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Universidade de Évora

Licenciatura em Psicologia (3ºano)


Prof. Doutora Isabel Mesquita
Ana Simões, Daniela Monte, Iris Correia e Maria Arcadinho

Psicologia Clinica

Psico-Oncologia
Pré-disposição Emocional em Doentes Oncológicos
Uma perspectiva psicológica sobre as
doenças oncológicas

1. Justo, J., (2002). Uma perspectiva psicológica sobre as doenças oncológicas:


Etiologia, intervenção e articulações. In Dias, M., & Durá, E., (), Territórios da Psicologia
Oncológica (pp.51-74). Lisboa: CLIMEPSI Editores.
Aspecto mais importante e Aumento da taxa de
relevante, conseguido graças a sobrevivência dos indivíduos
progessos da medicina que sofrem de cancro

• tipo infecioso (vírus e bactérias);


• presentes no ambiente (poluentes);
Agentes causadores da
• resultado de consumos excessivos e
doença adições (tabaco, álcool, etc);
• tipo hereditário.

Após conhecidas as causas, é essencial, para a psicologia, estudar a relação entre


algumas variáveis de personalidade e a ocorrência das doenças oncológicas.
4 Investigações Prospectivas que mais Contribuíram para a Defesa da
Etiologia deste Tipo de Doenças:

1) Estudo de Persky e colaboradores

A variável psicológica que mais propensa o


surgimento do cancro é a depressão, logo,
as pessoas com valores de depressão mais
altos eram aquelas que mais facilmente
revelavam uma doença oncológica.
2) Graves et al

Os estudantes cujas respostas mostravam


um índice de relacionamento pessoal de
pior qualidade eram os candidatos mais
habilitados à doença oncológica, e
também, à doença mental.
3) Grossarth-Maticek denotou uma relação
evidente entre a actividade da personalidade e
a incidência do cancro

As pessoas com maior probabilidade de


desenvolver uma doença cancerígena têm um
funcionamento psicológico característico.

4) Krasner recolheu uma amostra composta


por mulheres submetidas a cirurgia do
cancro da mama

A reincidência da doença ocorria num tempo


mais curto nas pacientes com valores mais
elevados nas escalas de
Racionalização/Defensividade Emocional e
Expressão Interna da Raiva.
Criticas aos estudos anteriores:

• Isenção de doenças oncológicas num elevado número de indivíduos com as


características psicológicas apontadas.
• Desconexão entre os factores psicológicos identificados.
• Muitas pessoas que sofrem de cancro não sofrem de depressão psicológica
antes do diagnóstico da sua doença

A junção do mundo psicológico com o mundo biológico faz com que a


depressão psicológica propicie a depressão imunológica, assim esta seria a
fraqueza do sistema imunitário a favorecer o aparecimento e a progressão do
cancro.

Para o sistema imunitário é indispensável que o funcionamento imunológico seja


sensível às modificações do funcionamento psicológico e que os doentes
deprimidos demonstrem alterações do seu funcionamento imunológico.
A Psico-oncologia

1. Rosberger, Z., Perez, S., Bloom, J., Shapiro, G., & Fielding, R. (2015). The missing piece:
cancer prevention within psychooncology — a commentary. Psycho-Oncology. Vol. 24: pp.
1330–1337
2. Carvalho, M. (2002). Psico-Oncologia: História ,Características e Desafios. Psicologia USP.
Vol. 13, N°.l, pp.151-166
3. Ibáñez, E., Valiente, M., & Soriano, J., (2002).Una historia de la Psico-Oncologia: del cáncer
a la Psicologia e vice-versa. In Dias, M., & Durá, E., (), Territórios da Psicologia Oncológica
(pp.347-380). Lisboa: CLIMEPSI Editores
As últimas décadas têm vindo a ser
Enfoque nos aspetos
marcadas com o estabelecimento da psico-
psicológicos,
oncologia como um disciplina específica e
comportamentais e sociais
especializada
do cancro

• II Guerra Mundial, surge a


problemática do pessimismo;
Década de 40 • “Cancro é igual à Morte”;
• Análise prévia da personalidade dos
pacientes;

• Década de desespero;

Década de 50 • Compreensão e Adaptação da


doença;
• Estudos de Leshan (1959);
• Década de esperança;
• Relevância dos comportamentos dos
Década de 60 indivíduos;
• “Estilo de Vida”;
• Estudos de Kissen e Eyenck (1962);

• Procura de novos modelos teóricos;


• Em 1979 a APA cria a divisão da
Psicologia da Saúde;
Década de 70
• Aspetos do cancro relacionados com
aspetos comportamentais e emocionais
do sujeito;
• I Conferência sobre aspetos
psicossociais do cancro.

Década de 80 • Construção de modelos experimentais;


• Personalidade Tipo C;
Promoção da investigação centrada nos fatores
psicossociais e comportamentais e nas intervenções
relevantes em todas as fases contínua do cancro,
incluindo a redução do risco de vir a ter a doença e
da sua deteção precoce

Objectivos da Psico-oncologia:

Promoção das condições de qualidade de vida


do paciente, facilitando o processo de
enfrentar a doença e os eventos stressantes
relacionados com o tratamento da doença
Importância dos desenvolvimentos nos campos da Psiquiatria e da Psicologia

Contribuições Psicológicas no
Desenvolvimento do Cancro

Vários estudos têm-se debruçado sobre os possíveis efeitos dos estados


emocionais na alteração hormonal que dará origem à consequente
alteração do sistema imunológico
A psicoterapia em
pacientes com cancro

1. Coyne, J., Stefanek, M., & Palmer, S. (2007). Psychotherapy and Survival in Cancer: The
Conflict Between Hope and Evidence. Psychological Bulletin .Vol. 133, 3, pp. 367–394.
2. Straker, N. (1998). Psychodynamic Psychotherapy for Cancer Patients. The Journal of
Psychotherapy Practice and Research. Vol. 7, pp. 1–9.
Psicoterapia
Psicodinâmica
têm-se demonstrado bastante útil para a
compreensão das reações emocionais em
pacientes com cancro

Modelo Psicológico do Ego


Modelos Explicativos Teoria de Relações de Objeto
Modelo da Psicologia do Self

Acredita-se que os fatores psicológicos afetam a progressão do cancro

A melhoria do funcionamento psicológico pode prolongar a sobrevivência após um


diagnóstico desta doença

Psicoterapia em indivíduos portadores de cancro, não só iria promover uma


melhoria do humor e qualidade de vida, mas também o aumento da esperança de
vida
A abordagem a ter com estes
pacientes requer uma grande
flexibilidade

É necessária uma avaliação inicial de:


• Sintomas primários
• Saúde física e estágio da doença
• Psiquiátrica e psicodinâmica

“Embora a prevenção da morte seja uma ferramenta poderosa para influenciar


muitos dos nossos colegas médicos… a morte não é tudo”
(Lesperance e Frasure-Smith, 1999)

Reivindicação da importância da Intervenção Psicossocial na


sobrevivência e dos efeitos facilmente demonstráveis em relação ao
bem-estar e qualidade de vida psicossocial
A personalidade e o
cancro

1. Andreu, Y., (2002). Personalidad TIPO C. Historia y validez del concepto. In Dias, M.,
& Durá, E., (2002), Territórios da Psicologia Oncológica (pp.399-326). Lisboa:
CLIMEPSI Editores.

2. Durá, E., & Ibañez, E., (2000). Psicología Oncológica: Perspectvias Futuras de
Investigación e Intervención Profesional. Psicologia, Saúde & Doenças, 1 (1), 27-43.
?

Doença Personalidade

Desenvolvimento Humano

Complexidade Intrínseca - Biológica

Aparecimento/Progressão da Doença

Variáveis Psico-sociais
Factores da Personalidade com Efeitos Directos

A personalidade é entendida como factor de risco na aparição ou no


desenvolvimento do cancro

Factores da Personalidade com Efeitos Indirectos

Predisposição que o indivíduo tem para adoptar hábitos/estilos de vida


não-saudáveis, que se revelam factores de risco no aparecimento da
doença
Conceito de Personalidade na Psico-oncologia -
Personalidade Tipo C

Conjunto de Variáveis:
• podem considerar-se como características das pessoas que tendem a
padecer de cancro
• Relacionam-se com o desenvolvimento/progressão de cancro

Depressão
Desamparo/Falta de Esperança
Perda ou Pouco Apoio Emocional
Baixo Afecto Negativo e Alto Afecto Positivo
Inexpressividade Emocional
Depressão

estado psicológico que mais


frequentemente tem sido associado a um
tipo de personalidade propenso ao cancro

Dificuldade na operacionalização do
constructo

Não é possível afirmar que seja uma variável importante


no aparecimento de cancro

Factor adicional no desenvolvimento e progressão


clínica de tumores
Desamparo/Falta de Esperança

A relação entre esta variável e o cancro tem-se mostrado significativa


e consistente nas investigações ao longo do tempo

Temoshok (1985) associa o desamparo/falta de esperança com o


desenvolvimento de melanomas (preditores de cancro da mama e de
recaídas do mesmo)

Grossarth-Maticek (1982) considera que o desamparo/falta de


esperança perante situações stressantes seria um preditor de cancro
Perda ou Pouco Apoio Emocional

É difícil estabelecer uma relação entre a ruptura do apoio social/perdas


afectivas e aparição do cancro, dado que as perdas tanto na vida adulta
como na infância, também se correlacionam positivamente com a
depressão

Shaffer et al., (1982):


• a perda ou ausência de boas relações com os pais (danos na vinculação)
pode ser um bom preditor de cancro
• os doentes que têm reincidência da doença apresentam um maior
número de perdas recentes
Baixo Afecto Negativo e Alto Afecto Positivo

Pessoas que têm dificuldade em manifestar as


suas emoções negativas (cólera, agressividade,
ira, …) em contraste com a facilidade que têm
em manifestar as suas emoções positivas
(carinho, amor, empatia, …)

Kissen et al. (1969), relacionaram a repressão das emoções negativas


e a alta expressão das emoções positivas com um posterior
desenvolvimento de cancro

Jensen (1987), Temoshok et al. (1985) sugerem esta ligação também com
um prognóstico pior da doença
Inexpressividade Emocional

Considerado pela maioria dos autores como o


aspecto-chave da Personalidade Tipo C

Os resultados neste âmbito são contraditórios:


• Estudos em que os resultados indicam uma menor frequência de
expressão de ira, antes do diagnóstico, em doentes que viriam a ter
cancro
• Estudos que encontraram evidências que a expressão das emoções
pode incidir negativamente no desenvolvimento de cancro

Wirsching et al. (1982) encontraram “explosões” afectivas frequentes em


pacientes com cancro da mama

Hipótese: os pacientes de cancro subestimam, de modo geral, os seus


estados emocionais o que pode levar a estados de desorganização pessoal
e, em consequência, uma maior labilidade emocional aparente
Existem 5 modelos principais que tentam explicar
as relações entre personalidade e cancro,
relacionando variáveis da personalidade

1. O Modelo Psico-imunológico de Greer e colaboradores, (1985)


2. O Modelo de Eysenck (1985)
3. O Modelo Processual do Estilo de Coping e Homeostasia
Psicofisiológica de Temoshok (1987)
4. O Modelo Prospectivo de Levy e Wise (1988)
5. O Modelo Bi-direccional de Contrada et al. (1990)
O stress e o cancro

1. Andreu, Y. (2002).Transtorno de estrés postraumático y cáncer. In Dias, M., & Durá, E.,
(2002), Territórios da Psicologia Oncológica (pp.493-526). Lisboa: CLIMEPSI Editores.
2. Pérez., S. et., al. (2014) Posttraumatic Stress Symptoms in Breast Cancer Patients:Temporal
Evolution, Predictors, and Mediation. Journal of Traumatic Stress (27), 224–231.
3. Santos., E. M. Carrenho., F. Castilho., M. & Bervique., J. A. (2004). A representação social do
cancêr na consciência das pessoas. Revista cientifica electrónica de psicologia (3).
Stress Cancro

• Variáveis sociodemográficas
Agentes significativos em • Características do stressor
reacções disfuncionais
agudas e crónicas como o • História prévia do trauma
cancro • Reacções ao evento
• Factores sociais

É cada vez mais investigada a contribuição relativa de alguns destes


agentes para o desenvolvimento de sintomas do cancro
Stress Cancro

Não só os agentes cancerígenos (hereditariedade, radiação solar,


tabagismo, hábitos alimentares, radiação, …) são factores que
desenvolvem o cancro

Há factores que podem enfraquecer o Um nível considerado elevado


nosso sistema a vários níveis - o stress é de stress emocional pode levar
considerado um desses factores à susceptibilidade de doenças
crónicas

Situações negativas (divórcio, desemprego)


e situações positivas (férias, dinheiro) Idealmente, o indivíduo
também podem ser causadoras de stress deve conseguir adaptar-se
pelo facto de serem experiências geradoras ao exterior e à mudança
de mudanças
Stress Cancro

São pessoas que têm uma visão pouco


Há indivíduos
esperançosa da vida, em constante
predispostos para o
cancro sensação de falta de coragem ou
oportunidades, falta de prazer e ambição

A susceptibilidade ao desenvolvimento de cancro estará, assim, intimamente


ligada à forma como os indivíduos olham e lidam com os diversos eventos que
podem desencadear stress ao longo da sua vida
Cancro Stress

Diversos eventos stressantes podem ocorrer ao longo do tempo


após a detecção de um cancro:
Diagnóstico
Tratamento
Recorrências
Doença terminal

Idade mais jovem no momento Mais sintomas relacionados à


do diagnóstico de cancro perturbação de stress pós-traumático
Cancro Stress

Como em qualquer outro tipo de evento susceptível de


constituir uma experiencia traumática, o cancro, com
presença maior ou menor de cada uma das variáveis
estudadas, dependerá de uma série de factores.

Pode depender:
• Localização do cancro
• Do seu estado no momento do diagnóstico
• Da relação estabelecida com os profissionais quando recebem o prognostico
Teorias Psicodinâmicas e
o Cancro

1. Balhau, J. (2011). A vinculação e a auto-estima em jovens não institucionalizados vs


institucionalizados. (Dissertação de Mestrado). Instituto Superior Miguel Torga,
Portugal.
2. AS MINHAS DA REVISTA DE PSICOSSOMÁTICA

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