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Psicanálise:

Teoria e Técnica

Prof.ª. Fabíola Barbosa


Especialista e Mestre em Psicologia Clínica
Melanie Klein: as fases pré-genitais e
outras contribuições
Texto 10
Nasio, J.D. Introdução à obra de Melanie
Klein. In: Introdução às obras de
Freud, Ferenczi, Grodeck,
Klein,Winnicott, Dolto e Lacan. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar, 1995, pp. 133-175.
MELANIE KLEIN
• Escolas de Pensamento Pós
Freudiano: a psicologia do ego, o
kleinismo, escola de relações de
objeto, lacanismo.

• 2ª GERAÇÃO da Psicanálise:
Kleinismo;

• Criadora da Psicanálise com


crianças.
MELANIE KLEIN

“Minha prática com as crianças,


assim como com os adultos, e toda
a minha contribuição para a teoria
psicanalítica derivam da técnica do
brincar.”
• TÉCNICA DO BRINCAR: Na criança representa
simbolicamente suas fantasias e ansiedades
equivalendo às expressões verbais dos adultos, que
expressam o Inconsciente.

• Brincar = Substitui a Associação Livre (dos


adultos) – valor de metáfora – condensa uma série
de significações que são inibidas pela angústia.
Defende que não existe associação livre nas crianças.

• Função do analista: decodificar em palavras o que as


crianças expressam no brincar. Criando um espaço
simbólico a análise com crianças revela que
brincando elas conseguem dominar o medo e a
angústia, pois podem projetá-los no mundo exterior.
• Se diferencia de Anna Freud (educar as
crianças) e também da ludoterapia.

• Para Klein, as crianças ainda não têm na


fala, defesas suficientes para lidar com a
angústia, os sentimentos dolorosos e
traumáticos não podem ser verbalizados.
Daí, o brincar possibilitar acessar os
conteúdos primevos da experiência, que
não são articuláveis pela fala.
Os três aspectos da mãe na teoria
Kleiniana
1) O lugar da outra cena
• Inicialmente a mãe seria o lugar
imaginarizado (não são os pais da
realidade) no qual o sujeito encerra suas
fantasias e desejos inconscientes.
• É no corpo da mãe que se desenrola a
relação conflituosa edipiana.
• A imago do corpo materno seria a cena de
todos os processos e acontecimentos
sexuais. Representa o inconsciente, o lugar
que contém todas as coisas desejáveis.
Os três aspectos da mãe na teoria
Kleiniana
2) O objeto não castrado

 A mãe Kleiniana não é castrada, logo é


portadora do pênis.
 Ela é completa, contém todos os objetos
evocados pela fantasia do bebê
Os três aspectos da mãe na teoria
Kleiniana
3) O lugar do objeto perdido
 A mãe é portadora do seio (objeto mítico
que a criança deseja);
 O seio materno é o objeto perdido –
herança filogenética que o bebê busca
reencontrar.
 Trata-se de um objeto nostálgico, ímpar,
que completaria o sujeito. O seio, para
Klein, seria a marca de um gozo absoluto,
perdido para sempre e sempre procurado.
Metapsicologia Kleiniana
 O primeiro objeto de desejo é o seio;

 As experiências emocionais não são


constituídas apenas a partir das relações
objetais .Destaca-se o papel do mundo
interno da criança e a forma como ela lida
com os objetos internos.

 (O aparelho psíquico é inicialmente


Percepção, é algo intraduzível, só depois as
palavras assumem forma).
Metapsicologia Kleiniana
 Existem duas formas que o bebê
encontra para lidar com os objetos, e
elas serão básicas para o funcionamento
psíquico ao longo da vida:

1)Posição Esquizoparanóide – Mecanismo


de Dissociação

2) Posição Depressiva – Mecanismo de


Projeção
Metapsicologia Kleiniana
1) Posição Esquizoparanóide

 Bebê tem ego rudimentar (estrutura o


mundo interno, tal como, nos pesadelos ou
regressões psicóticas do adultos – caótico,
aterrorizante).
 Esse eu primitivo quando confrontado com
as experiências de vida e de morte, ou seja,
prazerosa e desprazerosa, se angustia e
cliva o objeto: objeto amado (seio bom);
objeto odiado (seio mal).
Metapsicologia Kleiniana
1) Posição Esquizoparanóide

 O bebê é regido pelo Princípio de Prazer e o


seio é uma metáfora para o que o gratifica e o
que o frustra.
 Seio mal vivido como ameaçador e provoca
sentimento de perseguição (querem me matar,
me destruir).
 Enquanto seio bom é fruto das experiências
gratificantes de amor e alimentação.
 Bebê identifica-se com seio bom e mantém fora
o seio mal.
Metapsicologia Kleiniana
1) Posição Esquizoparanóide

 A visão clivada é o que faz Klein denominar


esta posição de esquizoparóide, pois a
ansiedade é paranóica (persecutória), a
relação com os objetos é esquizóide
(dividida).
 Essa primeira clivagem é a defesa primordial
(divide seio bom e seio mal) – assim o bebê
expulsa experiências tidas como ruins, mas
ao mesmo tempo, incorpora as experiências
sentidas como boas.
Metapsicologia Kleiniana
1) Posição Depressiva
 A maturação do SNC, a tendência à síntese
característica do ego e o manejo bem sucedido
das experiências de ansiedade da posição
esquizoparanóide fazem como que lá, pelo sexto
mês de vida o bebê entre em um novo
funcionamento psíquico;
 Identificado com o objeto ideal (a mãe), o bebê
elabora seus impulsos, diminuindo medos
paranóides: começa a perceber que o objeto
amado e odiado não é mais dividido, mas é um
objeto total, que é bom e mal, presente e
ausente.
Metapsicologia Kleiniana
1) Posição Depressiva
 A mãe é reconhecida como objeto total, a
criança não se relaciona com ela de forma
parcial, mas como uma pessoa que pode ser
amada e odiada.
 Essa posição é o momento em que a
depressão será a condição para que o bebê
abandone o sadismo da fase anterior e o
trabalho de luto mobilize o desenvolvimento
do seu psiquismo, na medida em que, se
identifica com um objeto total e não mais,
partes separadas.
Metapsicologia Kleiniana
1) Posição Depressiva
 O bebê bem integrado elabora o seu luto e
sentimentos destrutivos, acreditando que seu
amor recupera os efeitos de sua
destrutividade. O conflito depressivo torna-se
uma luta entre o amor e o ódio dirigidos ao
objeto.
 O bebê organiza o mundo caótico dos objetos
parciais, elabora a perda do amor pelo luto,
fazendo com que suas dificuldades posteriores
não sejam de natureza psicótica, mas de
natureza neurótica.
Para a próxima aula:

Contribuições de Donald D. Winnicott: o jogo


do brincar e outras contribuições –
Introdução

Texto 11
Nasio, J.D. Introdução à obra de Winnicott.
In: Introdução às obras de Freud, Ferenczi,
Grodeck, Klein,Winnicott, Dolto e Lacan. Rio
de Janeiro: Jorge Zahar, 1995, pp. 177-201.

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