Você está na página 1de 67

VIOLÊNCIA, ABUSO E

NEGLIGÊNCIA
Candido Luiz; Guilherme Henrique; Izadora Bonifácio; Lívia Alves;
Lucas Vinícius; Maria Aparecida.
VIOLÊNCIA
VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

•É todo e qualquer conduta-ação ou omissão que resulte em


agressão, ocasionando dano a natureza física, sexual e
psicológica, sofrimento, físico, sexual, moral, psicológico e
morte.
E EM AMBITO HOSPITALAR?

• A violência conjugal é a maior causa de lesão corporal, sobrepondo-se a


acidentes de trânsito.
ATUAÇÃO PROFISSIONAL

• Preparo profissional.
• Trabalhar em uma perspectiva inclusiva, emancipatória e intersetorial.
• Vítimas de violência sexual por autor desconhecido.
• Estudos na área que corroborem para o respaldo teórico para o
enfrentamento da violência.
A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE - OMS

• Vem proclamando a necessidade de preparar os profissionais de saúde para


o enfrentamento da violência contra a mulher, pois os dados comprovam
que a questão está sendo subnotificada, ocultada ou não documentada
(OPAS, 1998).
ESTRATÉGIAS PARA SOLUÇÃO DO PROBLEMA

• A abordagem oferecida à mulher no


serviço de saúde, principalmente na
atenção básica, possibilitará
desdobramentos importantes na
construção das estratégias para o
enfrentamento da situação de
violência.
VIOLÊNCIA SEXUAL

O QUE É?
• É toda relação sexual em que a pessoa é obrigada a se submeter, contra sua
vontade por meio da força física, coerção, ameaça ou influencia psicológica.
NOTIFICAÇÃO DA VIOLÊNCIA SEXUAL
CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES

• Primeiro passo dado no setor da saúde para a proteção à vítima e


responsabilização do agressor.
OMS RECOMENDA AOS PROFISSIONAIS

• Estar qualificados para a profilaxia de DST, hepatites virais e HIV, tétano e


gravidez,
• Medidas que devem ser tomadas até as primeiras 72 horas do evento,
• Anticoncepção de emergência e a quimioprofilaxia.
AÇÕES EDUCATIVAS

• Junto às famílias são mencionadas, caracterizando as formas de prevenção


primária, secundária e terciária, tendo a consulta de enfermagem como
importante instrumento no atendimento.
• A qualificação do enfermeiro, NOTIFICAÇÃO, encaminhamento ao serviço
social, ações educativas e humanizadas frente ao paciente e familiar.
• As instituições de saúde também são assinaladas como responsáveis pela
qualificação do enfermeiro.
VIOLÊNCIA CONTRA
CRIANÇA E O
ADOLESCENTE
• As crianças e adolescentes ainda são as maiores vítimas da violência, seja
intra ou extrafamiliar.
• Geralmente, a família é o porto seguro, onde seus integrantes a têm como
referência central para si mesmos e nela procuram refúgio sempre que
ameaçados. No entanto, há vários casos em que, no núcleo familiar,
acontecem situações extremamente dolorosas, que modificam para sempre
a vida de um indivíduo, deixando marcas em sua existência.
Negligência Violência física

Violências mais
comuns e fatores
desencadeiam as
agressões

Violência psicológica Abuso sexual


• As consequências da violência contra crianças/adolescentes podem ser
devastadoras, e muitos pesquisadores já documentaram
consequências.

Físicas Psicológicas

Cognitivas Comportamentais
• Os maus-tratos praticados pelos Pai 25%
próprios pais ou responsáveis
são extremamente comuns.
Existem pesquisas que apontam Mãe 50%
a própria família (pai ou mãe)
como o maior índice de
agressão: Pais 13%
INTERVENÇÃO E ASPECTOS LEGAIS
Considerando que a violência possui causas multifatoriais e necessita de
uma intervenção interdisciplinar para o atendimento resolutivo

• Médico
• Assistente social TÊM UMA IMPORTÂNCIA
CRUCIAL NA
• Enfermagem contato
direto
IDENTIFICAÇÃO,
NOTIFICAÇÃO E
• Psicólogo INTERVENÇÃO DAS

• Terapeuta ocupacional SITUAÇÕES DE VIOLÊNCIA


DENTRO DE SUAS
• Técnico de enfermagem ESPECIFICIDADES.

• Agente comunitário de saúde


• Outros profissionais
INTERVENÇÃO E ASPECTOS LEGAIS

• O Estatuto da Criança e Adolescente – ECA (Lei Federal nº 8.069/1990) –


resgata a cidadania da criança por meio da doutrina da proteção integral.
Essa lei tornou obrigatória a notificação de casos suspeitos ou confirmados
de maus-tratos contra criança ou adolescente (artigos 13 e 245), e os
profissionais de saúde e educação passaram a ter uma razão prática para
proceder à notificação: o dever previsto em lei.
ATENDIMENTO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE
• Proteger a identidade da criança e do adolescente abusados deve ser um
compromisso ético-profissional.
• A consulta com a criança/adolescente deve ser um momento de privacidade
• Ressalta-se que o adolescente tem direito ao sigilo e à confidencialidade das
informações
• É relevante que o profissional deixe claro para o paciente a sua disponibilidade para
escutá-lo, sem fazer julgamentos, favorecendo o vínculo de confiança.
• A família deve ser envolvida no atendimento, para que possa contribuir com o
tratamento do paciente, além de possibilitar uma melhor relação entre seus
membros.
• Refletir estratégias protetoras
• Orientar a família para evitar comentários sobre o ocorrido com vizinhos e/ou
amigos, pois a exposição gera nova violência à vítima.
ATENDIMENTO À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE
Em situações de violência é importante:
• Contatar imediatamente a família;
• Observar o relato e a atitude dos pais durante a consulta
• Informar, em linguagem apropriada, as graves conseqüências de maus-tratos e
abuso sexual para o desenvolvimento da criança/adolescente;
• Explicar claramente que a família poderá beneficiar-se de ajuda mútua;
acompanhar os desdobramentos da notificação;
• Se o agressor é alguém da família, não é conveniente informá-lo imediatamente;
• Orientar sobre a importância do tratamento para o agressor, se ele for da família.
DEVEMOS EVITAR A REVITIMIZAÇÃO

Para a não revitimização, é importante evitar:


• Desconsiderar o sentimento da criança/adolescente;
• Falar frases como: “isso não foi nada”, “vai passar”, “não precisa chorar”;
excesso de zelo; hostilidade;
• Culpar a criança/adolescente; demonstrar surpresa, choro, horror (sinais de
censura ou desaprovação).
ATENDIMENTO EM GRUPO PARA
ADOLESCENTES QUE SOFRERAM VIOLÊNCIA
•O atendimento em grupo é uma excelente estratégia para desenvolver
habilidades e favorecer a expressão de sentimentos, a socialização de
informações, a formação de redes afetivas e superar a situação de violência.
• Estudiosos afirmam que o tratamento de seqüelas deixadas pela violência,
sobretudo a sexual, envolve, por um lado, intervenções para aumentar as
habilidades e competências e, por outro, intervenções para desafiar os
pensamentos/sentimentos distorcidos.
• Durante o processo terapêutico deve-se resgatar o projeto de vida ou
mesmo elaborar esboço de propostas para o futuro. Outro ponto a focalizar
é a busca de sonhos e desejos para realização pessoal.
ATENDIMENTO EM GRUPO PARA
ADOLESCENTES QUE SOFRERAM VIOLÊNCIA

Em casos de violência Em caso de violência


física sexual

Procedimentos

Em caso de violência Em caso de negligência


psicológica
VIOLÊNCIA CONTRA
A PESSOA IDOSA
VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA
• Apesar de muitos indicadores positivos, a
maioria das culturas ainda tende a separar, de
forma real ou simbólica, o idoso,
considerando-o inútil e descartável.
• É na terceira idade que as doenças são mais
frequentes, o que demanda mais cuidados
por parte dos familiares e, por falta de
manejo, sobrecarrega seus cuidadores, que
por intolerância, estresse ou falta de vínculo
afetivo maltratam esses idosos.
• É importante buscar alternativas no cuidado,
bem como na divisão de tarefas entre várias
pessoas para não sobrecarregar o cuidador ou
cuidadora.
VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA
• Estudos mostram que milhões de idosos no mundo são vítimas diárias de
violência decorrente de golpes com objetos, pequenos empurrões, que
podem resultar em fraturas, queimaduras e ferimentos.
• Grande parte dessa violência física é cometida por familiares, mas o idoso
não denuncia por vergonha, culpa pelo fracasso das relações familiares,
além do medo de aumentar as hostilidades ou de perder o “amor” da
família. Ocorre também a omissão do acontecimento pela vítima por
aceitação da violência como parte natural das relações familiares.
• Outras formas de violência são a negligência com a saúde, com a
alimentação e higiene; a violência psicológica; a violência sexual e o abuso
financeiro, pois a vítima é presa fácil pela sua fragilidade tanto física como
emocional.
FATORES DE RISCO PARA VIOLÊNCIA CONTRA IDOSO
• Quando existe dependência pelo declínio cognitivo, a perda de memória ou
dificuldades motoras para realizar atividades do cotidiano;
• A pobreza: pode levar a falta de cuidados básicos com a alimentação e/ou
higiene, pois o idoso pode ficar sozinho em casa porque sua família precisa
trabalhar para comprar seus remédios;
• Quando possui auxílio de apenas uma pessoa. isso acontece porque os
familiares não podem ou não querem participar do cuidado;
• A procura de cuidados médicos constantes;
• Quando há repetidas ausências às consultas agendadas;
• Explicações improváveis sua ou de seus familiares para determinadas
lesões e traumas;
• 3 (três) ou mais quedas por ano podem ser indicador de existência de
violência.
ATENDIMENTO PARA AS PESSOAS IDOSAS
QUE SOFRERAM VIOLÊNCIA

Em casos de violência Em caso de violência


física sexual

Procedimentos

Em caso de violência Em caso de violência


psicológica patrimonial
ABUSO
DEFINIÇÃO DE ABUSO SEXUAL

• Trata-se de uma situação em que uma criança ou adolescente é invadido em


sua sexualidade e usado para gratificação sexual de um adulto ou mesmo de
um adolescente mais velho.
• Pode incluir desde carícias, manipulação dos genitais, mama ou ânus,
voyeurismo, exibicionismo ou até o ato sexual com ou sem penetração.
- MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL
• O Ministério da Saúde considera violência sexual os casos de assédio,
estupro, pornografia infantil e exploração sexual. Dentre as violências
sofridas por crianças e adolescentes, o tipo mais notificado foi o estupro
(62,0% em crianças e 70,4% em adolescentes).
OS NÚMEROS DE VIOLÊNCIA SEXUAL NO BRASIL

Entre 2011 e 2017, o Brasil teve um aumento de 83% nas notificações gerais
de violências sexuais contra crianças e adolescentes, segundo boletim
epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde.
• No período foram notificados 184.524 casos de violência sexual, sendo
58.037 (31,5%) contra crianças e 83.068 (45,0%) contra adolescentes.
• É obrigatória a comunicação de qualquer tipo de violência contra crianças e
adolescentes ao Conselho Tutelar, conforme preconiza o Estatuto da Criança
e do Adolescente (ECA).
PERFIL DAS VÍTIMAS DE ABUSOS SEXUAIS
MEDO
RAIVA
DEPRESSÃO
LADO SEXUAL AFLORADO DE FORMA PRECOCE
DESENHOS DEMONSTRANDO ÓRGÃOS, OU ATO
SEXUAIS
FIQUE ATENTO!
CONSEQUÊNCIAS DO ABUSO A VIDA DA PESSOA
PAPEL DO
PROFISSIONAL
NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA IMEDIATA

• Desde 2014 as portarias que tratam da notificação de violências


estabelecem que os casos de tentativa de suicídio e violência sexual são
de Notificação Imediata no âmbito municipal, e devem seguir o fluxo de
compartilhamento entre as esferas de gestão do sus estabelecido pela
secretaria de vigilância em saúde/ms.
• A Notificação Compulsória Imediata deve ser realizada pelo(a) profissional
de saúde ou responsável pelo serviço assistencial que prestar o primeiro
atendimento ao(à) paciente, em até 24 (vinte e quatro) horas após o
atendimento, pelo meio mais rápido disponível.
NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA IMEDIATA

• Para os casos de violência sexual, a notificação imediata visa agilizar o


atendimento à pessoa que foi vítima e seu acesso à contracepção de
emergência e às medidas profiláticas de doenças sexualmente
transmissíveis e hepatites virais em até 72 horas da agressão, o mais
precocemente.

- Norma técnica “Prevenção e Tratamento dos Agravos Resultantes da


Violência Sexual contra Mulheres e Adolescentes” e na “Linha de cuidado para
a Atenção Integral à Saúde de Crianças, Adolescentes e suas Famílias em
Situação de Violências”.
GARANTIA DE DIREITOS

• Deve ser realizada a comunicação do caso aos Conselhos Tutelares e ao


Ministério Público, no caso de violências contra crianças e adolescentes em
conformidade com o ECA; A notificação corresponde ao processo de
informar o caso à vigilância em saúde do município para a tomada de ações
de saúde, já a comunicação diz respeito ao ato de informar o caso aos
órgãos de garantia de direitos para a tomada das medidas de proteção.
PROTOCOLO PARA O ATENDIMENTO ÀS
PESSOAS EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA SEXUAL
O OUTRO LADO DA
MOEDA
OS ABUSOS PODEM ACONTECER POR PARTE DOS
PROFISSIONAIS DE SAÚDE
NEGLIGÊNCIA
NEGLIGÊNCIA EM ENFERMAGEM

• Lamentavelmente muitos casos de negligência de enfermagem tem se


registrado em hospitais e clínicas de todo o país, o que tem causado revolta
e indignação em toda a sociedade brasileira.

A desatenção, a displicência e a falta de cuidados por parte de alguns


enfermeiros têm deixado sequelas gravíssimas ou até mesmo levado o
paciente ao óbito. Um grande exemplo da negligência de enfermagem que
resultou em morte e que repercutiu no país inteiro foi o da pequena
Stephanie Teixeira, de 12 anos, que ao invés de receber soro na veia
acabou recebendo vaselina. O erro da enfermeira resultou na morte da
menina.
CÓDIGO DE ÉTICA DOS PROFISSIONAIS DE
ENFERMAGEM

SEÇÃO I
DAS RELAÇÕES COM A PESSOA, FAMILIA E COLETIVIDADE.
RESPONSABILIDADES E DEVERES

• Art. 12 - Assegurar à pessoa, família e coletividade assistência de


enfermagem livre de danos decorrentes de imperícia, negligência ou
imprudência.
Vamos recordar!!! Diferença entre
IMPERÍCIA, IMPRUDÊNCIA E
NEGLIGÊNCIA
IMPERÍCIA

• inabilidade, inaptidão, falta de qualificação, despreparo, falta de


conhecimento técnico ou habilidade que deveria ter ao executar uma ação
própria de sua categoria profissional.
• Administrar vacina no local errado, ou com agulha errada.
• Seccionar nervo ciático após injeção intramuscular.
• Lesionar a pele do paciente ao realizar uma contenção mecânica.
Não sabe fazer e faz.
IMPRUDÊNCIA
• Fazer ou agir sem cautela, com precipitação ou afoiteza.
“Imprudente é aquele que sabe do grau de risco envolvido na atividade e mesmo
assim acredita que é possível a realização sem prejuízo para ninguém. A pessoa em
suas ações, age realizando uma atitude diversa da esperada.”
• Não acompanhar o desempenho dos profissionais da equipe de enfermagem sobre
sua supervisão.
• Sair do setor durante o trabalho para “pagar contas”, deixando os pacientes sem
assistência.
• Acompanhar cirurgia de risco sem os equipamentos mínimos necessários para um
eventual atendimento de urgência.
• Transportar o paciente com as grades laterais da maca abaixadas.

Fazer correndo riscos!


NEGLIGÊNCIA
• Deixar de fazer o que deveria ser feito por displicência, ou por preguiça por
não querer fazer como deveria fazer. Agir com irresponsabilidade. Falta de
atenção ou cuidados.
• Administrar leite pela via endovenosa.
• Não trocar o curativo do paciente diariamente, conforme prescrição de
cuidados, e piorar a lesão do paciente.
• Flebite pela não troca de acesso venoso.
• “Deixar” o plantão sem que o próximo colega assuma a assistência de
enfermagem do paciente hospitalizado. Falta de atenção ou cuidado nas
ações executadas.
Não fazer quando tem que
fazer.
REFERÊNCIAS

• http://www.saude.gov.br/component/content/article/950-saude-de-a-a-z/violencia-e-
acidentes/43262-notificacao-compulsoria-imediata-dos-casos-de-violencia-sexual-e-tentativa-
de-suicidio
• MINISTÉRIO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL
• https://www.coren-df.gov.br/site/legislacao/codigo-de-etica/
• Resolução COFEN nº 564/2007

- Norma técnica “Prevenção e Tratamento dos


Agravos Resultantes da Violência Sexual contra
Mulheres e Adolescentes” e na “Linha de cuidado
para a Atenção Integral à Saúde de Crianças,
Adolescentes e suas Famílias em Situação de
Violências”.

Você também pode gostar