Você está na página 1de 46

LITERATURA

Final do século XIX


Final do século XIX

1881/1893 1882/1893 1893/1922


Realismo e PARNASIA SIMBOLISM
Naturalismo NISMO O
Pois só quem ama pode
ter ouvido Capaz de
ouvir, e de entender
estrelas".

-Olavo Bilac
Anton Raphael Mengs – Apolo e as musas no Parnaso
PANORÂMA BRASILEIRO
1. Ciclo do café.
2. Decadência da Monarquia.
3. Abolição (1888).
4. Proclamação da República(1889).
5. Governo de Deodoro e a primeira Constituição Da República.
Características Gerais
• Preocupação que se revela na busca da palavra exata.
• Comparação da poesia com as artes plásticas, sobretudo com a escultura.
• Frequentes alusões a elementos da mitologia grega e latina.
• Preferência por temas descritivos- cenas históricas, paisagens, objetos,
estátuas etc.
• Enfoque sensual da mulher, com ênfase na descrição de suas características
físicas
◦ Preciosismo: focaliza-se o detalhe; cada objeto deve singularizar-se, daí as
palavras raras e rimas ricas.
◦ Objetividade e impessoalidade: O poeta apresenta o fato, a
personagem, as coisas como são e acontecem na realidade, sem deformá-
los pela sua maneira pessoal de ver, sentir e pensar. Esta posição combate
o exagerado subjetivismo romântico.
◦ Arte Pela Arte: A poesia vale por si mesma, não tem nenhum tipo de
compromisso, e se justifica por sua beleza. Faz referências ao prosaico, e o
texto mostra interesse a coisas pertinentes a todos.
◦ Estética/Culto à forma: Como os poemas não assumem nenhum tipo
de compromisso, a estética é muito valorizada. O poeta parnasiano busca a
perfeição formal a todo custo, e por vezes, se mostra incapaz para tal.
Aspectos importantes para a estética perfeita
são:
◦ Rimas Ricas: São evitadas palavras da mesma classe gramatical. Há uma ênfase das
rimas do tipo ABAB para estrofes de quatro versos, porém também muito usada as
rimas interpoladas.
◦ Valorização dos Sonetos: É dada preferência para os sonetos, composição dividida em
duas estrofes de quatro versos, e duas estrofes de três versos. Revelando, no entanto, a
"chave" do texto no último verso.
◦ Metrificação Rigorosa: O número de sílabas poéticas deve ser o mesmo em cada
verso, preferencialmente com dez (decassílabos) ou doze sílabas(versos alexandrinos), os
mais utilizados no período. Ou apresentar uma simetria constante, exemplo: primeiro
verso de dez sílabas, segundo de seis sílabas, terceiro de dez sílabas, quarto com seis
sílabas, etc.
◦ Descritivismo: Grande parte da poesia parnasiana é baseada em objetos
inertes, sempre optando pelos que exigem uma descrição bem detalhada
como "A Estátua", "Vaso Chinês" e "Vaso Grego" de Alberto de Oliveira.
◦ Temática Greco-Romana: A estética é muito valorizada no
Parnasianismo, mas mesmo assim, o texto precisa de um conteúdo. A
temática abordada pelos parnasianos recupera temas da Antiguidade
Clássica, características de sua história e sua mitologia. É bem comum os
textos descreverem deuses, heróis, fatos lendários, personagens marcados
na história e até mesmo objetos.
◦ Cavalgamento ou encadeamento sintático (enjambement): Ocorre
quando o verso termina quanto à métrica (pois chegou na décima sílaba),
mas não terminou quanto à ideia, quanto ao conteúdo, que se encerra no
verso de baixo. O verso depende do contexto para ser entendido. Tática
para priorizar a métrica e o conjunto de rimas.
ANÁLISE POÉTICA
Esta de áureos relevos, trabalhada
De divas mãos, brilhante copa, um dia,
Já de aos deuses servir como cansada, VASO GREGO
Vinda do Olimpo, a um novo deus servia. (ALBERTO DE
OLIVEIRA)
Era o poeta de Teos que o suspendia
Então, e, ora repleta ora esvasada,
A taça amiga aos dedos seus tinia,
Toda de roxas pétalas colmada.

Depois... Mas, o lavor da taça admira,


Toca-a, e do ouvido aproximando-a, às bordas
Finas hás de lhe ouvir, canora e doce,

Ignota voz, qual se da antiga lira


Fosse a encantada música das cordas,
Qual se essa voz de Anacreonte fosse.
Estranho mimo aquele vaso! Vi-o,
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio, VASO CHINÊS
Entre um leque e o começo de um bordado. (ALBERTO DE
OLIVEIRA)
Fino artista chinês, enamorado,
Nele pusera o coração doentio
Em rubras flores de um sutil lavrado,
Na tinta ardente, de um calor sombrio.

Mas, talvez por contraste à desventura,


Quem o sabe?... de um velho mandarim
Também lá estava a singular figura;

Que arte em pintá-la! a gente acaso vendo-a,


Sentia um não sei quê com aquele chim
De olhos cortados à feição de amêndoa.
É um velho paredão, todo gretado, O MURO
Roto e negro, a que o tempo uma oferenda
Deixou num cacto em flor ensanguentado (ALBERTO
E, num pouco de musgo em cada fenda. DE
OLIVEIRA)
Serve há muito de encerro a uma vivenda;
Protegê-la e guardá-la é seu cuidado;
Talvez consigo esta missão compreenda,
Sempre em seu posto, firme e alevantado.

Horas mortas, a lua o véu desata,


E em cheio brilha; a solidão estrela
Toda de um vago cintilar de prata;

E o velho muro, alta a parede nua,


Olha em redor, espreita a sombra, e vela,
Entre os beijos e lágrimas da lua
Alberto de Oliveira
1. O mais ortodoxo dos poetas
parnasianos.
2. Poesias voltadas á descrição de objetos
(obras de arte, natureza, figura
feminina).
3. Pouca variabilidade temática.
4. Destacam-se os poemas “O muro”,
“Vaso chinês”, “Vaso grego”.
5. Perfeccionismo na forma.
Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
Das pombas vão-se dos pombais, apenas AS POMBAS
Raia sanguínea e fresca a madrugada. (RAIMUNDO
CORREIA)
E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais, de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...

Também dos corações onde abotoam


Os sonhos, um a um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;

No azul da adolescência as asas soltam,


Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais.
Se a cólera que espuma, a dor que mora MAL
N'alma, e destrói cada ilusão que nasce
Tudo o que punge, tudo o que devora SECRETO
O coração, no rosto se estampasse; (RAIMUNDO
CORREIA)
Se se pudesse, o espírito que chora,
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez, consigo


Guarda um atroz, recôndito inimigo
Como invisível chaga cancerosa!

Quanta gente que ri, talvez existe,


Cuja ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!
Esconde-me a alma, no íntimo, oprimida, AMOR E
Este amor infeliz, como se fora
Um crime aos olhos dessa, que ela adora, VIDA
Dessa, que crendo-o, crera-se ofendida. (RAIMUNDO
A crua e rija lâmina homicida CORREIA)
Do seu desdém vara-me o peito; embora,
Que o amor que cresce nele, e nele mora,
Só findará quando findar-me a vida!
Ó meu amor! como num mar profundo,
Achaste em mim teu álgido, teu fundo,
Teu derradeiro, teu feral abrigo!
E qual do rei de Tule a taça de ouro,
Ó meu sacro, ó meu único tesouro!
Ó meu amor! tu morrerás comigo
Raimundo Correia
1. Filosofia a cerca dos conflitos e
desilusões.
2. Postura pessimista diante da
existência.
3. Principais poemas “MAL
SECRETO”; “AS POMBAS” –
Metáfora dos sonhos humanos.
4. Poeta da melancolia meditativa.
Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto SONETO XIII
E abro as janelas, pálido de espanto... (OLAVO
BILAC)
E conversamos toda a noite, enquanto
A Via-Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!


Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!


Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.
Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego, A UM POETA
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua! (OLAVO
BILAC)
Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço; e a trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua,
Rica mas sóbria, como um templo grego.

Não se mostre na fábrica o suplício


Do mestre. E, natural, o efeito agrade,
Sem lembrar os andaimes do edifício:

Porque a beleza, gêmea da Verdade,


Arte pura, inimigo do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.
Olavo Bilac
1. Joga o sentimento na
poesia parnasiana.
2. Amor platônico ou
espiritual X amor sensual.
3. Poesias eróticas (mulheres nuas).
4. “Via láctea” – “Só quem ama tem
a possibilidade de falar com as
estrelas.”
Nua, de pé, solto o cabelo às costas,
Sorri. Na alcova perfumada e quente,
Pela janela, como um rio enorme
De áureas ondas tranqüilas e impalpáveis,
Profusamente a luz do meio-dia
Entra e se espalha palpitante e viva.
Entra, parte-se em feixes rutilantes,
Aviva as cores das tapeçarias,
Doura os espelhos e os cristais inflama.
Depois, tremendo, como a arfar, desliza
Pelo chão, desenrola-se, e, mais leve,
Como uma vaga preguiçosa e lenta,
Vem lhe beijar a pequenina ponta
Do pequenino pé macio e branco.
Sobe... cinge-lhe a perna longamente;
Sobe... — e que volta sensual descreve
Para abranger todo o quadril! — prossegue.
Lambe-lhe o ventre, abraça-lhe a cintura,
Morde-lhe os bicos túmidos dos seios,
Corre-lhe a espádua, espia-lhe o recôncavo
Da axila, acende-lhe o coral da boca
E antes de se ir perder na escura noite,
Na densa noite dos cabelos negros,
Pára confusa, a palpitar, diante
Da luz mais bela dos seus grandes olhos.
E aos mornos beijos, às carícias ternas
Da luz, cerrando levemente os cílios,
Satânia os lábios úmidos encurva,
E da boca na púrpura sangrenta
Abre um curto sorriso de volúpia...
Corre-lhe à flor da pele um calefrio;
Todo o seu sangue, alvoroçado, o curso
Apressa; e os olhos, pela fenda estreita
Das abaixadas pálpebras radiando,
Turvos, quebrados, lânguidos, contemplam,
Fitos no vácuo, uma visão querida (...)
SIMBOLISMO.
1893/1922
Simbolismo
Simbolismo é um movimento literário da poesia
e das outras artes que surgiram na França, no final do
século XIX, como oposição ao Realismo, ao
Naturalismo e ao Parnasianismo, ou seja, surgiu como
uma reação às correntes materialistas e cientificistas
daquela época. Movido pelos ideais românticos,
estendeu suas raízes à literatura, aos palcos teatrais,
às artes plásticas. Teve suas origens de As Flores do
Mal, do poeta Charles Baudelaire.
No Brasil, teve como marco inicial as publicações
de Missal e Broqueis de Cruz e Sousa (1893) e
O Cristo Amarelo, Paul Gauguin, marco final em 1902, com a publicação de Os sertões
1889.
de Euclides da Cunha.
Características
◦ Espiritualismo e Misticismo
◦ Sugestão
◦ Imprecisão
◦ Sinestesias
◦ Musicalidade
◦ Maiúsculas alegorizantes
Espiritualismo e Misticismo - Sugestão - Para a arte
Para os simbolistas a arte era simbolista mais importante que
uma forma de religião. Os textos nomear as coisas era sugeri-las.
simbolistas apresentam muitas Segundo os simbolistas os
vezes uma visão cristã. Era leitores é que deveriam adivinhar
comum a distinção entre corpo e o enigma de cada poema.
alma e o desejo de purificação, Imprecisão - Atrelada à
de sublimação: anulação da característica anterior, a
matéria para a libertação da realidade deveria ser expressa
alma. Era também comum a de maneira vaga e imprecisa. O
utilização de vocábulos ligados Simbolismo buscava a essência
ao místico e ao religioso, como do ser humano, os estados da
missal, breviário, hinos, salmos, alma, o inconsciente.
entre outros.
Sinestesias - Na poesia simbolista era comum a presença
de sinestesias. A sinestesia é uma figura de linguagem que
consiste na fusão de várias sensações, sem que
necessariamente haja lógica:
“Nasce a manhã, a luz tem cheiro...
Ei-la que assoma Pelo ar sutil ...
Tem cheiro a luz , a manhã nasce ...
Oh sonora audição colorida do aroma!”

Alphonsus de Guimaraens
Musicalidade - A poesia deveria se aproximar da música.
Para conseguirem essa aproximação os simbolistas usaram
em grande escala as figuras de linguagem associadas à
sonoridade, como as rimas, o eco, a aliteração, entre outras.
Daí a expressão simbolista:

“A música antes de qualquer coisa”.


Veja um exemplo de aliteração. Lembre-se de que a
aliteração é a repetição de sons consonantais:
“E as cantinelas de serenos sons
amenos fogem fluidas fluindo à fina flor dos fenos”.

Eugênio de Castro
Maiúsculas alegorizantes - Correspondem à
utilização de letras maiúsculas no meio do texto
sem que haja alguma razão gramatical para o
seu uso. Elas são usadas para enfatizar as
palavras:

“Indefiníveis músicas supremas, Harmonias da


Cor e do Perfume ... Horas do Ocaso, trêmulas,
extremas, Réquiem do Sol que a Dor da Luz
resume ...”
Cruz e Souza
Contexto histórico
- 2ª Revolução Industrial
- Segundo Reinado (D. Pedro II)
- Capital: Rio de Janeiro
- Abolição da escravatura (1888)
- Proclamação da República (1889)
As Flores do Mal (Baudelaire)
As Flores do Mal reúnem, de modo exemplar, uma série de
motivos da obra do poeta: a queda; a expulsão do paraíso; o
amor; o erotismo; a decadência; a morte; o tempo; o exílio e o
tédio. «Neste livro atroz, pus todo o meu pensamento, todo o
meu coração, toda a minha religião (travestida), todo o meu
ódio.», escreveu BAUDELAIRE sobre este livro numa carta.

Em 1857, no dia 25 de Junho, são publicadas As Flores do


Mal. O livro foi logo violentamente atacado pelo Le Figaro e
recolhido poucos dias depois sob acusação de insulto aos bons
costumes. Em 1860 sai a segunda edição de As Flores do Mal.
Sociedade e Com o capitalismo e a evolução da ciência e da
tecnologia, o mundo volta seu olhar para os interesses

cultura materiais. Entretanto, a classe trabalhadora não obteve


melhorias em suas condições de vida, principalmente por
causa da exploração de mão de obra como meio de auferir
grandes lucros pelos empreendedores capitalistas. Isso
gerou insatisfação e frustração ao homem comum, que passa
a buscar conforto no lado místico e espiritual do universo.
Tal busca pelo subjetivismo revela-se na arte como um
retorno ao Romantismo, em que o anseio pelo refúgio fora do
mundo real era valorizado. Nesse sentido, o predomínio da
emoção supera o cientificismo e o objetivismo do período
anterior, mas uma emoção carregada de frustrações e
tristezas em decorrência do momento vivido na época.
Características
- Predominância da emoção;
- O objeto deve estar subentendido, não se mostrando claramente – daí o
"símbolo";
- Musicalidade (através de aliterações, assonâncias e outras figuras de estilo);
- Referências a cores, principalmente à branca;
- Presença de motivos religiosos; a poesia representaria uma espécie de ritual;
- Sonho, imaginação e espiritualismo;
- Subjetividade;
- Culto à forma, com influências parnasianas;
- Uso da figura de linguagem sinestesia, que representa a fusão de sensações
(beijo amargo, cheiro
azul), além de outras como personificação e metáfora;
- Abordagem vaga de impressões subjetivas e/ou sensoriais (Impressionismo),
sobretudo na pintura.
Cruz e Sousa (1861 - 1898)
Foi filho de escravos alforriados e criado pelos patrões de seus pais.
Por ser negro, sofreu com o preconceito racial: não pôde, por exemplo, assumir o cargo
de Promotor Público em Laguna, Santa Catarina.
Começou sua carreira jornalística e literária em Desterro, colaborando para jornais e
escrevendo textos abolicionistas. Nessa época publicou “Tropos e Fantasias” em parceria com
Vírgílio Várzea.
Apesar de tanto sofrimento, Cruz e Sousa é considerado o maior e melhor escritor
simbolista brasileiro, suas obras “Missal” e “Broqueis” marcam o início deste período literário no
Cruz e Sousa
(Dante Negro) Brasil, em 1893.
nasceu em
Desterro, atual Cruz e Sousa, é claro, não fugiu destas características, além delas, seus textos falam
Florianópolis –
Santa Catarina - sobre morte, Deus, mistérios da vida e personagens marginalizados.
em 1861 e morreu
em Minas Gerais Sua linguagem é muito rica e seus poemas mais longos possuem grande musicalidade.
em 1898.
Cruz e Souza Obras
Características - Vida Obscura
- Triunfo Supremo
- Pessimismo
- Sorriso Interior
- Perfeccionismo formal
- Monja Negra
- Metáforas
Obras Póstumas
- Evocações
- Faróis
- Últimos Sonetos
- O Livro Derradeiro
Cruz e Sousa
Braços nervosos, tentadoras serpes
Braços Que prendem, tetanizam como os
Braços nervosos, brancas herpes, Dos delírios na trêmula
opulências, coorte…
Brumais brancuras, fúlgidas Pompa de carnes tépidas e flóreas,
brancuras, Alvuras castas, virginais Braços de estranhas correções
alvuras, Lactescências das raras marmóreas, Abertos para o Amor e
lactescências. para a Morte!

As fascinantes, mórbidas As figuras de estilo mais evidentes são as metáforas (v.1 e


dormências Dos teus abraços de 2), sinestesia (v. 8 e 5), comparação (v. 10) e assíndetos por
letais flexuras, Produzem toda primeira estrofe.
sensações de agres torturas, Dos Fúlgido = Brilhante ou cintilante; que emite ou
desejos as mornas florescências. reflete luz. Que tem brilho: raios fúlgidos.
Alvura = Característica ou particularidade daquilo que
é muito alvo (branco); brancura.
Lactescência = Qualidade de um líquido que se
assemelha ao leite.
Alphonsus de Guimaraens (1870 - 1921)
Cursa a Escola de Minas de Ouro Preto quando perde sua noiva Constança, em 28 de
dezembro de 1888.
Pouco tempo depois, transfere-se para São Paulo, onde cursa a Faculdade de Direito do
Largo São Francisco, na qual se forma em 1894.
Casa-se com Zenaide de Oliveira em 1897 e em 1906 passa a ser juiz da cidade de
Mariana, ainda em Minas, lugar de onde não saiu mais e criou 14 filhos!
Alphonsus Guimaraens é considerado o autor místico do Simbolismo, pela evidência de
um triângulo em sua obra: misticismo, amor e morte.
Seu primeiro livro publicado em 1899 é em forma de poemas, chamado Dona Mística.
Um tempo depois, em 1902, escreve e publica Kyriale sob o pseudônimo consagrado de
Alphonsus Guimaraens.
Afonso Henriques A vida do autor norteia sua obra através dos marcos da morte da noiva e da devoção à
da Costa Maria, envoltos em um clima de misticismo exacerbado, no qual a morte é vista como o meio
Guimarães de aproximação do amor (Constança) e de Maria (figura religiosa).
nasceu em 24 de O autor morreu em 15 de julho do ano de 1921, conhecido como “O solitário de
julho de 1870, em Mariana”, por ter vivido isolado dos acontecimentos.
Ouro Preto, Minas
Gerais.
Alphonsus de Guimaraens
Características

Alphonsus dedicou-se obsessivamente à evocação da morte em seus


poemas, tomado por elementos representativos, tais como as flores murchas, a
cor lilás, o predomínio da noite sobre o dia, os anjos, o sorriso de outrora
convertido em lágrimas e o ressentimento daquele que permaneceu solitário,
impedido de acompanhar o ser amado na morte.
Alphonsus de Guimaraens
Hão de chorar por ela os cinamomos

Hão de chorar por ela os cinamomos,


Murchando as flores ao tombar do dia.
Dos laranjais hão de cair os pomos,
Lembrando-se daquela que os colhia.

As estrelas dirão - "Ai! nada somos,


Pois ela se morreu silente e fria... "
E pondo os olhos nela como pomos,
Hão de chorar a irmã que lhes sorria.

A lua, que lhe foi mãe carinhosa,


Que a viu nascer e amar, há de envolvê-la
Entre lírios e pétalas de rosa.

Os meus sonhos de amor serão defuntos...


E os arcanjos dirão no azul ao vê-la,
Pensando em mim: - "Por que não vieram juntos?"
ISMÁLIA – Alphonsus De Guimaraens
Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar... E como um anjo pendeu
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
No sonho em que se perdeu, Queria a lua do mar...
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar... As asas que Deus lhe deu
E, no desvario seu, Ruflaram de par em par...
Na torre pôs-se a cantar... Sua alma subiu ao céu,
Estava perto do céu, Seu corpo desceu ao mar...
Estava longe do mar...
Atividade.
◦ Produção de poema seguindo um dos estilos estudados.
ATENÇÃO: DEVERÁ SEGUIR A RISCA AS CARACTERÍSTICAS DO
ESTILO ESCOLIDOS.
E deve conter uma ilustração colorida sobre o poema.

Você também pode gostar