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TEORIA DO CRIME

PROFESSOR: RICARDO AMAURY VASCONCELOS


ADVOGADO
LEI PENAL NO TEMPO

• TEMPO DO CRIME: O primeiro marco, necessário ao confronto das leis que se


sucederam no tempo, deverá ser identificado com clareza. É preciso, pois, apontar com
precisão o chamado tempo do crime, com base no qual nosso raciocínio se desdobrará.
• teoria da atividade;
• teoria do resultado;
• teoria mista ou da ubiquidade.
• A hipótese da lei nova que vem a tornar fato anteriormente não incriminado pelo
direito penal como fato incriminado, como fato típico. A lei nova que incrimine o
praticante de fato que ao tempo da prática não era típico, não poderá ser aplicada,
pois é irretroativa. Ao tempo da prática, determinado fato não era considerado crime
pelo Direito. Concluímos que a conduta não era socialmente nem legalmente
reprovável. Isso premia o princípio da segurança nas relações jurídicas a nosso ver.
• Conforme a Súmula 611 do STF e o artigo 66, I da Lei de Execução Penal, a competência
para aplicar a lei penal mais benéfica é do Juiz de Execuções Penais.
LEI PENAL NO TEMPO
LUGAR DO CRIME: Antes da análise do princípio da territorialidade, que
diz respeito à aplicação da lei penal no espaço, é preciso identificar o
lugar do crime, observando as teorias que disputam o seu tratamento.
• 3 TEORIAS: Pela teoria da atividade, lugar do crime seria o da ação
ou da omissão, ainda que outro fosse o da ocorrência do resultado.
Teoria do resultado despreza o lugar da conduta e defende a tese de
que lugar do crime será, tão somente, aquele em que ocorrer o
resultado. A teoria da ubiquidade ou mista adota as duas posições
anteriores e aduz que lugar do crime será o da ação ou da omissão,
bem como onde se produziu ou deveria se produzir o resultado.
• Nosso Código Penal adotou a teoria da ubiquidade, conforme
se verifica no seu art. 6º.
TERRITORIALIDADE

• O art. 5", caput, do Código Penal determina a aplicação da lei


brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de Direito
Internacional. ao crime cometido no território nacional. É a regra da
territorialidade. Pela redação do mencionado artigo, percebe-se que no
Brasil não se adotou uma teoria absoluta da territorialidade, mas sim
uma teoria conhecida como temperada, haja vista que o Estado,
mesmo sendo soberano, em determinadas situações, pode abrir mão da
aplicação de sua legislação, em virtude de convenções, tratados e
regras de direito internacional.
• “ O Território abrange o solo (e subsolo) sem solução de
continuidade e com limites reconhecidos, as águas interiores, o mar
territorial, a plataforma continental e o espaço aéreo.”
TERRITORIALIDADE

• O § 1º do art. 5"do Código Penal considerou, para efeitos penais, como extensão do
território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a
serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as
embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem,
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. Esta segunda parte do
artigo significa que onde não houver soberania de qualquer país, como é o caso do alto-
mar e o espaço aéreo a ele correspondente, se houver uma infração penal a bordo de
uma aeronave ou embarcação mercante ou de propriedade privada, de bandeira
nacional, será aplicada a legislação brasileira.
• O § 2" do art. 5" do Código Penal determinou, também, a aplicação da lei brasileira aos
crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade
privada, achando-se as aeronaves em pouso no território nacional ou em voo no espaço
aéreo correspondente e as embarcações, em porto ou mar territorial do Brasil. O
legislador, como se verifica na redação do mencionado parágrafo, referiu-se tão somente
às aeronaves e embarcações estrangeiras de propriedade privada, haja vista que as de
natureza pública ou a serviço do governo estrangeiro são também consideradas como
extensão do território correspondente à sua bandeira, tal como previsto no § 1" do art. 5"
do Código Penal, para as aeronaves e embarcações de natureza pública ou a serviço do
governo brasileiro.
LEI PENAL NO TEMPO

• O parágrafo único do art. 2" do Código Penal, cuidando da lei penal no tempo,
preconiza:
Parágrafo único. A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos
fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.
A lei nova, editada posteriormente à conduta do agente, poderá conter dispositivos que o
prejudiquem ou que o beneficiem. Será considerada novatio legis in pejus, se Prejudicá-
lo; ou novatio legis in mellius, se beneficiá-lo.
A novatio legis in mellius será sempre retroativa, sendo aplicada aos fatos ocorridos
anteriormente à sua vigência, ainda que tenham sido decididos por sentença
condenatória já transitada em julgado.
Extra atividade
Retroatividade: é a aplicação da lei penal aos fatos praticados antes do início de sua
vigência.
Ultra Atividade: é a aplicação de uma lei penal já revogada àqueles fatos praticados
durante a sua vigência
• Concluindo, a ultra-atividade e a retroatividade da lei penal serão realizadas, sempre,
em benefício do agente, e nunca em seu prejuízo, e pressupõem, necessariamente,
sucessão de leis no tempo.
CRIMES DOLOSOS E CULPOSOS
CRIMES DOLOSOS E CULPOSOS

A conduta, nos delitos de natureza culposa, é o ato humano voluntário dirigido, em geral, à realização
de um fim lícito, mas que, por imprudência, imperícia ou negligência, isto é, por não ter o agente
observado o seu dever de cuidado, dá causa a um resultado não querido, nem mesmo assumido,
tipificado previamente na lei penal.
EXCLUDENTE – LEGITIMA DEFESA

• Diz que não há crime quando o agente pratica o fato em legítima


defesa. E entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente
dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a
direito seu ou de outrem. São as palavras da lei. Lógicas, aliás, porque
não se justificaria impor a quem seja vítima de agressão a direito seu,
permitir que o dano se consume sem nada fazer. Exige a lei, é certo,
moderação no uso dos meios de defesa. E que o uso desses meios seja
necessário. Tais exigências são razoáveis mas não podem ser concebidas
de modo a anular a possibilidade de defesa eficaz do direito ameaçado.
• Art. 23 – Não há crime quando o agente pratica o fatoI – em estado de necessidade;
• II – em legítima defesa;
• III – em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito
• Excesso punível
• Parágrafo único – O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo
excesso doloso ou culposo.
ESTADO DE NECESSIDADE

Dois náufragos que disputam uma tábua de salvação que suporta apenas uma pessoa e um
náufrago mata o outro (sacrifício de valores iguais) para salvar-se de uma situação de perigo
atual, que não provocou por sua vontade, caracteriza estado de necessidade exculpante
TIPICIDADE PENAL = TIPICIDADE
FORMAL + TIPICIDADE
CONGLOBANTE
• Já tivemos oportunidade de salientar que o fato típico é composto pela conduta do
agente, dolosa ou culposa, comissiva ou omissiva; pelo resultado; bem como pelo
nexo de causalidade entre aquela e este. Mas isso não basta. É preciso que a
conduta também se amolde, subsuma-se a um modelo abstrato previsto na lei, que
denominamos tipo.
• De acordo com essa teoria, uma pessoa que está em Madri, mas tem a animus
novandi (intenção de matar) uma vítima que reside no Brasil. Dessa forma ele envia
de Madri uma carta-bomba ao destino, assim ao chegar ao Brasil e a vítima recebe a
carta-bomba e ao abri-la detona o seu mecanismo de funcionamento, explodindo a
bomba, provocando a morte da vítima. Portanto, mesmo estando em Madri o agente
da ação poderá responder pelo seu dolo. Isso se não houver convenções, tratados e
regras internacionais que o Brasil deixe de aplicar sua lei penal.
• Tipicidade quer dizer, assim, a subsunção perfeita da conduta praticada pelo agente
ao modelo abstrato previsto na lei penal, isto é, a um tipo penal incriminador.
• A adequação da conduta do agente ao modelo abstrato previsto na lei penal (tipo)
faz surgir a tipicidade formal ou legal. Essa adequação deve ser perfeita, pois, caso
contrário, o fato será considerado formalmente atípico.
EXCLUSÃO DA CULPABILIDADE
• O crime é fato típico e antijurídico. Para que se possa dizer que o fato
concreto tem tipicidade é necessário que ele se contenha
perfeitamente na descrição legal, e que haja perfeita adequação do
fato concreto ao tipo penal. Deve-se dizer, para tanto, que são
elementos do fato típico: a conduta, o resultado, a relação de
causalidade, a tipicidade. Não há crime, pois, sem conduta, que
constitui elemento est
• Sem culpabilidade não é possível a aplicação da pena.rutural do
aspecto objetivo do crime.
• O Código Penal brasileiro, na estrutura da culpabilidade, enumerou
três elementos que são: a) a imputabilidade, que é a capacidade de
entender o caráter ilícito do fato e de determinar-se de acordo com
esse entendimento; b) a potencial consciência da ilicitude que é a
possibilidade de que o agente tenha o conhecimento do caráter injusto
no momento da ação ou omissão; c) a exigibilidade de conduta
diversa, que consiste na expectativa de um comportamento diferente
daquele que foi adotado pelo agente.
EXCLUSÃO DA CULPABILIDADE

• Extrai-se os três elementos essenciais da culpabilidade:


Imputabilidade, Potencial Consciência da Ilicitude e Exigibilidade de
Conduta Diversa.
• A Imputabilidade é o conjunto de condições pessoais que dão ao
agente capacidade para lhe ser juridicamente imputada a prática de
um fato punível.
• O Potencial Consciência da Ilicitude é a capacidade do agente de
entender, ainda que apenas potencialmente, que sua conduta viola
uma proibição legal
• A Exigibilidade de Conduta diversa consiste na possibilidade de exigir
do agente que, diante das circunstâncias, haja de acordo com uma
determinação legal.

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