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AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM

A FALA DA CRIANÇA COMO OBJETO


DE PESQUISA

• → Não coincide com a fala do adulto e muitos


argumentariam que ela é fragmentária e
incompleta.
• → Como quer que se apresente a fala da
criança, não se pode ignorar que é a sua
especificidade aquilo que se atribui como objeto
de investigação.
• → Estudar como emerge a linguagem no infans
torna-se inegavelmente uma questão de
extrema importância para o conhecimento do
ser humano.
QUETÕES GERAIS DA AQUISIÇÃO
DA LINGUAGEM

• LINGUÍSTICA: Noam Chomsky chega a


explicitar as tarefas da ciência da
linguística , nela estabelecendo a
aquisição de linguagem como um
problema teórico para a ciência da
linguistica.
• Para Chomsky:
• → foco dos estudos lingüísticos deve
ser os estados da mente/cérebro que
sustentam o “conhecimento a
explicitar as tarefas da ciência da
linguística da linguagem,sua
natureza, origens e usos”.
• → uma vez formulado o “problema” três
questões básicas devem guiar o programa
científico do estudioso da linguagem:
• 1º O que constitui o problema da
linguagem ?
• 2º Como ele é adquirido?
• 3ºCOMO O CONHECIMENTO DA
LINGUAGEM É POSTO EM USO?
• (CHOMSKY, N, 1986:3)
• →A questão da aquisição da aquisição da
linguagem se insere na segunda
indagação, constituindo-se, portanto,
como uma etapa necessária do programa
dos estudos lingüísticos nos dias atuais.
A TEORIA DE CHOMSKY A
RESPEITO DO CONHECIMENTO DA
LINGUAGEM E DE SUA AQUISIÇÃO

• → O conhecimento da linguagem é interno à


mente/cérebro humano.
• → O estudo da linguagem deve ter como foco a
língua-I (propriedade interna de um indivíduo).
• → foco “internalístico” no estudo da linguagem;
o autor trabalha tanto no domínio da psicologia ,
quanto da biologia: a linguagem humana é um
“objeto biológico” (CHOMSKY, 2000)
PROBLEMA DA AQUISIÇÃO DA
LINGUAGEM PELO INFANS
• “[...] Chomsky tem repetido ao longo de
sua obra que há “problemas”, para as
quais a reformulação constante da teoria
poderá vir a oferecer uma resposta, ou a
possibilidade de se formularem novas
questões até então informuláveis, mas há
também “mistérios”, isto é, problemas que
estão fora do alcance da ciência” (p.77).
• → Questões relativas ao uso da
linguagem, em oposição ao seu
conhecimento pelo falante, sua
competência, ou a língua-I.
• “É o conhecimento (e não o uso) que está
ao alcance da teoria” (p.77)
PROBLEMA DE PLATÃO
• ► Como a mente humana consegue adquirir
conhecimentos muito ricos e intricados com uma
pequena ou inexistente exposição de evidencias
• ► A hipótese sobre a aquisição de linguagem pela
criança vem em resposta ao chamado “problema de
Platão” que Chomsky resume da seguinte indagação:
“como podemos conhecer tanto, se temos tão pouca
evidencia? (Chomsky, 1986:XXV).
• ► “por que as crianças adquirem suas línguas tão
rápido e facilmente apesar dos dados ambientais serem
entremeados de ruídos e serem cheios de imperfeições
(Kato)
PARA ENCAMINHAR A QUESTÃO...

• Chomsky parte de uma hipótese forte


sobre a dotação do infans e recorre a
certos expedientes teórico-metodológico
considerados válidos para a ciência
moderna galileana.
• → uma parte substancial do nosso
conhecimento da linguagem é
geneticamente determinada: é INATA.
• → a dotação inata é descrita como uma
Gramática Universal (GU), que define o
estado-zero (Szero) da aquisição.
• → a passagem do estado-zero ao estado-
estável (Ss) é explicada pelo recurso a um
procedimento, que o próprio Chomsky
chama de “idealização da aquisição da
linguagem instantânea”, o que exclui a
necessidade da ordenação dos estados
intermediários entre Szero e Ss.
BREVE EXPOSIÇÃO SOBRE QUESTÕES
DA METODOLOGIA EM AQUISIÇÃO DA
LINGUAGEM
• Observar e registrar a fala da criança no
processo de aquisição da sua língua
materna não é uma tarefa empreendida
apenas no século atual ou no século
passado, mas desde no século XIX
• Modernamente, com o surgimento do
GRAVADOR e de outros meios de
gravação, como o VIDEOTAPE, esta
forma de registro tomou conta da
metodologia da área, num tipo de estudo
que acompanha o crescimento da criança,
registrando-se a sua fala em gravações
sistemáticas ao longo dos primeiros anos.
Tal coleta instrui o que se chama de
estudo longitudinal observacional e
convive com outro tipo de estudo: o
experimental.
• O estudo longitudinal por seguir a
trajetória de um sujeito ao longo de seu
crescimento permite, ao investigador,
aproximar-se daquilo que, do ponto de
vista fenomênico, é central para a teoria
da aquisição da linguagem: A mudança.
• Estudo experimental de tipo
transversal: O investigador lança mão de
um experimento para testar um aspecto
da linguagem da criança que lhe está
chamando a atenção, e pode ser
enunciado de maneira bem precisa. Este
aspecto pode ser tanto em relação à
produção quanto à compreensão.
• Exemplo de compreensão:
• ► O pesquisador quer saber se as crianças de
uma certa faixa de idade compreendem as
estruturas passivas tão bem como
compreendem as estruturas as ativas.
• ► Apresenta figuras à criança que representam
duas entidades que têm potencial agentivo, por
exemplo, um menino e um cachorro e diz a
frase ativa , que corresponde a um evento
• O menino empurrou o cachorro
• (instrui a criança a representar o evento através
da manipulação das figuras)
• ► Depois o pesquisador produz a
passiva correspondente:
• O cachorro foi empurrado pelo menino
• (solicita à criança que faça a
representação do que ouviu)
• As crianças comumente manipulam os
bonecos no sentido de representar a ação
do cachorro empurrando o menino.
• Conclusão: para aquela faixa de idade, as
crianças tendem a interpretar a estrutura
passiva como uma estrutura em que o
primeiro elemento á agente e não
paciente.
• Exemplo de produção: TESTE WUG:
• Objetivo: verificar se as crianças aplicam a regra
de formação de plural a palavras que nunca
tinham ouvido antes.
• a pesquisadora selecionou crianças em idade
pré-escolar e das primeiras classes do ensino
básico, mostrando a elas o desenho de um
animal esquisito e lhe deu o nome que existe na
língua: “wug”. Na seqüência fez outro desenho
idêntico ao primeiro e disse que são dois.
• São dois ____________. A criança deveria
completar fazendo apenas a forma plural.
• O DIÁRIO: se insere nos moldes de um
estudo longitudinal. Os registros em Diário
são frequentemente utilizados para
acompanhar e completar o registro obtido
em gravação.
A AQUISISÇÃO DA LINGUAGEM
VISTA DE PERTO
• No Brasil, o interacionismo em aquisição da
linguagem sofreu transformações que seu
próprio uso do termo tem hoje referencias
históricas. Pode ser entendido como um marco
de uma proposta que se apresenta como
alternativa ao naturalismo vigente na teoria
gerativa;como uma interrogação sobre o papel
da relação entre a fala do adulto e a aquisição
de linguagem pela criança, visando responder à
pergunta: qual o efeito da fala do primeiro no
corpo prematuro do infans?
• Trabalho de Cláudia Lemos (1981;1982)
• A autora propõe que o diálogo seja
tomado como unidade de análise para que
se possa efetivamente dar conta das
relações entre a fala da criança e a fala do
adulto
• → Mudanças radicais no chamado
interacionismo, com a noção de processos
dialógicos , dos quais se destaca o
processo de especularidade, que nomeia
o fenômeno da incorporação pela criança
de fargmentos da fala do adulto.
• Adulto. Será que cabe isso aqui, Marcela?
• M. Chela´que não, né!
• A criança retoma a fala de seu interlocutor
em uma expressão que só caberia na
frase interrogativa.
QUANDO COMEÇA A OBSERVAÇÃO
DA AQUISIÇÃO
• Resposta do senso comum: tão precocemente
quanto o possível
• Para alguns que tendem a enxergar o termo
linguagem num sentido mais amplo, isto incluiria
manifestações bem iniciais do comportamento
da criança pequena em interação com o outro,
por exemplo, o contato de olho (constituição de
um esquema interacional entre adulto e criança)
• LIMITES
• A língua tem sua ordem própria e na transição
dos chamados esquema interacionais, não há
como demonstrar como estruturas de uma certa
natureza se (estruturas de ação e atenção
humanas, presentes nos olhares e gestos) se
transformem em estruturas linguísticas, cujas
unidades detêm operações próprias e
específicas. A proposta de Bruner, conquanto
resgate um aspecto importante da entrada da
criança na linguagem não responde como se dá
o processo de continuidade do processo, do
não-linguístico para o lingüístico.
• É pela noção de captura e por tudo que
ela decorre que o interacionismo e o
estruturalismo saussureano se encontram
numa reflexão sobre a aquisição da
linguagem.
O ERRO E A AQUISIÇÃO DA
LINGUAGEM
• No processo de aquisição da língua
materna a fala da criança exibe momentos
de erros muita vezes depois de já terem
registrado formas aparentemente corretas,
relativamente ao domínio de observação.
• No Português
• Domínio da morfologia:
• Regularizações dos verbos irregulares:
• “eu fazi, “eu sabo”, eu dizei”, “eu dizei”, “ele
trazeu”, “ele cabeu”. No Português
• Domínio da morfologia:
• Regularizações dos verbos irregulares:
• “eu fazi, “eu sabo”, eu dizei”, “eu dizei”, “ele
trazeu”, “ele cabeu”.
• Outras formas verbais destoantes que
afetam a morfologia dos verbos regulares
• “eu aprendei” = em aprendi
• “”eu não escondei” = eu não escondi.
• Há um momento em que a fala da criança
mostra verbos de segunda pessoa ou
terceira conjugação flexionados como de
primeira conjugação, verbos de primeira
flexionados como de segunda conjugação,
produzindo um estranhamento para quem
escuta.
• Exemplo de erro que exibe a constituição
das esferas paradigmáticas . Trata-se das
inovações encontradas na fala da criança
quando elas se referem a ações ou
processos reversíveis.
• ( a mãe fecha uma caixa de brinquedos;
decepcionada, A diz)
• A.Cê diabriu! (=desabriu, =fechou)
• Vendo uma bexiga murcha, A pergunta à
empregada)
• A.Ela fica maciinha?
• E.Ela ta macia.
• A. Ela demurcha outra vez
?(=desmurcha=enche)
• Nos dados encontramos indícios da
constituição de um mecanismo gramátical:
aquele afeito à classe semântica de
verbos que expressam reversão de
processo. Fica evidente que já há o
deslocamento da forma des- e da carga
semântica a ela associada, mas os limites
de sua aplicação não estão fixados dando
a ver uma diferença entre a fala da
criança e a do adulto.
Referência Bibliográfica

• CASTRO M.F.P; FIGUEIRA, R.A. Aquisição da linguagem. In:


PFEIFFER, C. C.; NUNES, J. H. Introdução às ciências da
linguagem- linguagem, história e conhecimento. Pontes, 2006
ESTRUTURA DA LINGUA
• FONEMAS
• MORFEMA (SUFIXO, PREFIXO)
• GRAMATICA
• SEMANTICA
• SINTAXE
FALA PARA VIGOTSKY
Signos
• Signos construídos socialmente:
• Língua – representação simbólica
• ▼
• Fala , discurso
• A fala, entendida como instrumento ou
signo, tem um papel fundamental de
organizadora da atividade prática e das
funções psicológicas humanas.
• Segundo Vygotsky, a verdadeira essência do
comportamento humano complexo se dá a
partir da unidade dialética da atividade
simbólica – a fala – e a atividade prática.
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Na perspectiva vygotskiana
• O desenvolvimento das funções intelectuais
especificamente humanas é mediado socialmente
pelos signos e pelo outro.
• Ao internalizar as experiências fornecidas pela
cultura, a criança reconstrói individualmente os
modos de ação realizados externamente e aprende
a organizar os próprios processos mentais. O
indivíduo deixa , portanto, de se basear em signos
externos e começa a se apoiar em recursos
internalizados, tais como: imagens, representações
mentais, conceitos...
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Relação entre pensamento e linguagem - 1
• Função básica da linguagem:
• Comunicação – intercâmbio social -
estabelecimento de contato com outras
pessoas. Ex: resolução de problema,como
pegar o brigadeiro em cima do armário, a
criança faz apelos verbais ao adulto. Neste
estágio a fala é global, não é utilizada como
instrumento do pensamento, não servem
como planejamento de seqüências de
atividades.
• Aos poucos, a fala socializada, que antes
era dirigida ao adulto para resolver um
problema, é internalizada, ou seja, a criança
passa a apelar a si mesma para a solucionar
uma questão: é o chamado discurso 41
interior.
Relação entre pensamento e linguagem -2

• Função planejadora – a criança estabelece um


diálogo com ela mesma, sem vocalização, com
vistas a encontrar uma forma de solucionar um
problema. Ex: fala para ela mesma - preciso
arrumar um jeito de pegar o brigadeiro...posso
usar aquele banquinho ...
• A fala passa a preceder a ação e funcionar
como auxílio de um plano já concebido, mas não
executado.
• Nesse momento a criança passa a poder prever,
comparar, deduzir... A criança consegue ir além
das impressões imediatas, planejar uma ação
futura.
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 A unidade do pensamento verbal está no significado da palavra

 Cada significado se remete à um conceito

 O significado é um ato de pensamento consciente

 O significado das palavras se desenvolve – a forma como a realidade é


generalizada e refletida numa palavra se altera durante a infância

 Dois aspectos da linguagem :

Interno : significante, semântico -> progride do todo para a parte


(complexo significante -> unidades semânticas -> significado único de
cada palavra )

Externo : fonético -> progride da parte para o todo ( palavra -> frase
simples – frase complexa -> discurso coerente )
DISCURSO INTERIOR X DISCURSO EXTERIOR

Interior :

 desenvolvimento do discurso egocêntrico


 volta-se para o pensamento
 permite a compreensão, a consciência do significado
 ajuda a solucionar problemas e dominar idéias mais complexas
 predominância do sentido sobre o significado , da frase sobre a palavra
e do contexto sobre a frase

Exterior :

 materialização e objetivização do pensamento em palavra


 transição do significado para o som
 abrange o discurso oral e escrito
Discurso oral :

 Pressupõe que o interlocutor compartilhe o conhecimento do assunto


conversado ( compatibilidade de pensamentos)

 É constituído por respostas e réplicas : é uma cadeia de reações

 Admite abreviações e simplificações

Discurso escrito :

 O interlocutor não está presente e por isso exige um maior número de


palavras para conseguir expressar o pensamento desejado

 As palavras devem ser associadas a símbolos alfabéticos ( imagens


de palavras )

 Exige intelectualização e consciência dos significados


Para finalizar ...

Pensamento x linguagem :

o O pensamento é gerado por nossos desejos, necessidades, interesses e


emoções

o O pensamento passa primeiro pelos significados e depois transforma-se


em palavras

o As idéias são condensadas num único pensamento mas a expressão


do pensamento se dá por meio de várias palavras separadas ( o
pensamento é uma nuvem que faz cair uma chuva de palavras )
NEUROFISIOLOGIA DA
LINGUAGEM
Linguagem

• Forma de comunicação humana – transmistir


informação complexa de uma pessoa para outra

• Fala, Escrita, leitura, audição

• Processo de linguagem no cérebro ocorre em


estruturas específicas e localizadas
Afasia

• Perda ou prejuízo da linguagem causada por disfunções


em regiões específicadas do cérebro.
• Perda parcial ou completa da capacidade de
compreensão ou expressão da palavra (falada ou
escrita)
• 50% dos casos - secundária a AVC
• Pode ser causada também por tumor, trauma de crânio,
infecção no sistema nervoso central, ...
• Pacientes com afasia, 70% não retorna ao trabalho;
72% afasta-se dos amigos
Afasia

• Fluência
• Nomeação
• Compreensão
• Repetição
• Leitura/escrita
Parafasias
• Produção de sílabas, palavras ou frases
inintelegíveis durante o esforço de falar
• Característica da fala fluente: inintelegível
mas não por dificuldade de articulação da
fala

– Parafasia literal (fonêmica): substituição,


adição ou omissão de fonemas
• “camisa” é substituída por “tamisa”
– Parafasia verbal (semântica): a palavra é
Afasia/Disfasia de Broca
(Afasia motora ou anterior)

• Fluência: não fluente

• Nomeação: pobre

• Compreensão: normal

• Repetição: pobre

• Parafasias: raras
Afasia/Disfasia de Wernicke
• Fluência: fluente

• Nomeação: erros parafásicos

• Compreensão: pobre

• Repetição: pobre
Afasia de Condução
• Fluência: fluente

• Nomeação: pobre

• Compreensão: normal

• Repetição: muito prejudicada

• Parafasias: muito freqüentes


Afasia Motora Transcortical
• Fluência: não fluente

• Nomeação: pobre

• Compreensão: normal

• Repetição: normal

• Parafasias: raras
Afasia Sensitiva Transcortical
• Fluência: fluente

• Nomeação: pobre

• Compreensão: prejudicada

• Repetição: normal

• Parafasias: comuns
Centro da concepção

Afasia Transcortical
Afasia Transcortical Sensitiva
Motora

Afasia Wernick
ÁreaAfasia de Broca
de Brocá Afasia de arqueadas
Fibras Condução Área de Wernick

Surdez da palavra
Afemia (Afasia receptiva auditiva)

Córtex motor Área auditiva primária


RESOLUÇÃO DE
PROBLEMAS
• Um problema consiste de uma situação
cujo objetivo não é óbvio nem automático,
ou seja, quando se precisa pensar para
resolver. Este é um ramo muito estudado
em psicologia e que abre ramificação para
inúmeras áreas, por exemplo, para o
ensino das disciplinas escolares,
resolução de problemas de física, de
matemática, etc.
• Duncker em 1945, deu a seguinte
definição para Resolução de Problema
(RP), “Existe um problema à ser resolvido
quando um organismo tem um objectivo e
não sabe como atingir”, sendo assim dois
termos são importantes na RP, a
Intencionalidade e o PlaneJamento, o
sujeito da ação precisa estar disposto a
resolver o problema e precisa traçar um
plano.
• Alguns exemplos de problemas estudados
em psicologia são, dois 2 fios de Maier, da
vela de Duncker, da Torre de Hanói, dos
missionários e dos canibais, dos jarros de
Luchins, do colar barato, do tabuleiro
incompleto, da radiação de Duncker,
séries numéricas, etc. Falaremos de
alguns deles aqui, digitando o nome de
cada um deles na internet é possível
achar mais informações.
• Greeno (1978) propôs uma classificação
simples para os diferentes tipos de
problemas, esta classificação consiste me
três categorias básicas: Problemas de
Arranjo, Problemas de Transformação e
Problemas de Indução de Estrutura.
• No caso dos problemas de arranjo a
solução é atingida reorganizando os
elementos, o Cubo Mágico é um exemplo.
• Nos problemas de transformação o que
importar são os passos, as etapas para se
atingir o objetivo, um exemplo é o Xadrez.
Já nos casos de indução de estrutura o
importante é perceber a estrutura
existente para que a continuação possa
ser induzida, como nas séries numéricas.
• Para se resolver um problema existem,
como já foi dito, etapas, ciclos que são
seguidos. Isso não é consenso entre os
investigadores, de fato, existem diversas
sequências possíveis, descritas na
literatura, algumas podem ser
encontradas em Neto (1998),
descreveremos aqui uma sequência
possível:
• 1. Reconhecer ou identificar a existência do problema
• 2. Definir e representar mentalmente qual é o problema
• 3. Desenvolver uma estratégia ou plano de solução
• 4. Organizar o conhecimento sobre o problema
• 5. Destinar recursos mentais e físicos à resolução
• 6. Monitorizar o progresso em direcção ao objectivo
• 7. Avaliar se a solução é adequada
• Chegada a etapa 7 e o problema ainda não foi resolvido,
é preciso voltar para a 3 e desenvolver outra estratégia
ou mesmo 1 ou 2 e representar novamente o problema.
• Fixidez Funcional – Esse tópico é
caracterizado quando diante de um
problema usamos, para sua solução, os
elementos disponíveis apenas com suas
funcionalidades básicas. No entanto para
que se chegue a solução e muitos
problemas é preciso olhar para os
elementos de uma forma diferente
daquela que costumamos olhar para suas
funcionalidades básicas. Tomemos um
exemplo:
• Os dois 2 fios de Maier – Você entra numa
sala e o objectivo é unir os dois fios
pendurados no teto (figura abaixo), você
tem estes materiais disponíveis, faz?
Obviamente não dá para unir só esticando
os braços. (Pense um pouco antes de
prosseguir a leitura)
• Os estudos realizados por Maier e outros
depois dele, mostraram que a maioria das
pessoas usa os materiais apenas em suas
funcionalidades óbvias, ou seja, a cola
para colar, o alicate para apertar, a
cadeira para subir (sentar), e desta forma
constitui a fixidez funcional. No caso deste
problema se um dos elementos for usado
fora de sua funcionalidade teremos a
solução ótima (isso quer dizer que existem
mais de um solução).
HEURISTICA
• Heurísticas são atalhos mentais que
facilitam a tomada de decisão.
• Isoladamente as heurísticas não
representam algo ruim. Pelo contrário, em
contextos em que precisamos tomar
diversas decisões complexas de forma
rápida as heurísticas possuem papel
fundamental, pois viabilizam escolhas
adequadas, embora imperfeitas.
• "Heurística é um procedimento simples
que ajuda a encontrar respostas
adequadas, ainda que geralmente
imperfeitas, para perguntas difíceis. A
palavra vem da mesma raiz que heureca"
(Kahneman, 2012, p. 127).
• As heurísticas são estratégias gerais que
podem conduzir a decisões adequadas. O
que ocorre é que nós, seres humanos,
costumamos falhar em definir
os limites dessas estratégias, fazendo
com que nem sempre a melhor decisão
seja escolhida.
Heurística da
representatividade
• Afirma que os indivíduos avaliam a
probabilidade de um evento “B” pelo nível
em que um evento “A” se assemelha de
“B”. Um exemplo dado por Tversky e
Kahneman (1974) ajuda na compreensão
desta heurística:
• Considerando que um indivíduo é muito
tímido e retraído, está sempre pronto a
ajudar, porém possui pouco interesse nas
pessoas e no mundo a sua volta; é
tranquilo e organizado; tem necessidade
de ordem e estrutura e uma paixão por
detalhes. Além disso, podemos supor que
este indivíduo é engajado em uma
profissão específica.
• Dessa forma, com base nas
características do indivíduo as pessoas
tendem a imaginar a possível profissão
dele utilizando o estereótipo de diversas
profissões (como por exemplo, físico,
matemático, bibliotecário, vendedor,
médico ou fazendeiro). Contudo, utilizar
esta abordagem a julgamentos de
probabilidade pode conduzir a sérios
erros, pois a similaridade (ou
representatividade) não é influenciada por
diversos fatores que deveriam afetar
julgamentos de probabilidade.
• Em outras palavras, representatividade é
a tendência em utilizar estereótipos
para realizar julgamentos. Um exemplo
desta heurística no campo das finanças é
crer que o desempenho brilhante de uma
organização no passado é
"representativo" de um desempenho geral
que a empresa continuará a obter no
futuro (Boussaidi, 2013)

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