Você está na página 1de 35

FRAGMENTO DA ANÁLISE

DE UM CASO DE HISTERIA
Os Sonhos de Dora e Posfácio
O PRIMEIRO SONHO

• Freud estava próximo de desvendar um lado muito obscuro da


infância de Dora, quando a mesma informa que, algumas semanas
antes, voltou a ter um sonho que havia ocorrido algumas vezes e
exatamente da mesma maneira.
• Então Dora relata o sonho: “Uma casa estava em chamas. Papai
estava ao lado da minha cama e me acordou. Vesti-me
rapidamente. Mamãe ainda queria salvar sua caixa de joias, mas
papai disse: ‘Não quero que eu e meus dois filhos nos queimemos
por causa da sua caixa de joias.’ Descemos a escada às pressas e,
logo que me vi do lado de fora, acordei. ”
O PRIMEIRO SONHO

• Freud perguntou quando havia tido o sonho pela primeira vez, mas Dora
não sabia dizer. Porém se recordava de ter tido o sonho três noites
seguidas em L (o lugar onde ocorreu a cena com o Sr. K), e agora voltou a
tê-lo algumas noites atrás, em Viena.
• Naturalmente Freud vê a ligação entre o sonho e os acontecimentos de L,
mas, ele se interessa em descobrir qual o motivo de sua recente repetição,
e, depois pede a Dora (que estava instruída na interpretação de sonhos)
que analisasse o sonho e comunicasse a ele o que lhe vinha à mente.
• Dora conta de uma discussão entre o pai e a mãe, que aconteceu
recentemente.
O PRIMEIRO SONHO

• Freud pontua a Dora sua própria expressão “Você disse que “pode acontecer alguma
coisa durante a noite que torne necessário sair. ””
• Dora tem um insight e descobre o vínculo entre a causa recente e a causa original
do sonho, dizendo que quando chegou em L seu pai manifestou a angustia diante da
possibilidade de um incêndio, pois, estava chovendo e a casa não tinha para-raios.
• Freud pergunta se o sonho foi antes ou depois da cena do bosque, e Dora responde
que foi depois.
• Freud então cita que agora ele sabia que o sonho foi uma reação aquela
experiência, e pergunta quanto tempo Dora havia ficado em L depois da cena e ela
responde “mais quatro dias”.
O PRIMEIRO SONHO

• Dora conta de um episódio que ocorreu seguido da cena em L com o Sr. K.


• Freud percebeu que o tema de trancar ou não o quarto que surgiu a primeira
associação ao sonho e que, casualmente, também desempenhou um papel na causa
recente do sonho.
• Freud disse à Dora que a partir da segunda tarde (que já não estava mais com a
chave), ela havia formado o propósito de escapar das perseguições, e afirmou:
“Mas seu sonho se repetia todas as noites justamente por corresponder a um
propósito. O propósito persiste até ser realizado. Você como que disse a si mesma:
“Não terei tranquilidade, não poderei ter um sono tranquilo enquanto não estiver
fora desta casa. ” É o inverso disso que você diz no sonho: “Logo que me vi do lado
de fora, acordei. ””
O PRIMEIRO SONHO

• Todo sonho é uma representação de desejo, está representação é escondida quando se


trata de um desejo recalcado, que pertence ao inconsciente, e que, uma vez completa a
interpretação poderia ocorrer a substituição do sonho por pensamentos na vida anímica
de vigília num ponto facilmente reconhecível.
• Freud da continuidade citando que havia uma grande parte do sonho para interpretar, e
prossegue com as perguntas: “- Como é isso da caixa de joias que sua mãe queria salvar?

• Dora diz que sua mãe gosta muito de joias e que ganhou várias de seu pai, Freud
pergunta “e você¿”. Dora diz que também gosta muito, mas que desde a doença não
usou nenhuma, relembra de um dia ha quatro anos atrás (um ano antes do sonho), houve
uma discussão entre seus pais por conta de uma joia, onde a mãe recusou uma joia de
seu pai.
O PRIMEIRO SONHO

• Freud pergunta se Dora associa a caixa com algo. Ela responde que o Sr. K. já
havia lhe presenteado com uma caixa de joias.
• Freud faz uma analogia. A caixa de joias com uma expressão a genitais
femininos.
• Freud diz que naquele momento o sonho estava ficando mais claro, e disse:
“Você disse a si mesma: esse homem está me perseguindo; quer forçar a entrada
em meu quarto, minha “caixa de joias” está em perigo e, se acontecer alguma
desgraça, a culpa é do papai. Foi por isso que escolheu, no sonho, uma situação
que expressa o oposto, um perigo de que seu pai a salva. Nessa parte do sonho,
em geral, tudo está transformado em seu oposto; você logo saberá por quê. ”.
O PRIMEIRO SONHO

• Continua dizendo que sua mãe entra no sonho como sua rival, no episódio em que ela recusou a joia Dora
teria aceito de bom grado o que sua mãe rejeitou. Disse: “Agora, vamos substituir “aceitar” por “dar” e
“rejeitar” por “recusar”. ”
• Freud continua interpretando o sonho para Dora, dizendo para que ela relembre da caixa de joias que foi
dada pelo Sr. K., afirmando que se ele lhe deu uma caixa de joias, ela deveria dar sua caixa de joias a
ele, retribuindo o presente.
• Substituindo sua mãe pela Sra. K. assim como substituiu o Sr. K. pelo seu pai, logo você estada disposto a
dar ao Sr. K o que a mulher dele recusa.
• Freud: “Aí está o pensamento que você teve de recalcar com tanto esforço e que tornou necessária a
transformação de todos os elementos em seu oposto. O sonho torna a corroborar o que eu já lhe tinha dito
antes de você sonhá-lo: que você está evocando seu antigo amor por seu pai para se proteger de seu amor
pelo Sr. K., mas, o que mostram todos esses esforços? Não só que você temeu o Sr. K., mas que temeu
ainda mais a si mesma, temeu ceder à tentação dele. Confirmam também, portanto, quão intenso era seu
amor por ele. ”
O PRIMEIRO SONHO

• Freud cita que naturalmente Dora não quis acompanhar essa parte da interpretação. Mas afirma que
conseguiu dar um passo adiante na interpretação do sonho, que parecia indispensável tanto para a
anamnese do caso quanto para a teoria dos sonhos. Ele prometeu comunicar isso a Dora no dia seguinte.
• A formação regular do sonho se apoia em duas pernas, uma das quais está em contato com a causa
atual, e a outra com algum acontecimento relevante da infância. Entre a experiência infantil e a atual,
o sonho estabelece uma ligação esforçando-se por remodelar o presente segundo o modelo do passado
mais remoto.
• Freud faz um experimento com Dora: Casualmente havia sobre a mesa uma grande caixa de fosforo e
Freud pediu para que Dora olhasse em volta para ver se notava sobre a mesa algo de especial que não
costumasse estar ali. Ela não viu nada.
• Ele perguntou então se sabia porque as crianças eram proibidas de brincar com fósforos. Ela respondeu
que era por perigo de incêndio, e Freud “Não é só por isso. Elas são advertidas de “não brincar com
fogo”, e isso é acompanhado de uma certa crença. ”
O PRIMEIRO SONHO

• Dora não sabia a respeito, Freud continuou dizendo da crença de que temem-se que a
criança molhe a cama, cita da antítese entre fogo e agua:
• “Talvez elas sonhem com fogo e depois tentem apagá-lo com água. [...], mas fogo não é
empregado apenas como oposto de água; serve também como representação direta do
amor, de estar enamorado, ardendo de paixão. Portanto, de “fogo” parte uma via que,
passando por esse sentido simbólico, chega aos pensamentos amorosos, enquanto que a
outra via, por intermédio do oposto “água” e depois de fazer uma ramificação que
estabelece outro vínculo com “amor” (pois também este deixa as coisas molhadas), leva a
outra direção. Mas, para onde? Pense em sua própria expressão: à noite, pode acontecer
uma desgraça que torne forçoso sair. Não significaria isso uma necessidade física? ”
• Freud questionou Dora sobre a idade em que urinava em sua cama, que respondeu que foi
entre o sétimo ou oitavo ano, que o médico foi consultado e foi lhe receitado um tônico
• Freud diz que a interpretação do sonho, naquele momento, lhe parecia completa.
O PRIMEIRO SONHO

• Porém, no dia seguinte Dora disse que esquecera de contar que todas as vezes, depois
de acordar, sentia um cheiro de fumaça.
• A fumaça, é claro, combina bem com o fogo, mas indicava que o sonho tinha uma
relação especial com Freud, pois, quando Dora afirmava que por trás disto ou daquilo
não havia nada escondido, ele costumava retrucar “onde há fumaça há fogo”.
• Mas Dora fez a essa interpretação puramente pessoal ao motivo de que o Sr. K. e seu
pai eram fumantes apaixonados, assim como Freud. Dora mesmo fumara durante sua
estadia no lago, e o Sr. K acabara de enrolar-lhe um cigarro pouco antes de iniciar sua
lastimável corte. Ela também afirmava com certeza que o cheiro de fumaça o não
aparecera pela primeira vez apenas na ocasião do último reaparecimento do sonho,
mas também nas três vezes em que ele ocorreu em L.
O PRIMEIRO SONHO

• Freud então começa a interpreta-lo novamente, pega como ponto de referência o fato de que
a sensação da fumaça só havia surgido como um acréscimo ao sonho, ou seja, deveria ter tido
que superar um esforço especial do recalcamento. Por conseguinte, provavelmente se
relacionava com o pensamento mais bem recalcado no sonho, ou seja, a tentação de se
mostrar disposta a ceder ao homem.
• Sendo assim, dificilmente poderia significar outra coisa senão a ânsia de um beijo, que,
trocado com um fumante, cheira a fumo; mas houve um beijo entre eles cerca de dois anos
antes, e por certo, se repetiria mais de uma vez se a moça tivesse cedido.
• Os pensamentos ligados à tentação, portanto eram protegidos por meio do asco. Por fim,
Freud afirma que considerando os indícios de uma transferência para ele, já que também é
fumante, chegou à conclusão de que Dora também desejou ser beijada por ele. E Freud
conclui que esse teria sido o pretexto que a levou a repetir o sonho. Ele diz que tudo se
encaixa muito bem dessa maneira, porém, devido às particularidades da “transferência”, fica
privado de comprovação.
O PRIMEIRO SONHO

• Freud então afirma que vale a pena examinar a significação da enurese para a história
primitiva do neurótico, d
• estacando que o caso de Dora, no aspecto de molhar a cama não era habitual. Tal
perturbação não apenas persistira além da época admitida como normal, mas também,
segundo o depoimento de Dora, primeiro desapareceu e depois tornou a surgir em uma
época tardia, após o sexto ano de vida.
• Segundo Freud esse tipo de enurese não tem outra causa mais provável do que a
masturbação, a qual, desempenha um papel que ainda não foi suficientemente apreciado.
Na época em que Dora relatou o sonho, ela e Freud estavam empenhados em uma linha de
investigação que indicaria que ela se masturbava na infância.
• Pouco antes ela havia perguntado porque havia adoecido, e, antes que Freud desse a
resposta ela colocou a culpa no pai. A justificativa vinha de um conhecimento consciente.
A jovem sabia, para surpresa de Freud qual tinha sido a natureza da doença de seu pai.
O PRIMEIRO SONHO

• O pai adoeceu por levar uma vida leviana, e ela supunha que ele lhe transmitiu o estado doentio por
hereditariedade (após escutar a tia dizendo que ele era doente antes do casamento). Por um período de
vários dias ela se identificou com a mãe através de pequenos sintomas peculiares, essa mãe sofria de
dores debaixo do ventre e de uma secreção (catarro).
• Dora acreditava que essa doença era devida a seu pai, que assim teria transmitido sua doença venérea à
sua mãe. A persistência de Dora nessa identificação com a mãe fez Freud se lembrar que ela estava com
catarro, mas que ela não se lembraria de quando iniciou.
• Freud então compreendeu que, por trás da acusação do pai, ocultava-se, uma autoacusação. Freud se
dirigiu a ela assegurando-lhe que a leuconorréia das mocinhas apontava primordialmente para a
masturbação. Dora estava em vias de responder sua própria pergunta sobre exatamente porque havia
adoecido mediante a confissão de que se masturbava, provavelmente na infância, mas Dora negou
lembrar-se de qualquer coisa assim.

• Leucorréia: corrimento vaginal


O PRIMEIRO SONHO

• Passados alguns dias ela fez algo que Freud teve de considerar
como mais um passo para a confissão. Nesse dia, ela trazia na
cintura uma bolsinha porta-moedas, e, enquanto falava estendida
no divã, brincou com a bolsa: abria-a, introduzia um dedo e
fechava, Freud a olhou por um tempo e depois explicou que aquilo
era um ato sintomático.
• Ato sintomático: função que as pessoas executam de maneira
automática e inconsciente, sem reparar. Essas ações, da qual a
consciência nada sabe ou nada quer saber, expressam
pensamentos e impulsos inconscientes, sendo, portanto, valiosas.
O PRIMEIRO SONHO

• Há dois modos de conduta consciente frente aos atos sintomáticos: pode


atribuir-lhes uma motivação irrelevante e quando falta a consciência um
pretexto dessa ordem, em geral não observa os atos que estão sendo
executados.
• No caso de Dora a motivação era fácil: “Porque não usaria uma bolsinha
dessas já que agora está na moda¿”. Tal justificativa não descarta a
possibilidade de que o ato tenha origem inconsciente.
• A bolsinha de dupla abertura de Dora era uma representação dos órgãos
genitais, e sua maneira de brincar com ela, abrindo inserindo o dedo e
fechando era uma comunicação do que gostaria de fazer: masturbar-se.
O PRIMEIRO SONHO

• Freud afirma que na vida há muito desse simbolismo, que nos


passa despercebido.
• Declara que quando propôs a tarefa de trazer a luz o que os seres
humanos escondem (utilizando o método de associação livre),
julgou que tal tarefa fosse mais difícil do que realmente é.
• Quem tem olhos para ver e ouvidos para ouvir fica convencido de
que os mortais não conseguem guardar nenhum segredo. Aquele
cujos lábios calam denunciam-se com as pontas dos dedos; a
denúncia sai por todos os poros.
O PRIMEIRO SONHO

• O ato sintomático de Dora com a bolsinha não foi o precursor imediato do sonho, a
sessão que levou ela e Freud ao relato do sonho começou por outro ato sintomático.
• Quando Freud entrou na sala onde ela o aguardava, ela escondeu as pressas uma
carta, e ele questionou de quem era. Dora, no início, se recusou a dizer.
• Surgiu então algo que era irrelevante e não tinha relação com o tratamento, pois,
tratava de uma carta de sua avó em que esta pedia a Dora para que ela a
escrevesse com mais frequência.
• Freud diz que Dora quis apenas brincar de “segredo” e indicar que estava prestes a
deixar que seu segredo fosse arrancado.
• Freud pensou consigo mesmo que o medo de Dora por qualquer novo médico era sua
angustia de que quando este fosse examina-la (pelo catarro), fosse lhe fazer
perguntas (por seu habito de urinar na cama), ele pudesse adivinhar a razão de seu
sofrimento: a masturbação.
SEGUNDO SONHO DE DORA
• Esse sonho ocorre algumas semanas depois do primeiro e com a
resolução deste a análise foi interrompida.

• Foi por meio desse sonho que deu-se uma confirmação de uma
posição que se torna necessária sobre o estado anímico da
paciente.
A CARTA
• O pai de Dora estava morto e ela tinha saído de casa por conta
própria.

• Freud relembra Dora que a carta de despedida a qual ela havia


escrito aos seus pais na verdade tinha sido destinada mais para dar
um susto no pai, com a intenção de que ele desistisse da Senhora K.,
ou caso isso não acontecesse ela se vingaria por estar saindo de casa.

• Freud diz aqui que estamos diante do tema da morte dela ou do pai –
“cemitério no sonho” – e faz o seguinte questionamento:
REFLEXÃO
• “Acaso estaremos no caminho errado ao supor que a situação constitutiva da
fachada do sonho correspondia a uma fantasia de vingança contra o pai? Os
pensamentos compassivos do dia anterior se harmonizariam muito bem com
isso. Ora, a fantasia rezava que ela saía de casa, indo para o estrangeiro, e que
com isso o pai ficava com o coração partido pelo desgosto e pela saudade dela”
(FREUD, 1901, p. 96).

• Na verdade, Dora sabia bem de que o pai sentia falta da satisfação sexual para
dormir (sonífero) e não especificamente da cachaça que o mesmo sempre

pedia pra ela buscar antes de dormir – o pai tinha um caso com a Senhora K.
PONTUAÇÕES
• Freud diz no texto não parecer correto considerar esse caso puramente histérico. Ele estava quase

abandonando essa hipótese, até ter percebido que ela havia arranjado para si mesma uma doença

que teria visto na enciclopédia, punindo-se pela leitura, e teve de reconhecer que o castigo não

podia referir-se a leitura do artigo inocente, mas que se deu mediante um deslocamento. Depois

dessa leitura segue-se uma outra, mais carregada de culpa, que hoje se ocultava atrás de uma

leitura inocente contemporânea.

• Freud relata que teriam temas possíveis de investigação – talvez a formação de sintomas a partir
de pretextos que aparentemente nada tem a ver com o sexual.

• Freud relata que esses trabalhos esclarecedores foram duas sessões, então ele expressando

satisfação diante daquilo que conseguiu Dora disse com desdenho... “Ora, será que apareceu

tanta coisa assim?”


TERCEIRA SESSÃO
• Freud confronta Dora e a questiona que não há nada que a
enfurece mais do que as pessoas acreditarem que a cena do lago
foi imaginado/fantasiado por ela.

• Freud diz que entendeu e sabia do que realmente ela não queria
ser lembrada:

• É de ter imaginado que a proposta estava sendo feita a sério e que


o Sr. K. não desistiria até que ela se casasse com ele.
POSFÁCIO

• Conteúdo da análise incompleto por motivos nada acidentais:

• 1º Por faltar uma série de resultados da análise os quais não


estavam suficientemente reconhecidos;

• 2º Pela omissão completa da técnica, uma vez em que pareceria


totalmente impraticável lidar ao mesmo tempo com a técnica da
análise e com a estrutura interna de um caso de histeria, além de
que a leitura seria certamente intragável para o leitor.
FRAGMENTO DE UMA ANÁLISE

• Destaque dos pontos em que a análise tropeça nos fundamentos


orgânicos – complacência somática, germes infantis da perversão, zonas
erógenas e a predisposição para a bissexualidade – dos sintomas.

• Objetivos a serem alcançados com essa publicação: A) Complemento ao


livro “A Interpretação dos Sonhos”, mostrando como esta arte pode ser
proveitosa para a descoberta do oculto e do recalcado na vida anímica;
B) Para despertar interesse numa série de situações que a ciência ainda
hoje desconhece por completo, já que somente a aplicação desse
procedimento específico permite desvendá-las.
PROCESSOS PSIQUÍCOS NA HISTERIA

• “Não se pode evitar a suposição de que certas excitações cujas respectivas


representações não são passíveis de se conscientizar atuam diferentemente
umas sobre as outras, têm cursos diferentes e levam a manifestações
diversas das que chamamos ‘normais’, cujo conteúdo de representação
torna-se consciente para nós” (FREUD, 1901, p. 110).

• Afirmação de maneira franca que:

1) Os fenômenos patológicos são a atividade sexual do doente;

2) A sexualidade é a chave do problema das psiconeuroses, bem como das


neuroses em geral.
CLÍNICA E TERAPÊUTICA

• Vê-se melhora no estado do doente à medida que, traduzindo o material


patogênico (causador de doenças) em material normal, contribui-se
para o solucionamento de seus problemas psíquicos.

• O adiamento da cura ou da melhora só é realmente causado pela pessoa


do médico.

• “A produtividade da neurose [...] se exerce na criação de um gênero


especial de formações de pensamento, em sua maioria inconscientes, as
quais se pode dar o nome de ‘transferências’” (FREUD, 1901, p. 111).
TRANSFERÊNCIA
• São reedições, reproduções das moções (Propulsão que ocasiona o
movimento ou deslocamento) e fantasias que, durante o avanço da análise,
soem despertar-se e tornar-se conscientes, mas com a característica de
substituir uma pessoa anterior pela pessoa do médico. Em outras palavras,
uma série de experiências psíquicas prévias que são revividas, não como
algo passado, mas como um vinculo atual com a pessoa do analista.

• Se trata de uma exigência indispensável e deve ser combatida como todas as


criações anteriores. É de longe a parte mais difícil do trabalho analítico.
TRANSFERÊNCIA
• O tratamento psicanalítico revela a transferência, como tantas outras
coisas ocultas na vida anímica.

• Existe a transferência terna e amistosa (positiva), que pode contribuir


para sua cura e a transferência hostil (negativa); mediante sua
conscientização elas são aproveitadas para fins de análise, e com isso a
transferência é repetidamente aniquilada.

• Constitui-se o maior obstáculo à psicanálise, mas também é a mais


poderosa aliada quando se consegue detectá-la a cada surgimento e
traduzi-la para o paciente.
TRANSFERÊNCIA E O CASO DORA
• A transferência não foi dominada a tempo.

• Esquecimento da precaução de estar atento aos primeiros sinais da


transferência.

• Freud passou despercebido ao fato do conteúdo do primeiro sonho


ter sinalizado que Dora se alertava a abandonar o tratamento.

• Dora atuou uma parte de suas lembranças e fantasias, em vez de


reproduzi-las no tratamento, abandonando-o como fez com o Sr.
K.
TRANSFERÊNCIA E O SEGUNDO SONHO DE DORA

• O curso da análise sob transferência precocemente abarcada é


opacificado e retardado, mas sua existência fica mais assegurada
contra as resistências repentinas e insuperáveis.

• O conteúdo do segundo sonho sinalizava que o tratamento se


prolongava muito e ela não tinha paciência de esperar tanto. A
recusa a ser acompanhada e a preferência por ir sozinha revelou o
desejo de vingança.
QUINZE MESES DEPOIS...

• Dora se apresenta a Freud para retomar a análise.

• A mesma fez uma visita ao casal K. para prestar condolências


perante o falecimento do filho e aproveitou para levar a cabo sua
vingança. Após isso, deixou de se relacionar com essa família.

• Seis meses depois, Dora sofrera um ataque de afonia (Perda total


ou parcial da voz) perdurada por três semanas. Disse a Freud que
isso se deu após um susto violento.
ÚLTIMO PEDIDO DE AJUDA

• Dora busca ajuda por causa de uma nefralgia facial direito.

• A nefralgia facial correspondia a uma autopunição, ao remorso pela


bofetada que Dora dera quatorze dias antes no Sr. K. e pela
transferência vingativa daí direcionada a Freud.

• Vários anos depois de sua visita, Dora se casou.

• O primeiro sonho significou o afastamento do homem amado em direção


ao pai – a fuga da vida para a doença. O segundo sonho anunciou que
ela se desprenderia do pai e ficaria recuperada para a vida.
REFERÊNCIA

• FREUD, Sigmund, 1856-1939. (1901-1905). Obras psicológicas


completas de Sigmund Freud: Um Caso de Histeria, Três Ensaios
sobre a Teoria da Sexualidade e Outros Trabalhos. Ed. Standard
Brasileira, Volume VII. – Rio de Janeiro: Imago, 1996.
OBRIGADO PELA ATENÇÃO!

Deivid Lima
Caroline Ribeiro
Malu Capobiango
Manoel Francisco

Você também pode gostar