Você está na página 1de 20

ABUSO SEXUAL INFANTIL

Como a Terapia Cognitivo-Comportamental funciona nessa problemática

Alunas: Aline Bregalda, Andressa Nascimento, Barbara Pizatto, Édina Zandonai,


Eleonora Brum e Viviane Battistel
Professora: Talzamara Duarte
TEORIAS E TÉCNICAS PSICOTERÁPICAS I: COGNITIVO
COMPORTAMENTAL
O abuso sexual contra crianças e adolescentes
é uma forma de violência que pode desencadear
disfunções cognitivas, emocionais e
comportamentais que necessitam intervenção
psicológica. O tratamento das vítimas e suas famílias
é um desafio para a prática de psicólogos, devido à
complexidade do fenômeno. (Luísa F. Habigzang et
al 2006)
O que é?
É definido como o envolvimento de crianças ou adolescentes em atividade sexual que não seja
compreendida totalmente por parte da vítima.

Segundo a Organização Mundial da Saúde uma grande parte dos atos de violências sofridos
antes dos 14 anos são cometidos por pessoas próximas, como pais, irmãos, tios, padrastos etc. As
consequências do abuso sexual prejudicam a saúde física e mental da vítima e no futuro, como adultas,
podem cometer a mesma violência sofrida quando precoce.
O que a diz a lei?

O código civil é bem claro no artigo 127 diz que qualquer ato libidinoso
com menores de 14 anos, independentemente da prática ter sido forçada ou não é
CRIME, caracterizado por estupro de vulnerável.

A pena de reclusão é de 8 a 15 anos.

Segundo o ECA, hospedar menores de 14 anos em hotéis ou motéis sem


acompanhamento ou autorização de um responsável é outra ação proibida por lei.
(art 82).
Consequências do Abuso Sexual

 As consequências do abuso sexual para crianças ou


adolescentes podem incluir o desenvolvimento de transtornos
psicológicos do humor, de ansiedade, alimentares, enurese,
encoprese, transtornos dissociativos, hiperatividade e déficit de
atenção e transtorno de estresse pós-traumático (Briere e Eliott
et al.).
 O transtorno do estresse pós-traumático (TEPT) é a psicopatologia mais citada como
decorrente do abuso sexual e é estimado que 50% das crianças que foram vítimas desta forma
de violência desenvolvem sintomas (Cohen, 2003).

 Além de transtornos psicológicos, crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual podem


apresentar alterações comportamentais, cognitivas e emocionais. Entre as alterações
comportamentais destacam-se: conduta hipersexualizada, abuso de substâncias, fugas do lar,
furtos, isolamento social, agressividade, mudanças nos padrões de sono e alimentação,
comportamentos autodestrutivos, tais como se machucar e tentativas de suicídio.
 As alterações cognitivas incluem: baixa concentração e atenção, dissociação,
refúgio na fantasia, baixo rendimento escolar e crenças distorcidas, tais como
percepção de que é culpada pelo abuso, diferença em relação aos pares,
desconfiança e percepção de inferioridade e inadequação.

 As alterações emocionais referem-se aos sentimentos de medo, vergonha,


culpa, ansiedade, tristeza, raiva e irritabilidade (Cohen e Mannarino et al.).
A TCC no abuso sexual infantil

Dentre as abordagens de intervenção psicológicas a TCC vem sendo testada por


diversos pesquisadores como método de intervenção para casos de abuso sexual
infantil, tanto individualmente quanto no formato de grupo. Uma das razões pelas
quais a TCC é potencialmente benéfica é por incorporar no tratamento estratégias que
tem como alvos sintomas específicos.
TCC no modelo individual

 O abuso sexual gera um alto grau de tensão na vida do indivíduo que, por
sua vez, influencia nos padrões de respostas deste, implicando em uma grande
probabilidade de desenvolvimento de algum tipo de desordem psiquiátrica.
Atualmente, a abordagem da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) vem
apresentando interesse e resultados positivos no estudo de vítimas de abuso
sexual. Essa forma de terapia configura-se como uma abordagem estruturada,
que visa trabalhar os aspectos do presente do individuo, assim como suas
distorções cognitivas.
 Essas distorções cognitivas são desenvolvidas ao longo de sua vida em decorrência de
experiências, modelos ou mesmo eventos estressores, os quais podem estar presentes no
desenvolvimento do indivíduo (BECK, 1997). Assim, as intervenções referentes ao abuso sexual
na TCC centram-se no trauma decorrente da experiência de abuso. Isso baseia-se em dois
pressupostos básicos:

a) as experiências abusivas têm efeitos psicossociais negativos específicos para o indivíduo.

b) a eficácia do tratamento é aumentada quando os resultados relacionados com o abuso


são explicitamente relacionados a experiência de abuso durante o processo terapêutico
(ALMEIDA, 2003).
Desta forma, o tratamento decorrente da Terapia Cognitiva Comportamental baseia-se nas
ativação de lembranças do trauma, de memórias condicionadas, das visões negativas de si
mesmo, do mundo e dos outros e das cognições distorcidas do evento traumático. Essas
intervenções visam o desenvolvimento das capacidades de expressar emoções, realizar
enfrentamentos, propiciar a monitoração e a modificação de pensamentos automáticos, bem
como realizar o treinamento do indivíduo com a finalidade de aumentar sua capacidade de
resolução de problemas e promover o desenvolvimento de habilidades sociais (MULLER;
PADOIN e LAWAFORD, 2008).
TCC em grupos
 A abordagem em grupo possibilita uma compreensão das reações do
individuo no meio social que ele está inserido, uma vez que é através de
nossos grupos sociais que construímos as características de nossa identidade.
 Através desta modalidade de intervenção o terapeuta pode observar, por
meio das interações as reações do individuo, adquirindo maior conhecimento
de seus conflitos e de suas formas de resolver problemas.
 Dessa forma, cada vez mais a TCC vem demonstrando interesse no
aperfeiçoamento desta modalidade terapêutica.
Estudos indicam que essa modalidade de tratamento apresenta uma efetividade satisfatória.

Um exemplo de estudo de grupoterapia cognitivo-comportamental para crianças e adolescentes vitimas


de abuso sexual intrafamiliar realizado por Habigzang et al. (2009), relata mudanças decorrentes do processo
psicoterápico. Os autores observaram a redução de sintomas de depressão, ansiedade e transtorno de estresse
pós traumático, além da modificação da percepção de si como diferente do grupo de pares, a diminuição do
sentimento de culpa pela situação do abuso e pelas modificações na configuração familiar. Os dados ainda
mostram que houve melhora no desempenho escolar e no relacionamento interpessoal.

A partir da troca de experiências e da criação de um espaço de acolhimento, sem julgamentos a vítima de


abuso obtém uma maior facilidade para tratar de seus medos e dúvidas.
Diferença entre Abuso sexual infantil e
Exploração sexual infantil
 Para entender a diferença entre abuso e exploração sexual, é importante considerar
que eles são duas manifestações de um conceito mais amplo que é a violência sexual.

 A principal diferença entre esses dois tipos de crimes é o interesse financeiro que
está por traz da exploração.

 Podemos dizer que a exploração e o abuso sexual fazem parte de um conjunto de


condutas exercidas (com ou sem consentimento da criança ou adolescente) por uma
pessoa maior de idade, que usa seu poder ou autoridade para obter favores ou vantagens
sexuais.
O que é Exploração sexual infantil?

 É o uso de crianças e adolescentes em atividades sexuais remuneradas (ou seja, em troca de dinheiro). Alguns
exemplos são a exploração no comércio do sexo, a pornografia infantil e a exibição em espetáculos sexuais públicos ou
privados.

 Nesse tipo de violação aos direitos infanto-juvenis, o menino ou menina explorado passa a ser tratado como um
objeto sexual ou mercadoria. Assim, ficam sujeitos a diferentes formas de violência, como o trabalho forçado.

 Em outras palavras, a exploração ocorre quando a criança ou adolescente vende seu corpo porque foi induzida a
essa prática, seja pela situação de pobreza absoluta, pelo abuso sexual familiar ou pelo estímulo ao consumo.

 Uma criança não tem poder de decisão para se prostituir, mas pode ter seu corpo explorado por terceiros, que obtêm
algum tipo de lucro com isso. Portanto, não existe “prostituição infantil”, e sim exploração sexual comercial de crianças e
adolescentes.
Com que idade mais são exploradas e em que
condições?
 Uma análise feita pelo Disque Denúncia Nacional de Combate ao
Abuso e à Exploração Sexual Contra Crianças e Adolescentes entre
fevereiro e setembro de 2005, fornece mais dados sobre o perfil das vítimas:
62% são do sexo feminino e 56,5% envolvem crianças de 0 a 6 anos.

 A exploração sexual infantil está associada à desigualdade social, falta


de escolaridade e violência intra-familiar, entre outros fatores.
Uma forma de sobrevivência?

 Dos 60 milhões de crianças e adolescentes do país, as que


vivem em situação de rua ou sem o cuidado integral de pais ou
responsáveis são mais vulneráveis à exploração sexual, que
pode significar uma possibilidade de ascensão, quando não a
única fonte de recurso para se alimentar.
E o psicológico como fica?
A psicóloga Ângela dos Santos, coordenadora do Centro de Atendimento à Família da Fundação
Criança de São Bernardo do Campo deixa claro que:

- “emocionalmente a vítima sofre um grande trauma que só será percebido depois. Resgatar a dignidade
das vítimas é uma tarefa difícil e demorada. Algumas meninas começam o processo psicoterapêutico de apoio,
mas não resistem. É um trabalho que demanda tempo, de idas e vindas, de recaídas. Devemos ter paciência para
esperar resultados efetivos. Além disso, parte das crianças resiste a ter uma vida diferente. A liberdade, a falta
de regras e limites são sedutores, principalmente ao adolescente em fase de descoberta e aventuras. Para um
adolescente que passa longos períodos em boates, o abrigo foge completamente à realidade que estava vivendo”
Artigo 127 do Estatuto da Criança e do Adolescente: “é dever
de todos, da família, da comunidade e do Estado colocar a criança a
salvo de qualquer tipo de constrangimento, de violência, de
discriminação, garantindo-lhes todos os direitos fundamentais
inerentes à pessoa humana”.

DISQUE 100
REFERENCIAS
 HABIGZANG, Luísa F. et al. Grupoterapia Cognitivo-Comportamental Para Meninas Vítimas de Abuso Sexual : Descrição de Um
Modo de Intervenção. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/pc/v18n2/a12v18n2> Acesso em: 20 mai. 2016.
 OMS. Organização Mundial de Saúde declara que violência contra as crianças pode e deve ser prevenida . Disponível em:
<http://www.unric.org/pt/actualidade/6912 > Acesso em : 20 mai. 2016.
 LIMA, Letícia S. et al. Terapia Cognitivo-Comportamental na Situação de Abuso Sexual. Disponível em:
<http://www.unifra.br/eventos/sepe2010/2010/Trabalhos/humanas/Completo/5521.pdf> Acesso em: 20 mai. 2016.
 REDEPSI. Terapia Cognitivo-Comportamental Pode Reduzir Danos Psicológicos em Crianças Vítimas de Estupro e Abuso Sexual.
Disponível em: <http://www.redepsi.com.br/2012/05/25/terapia-cognitiva-comportamental-pode-reduzir-danos-psicol-gicos-em-crian-
as-v-timas-de-estupro-e-abuso-sexual/> Acesso em: 20 mai. 2016.
 BECK, J. S. Terapia cognitiva: teoria e prática. Tradução de Sandra Costa. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
 ALMEIDA, A. C. E. P. Abuso sexual de crianças: crenças sociais e discurso da Psicologia. Braga: Universidade do Minho, 2003.
Dissertação (Mestrado em Psicologia da Justiça), Universidade do Minho, 2003.
 MULLER, R. T.; PADOIN, C. V.; LAWAFORD, J. Terapia Cognitivo-Comportamental focada no trauma para crianças e adolescentes:
um modelo de atendimento em saúde mental em Toronto. In: CORDIOLI, A. V. Psicoterapias: abordagens atuais. 3 ed. Porto Alegre:
Artmed, 2008
 SILVA, Rosangela. A Exploração Sexual Infantil: os números são assustadores e as sequelas, piores. Disponível em:
<http://www.crmpb.cfm.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=21899:a-exploracao-sexual-infantil-os-numeros-sao-
assustadores-e-as-sequeelas-piores&catid=46:artigos&Itemid=483> Acesso em: 20 mai. 2016.

Você também pode gostar