Você está na página 1de 55

Repensando o Ensino de

Física a partir das


Propriedades dos Fluídos

André Ary Leonel


aryfsc@gmail.com
PRIMÓRDIOS DA HIDROSTÁTICA

Diz a lenda que Hierão, rei de


Siracusa, desafia Arquimedes
(287 a.C. - 212 a.C.) a
encontrar uma maneira de
verificar sem danificar o
objeto, se era de ouro maciço
uma coroa que havia
encomendado.
DENSIDADE
Consideremos um corpo de massa m e volume V. A densidade (d) do corpo
é definida por:
d = m/V

No Sistema Internacional a unidade de densidade é :


• kg / m3 (ou kg . m-3)

Na prática são também, usadas:


• g / cm3 (ou g . cm-3)
• e kg / L (ou kg . L-1)
D = massa
volume (g/cm3 ou kg/m3)
Água do Mar 1024 Kg/m3

Água Pura 1000 Kg/m3

Água da Piscina +- 1000 Kg/m3

Corpo 950 Kg/m3


Massa de
gordura/óssea/muscular
Gelo 920 Kg/m3
Exemplo:

Resolução:
Um corpo em forma de cubo de aresta O volume do corpo é:
a = 2,0 m tem massa m = 40 kg. V = a3 = (2,0 m)3 = 8,0 m3
Qual a densidade do corpo? Como a massa é m = 40 kg, a
densidade do corpo é:
d=m
V
d = 40 kg
8,0 m3
d = 5,0 kg/ m3
d = 5,0 kg / m3 = 5,0 kg . m-3
MASSA ESPECÍFICA

Quando o corpo for maciço (sem partes ocas) e constituído de um único


material, a densidade é chamada de massa específica do material. Na
tabela a seguir temos as massa específicas de alguns materiais e as
densidade de alguns corpos.

Substância Massa específica


(g/cm3)
Água 1,0

Ar 0,0013

Mercúrio 13,6

Corpo Humano 1,07


DENSIDADE OU MASSA ESPECÍFICA?
DENSIDADE OU MASSA ESPECÍFICA?

A diferença entre DENSIDADE e


MASSA ESPECÍFICA fica bem
clara quando falamos de objetos
OCOS. Neste caso a DENSIDADE
leva em consideração o volume
completo e a MASSA ESPECÍFICA
apenas a parte que contêm
substância
RELAÇÃO ENTRE UNIDADES

As unidades mais usadas para a densidade são kg / m3 e g / cm3.


Vamos então verificar qual é a relação entre elas.

Sabemos que:
1 m = 102 cm ou 1 cm = 10-2 m

Assim:
1 m3 = 106 cm3 ou 1 cm3 = 10-6 m3

Portanto:
1 kg / m3 = 10-3 g / cm3
ou
1 g / cm3 = 103 kg/m3
PRESSÃO

Suponhamos que sobre uma superfície plana de área A, atuem forças


perpendiculares (Fig.1) cuja resultante é (Fig.2).

Fig. 1 Fig. 2

Definimos a pressão média Pm sobre a superfície por:

No Sistema Internacional, a unidade de pressão é o pascal (Pa):


1 Pa = 1 pascal = 1 N / m2
Quando a força se distribui uniformemente sobre a superfície , a pressão é a
mesma em todos os pontos e coincide com a pressão média.
EXEMPLO:

Sobre uma mesa está apoiado um bloco de massa m = 3,2 kg e que


tem a forma de um cubo de aresta a = 20 cm.

Sendo g = 10 m /s2, calcule a pressão exercida pelo bloco sobre a mesa.

RESPOSTA: p = 8,0 . 102 Pa


LEI DE STEVIN

Consideremos um líquido homogêneo, cuja


densidade é d, em equilíbrio sob a ação da
gravidade, sendo a aceleração da gravidade.
Sendo pA a pressão em um ponto A (Fig. 2) e
pB a pressão em um ponto B, temos:

Simon Stevin
(1548/49 – 1620))

Pressão Hidrostática:
ph = d.g.h

Pressão total:
pB = pA + dgh ptotal= patm + ph
(Onde h é o desnível entre os dois pontos)
PRESSÃO ATMOSFÉRICA

O EXPERIMENTO DE TORRICELLI:

Evangelista Torricelli
(1608- 1647)

O físico e matemático italiano Evangelista Torricelli construiu o primeiro


barômetro que é um aparelho que mede a pressão atmosférica.
Primeiramente ele encheu com mercúrio um tubo de vidro, até aproximadamente
a altura de 1 metro (Fig. 1), e fechou a extremidade. Em seguida ele virou o tubo
e mergulhou sua extremidade num recipiente contendo mercúrio (Fig. 2). Ao
destampar a extremidade do tubo a coluna baixou um pouco (Fig.3), ficando com
uma altura de aproximadamente 76 centímetros acima da superfície do mercúrio
no recipiente.

Na parte superior do tubo formou-se um vácuo quase perfeito. Na realidade


existe ali a formação de uma pequena quantidade de vapor de mercúrio. No
entanto a pressão desse vapor pode ser desprezada. Assim, no ponto A a
pressão é praticamente nula:
VARIAÇÃO DA PRESSÃO ATMOSFÉRICA

ALTITUDE (m) PRESSÃO ATMOSFÉRICA


(cm Hg)
0 76 (10,33 mH2O)
500 72
1.000 67
2.000 60
3.000 53 (7,21 mH2O)
UNIDADES DE PRESSÃO:
No Sistema Internacional de Unidades a unidade de pressão é o pascal (Pa):

1 Pa = 1 pascal = 1 N/m2

No entanto na prática são usadas outras unidades, inspiradas no experimento


de Torricelli. Uma delas é a atmosfera (atm). Uma atmosfera é o valor da
pressão normal:

Outra é o centímetro de mercúrio (cm Hg) que é a pressão exercida por uma
coluna de mercúrio de 1 cm, num local em que a gravidade tem seu valor normal
(9,8 m/s2). Assim:

1 atm = 76 cm de Hg = 760 mm de Hg
PRESSÕES NO COTIDIANO:

1. O rastro de objetos e animais

Qualquer objeto exerce uma pressão sobre a superfície na qual ele repousa.
O rastro deixado pelos pneus de um veículo ou pelas patas dos animais resulta
da pressão exercida sobre o solo. As impressões digitais resultam da pressão
que os dedos exercem sobre os objetos ao pegá-los.
2. Pressão no fundo do mar

À medida que descemos no mar


a profundidades cada vez
maiores, a pressão da água
aumenta. O aumento da
pressão força os escafandristas
a utilizarem roupas muito
especiais.
O que acarreta o aumento da
pressão é o aumento do peso
do fluido que está acima do
mergulhador. Quanto maior for a
profundidade tanto maior será o
peso do líquido e, portanto,
maior será a pressão.
3. A pressão provocada pelo aquecimento de um gás

Sabemos que, à medida que aquecemos


um gás, a pressão sobre as paredes do
recipiente aumenta.

Algumas caldeiras e panelas de pressão


são construídas de tal forma a resistir ao
seu rompimento sob grandes pressões.
4. Pressão atmosférica

A enorme massa de ar existente acima


de nós exerce uma pressão sobre todos
os seres vivos na superfície terrestre.

À medida que subimos uma montanha, a


pressão exercida pelo ar se torna menor,
pois o peso do ar se reduziu (a
quantidade ar acima de nós é menor).

Por isso, a grandes altitudes a pressão é


bastante reduzida, forçando os
escaladores de montanha a tomar
precauções.
5. Pressão no canudinho

Como o líquido sobe pelo canudinho?

Ao "chuparmos" o líquido, o que fazemos é diminuir a pressão no interior de nosso


pulmão.

Com isso, a pressão atmosférica fica maior do que a pressão no interior de nossa boca e
desse modo, a pressão atmosférica "empurra" o líquido pelo canudinho.
VASOS COMUNICANTES
No caso dos vasos comunicantes ( dois ramos de um tubo em U ), as alturas
medidas a partir do nível de separação dos dois líquidos são inversamente
proporcionais às massas específicas dos líquidos. Tomando os pontos A e B, na
mesma horizontal e no mesmo líquido, temos:

EXEMPLO:
Os pedreiros, para nivelar dois pontos em uma obra, costumam usar uma
mangueira transparente, cheia de água.
PRINCÍPIO DE PASCAL
O matemático e físico francês Blaise Pascal estabeleceu o
seguinte princípio:

O acréscimo (ou diminuição) de pressão, produzido em um ponto


de um líquido em equilíbrio, se transmite integralmente para todos
os pontos do líquido. Blaise Pascal
(1623- 1662)
Como aplicação desse princípio temos o mecanismo hidráulico empregado em
elevadores de automóveis nos postos de gasolina.

Uma força de intensidade F1 aplicada em um pequeno pistão de área A1, produz uma
pressão p que é aplicada no pistão de área A2, que sustenta o automóvel. Desse
modo, aplicando-se uma força de “pequena” intensidade no pistão menor, obteremos
uma força de ”grande” intensidade no pistão maior.
PRINCÍPIO DE ARQUIMEDES

Arquimedes
(298 a.C. - 212 a.C.)

Quando um corpo está total ou parcialmente imerso em um fluido em equilíbrio,


este exerce sobre o corpo uma força , denominada EMPUXO, que tem as
seguintes características:

1ª ) Sentido oposto ao peso do corpo ;


2ª ) Intensidade dada por E = pF onde pF é o peso do fluido deslocado.

Por fluido deslocado, entendemos o fluido que preenche o volume ocupado pelo
corpo, abaixo da superfície livre do fluido.
No caso da figura A o volume deslocado é o volume da região hachurada. No
caso da Figura B o volume deslocado é o próprio volume do corpo.
Sendo dF a densidade do fluido, g a aceleração da gravidade e VF o volume de
fluido deslocado, temos:
E = pF = mF . g = (dF . VF) . g
E = d F . VF . g
Portanto:
EMPUXO NO COTIDIANO:

1. Objetos com densidade uniforme flutuam

Objetos com densidade menor do que a do líquido no qual estão imersos flutuam.

Uma bola de isopor flutua. Se a submergirmos num líquido ela tende a subir.
Os dois efeitos resultam do empuxo
EMPUXO

• Força vertical para cima que os líquidos exercem nos corpos


mergulhados.

E = d.g.V
d = densidade do líquido
EMPUXO (E) V = volume do líquido deslocado
g = aceleração da gravidade
PESO (P)
Exemplo
• Um bloco está imerso dentro de um recipiente com
água conforme mostra a figura. O volume do bloco é
de 3 m3. Determine o valor do empuxo.

E = d.g.V
dH2O = 1 g/cm3 = 1000 kg/m3
V = volume do líquido deslocado = 3 m3
g = 10 m/s2
EMPUXO (E)
E = 1000.10.3
PESO (P) E = 30 000 N
Condições para um objeto flutuar
Objeto está emergindo (subindo)

E>P e d CORPO < dLÍQUIDO

Objeto flutua e está em repouso

E=P e d CORPO < dLÍQUIDO


Objeto está imerso e em equilíbrio

E=P e d CORPO = dLÍQUIDO

Objeto está descendo

E<P e d CORPO > dLÍQUIDO


2. Objetos "ocos" flutuam

Um objeto oco tem mais facilidade de flutuar. Um navio só flutua porque ele
não é todo de ferro. As partes ocas ou vazias do navio reduzem sua densidade
em relação àquela do ferro maciço. Um navio é tão oco que a sua densidade
média é bem menor do que a densidade da água.

Tigela boiando
Garrafa boiando
3. Facilitando a flutuação

As pessoas têm facilidade para


boiar na água. O mesmo vale para
os animais. Isso demonstra que a
densidade média dos seres vivos é
praticamente igual à densidade da
água.

Quando você estiver de barriga


para cima na água, inspire uma
certa quantidade de ar a mais.
Você perceberá que o seu corpo
passará a flutuar com mais
facilidade.
4. Objetos mais leves que o ar

Os gases também são fluidos. Eles diferem


dos líquidos por possuírem uma densidade
menor do que estes. A Terra é envolta por
uma mistura de gases (a atmosfera terrestre).
A Terra está, portanto, envolta por uma
camada de fluido.
Objetos cuja densidade seja menor do que a
densidade da atmosfera tendem a flutuar
(dizemos que esses objetos são mais leves
do que o ar). Novamente aqui isso pode ser
explicado pelo princípio de Arquimedes.
5. Os icebergs

Os icebergs são grandes massas de


água no estado sólido, que se
deslocam seguindo as correntes
marítimas nos oceanos. Em geral, a
ponta do iceberg corresponde a
menos de 10% do volume total do
mesmo.
Aplicação do conhecimento
Para casa ...

Mão na massa ;)

https://phet.colorado.edu/sims/density-
and-buoyancy/density_pt_BR.html

http://www.fisicavivencial.pro.br/sites/default/files/
sf/613SF/index.htm
Algumas Considerações sobre a aula

- Proposta dos três Momentos Pedagógicos


(ANGOTTI, J. A.; DELIZOICOV, D.; PERNAMBUCO, M.M.)

1 – Problematização Inicial
2 – Organização do Conhecimento
3 – Aplicação do Conhecimento

- Aluno como sujeito do conhecimento


- Uso das TDIC
- Modelo de Mudança Conceitual
(Posner et al., 1982)
Dinâmica docente...

Planejamento/
Reflexão
plano

Ação
Algumas Considerações

O QUE
ENSINAR?

COMO POR QUÊ


ENSINAR? ENSINAR?

PARA QUEM
ENSINAR?
Algumas Considerações

O QUE
ENSINAR?

COMO CONTEXTO POR QUÊ


ENSINAR? ENSINAR?

PARA QUEM
ENSINAR?
PLANEJANDO DEVEMOS DEFINIR:

• Para quem vamos ensinar;


• O que vamos ensinar;
• Para que vamos ensinar;
• Por que vamos ensinar;
• Como vamos ensinar;
• Quando vamos ensinar;
• O que, quando e como avaliar.
PLANEJAR REQUER:

• Pesquisar sempre;
• Ser criativo na elaboração da aula;
• Estabelecer prioridades e limites;
• Estar aberto para acolher o aluno e sua
realidade;
• Ser flexível para replanejar sempre que
necessário.
PLANO DE AULA

• Público Alvo;
• Tema/Situação Problema;
• Justificativas;
• Objetivo Geral;
• Objetivos específicos;
• Conteúdo;
• Metodologia;
• Recursos;
• Avaliação;
“Ensinar não é transferir conhecimento,
mas criar possibilidades para a sua
produção ou a sua construção”.

Quem ensina, aprende ao ensinar e quem


aprende ensina ao aprender”. (Paulo
Freire)
“Se ensinarmos nossos estudantes de
hoje como nós ensinávamos os de
ontem, estaremos lhes roubando o
futuro.” John Dewey, 1944
ESPAÇOS SOCIAIS VIRTUAIS
Um grupo de pessoas que fazem parte de uma
mesma estrutura, as estruturas sociais,
formadas por pessoas, essas por sua vez,
partilham de interesses e/ou valores em
comuns. (Raquel Recuero)
Construindo um blog ...

http://pt-br.wordpress.com

http://www.blogspot.com

Crie sua conta e COMECE A


USAR!!!
Meus blogs ...

“Física em casa e na escola” – construído para


divulgação e ensino da Física:

http://fisicaemcasaenaescola.blogspot.com.br/

“Formação Continuada para Professores de


Física”: construindo para contribuir com a
formação permanente de professores de Física e
para o compartilhamento de conhecimentos e
práticas:
https://professoresdefisica.wordpress.com/
www.laifi.com.br
INTERFACES DA WEB 2.0
• O serviço da Google possui
editor de textos, editor de
planilhas eletrônicas,
editor de apresentação de
slides e ainda ferramenta
para criação de
formulários (enquetes).
• Livro Miguel:

Miguel

Tony Bradman / Tony Ross


Referências:
• ANGOTTI, J. A.; DELIZOICOV, D.; PERNAMBUCO, M.M. Ensino de
Ciências: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2002.
• DELIZOICOV, D.; ANGOTTI, J. A. Metodologia do Ensino de
Ciências. São Paulo: Cortez, 1998.
• DELIZOICOV, D.; ANGOTTI, J. A.; Física. São Paulo: Cortez, 1992.
• MORTIMER, E. F.; CONSTRUTIVISMO, MUDANÇA CONCEITUAL E
ENSINO DE CIÊNCIAS: PARA ONDE VAMOS?, Investigações em
Ensino de Ciências – V1(1), pp.20-39, 1996. Disponível em:
http://www.if.ufrgs.br/ienci/artigos/Artigo_ID8/v1_n1_a2.pdf
• MUENCHEN, Cristiane; DELIZOICOV, D. Os três momentos
pedagógicos: Um olhar histórico-epistemológico. EPEF, 2010.
• POSNER, G.J., STRIKE, K.A., HEWSON, P.W. & GERTZOG, W.A
(1982). Accommodation of a scientific conception: Toward a
theory of conceptual change. Science Education, 66(2): 211-227.

Você também pode gostar