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Pós-Graduação em Economia – PPGE

Universidade Federal Fluminense – UFF

TÓPICOS ESPECIAIS EM ORGANIZAÇÃO


INDUSTRIAL: POLÍTICA INDUSTRIAL E
DINÂMICA DA CONCORRÊNCIA

Aula 5 - Políticas de Inovação Sistêmicas:


Quadro Analítico e Sistematização de
Abordagens

Jorge Britto
Política Industrial e de Inovação: Questões
Fundamentais: Why? Who? When? How?
• What? (O que?) De que se trata e qual o objetivo da Política industrial.
• Why? (Por que?) Resposta baseada na fundamentação teórica das
justificativas para intervenção.
• Who? (Quem?) Resposta baseada na discussão das possibilidades e limites
da ação estatal e ao papel das instituições em diferentes abordagens
teóricas.
• Which? (Quais?) Resposta baseada na definição de “tipos”, “dimensões” e
“instrumentos” das política.
• When? (Quando?) Resposta baseada nas evidências da experiência histórica
ou em função de “padrões” estilizados de evolução de sistemas produtivos.
• How? (Como?) Resposta baseada na discussão de princípios gerais a serem
considerados na operacionalização das políticas e na necessidade de
avaliação.
Elementos de "nova política industrial” (Warwick, 2013)

• Maior ênfase na melhoria dos sistemas e, em particular, intervenções


destinadas a construir redes, melhorar a coordenação, promover a
conscientização e assegurar o alinhamento estratégico, incluindo uma maior
utilização de parcerias estratégicas com a indústria e a consideração conjunta
dos desafios de competitividade enfrentados pelas empresas;
• Apesar do uso continuado de metas setoriais em alguns países, observa-se uma
mudança de foco para missões, tarefas / atividades e tecnologias, e redução do
apoio direcionado a firmas individuais, campeões nacionais, proteção tarifária e
outras intervenções focadas em mercados de produtos específicos;
• Num contexto de busca de maior austeridade fiscal, há uma tendendência a
menos dependência de apoio direto sob a forma de auxílios estatais e subsídios
para corrigir falhas de mercado;
• Alguma interseção das fronteiras entre política industrial estratégica e
defensiva - enquanto os formuladores de políticas reagiram à crise global
adotando medidas defensivas nas quais a indústria enfrentou fortes restrições
financeiras e / ou exigiu pressões, há também muitos exemplos de intervenções
mais estratégicas em apoio de novas áreas de atividade
Novas abordagens para avaliação de políticas industriais

• Rodrik (2008) sistematiza as principais lições a serem aprendidas da experiência:


• Incorporação (Embeddedness). Para projetar uma política industrial eficaz, os
governos precisam descobrir e extrair mais informações sobre as restrições que
os mercados enfrentam, o que normalmente requer uma estreita cooperação
estratégica entre o governo e o setor privado. Conselhos consultivos e parcerias
público-privadas estão entre as ferramentas que os governos podem usar.
• Cenouras e porrete (Carrots and sticks.): Um apoio público bem concebido deve
ajudar a ampliar e construir a dinâmica do mercado. As empresas precisam
conseguir rendas provenientes de investimento em inovação e
empreendedorismo. Mas essas rendas e benefícios devem ser temporários e
capazes de serem desgastados com o tempo pela concorrência.
• Responsabilidade (Accountability). A prestação de contas pode assumir várias
formas, incluindo: relatórios regulares sobre metas e realizações, juntamente
com explicações para desvios dos resultados planejados; um alto grau de
abertura nas discussões entre governo e empresas; contabilidade pública
transparente do apoio do governo; e abertura de tais programas a novos
participantes, em oposição à captura por interesses
Inovação – Enfoque sistêmico
• Enfoque "sistêmico" da inovação enfatiza as interações entre atores e
instituições como um aspecto crítico que requer o apoio do público
para evitar os riscos e impactos das chamadas falhas e problemas que
também assumiriam um caráter "sistêmico" (Chaminade e Edquist,
2010; Jacobsson e Johnson, 2000; Smith, 2000; OCDE, 1999; Woolthuis,
Lankhuizen e Gilsing, 2005; Weber e Rohracher, 2012), aos quais seria
possível acrescentar falhas de coordenação das políticas e de
articulação da demanda.
• Em muitos casos, a inovação sistêmica resulta de uma confluência de
forças, que incluem movimentos sociais, a criação de novos mercados,
políticas públicas (incluindo novas estruturas legais, fiscais e
regulamentares) e mudanças de comportamento.
• Enquanto algumas inovações sistêmicas são mais difíceis de realizar do
que outras (por causa de sua escala, escopo ou complexidade), a
inovação sistêmica, em geral, é difícil de orquestrar, requerendo uma
efetiva coordenação de políticas, o que a torna mais difícil do que a
inovação ao nível de um novo projeto ou um novo empreendimento.
Inovação – Enfoque sistêmico
• O enfoque sistêmico da inovação ressalta a necessidade de uma base institucional
sustentável para apoiar os esforços inovadores (Hollingsworth, 2000). Esta perspectiva de
análise assume um conceito abrangente de inovação, a partir do qual identifica-se uma
variedade de agentes inovadores e de infraestruturas institucionais que suportam o
processo.
• O conceito de "sistema de inovação", introduzido na década de 1980, tem a intenção de
destacar a interdependência e interação entre mudança técnica e institucional no processo
de desenvolvimento econômico.
• Nesta perspectiva, o desempenho inovativo de uma economia (nação, região, setor) só
pode realmente ser entendido dentro de uma estrutura sistêmica e dinâmica.
• Em um sentido mais amplo, o sistema de inovação “pode ser definido como um grupo de
empresas privadas, institutos de pesquisa públicos, e vários agentes facilitadores da
inovação, que por sua interação, promovem a criação de um ou de uma série de inovações
tecnológicas [dentro de um quadro de] instituições... que promovem ou facilitam a difusão
ou aplicação destas inovações tecnológicas" (Beije, 1998, p. 256);
• Este tipo de abordagem abrange não apenas os determinantes econômicos, mas também
políticos e sociais (Johnson, Edquist, e Lundvall, 2003) do processo de inovação. Além disso,
salienta a interdependência e não-linearidade das relações entre os elementos
constituintes desses sistemas (Carlsson et al., 2002), supondo que o desempenho geral de
um sistema de inovação não é uma função linear de seus elementos, mas sim o produto de
múltiplas relações entre os mesmos (Suurs, 2009).
Inovação – Enfoque sistêmico
• Dentro da abordagem dos sistemas de inovação, o papel dos atores e da
interação entre eles constitui um princípio fundamental.
• A inovação, de acordo com esta perspectiva, ocorre (na maior parte), como
resultado da cooperação entre atores heterogêneos, incluindo empresas
individuais, governos nacionais, universidades e organizações transnacionais
(Edquist, 1997; Lundvall, 1988; R. Nelson, 1993).
• Processos de inovação são vistos como interativos e distribuídos entre muitos
atores (Klein & Rosenberg, 1986; von Hippel, 1988).
• As abordagens que podem ser rotuladas como "sistemas de inovação" trem seu
foco em relações sistêmicas estabelecidas entre atores definidos pela geografia,
por setores de atuação ou relacionados com determinada tecnologia.
• Os elementos estruturais de um sistema de inovação compreendem
conhecimentos e tecnologias, atores, redes, e instituições (Malerba, 2004). Um
sistema de inovação pode atravessar as fronteiras industriais e geográficas.
• Para lidar com diferentes objetos de análise, os estudiosos têm desenvolvido a
ferramenta analítica em diferentes caminhos. Identificam-se diferentes
abordagens de sistemas de inovação em relação ao nível nacional ou regional, e
em termos de tecnologia ou setor
Dimensões dos Sistemas de Inovação e respectivas
unidades de Análise (Pellegrin, 2005)
O Sistema Nacional de Inovação como uma
Matriz de SRI's e SSI's
Fundamentos teóricos das políticas
sistêmicas
Presença de “falhas de mercado”
• Bens públicos
• Externalidades
• Mercados não-competitivos
• Problemas de Informação
• Problemas de coordenação
Problemas de coordenação inerentes à geração de inovações
• Problemas de informação.incerteza e custos de transação
• Condições particulares de “regimes tecnológicos”
• Sinalizações de “paradigmas tecnológicos”
• Falhas do governo e possibilidades de captura
Innovation Policies and Systemic failures
• The innovation policy might be seen as a conjunction of different policies, such as the
scientific and technological policies, the industrial policy and the regional policy, among
other dimensions.
• These policies should be implemented with the objective of providing incentives to
strengthen the competitiveness and long-term dynamism of innovation systems at
different levels (national, regional, sectoral,etc.).
• In the debate about the efficacy of public intervention in the enhancement of innovative
activities, those who defend the role of the state argue that:
– (i) there are positive externalities in the economic environment;
– (ii) the benefits of innovative activities are not totally appropriated by those who perform them;
– (iii) there are a series of market failures that justify governmental regulation and intervention;
– (iv) furthermore, the high uncertainty present in innovative environment calls for a stronger presence
of the state, mostly in the initial stages of technology exploration.
• On the other hand, the non-interventionists, supporters of the market cause, contend that:
– (i) government intervention is unwelcomed due to unpredictability of the innovative environment that
may cause the allocation of public resources in an unproductive manner;
– (ii) agency problems may deviate resources into low benefit activities: although uncertainty and
externalities are present, there is always a risk that government will fail to direct resources to support
inept programs.
– (iii) influence of some actors in the technological and political scene may lead to waste of resources
and agency problems may arise.
The SI-policy framework (Woolthuis et al,
2005)
System Imperfections
• 1. Infrastructural failures (Smith, 1999; Edquist et al., 1998) being the physical infrastructure
that actors need to function (such as IT, telecom, and roads) and the science and technology
infrastructure.
• 2. Transition failures (Smith, 1999) being the inability of firms to adapt to new technological
developments.
• 3. Lock-in/path dependency failures (Smith, 1999) being the inability of complete (social)
systems to adapt to new technological paradigms.
• 4. Hard institutional failure being failures in the framework of regulation and the general
legal system (Smith, 1999).
• 5. Soft institutional failure being failures in the social institutions such as political culture and
social values (Smith, 1999; Carlsson and Jacobsson, 1997).
• 6. Strong network failures (Carlsson and Jacobsson, 1997) being the ‘blindness’ that evolves
if actors have close links and as a result miss out on new outside developments.
• 7. Weak network failures (Carlsson and Jacobsson, 1997) being the lack of linkages between
actors as a result of which insufficient use is made of complementarities, interactive learning,
and creating new ideas. Malerba (1997) refers to the same phenomenon as dynamic
complementarities’ failure.
• 8. Capabilities’ failure: Smith (1999) and Malerba (1997) both refer to the phenomenon that
firms, especially small firms, may lack the capabilities to learn rapidly and effectively and
hence may be locked into existing technologies, thus being unable to jump to new
technologies.
System and market failure framework - Fonte: Klein Woolthuis
(2010)
Falhas Sistêmicas
• Falha sistêmica surge quando o sistema econômico como um todo
não consegue atingir as metas de desenvolvimento estabelecidas
pelo governo ou perseguidas pela sociedade.
• Ênfase não apenas em instituições do mercado, mas também nas
fraquezas de instituições não-mercantis, incluindo as capacidades
das empresas e das redes em que estão inseridas.
• Presença de deficiências estruturais, institucionais e regulatórias.
• Alguns exemplos são fornecidos pela falta de uma infraestrutura
de serviços favorável a sistemas inovadores (por exemplo, falta de
programas de P&D), assim como pela presença de escassez
financeira ou de assimetrias informacionais
• Falha sistêmica como uma combinação de outras “falhas”:
Falhas Sistêmicas
Falhas de capacidade - Capability failures:
• Vinculadas à falta de recursos e competências para as empresas se adaptarem às
mudanças nos mercados, através de novos conceitos organizacionais e das capacitações
tecnológicas requeridas.
• Vinculadas aos limites dos conhecimentos, habilidades e informações para conseguir um
ajuste na direção requerida pela mudança estrutural dos sistemas produtivos e de
inovação, o que demanda ações concretas da PI.
Falhas de rede - Network failures:
• Dizem respeito à falta de organização da cooperação entre agentes visando o
desenvolvimento e design de produtos, serviços, conceitos organizacionais, soluções de
mercado, melhores práticas, etc
• Vinculadas aos limites da transferência de conhecimento entre empresas, centros de
pesquisa, instituições públicas e especializadas organizações baseadas no conhecimento.
• Hipótese de que os avanços do conhecimento são cada vez mais baseados na torça de
experiência e que uma falta de colaboração e de redes pode aumentar os obstáculos à
mudança estrutural.
Falhas Sistêmicas
Falhas institucionais - Institutional failures
• Falhas institucionais referem-se a deficiências na legislação trabalhista, marco
regulatório, sistema contratual legal e direitos de propriedade intelectual, entre outros
aspectos, que levam à redução do desempenho econômico do setor produtivo.
• Outros fatores de restrição em potencial, tais como aqueles mais relacionados aos
valores sociais e culturais, a práticas de negócios e a padrões de conduta não escritos ou
implícitos, também devem ser levados em consideração.
Falhas de infraestruturas - Infrastructural failures
• O bom desempenho econômico de um setor depende de recursos de infraestruturas
que facilitam o desenvolvimento de atividades ou funções específicas.
• Falhas de infraestrutura referem-se principalmente à deficiência de: (i) aspectos
logísticos relacionados a uma infraestrutura de transporte adequada e a outras
infraestruturas físicas, e (ii) condições para a geração e difusão do conhecimento pelas
universidades, institutos técnicos, agências reguladoras, bibliotecas, bancos de dados ou
mesmo ministérios.
• Como a maioria destas infraestruturas envolvem escalas muito grandes, indivisibilidades
e longos horizontes temporais de operação, as empresas não são capazes de realizar
esses tipos de investimentos e a intervenção pública se torna necessária para dar a
suporte a tais desenvolvimentos.
Overview of comprehensive failures framework.
Source: Weber and Rohracher 2012
Políticas sistêmicas
• Enfoque "sistêmico" da inovação enfatiza as interações entre atores e instituições e do
apoio do público para evitar os riscos e impactos das chamadas falhas e problemas de
caráter "sistêmico" (Chaminade e Edquist, 2010; Jacobsson e Johnson, 2000; Smith,
2000; OCDE, 1999; Woolthuis, Lankhuizen e Gilsing, 2005; Weber e Rohracher, 2012),
aos quais seria possível acrescentar falhas de coordenação das políticas e de
articulação da demanda.
• Os instrumentos sistêmicos compreendem métodos e mecanismos utilizados pelo
governo, empresas ou indivíduos para monitorar, organizar, coordenar e direcionar a
evolução dos sistemas de inovação.
• Smits e Kuhlmann (2004) instrumentos sistêmicos são ferramentas que se concentram
no nível do sistema de inovação como um todo, em vez de se concentrar em partes
específicas desse sistema.
• Reflexo do aumento da complexidade e interdependências estabelecidas entre os
elementos constituintes dos sistemas de inovação (no plano nacional, regional, setorial
ou estritamente tecnológico), no interior dos quais identificam-se diversos subsistemas
sociais altamente conectados uns aos outros
• Inovação sistêmica, em geral, é difícil de orquestrar, requerendo uma efetiva
coordenação de políticas, o que a torna mais difícil do que a inovação ao nível de um
novo projeto ou um novo empreendimento.
Política de inovação sistêmica
• A idéia básica por trás dos instrumentos sistêmicos (Smits e Kuhlmann,
2004; Corvo et al, 2010; Voss et al, 2009; Van Mierlo et al, 2010) e que
eles buscam resolver problemas que surgem ao nível do sistema de
inovação como um todo, os quais são muitas vezes referidos como
fraquezas sistêmicas ou falhas sistêmicas, que surgem mais em função da
inadequação das próprias políticas do que em função de deficiências dos
mercados, como proposto pela interpretação neoclássica (Edquist, 1997).
• Exemplos: redes de inovação deficientes, uma demanda por inovações
pouco articulada ou uma capacidade institucional insuficiente (Smith,
2000; Jacobsson e Johnson, 2000; Klein-Woolthuis et al, 2005.).
• Os instrumentos sistêmicos compreendem métodos e mecanismos
utilizados pelo governo, empresas ou indivíduos para organizar,
coordenar e direcionar a evolução dos sistemas de inovação.
• Instrumentos são projetados para um sistema de inovação específico e
assumem a forma de programas que abrangem instrumentos tradicionais
de política mobilizados no tratamento de problemas sistêmicos.
Política de inovação sistêmica
• A concepção de uma política de inovação sistêmica deve incluir também uma
especificação de objetivos, inclusive identificando problemas que não são resolvidos
por organizações privadas.
• No caso de países em desenvolvimento, problemas estão relacionados não só com o
desempenho geral do sistema de inovação, mas também com os impactos potencias
das atividades inovadoras para reduzir a heterogeneidade produtiva, os
desequilíbrios regionais e as desigualdades sociais.
• Políticas que buscam promover a inovação para o desenvolvimento tem que
encontrar um equilíbrio entre as abordagens que visam apoiar "ilhas de excelência"
primeiro e aquelas que defendem maior difusão do conhecimento.
• Discussão sobre a possibilidade de implementação de políticas de inovação de
caráter sistêmico aponta tanto para a necessidade de se dispor de um instrumental
adequado à interpretação das interdependências inter setoriais, bem como para a
relevância de se investigar o papel de tecnologias estratégicas com impacto amplo
na geração e disseminação de inovações e progresso técnico pelo tecido produtivo.
• Interdependências podem ser analisadas tanto do ponto de vista estrito dos fluxos
tecnológicos que conectam diferentes atividades, como através de um recorte que
privilegia a análise de “sistemas tecnológicos” que articulam esses fluxos a um
padrão particular de organização dos mercados e da demanda, o qual se encontra
fortemente condicionado pelas condições institucionais e pelo ambiente regulatório.
Políticas sistêmicas
• Estudo elaborado pela UNCTAD (2017) ressalta que os instrumentos de uma
Política de Inovação podem ser classificados de acordo com seu mecanismo de
implantação, estabelecendo-se uma distinção entre:
• 1) Medidas de financiamento direto (para incentivar a pesquisa em organizações
públicas e universidades, treinamento de recursos humanos - bolsas de estudo,
fundos para investimento em P & D privado, compras do setor público, etc.);
• 2) Medidas de financiamento indireto (incentivos fiscais, por exemplo);
• 3) Medidas financeiras catalíticas (capital semente e capital de risco, redes de
investidores anjos, fundos de garantia);
• 4) Outras medidas diretas (atividades de inteligência estratégica em tecnologia,
serviços de transferência de tecnologia, disseminação da cultura e inovação
empreendedora, promoção de redes);
• 5) Medidas regulatórias indiretas (direitos de propriedade intelectual, políticas
de concorrência, metrologia e padronização);
• 6) Medidas mistas (centros de desenvolvimento tecnológico, incubação de
empresas, criação de clusters, exercícios prospectivos nacionais em C,T&I)
Quadros para a política de inovação: Apoio à P&D, sistemas de
inovação e mudança transformadora (Schot e Steinmueller, 2018)
• O primeiro quadro é identificado como começando com uma institucionalização do apoio
do governo à ciência e P&D com a suposição de que isso contribuiria para o crescimento
e resolveria a falha do mercado no fornecimento privado de novos conhecimentos.
Premissas de que a ciência é a base para o crescimento econômico de longo prazo e que a
inovação envolve em grande parte a comercialização de descobertas científicas
• O segundo quadro surgiu no mundo globalizado da década de 1980 e sua ênfase na
competitividade é moldada pelos sistemas nacionais de inovação para a criação e
comercialização de conhecimento. A política de CTI se concentra na construção de
vínculos, clusters e redes e no estímulo à aprendizagem entre elementos nos sistemas e
na capacitação do empreendedorismo. Hipótese de que resultados dos esforços de
pesquisa são usados e absorvidos na economia. Enquadramento surgiu para impulsionar a
capacidade de absorção por parte dos empresários e através de ligações institucionais.
• O terceiro quadro estaria vinculado aos desafios sociais e ambientais contemporâneos,
como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e a necessidade de viabilizar
mudanças transformadoras (transformative change). Hipótese sobre necessidade alinhar
os desafios sociais e ambientais com os objetivos de inovação. Inovação como um
processo de pesquisa no nível do sistema, orientado por objetivos sociais e ambientais,
informado pela experiência e pelo aprendizado que acompanha essa experiência e pela
disposição de revisitar os arranjos existentes para des-rotiná-los a fim de abordar os
problemas e desafios sociais
A narrow versus a broad policy agenda for
innovation (Diercks, 2018)
A narrow versus a broad understanding of
the innovation process (Diercks, 2018)
A framework to compare and contrast
discourses on innovation (Diercks, 2018)
Positioning the Different Innovation Policy
Paradigms (Diercks, 2018)
A broad versus a narrow understanding of
transformative innovation policy (Diercks, 2018)
STI policy frames and how they aspire to
achieve public welfare and a clean environment
Summary of Technology Policy Tools (Alic,
Mowery e Rubin, 2003)
Direct Instruments for Supporting Business R&D
General Science and Technology Instruments for Supporting
Business R&D
Instruments for Promoting Relevant R&D in Universities and Greater
Commercialization of Knowledge and Interaction with Enterprises
Advantages and Disadvantages of Instruments for Encouraging Innovation and R&D
Sistema de Inovação – Elementos básicos
Elementos Constituintes de SNI
• Agentes fundamentais: firmas; instituições de C&T;
governo
• Atividades: setor produtivo e infra-estrutura de C&T;
• Recursos humanos e materiais;
• Capital social: sistemas de valores, complexidade de
relações e padrões de coesão social
• Arcabouço regulatório - elementos críticos: propriedade
industrial e intelectual; padrões técnicos e normalização;
defesa da concorrência; barreiras não tarifárias; etc.
• fluxos financeiros e financiamento da inovação;
• fluxos tecnológicos e científicos;
• fluxos gerais de informação
Principais Funções dos SIs

• Função geral: produzir, difundir e usar inovações


• Dinamizar os “determinantes” da inovação
• Possibilitar a produção de conhecimento
economicamente relevante através de P&D
• Financiamento da criação de inovações
• Viabilizar a introdução de inovações no mercado
• Acompanhar o “estado da arte” em termos dos
padrões de inovação
Funções Específicas dos SIs

• Criar “novo” conhecimento a partir de P&D


• Fornecer recursos necessários à inovação: capital,
qualificações, competências
• Facilitar a criação de externalidades positivas
• Facilitar a formação de mercados
• Criar capital humano
• Possibilitar a exploração de oportunidades tecnológicas
• Criar e difundir novos produtos e processos
• Incubar novas empresas inovadoras
• Facilitar a regulamentação de novas tecnologias
• Legitimar a ciência, a tecnologia e a inovação
• Melhorar o funcionamento das redes de inovação
Functions of Systems of Innovation (Edquist, 2001)
Johnson and Jacobsson (2000) Rickne (2000) provides a list of functions:
• 1. to create human capital,
mention five functions:
• 2. to create and diffuse technological
• 1. to create ‘new’ knowledge, opportunities,
• 2. to guide the direction of the • 3. to create and diffuse products,
search process, • 4. to incubate in order to provide facilities,
equipment and administrative support,
• 3. to supply resources, i.e. • 5. to facilitate regulation for technologies,
capital, competence and other materials and products that may enlarge
resources, the market and enhance market access,
• 6. to legitimize technology and firms,
• 4. to facilitate the creation of • 7. to create markets and diffuse market
positive external economies (in knowledge,
the form of an exchange of • 8. to enhance networking,
information, knowledge and • 9. to direct technology, market and
partner research,
visions), and • 10. to facilitate financing,
• 5. to facilitate the formation of • 11. to create a labor market that the NTBF
markets can utilize.
SIs e Papel de Políticas: implicações sobre padrão de
intervenção
• Tradicionalmente, as intervenções dos governos no domínio da inovação visavam
corrigir falhas de mercado que afetam decisões individuais de agentes
responsáveis pela inovação
• Ampliando essa análise, essas intervenções tendem cada vez mais a atuar sobre
falhas sistêmicas, que bloqueiam o funcionamento dos SIs, que prejudicam os
fluxos de conhecimento e de tecnologias e que reduzem a eficiência global dos
investimentos em P&D
• Ações públicas que influenciam a mudança tecnológica e outros meios de
promoção da inovação
• Políticas visam aumentar a quantidade e a eficiência das “atividades inovadoras”
que incluem a criação, adaptação e adoção de produtos, processos ou serviços
novos ou melhorados.
• Incluem elementos de diversas “políticas”de governo: políticas de P&D; políticas
tecnológica; elementos de política industrial; políticas infraestruturais; políticas
regionais; políticas educativas
O Sistema (Nacional, Local, Regional) de Inovação:
as visões restrita e ampla
Subsistema:
Contexto Geo-Político, Social, Político,
Econômico, Cultural e Local

Ampla
Restrita
Subsistema: Subsistema:
Criação de Capacitações, Produção e Inovação
Pesquisa e Serviços Tecnológicos Demanda
Tecnológicos (segmentada)

Subsistema:
Políticas, Promoção, Representação e
Financiamento
Sistema de Inovação- Diferentes visões
• O Sistema de Inovação Restrito
– Ênfase em P&D e nas organizações de C&T
– Limitado a firmas e infra-estrutura de P&D
– Política explícita de C&T
• O Sistema de Inovação Amplo
– P&D importante, mas deve-se incorporara outras atividades
(treinamento, capacitação, conhecimento tácito, etc.)
– Inclui não apenas as organizações diretamente voltadas ao
desenvolvimento científico e tecnológico mas, também e
principalmente todas aquelas que, direta ou indiretamente afetam as
estratégias dos agentes.
– Ênfase em processos históricos, sociais e culturais
– Inclui outras políticas governamentais (comercial, macroeconômica,
etc.)
– Inclui as especificidades da demanda (social e econômica)
Políticas mission oriented
• Perspectiva mission oriented mostra-se particularmente adequada para a
operacionalização de políticas de inovação de caráter "sistêmico".
• As políticas orientadas para a missão podem ser definidas como políticas
públicas sistêmicas que se baseiam na mobilização do conhecimento de
fronteira para atingir objetivos específicos ou vinculados a “grandes
problemas” de determinada sociedade.
• Política de inovação eficaz não se resume a estimular tecnologias e setores
individuais, mas busca também identificar e articular missões que galvanizem
padrões de produção, distribuição e consumo entre os setores.
• Novas missões incluem o enfrentamento dos desafios ambientais, relacionados
à economia verde, e de grandes desafios sociais associados à mudança
demográfica, à desigualdade e ao desemprego dos jovens, particularmente em
função do impacto da difusão crescente de tecnologias de base digital.
• As missões não se referem a desafios societais abstratos ou imprecisos,
envolvendo objetivos concretos e rotas para alcançar objetivos que resolvam
problemas/desafios tecnológicos, mobilizando diversos setores para este fim.
Campos Estratégicos de impactos
• Definição:
• “campos estratégicos” afetados pela incorporação de
tecnologia, com possíveis dimensões multi e inter setoriais
(elemento chave de diferenciação: impacto da incorporação
de tecnologias na solução de problemas estratégicos no
plano socioeconômico).
• identificação de funcionalidades “produtivas” e "sociais" das
tecnologias em desenvolvimento
• Procedimento:
1. Identificação e validação de um conjunto de desafios e alvos
estratégicos a serem considerados na avaliação de tecnologias
em desenvolvimento;
2. Avaliação geral do portfólio de projetos em função das
características dos “campos estratégicos” afetados pelo
desenvolvimento de tecnologias
Campos Estratégicos (proposta de classificação em
função de padrões de especialização identificados)
• Recursos Naturais Estratégicos; • Integração de Cadeias de Valor
• Energias tradicionais (suprimento e distribuição)
• Energias Renováveis e Inteligentes • Educação e Formação Profissional
• Meio Ambiente e • Atividades Criativas e Culturais
Sustentabilidade; • Alimentação Funcional
• Cidades Inteligentes • Agricultura de Precisão/
• Soluções de Mobilidade Agricultura sustentável
• Saúde e Medicina; • Segurança e Defesa
• Telecomunicações, Conectividade • Aeroespacial
e Segurança Digital; • Tecnologias Sociais
• Novos Processos Industriais • Empreendedorismo
• E-Government
Políticas mission oriented
• O pensamento orientado para a missão requer a compreensão da diferença
entre (1) setores industriais, (2) desafios amplos e (3) problemas concretos
que diferentes setores podem abordar para enfrentar um desafio.
• Missões estão, em geral, associadas a áreas que apresentam grande
potencial e/ou gargalos para o processo de desenvolvimento, Como
exemplos, é possível citar as áreas de Infraestruturas urbana, infraestrutura
de serviços públicos, energia e meio ambiente e segurança nacional.
• Experiências internacionais apontam para a relevância de "missões"
associadas também à dinamização ou revigoramento do setor industrial,
como aqueles presentes em iniciativas como o “Advanced Manufacturing
Initiative” nos EUA, da “High Tech Strategy” na Alemanha, da “Foresight”
no Reino Unido, da “Nouvelle France Industrielle” na França, da “Made in
China 2025” na China e da “Make in India” na Índia
Políticas mission oriented
• necessidade de revigorar a capacitação, competências e expertise dentro do estado
(o estado empreendedor 'em desenvolvimento e em rede') para que suas
diferentes organizações possam efetivamente coordenar seus papéis e fornecer
direcionamento a atores privados ao formular e implementar políticas que
abordem os desafios da sociedade por meio da inovação.
Desdobramentos:
• possibilidades de utilizar estratégias orientadas para a missão para a resolução de
desafios societais e / ou tecnológicos concretos;
• importância de uma abordagem sistêmica para estratégias industriais e de
inovação, e os problemas que podem resultar quando tal abordagem está ausente;
• necessidade de conceber a estratégia industrial como uma interação entre
múltiplos atores nos setores público e privado;
• necessidade de organizações públicas empresariais descentralizadas e em rede se
posicionarem estrategicamente ao longo de toda a curva de inovação, incluindo a
capacidade de fazer políticas ousadas da procura que alterem o comportamento de
consumo e investimento;
From Challenges to Missions (Mazzucato, 2018)
Characteristics of old and new mission-
oriented projects
Practical steps for mission-oriented
organisations
The Three Frames of Innovation
Atores e Problemas de Agência
• Ênfase em instituições, atores, relacionamentos e aprendizagem associada a abordagens
sistêmicas para a política de inovação frequentemente (e implicitamente) privilegia a
estrutura do sistema enquanto subestimam a perspectiva da agência.
• Problemas de agência em relação às interações entre atores devem ser reconhecidos
tanto em relação aos processos de inovação quanto aos processos que definem
problemas, missões e soluções de políticas.
• Categorias de papéis no processo político podem ser desempenhadas por atores
individuais, de grupo, de rede ou organizacionais, sejam eles estatais ou não estatais,
nacionais ou internacionais. Múltiplos atores podem desempenhar papéis semelhantes,
enquanto atores individuais podem desempenhar vários papéis simultaneamente ou
papéis diferentes e múltiplos em momentos diferentes:
– 1) Gestores de política: Atores que mobilizam recursos do governo para atingir uma meta ou metas
de política
– 2) Empreendedores de políticas: Atores que promovem um pacote de soluções de políticas
– 3) Alvos de políticas: Atores alvo de ação política para mudança de comportamento ou novos atores
(organizações ou redes) criados pela ação política para preencher uma lacuna percebida no sistema
– 3) Agentes de implementação de políticas: Atores existentes ou recém-criados para recebimento de
recursos visando alcançar um resultado de política
– 4) Beneficiários da política: Atores que se beneficiam (ou perdem) em função dos impactos /
resultados da ação da política
A Título de Conclusão: a Experiência Brasileira
de Políticas de Inovação
• Políticas “Sistêmicas” e “Mission oriented”: experiências
pontuais bem sucedidas, mas relativamente “encapsuladas”.
• Pouca avaliação de impactos: dificuldade para legitimação das
políticas junto à sociedade
• Baixa efetividade do aparato institucional na construção de
convenções.
• Baixo foco em “mudanças transformadoras” e tendência à
reprodução de instrumentos e ações: necessidade de
adequação de “mix” de políticas
• Agências de Fomento: necessidade de transição de
acompanhamento burocráticos para “avaliação estratégica” de
projetos de inovação: possibilidade de “efeito demonstração”.

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