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Patrícia Martins

Profª de inglês - CPII e doutoranda do PIPGLA - UFRJ


O COMPONENTE LÍNGUA INGLESA
 Aprender a língua inglesa
propicia a criação de novas
formas de engajamento e
participação dos alunos em um
mundo social cada vez mais
globalizado e plural, em que as
fronteiras entre países e
interesses pessoais, locais,
regionais, nacionais e
transnacionais estão cada vez
mais difusas e contraditórias.

(BNCC-EF, 2017, p.241)


Uma base nacional
curricular comum
X
O currículo do “chão da
sala de aula”

Inglês como Língua


Franca
PROBLEMATIZAÇÃO X
Língua, território e
cultura

O eixo
“Dimensão
Intercultural” e o PNLD
Uma base
nacional
curricular comum
X
O currículo do
“chão da sala de
aula”
APRENDIZAGENS ESSENCIAIS TODOS

QUEM NORMATIZOU?
Políticas Públicas

PNLD
SAEB
outros...
 “O aprendizado de um idioma
representa uma experiência com o
“outro”. Esse conhecimento pode
ampliar a visão de mundo do
aluno, sobre como esses outros
O APRENDIZADO constroem suas comunicações e
interações, promovendo maior
DE UM IDIOMA possibilidade da compreensão
sobre diferenças linguísticas,
culturais e sociais e uma atitude de
convivência com o diferente”.
(Monte Mor, 2019)
 “O ensino bem sucedido se dá nas
práticas. Ou seja, não importa o
conteúdo que está sendo
repassado aos discentes; o que
vale é como o conteúdo é
trabalhado na sala de aula. Sob
CURRÍCULO E ENSINO esse enfoque, o que importa
mesmo é saber até que ponto a
professor está atento à realidade
em que se encontra o aprendiz e
até que ponto ele está sensível aos
anseios, as aspirações e as
angustias de quem está no lado
receptor do esforço pedagógico”.
(RAJAGOPALAN, 2019, p. 26)
O tratamento dado ao
componente na BNCC
prioriza o foco da função
QUE INGLÊS social e política do inglês
ENSINAMOS NA e, nesse sentido, passa a
ESCOLA? tratá-la em seu status de
lí́ngua franca.

(BNCC, 2017, p.241)


ILF
e suas relações
com relações
entre língua,
território e
cultura.
[...] Ao final de sua jornada, Shelock [bisneto do famoso detetive] estava cada vez
mais do lado de argumentos levantados por David Graddol, Suresh Canagarajah,
Henry Widdowson, Bonny Norton, dentre outros. Já sabia até algumas citações de
seus textos de cor. O primeiro-ministro, por sua vez, estava cada vez mais confuso.
Talvez pela primeira vez em sua carreira, estava tendo que enxergar as coisas não
como isso ou aquilo, nós ou eles, preto versus branco, mas de uma forma mais
complexa. Um dia, achou melhor parar. “Acho que já estou satisfeito com nossa
pesquisa, Sherlock”.
“Tem certeza, senhor”?
“Sim, sem dúvida”.
“Mas não chegamos a qualquer conclusão. Nada foi feito ainda com base no que vimos e ouvimos
ao longo desses meses”.
“Chegamos a uma conclusão sim, meu caro”
“Sim”? O rapaz estava realmente confuso.
“Sim. Sabemos agora que essa é uma questão que ainda vai levar muitos anos para
ser compreendida e não temos tempo para isso. [...]
“Mas então vamos parar? Assim, sem um documento sobre nossas investigações,
sem uma discussão maior com o público, sem um debate sobre o que devemos
fazer? Simplesmente parar?
“Não vejo outra alternativa no momento, meu caro, dada a tamanha confusão e
complexidade que atribuo ao assunto. Não tenho mais como me dedicar a isso. Além
do mais, se continuarmos, teremos ainda que entrar em outras questões, como o
conceito de língua (que já deveríamos ter visto com mais calma), questões sobre
cultura, conceito de cultura, ensino de língua e cultura, pós-isso, pós-aquilo, etc. etc.
Pra mim, não dá mais. Mais fácil lidar com a economia”.

(DINIZ DE FIGUEIREDO, 2018, p. 134-135)


 Concebendo
Mais
Esse
O ainda,
status
Nessa oa língua
tratamento
entendimento
de inglês
perspectiva, como
são como
lído
favorece construção
inglês
ngua
acolhidosuma como social,
educação
franca língua
implica
e legitimados ofranca
sujeito
linguística
deslocá
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que “interpreta”,
ovoltada
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de um
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da
modelo
fazem ideal de os
noção
falantes
sentidos
pertencimento
espalhados
falante, deno modo
interculturalidade, a um
mundo
considerando situado,
isto criando
determinado
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, para
inteiro, novas formas
território
o reconhecimento
com diferentes node identificar
e, consequente-
das
repertórios
da cultura e expressar
mente,
(e o respeito
linguísticos
ensino-aprendizagem aàs) daideias,
culturas
e culturais,líongua
que
sentimentos
típicas
possibilita,
diferenças,
e buscando e
e valores.
de comunidades
por exemplo,
para
romper acomNesse sentido,
especificas,
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“proficiência”– éque
sociais se
aquele materializa
de falado
locais.
linguagem,
linguística. porem ousos
que hí bridos,ou
estadunidenses
favorece amarcada pela
britânicos.
reflexão fluidez
critica sobree que se
diferentes
abre para a invenção de novas formas de dizer, impulsionada por falantes
modos de ver e deeanalisar
pluri/multilíngues o mundo, o(s)multiculturais
suas características outro(s) e a si–,mesmo.
a língua inglesa torna-
se um bem simbólico para falantes do mundo todo.
COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS

 Comunicar-se
Identificar
Conhecer o lugar
similaridades
na líde
diferentes
Elaborar repertórios nguasi einglesa,
eodiferenças
do outro
patrimônios porculturais,
em
meio
entre
umdo
linguístico-discursivos mundo
ada
lí
uso nlígua
nvariado
materiais plurilíngue
guainglesa
e deelinguagens
ausados
líengua
imateriais,
inglesa, multicultural,
em mídias
difundidos
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refletindo,
impressas
materna/outras
lí ou
criticamente,
digitais,
ngua inglesa,
diferentes língua,
com
países reconhecendo-a
articulando-as
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evistas
por como
ao exercício
grupos a aaprendizagem
sociais como
daaspectos
ferramenta
fruição
distintos sociais,
e dada
dentro líde
culturais
ngua
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país,
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relação
contato comde dos
intrínseca
ampliação
sujeitos
diferentes
reconhecer a no
entre
das
mundo
perspectivas
língua,
manifestações
diversidade globalizado,
cultura
e de e
possibilidades
inclusive
identidade.
artístico-culturais.
linguística como direito no quepara
e valorizarconcerne
os ausos ao
mundo do trabalho.
compreensão
heterogêneos, dos valores
híbridos e interessesemergentes
e multimodais de outras culturas e para o exercício do
nas sociedades
protagonismo social.
contemporâneas.
 cultura como identidade: é aquela
civilidade: “é oposta
a cultura, à anterior:
no sentido de tera em
identidade
comum umado sujeito é específica
linguagem, – nacional,
herança, sistema sexual, étnica,
educacional, valores
regional – e etc.,
partilhados surgem,
que então, os movimentos
intervém de luta
como princípio por
de unidade
visibilidade,
social” (p.43).aceitação e respeito a identidades reprimidas.
 “[...]Na linguagem, fazemos uso de signos e símbolos –
sejam eles sonoros, escritos, imagens eletrônicas, notas
musicais e até objetos – para significar ou representar para
outros indivíduos os nossos conceitos, ideias e sentimentos.
A linguagem é um dos “meios” (destaque do autor) através
do qual pensamos, ideia e sentimentos são representados
numa cultura. A representação pela linguagem é, portanto,
essencial aos processos pelos quais os significados são
produzidos (…)”(p. 18).
KRAMSCH (2017[1988])

Elaborado com base em Kramsch (2017[1988], p. 17)


Cinco Culturas nos Livros de Língua Estrangeira
1- Cultura do Outro (C1) Comportamentos, eventos, crenças, etc. dos indivíduos que usam a língua
a ser ensinada.
2- Cultura de origem (C2) Fenômenos explícitos e implícitos que fazem parte do universo dos
indivíduos que aprendem a língua.
3- Cultura educacional Indicações de aprendizagem institucional presumidas e impostas aos
do país onde o livro é usuários do livros americanos.
publicado
As regras interacionais (estudante/estudante(s) e estudante/professor/a)
4- Cultura da sala de aula durante as aulas.
em que o país é usado
Universo desenvolvido durante o processo de aprendizagem, em que há
5- Intercultura uma lenta relativização da C1 à luz da C2, com a C2 ainda vista com os
significados da estrutura da C1.
O eixo
“Dimensão
Intercultural”
e o PNLD
Pensando
Nas seçõesna diversidade
especiais
cultural de sua sala de
dos
aulalivros didáticos
e consideranto o
Bridges
conceito e Way
fluido to
de ILF,
comoEnglish,
elaborar um
Refletindo... currículo “de baixo para
(i)Que
cima”,cultura(s)
em que a
é(são) contempladas?
língua(gem) seja usada
em situações reais de uso
(ii)Como
social o ILF é
e que a abordagem
intercultural seja, de fato,
abordado?
contemplada?
PNLD 2020
PNLD 2020
PNLD 2020
PNLD 2020
PNLD 2020
PNLD 2020
PNLD 2020
 BRASIL, SEB/MEC. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF,
SEB/MEC, 2017.
 DINIZ DE FIGUEIREDO, E. H. Afinal de quem é essa língua? In:
JORDÃO, C.; MARSON, I. C. V.; FRANCO, Z. (orgs). Devaneios em atas:
distopias teóricas nos multiletramentos e inglês como língua franca.
Campinas: Pontes Editores, 2018.
 FRANCO, C. Way to English for Brazilian learners, 9º ano: ensino
fundamental, anos finais. 2ªed. São Paulo: Ática, 2018.

 HALL, S. Cultura e representação. Organização e revisão técnica


Arthur Ituassu. Tradução Daniel Miranda e William Oliveira. Rio de
Janeiro: Ed. PUC-Rio: Apicuri, 2016.
KRAMSCH, C. The cultural discourse of foreign language textbooks. In:
TILIO, R.; FERREIRA, A. J. (Orgs.) Innovations and challenges in
language teaching and materials development. Campinas: Pontes
Editores, 2017[1988].
 Monte Mor. Escolas devem juntar idiomas com cidadania.
Estadão, SP, 12 out. 2019. Entrevista concedida a Alex Gomes e
Ocimara Balmant. Disponível em:
<https://educacao.estadao.com.br/noticias/geral,escolas-devem-
juntar-idiomas-com-cidadania-diz-professora-da-usp,70003047143>
Acesso em 15/10/2019.
PEREIRA, C. de J.; et al. Bridges, 9º ano: Ensino fundamental, anos
finais. 1ªed. São Paulo: FTD, 2018.

 RAJAGOPALAN, K. Reforma curricular e ensino. In: GERHARDT, A. F.;


AMORIM, M.. A BNCC e o ensino de Línguas e Literaturas. Campinas:
Pontes Editores 2019.
pdsmartins@gmail.com

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