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Noiva em fuga

Resenha

Aline, Fernanda e Márcio


Conceitos em Psicanálise
Sinopse

• A trama fala da história de uma jovem mulher conhecida em sua cidade (pequena)
como a Runaway Bride, ou Noiva em fuga. Tal título se deve ao fato que, após
seduzir seus noivos, abandona-os no altar, em cenas espetaculares e teatrais de
fuga.
• Este fato chega aos ouvidos de um colunista nova-iorquino divorciado recém-
demitido de seu cargo conhecido pelos artigos odiosos que escreve, cuja
repercussão é a fúria nas mulheres e a antipatia nos homens. Atraído pela
possibilidade de escrever um trabalho que traga o seu emprego de volta e a
manutenção de seu hábito sadomasoquista, vai de encontro à famigerada noiva
fugaz.
Maggie, a histérica

• Facilmente observável não só nas fugas


durante as cerimônias como também nos
efeitos acarretados em outros personagens no
decorrer do longa metragem.
• Se o casamento é um ritual importante de
consagração de um amor real e voluntário,
por que motivo então a noiva escapole de
modo teatral e espetaculoso, toda vez que se
encontra neste cenário de compromisso?
O gozo da histérica: um processo
inconsciente
• O processo de origem inconsciente no qual a
protagonista se coloca -- ao mesmo tempo
penoso de repetição do sintoma (a fuga do
compromisso) por um lado e prazeroso por outro
• Inconscientemente, a histérica sexualiza atos e
gestos pautados em suas fantasias de conteúdo
sexual, que na realidade trata-se de um espectro
que mais se assemelha à sensualidade, não se
comprometendo com a concretização de uma
relação sexual verdadeira.
A histérica e seu modo de gozar
• Ao contrário do que se pensa, a histérica goza sim, mas de outra
maneira: seduzindo e produzindo sinais eróticos no outro e fazê-lo
acreditar num ato sexual a ser consumado. Maggie tenta seduzir o
jornalista em alguns momentos...
• Respondendo ao artigo que o mesmo escreveu (através de uma
provocação, convidando-o a verificar se o que escreveu é verídico).
• a invasão no quarto de hotel onde Ike, o jornalista, está hospedado,
onde ela se deixa ser vista e mostra que goza com a realização
deste intuito. Nesta levada, rouba objetos e anotações do colunista,
para posteriormente seduzi-lo com coisas das quais ele gosta (ela
rouba uma fita de Miles Davis para depois presenteá-lo com um
disco raro do artista).
• Ela se “molda” ao gosto dele para seduzi-lo, assim como fez
anteriormente com os noivos que abandonou no altar (assumindo
características de cerimônia de casamento diferentes e preparo dos
ovos no café da manhã).
O eu insatisfeito da histérica
• A discurso vitimista que a histérica usa para manter-se
a salvo de um gozo que a possa tragar para um buraco
negro
• “um estado doentio de uma relação humana que
assujeita uma pessoa a outra”. O neurótico tece suas
relações atribuindo ao Outro (forte e supremo ou fraco
e impotente) a responsabilidade por um estado
constante de frustração, o que Nasio (1991)denomina
“histericizar”.
• Estar e manter-se frustrada é via segura para que não
enlouqueça, dissolva-se ou desapareça. Este é seu
maior medo.
• O termo gozo, psicanaliticamente falando, não
é restrito à ideia de prazer vivido em si, mas
refere-se principalmente ao desejo
inconsciente, cuja noção “ultrapassa qualquer
consideração sobre os afetos, emoções e
sentimentos, e coloca a questão de uma
relação com o objeto que passa pelos
significantes inconscientes”
(LARROUSSE,1995).
• A histérica é mestre em criar e manipular uma
realidade fantasiosa: em si, evoca um corpo
altamente sensação-pura, que como uma ameba,
estende-se para o outro provocando-lhe o
nascimento de uma fornalha ardente de libido,
dela se alimentando, como comenta Nasio (1991,
p. 17). Provoca em si mesma e no outro uma
explosão de sensações hipnotizantes. A
repercussão de suas atitudes não fica só em
termos de sedução de homens, mas a todas as
pessoas que direta ou indiretamente participam
de sua experiência histericizante (família e
amigos).
Conversão histérica

• é fenômeno temporário e que consiste numa transposição de um conflito psíquico e simboliza no corpo,
representações recalcadas, como afirmam Laplanche e Pontalis (2001, p. 103). Juntamente com este conceito,
podemos utilizar outra via para se compreender o curso dos processos psíquicos: a do princípio de prazer e de
realidade.
• Para Freud (1920), “a maior parte do desprazer que sentimos é desprazer de percepção, seja percepção da premência
de instintos insatisfeitos ou percepção externa, que é penosa em si ou que provoca expectativas desprazerosas no
aparelho psíquico, sendo por ele reconhecida como “perigo”´. Ainda nesta definição, Freud prossegue com a ideia de
uma excitação, que aumentada, denota desprazer, assim como diminuída, diminuição do desprazer ou geração de
prazer. A todo custo, o aparelho psíquico se empenha para atingir este intuito.
Ike Graham, o sadomasoquista

• Ike é um jornalista divorciado e recém-demitido por sua ex-


mulher e chefe, com a qual continua vivendo às turras,
apesar de muito tempo separados. Seco e rude no trato
com as pessoas em geral, e especialmente ácido e hostil
com as mulheres (seu público inspirador para seus textos
odiosos), acaba encontrando em suas atitudes agressivas e
vingativas um ganho secundário que lhe permite
compartilhar seu sofrimento velado. Agride com seus
artigos e é agredido nas ruas pelas mulheres e antipatizado
pelos homens. Para compreendermos melhor o conceito de
sadomasoquismo, utilizaremos de um trecho de “As
pulsões e seus destinos (1915)” que fala justamente deste
lugar ambíguo que o personagem vive:
• A inversão de conteúdo se encontra apenas no caso da
transformação de amor em ódio. A volta contra a
própria pessoa nos é sugerida pela consideração de
que o masoquismo, afinal, é um sadismo voltado
contra o próprio Eu, e o exibicionismo inclui a
contemplação do próprio corpo. A observação
psicanalítica não deixa dúvidas quanto ao fato de que o
masoquista também frui da fúria contra a sua pessoa, e
o exibicionista, do seu desnudamento. O essencial no
processo, portanto, é a mudança de objeto com a meta
inalterada. Ao mesmo tempo se percebe que a volta
contra a própria pessoa e a conversão de atividade em
passividade convergem ou coincidem nesses exemplos.
sublimação
• O significado original da palavra sublimação vem
da química, que é a transformação de um corpo
do estado sólido para o gasoso. Transpondo esta
noção de transformação para a Psicanálise, entre
outras definições que o termo encerra,
encontramos a de que se trata de uma retirada
de energia da pulsão sexual para um ato
socialmente reconhecido e dessexualizado, como
por exemplo a religião, artes e trabalho
intelectual.

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