do Código do Mercado de Valores Imobiliários:
“a da destatização e liberalização do mercado e a da indispensável
prevenção das irregularidades que nele possam verificar-se, contrárias a
interesses públicos relevantes”.
C. CMVM
(iii) Regime
Formação e Composição:
A estrutura orgânica da CMVM compõe um Conselho Directivo, um
Conselho Consultivo e uma Comissão de Fiscalização
Decreto-lei nº 473/99, de 8 de Novembro, alterado pelo Decreto-lei
nº 232/2000, de 25 de Setembro, e pelo Decreto-Lei nº
183/2003, de 19 de Agosto.
Funcionamento e Competência
- Conselho Directivo
Competência de Administração Activa
Competência Jurisdicional
Ana Lopes, João Caleira, Rita Teixeira
FDUNL
C. CMVM
(iv) Natureza jurídica
Artigo 2.º
Regime e tutela
1 - A CMVM rege-se pelo presente diploma, pelo Código dos
Valores Mobiliários e, no que neles não for previsto ou com
eles não for incompatível, pelas normas aplicáveis às
entidades públicas empresariais.
Ana Lopes, João Caleira, Rita Teixeira
FDUNL
C. CMVM
(v) Independência
Artigo 13.º
Estatuto dos membros do conselho directivo
4. Características da Administração
Pública Independente
Síntese
Ana Lopes, João Caleira, Rita Teixeira
FDUNL
Características
i. Motivos determinantes da criação de um “novo modo
de ser dos poderes públicos”:
a. Causas políticas
Características
ii. Fins Prosseguidos por este sector fundamental
da Administração Pública:
Tarefas fundamentais do Estado
Tarefas de organização política;
Características
iii. Regime Jurídico a que estão submetidas as autoridades
administrativas independentes:
Formação: especial preocupação em estabelecer para as
autoridades protectoras de direitos fundamentais uma
composição de origem mista
Composição: órgãos colegiais (simples)de composição restrita
Características
iv. Natureza jurídica que as mesmas
revestem:
Órgão de Estado;
Instituto Público;
Características
v. A Independência
a. Mecanismos concretizadores
Funcionalmente: derrogação dos princípios
constitucionais das relações interorgânicas entre o
Governo e as estruturas administrativas;
Pessoal ou organicamente: reforço das
incompatibilidades dos dirigentes das autoridades
administrativas independentes em relação ao regime
geral dos funcionários administrativos.
b. Respectivas garantias – tendencial
inamovibilidade dos titulares
Ana Lopes, João Caleira, Rita Teixeira
FDUNL
Características
c. Limites
Na sua génese: são criadas por decisão de órgãos
legislativos (podem extingui-las ou amputar-lhes algumas
das suas atribuições em qualquer momento);
No decurso da sua existência: limites intrínsecos
(mecanismo de designação dos titulares; limites
extrínsecos (vinculados ao princípio da juridicidade da
actividade da Administração pública; ausência de
autonomia financeira das autoridades protectores de
direitos fundamentais; previsão de alguns mecanismos de
intervenção dos governantes na actuação das
autoridades reguladoras da economia).
Ana Lopes, João Caleira, Rita Teixeira
FDUNL
A. Directa vs A. Independente
A. Indirecta vs A. Independente
A. Autónoma vs A. Independente
6. Conclusão
As autoridades administrativas independentes
europeias são (i) um fenómeno de organização interna
do poder político estadual (ii) determinado pela
necessidade de reformular a imagem do Estado
perante a sociedade civil devido à inadequação
revelada pelas instituições políticas liberais perante
novas realidades sociais e à falta de confiança dos
cidadãos nos tradicionais centros de poder.
As características específicas das autoridades
administrativas independentes são identificáveis nos
seguintes termos: (i) independência, (ii) natureza
administrativa e (iii) autoridade.
Ana Lopes, João Caleira, Rita Teixeira
FDUNL
Bibliografia
DIOGO FREITAS DO AMARAL, Curso de Direito
Administrativo, vol. 1, 3ª edição, Coimbra, 2006
J. J. GOMES CANOTILHO e VITAL MOREIRA,
Constituição da República Portuguesa anotada, 4ª
edição, Coimbra, 2007
JORGE BACELAR GOUVEIA, Administração
Independente e Autoridades Administrativas
Independentes, in Dicionário Jurídico da Administração
Pública, Lisboa, 1994
JOSÉ LUCAS CARDOSO, Autoridades Administrativas
Independentes e Constituição, Coimbra, 2002