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ISBN: 85 – 85491 – 20 – 5
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ISBN 85-85491-20-5
CDD – 616.85506
96-4972 NLM-WV 500
APRESENTAÇÃO É neste contexto que surge o presente livro. A tarefa-desafio de
encontrar formas motivadoras de conduzir a criança disfônica a um
A disfonia infantil tem se constituído em um desafio para médicos e processo de construção de conhecimento sobre sua própria voz,
fonoaudiólogos, tanto no que se refere ao diagnóstico quanto ao processo este de educação vocal onde comportamentos desejáveis
processo terapêutico. podem ser conscientizados e adquiridos por meio da atividade mais
conhecida e prazerosa da criança: o jogo.
As pesquisas que têm por objetivo o conhecimento da produção da
voz normal e os avanços tecnológicos, que resultaram na utilização A elaboração deste manual decorreu das dificuldades encontradas em
das fibras óticas para visualização da laringe infantil, têm permitido atuar com crianças disfônicas na Clínica de Fonoaudiologia da
compreender de forma mais plena tanto a anatomia como a fisiologia Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCCAMP), no ano de
desse órgão infantil, que sabidamente não se constitui em uma 1994, por alunas do quarto ano, dentro da Disciplina Reabilitação
“laringe adulta em miniatura”. Fonoaudiológica Aplicada aos Distúrbios da Voz. Os recursos
disponíveis para este trabalho ainda são escassos na área e a
A determinação do nexo causal nas disfonias infantis era feita tendo construção deste manual objetivou co-participar esses recursos com
por base quase que exclusivamente os aspectos emocionais e os colegas de profissão.
socioculturais que circunscreviam o processo de comunicação do
pequeno paciente e sua família. Atualmente dispõe-se de dados Este manual, produção coletiva entre discentes e docente, poderá ser
objetivos, medidas obtidas de imagens da laringe que apontam para a utilizado pelo fonoaudiólogo, tanto no processo de educação vocal de
presença de um componente constitucional na definição de uma indivíduos sadios em atuação individual ou grupal, quanto na
disfonia. reabilitação da disfonia infantil, como recurso coadjuvante. Esta
proposta não se esgota em si mesma, pretendendo ser um dos
Os dois aspectos, certamente, não podem ser considerados de forma caminhos, um dos recursos da complexidade do processo educativo
isolada, para não se correr o risco de uma visão reducionista e que envolve o ser humano.
distorcida. Eles se complementam e contribuem, juntos, para uma
visão mais ampla de nosso objeto de estudo: a voz infantil e seus
distúrbios. A relação dinâmica entre aspecto físico, a conformação
estrutural das pregas vocais e/ou laringe e os aspectos emocionais de
um indivíduo imerso em uma cultura específica, com seus valores e
normas, é que necessita ser considerada tanto para o processo de
diagnóstico como de reabilitação da disfonia infantil.
Emilse Aparecida Merlin Servilha
Diante disso, o desenvolvimento do autoconhecimento vocal não CRFa: 0842
perde sua importância, assim como a aquisição de comportamentos
que levem ao uso correto e à preservação da voz pela criança.
— Manhêêêêê!!! — Mãe, minha garganta está doendo!
— Nossa, meu filho! Você está rouco! O que
aconteceu?
— Não sei, mãe, eu não fiz nada... — Ah! Uma mulher na escola disse que, quando a
gente grita, machuca muito a garganta!
— A fonoaudióloga, Pedro? Vamos falar com ela!
Mais tarde, no consultório...
— O ar pode entrar pelo nariz ou pela
— Então, Pedro, a voz é produzida num tubo que fica boca.
no pescoço e que se chama laringe. É dentro da Quando soltamos o ar que respiramos
laringe que ficam as pregas vocais. é que produzimos a voz: o ar sai dos
pulmões e, ao passar pela laringe, faz
— Mas como a voz é produzida? com que as pregas vocais vibrem,
resultando a voz. Quando este som
chega à boca, as palavras são
articuladas conforme seus diferentes
movimentos.
— A laringe é muito importante, merece cuidado e — O que é abuso vocal?
muito carinho!
— Essa é uma boa pergunta! Abuso vocal é tudo que
— Puxa! Então, eu não cuidei bem da minha laringe? É machuca a laringe. Por exemplo: gritar, beber ou
por isso que eu estou rouco? comer alimentos muito quentes ou muito gelados,
imitar voz de monstro, respirar fumaça de cigarro...
— Bem, as pessoas podem ficar roucas por vários
motivos: por infecções (por exemplo, quando ficamos
gripados) e ainda por abusos vocais (por exemplo,
quando gritamos, imitamos barulhos esquisitos,
fazemos vozes de monstros). Nestes casos, forçamos
muito as pregas vocais.
— Ah! Então não devo fazer essas coisas que — E há mais alguma coisa que eu possa fazer?
machucam a laringe e fazem com que eu fique rouco?
— Há sim! Sempre que possível você deve respirar
— Isso mesmo! Além de não gritar, devemos evitar pelo nariz e fazer alguns exercícios muito simples.
pigarrear, evitar alimentos muito quentes ou muito Faça assim: brrrrrrrrrrrrrrr... brrrrrrrrrrrrrrr...
gelados e não imitar vozes esquisitas. É preciso beber mas não faça com força.
muita água e comer maçãs, pois limpam a garganta,
sendo um bom exercício de mastigação. — Puxa! Parece o barulho de um carro!
— Tchau! E cuide-se!
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CORRIDA
Vamos apostar corrida?
CORRIDA MALUCA
QUAL E A FRASE? VAMOS IMITAR?
Coloque a primeira letra de cada figura nos quadrados Faça o som de cada animal abaixo:
abaixo e forme uma frase legal!
Vamos brincar imitando a voz grossa do leão? ANDREWS, Maya L. – Manual of voice treatment pediatrics through geriatrics.
San Diego, Singular Publishing Group, 1995 (cap. 3).
MORRISON, M.; RAMMAGE, L.; NICHOL, H.; PULLAN, B.; MAY, P. – The
management of voice disorders. San Diego, Singular Publishing Group, 1994.
(cap. 7).