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Filosofia 11º ano

AS TEORIAS DO CONHECIMENTO
GNOSIOLOGIA

TEORIA DO
CONHECIMENTO

Estudo do conhecimento – estudo das relações entre o sujeito e o


objeto, procurando esclarecer e analisar criticamente os
problemas que essas relações suscitam.
ALGUMAS QUESTÕES
GNOSIOLÓGICAS

O que é o conhecimento?
Que tipos de conhecimento existem?
Quais as fontes do conhecimento?
Qual a origem do conhecimento?
Será que o conhecimento é possível?
Qual o fundamento do conhecimento?
Como se dá
O CONHECIMENTO

Um SUJEITO apreende um OBJETO

Aquele que Aquilo que é


conhece conhecido

INTERAÇÃO: o sujeito interage com a realidade, e é


desse processo que o conhecimento surge.
TIPOS DE CONHECIMENTO

SABER-FAZER SABER-QUE CONHECIMENTO


(conhecimento por (conhecimento POR CONTACTO
aptidão ou saber-como) proposicional)

Conhecimento Conhecimento de Conhecimento


prático ou proposições ou direto de alguma
conhecimento de pensamentos realidade.
atividades. verdadeiros.

Exemplo: saber Exemplo: saber Exemplo:


costurar que «5 + 5 = 10». conhecer Lisboa
O que é o O que é a
conhecimento? realidade?

REALIDADE

• O que é ou existe (o ser, o existente);


• O que se opõe ao aparente ou ilusório;
• O que não é potencial ou apenas possível, mas sim atual;
• O que se opõe ao nada, ao não-ser;
• O que existe independentemente do sujeito que o pensa ou conhece;
• O que nos é dado na experiência em geral;
• O que é (ou pode ser) esclarecido pelo conhecimento científico.
FONTES DE CONHECIMENTO
JUSTIFICAÇÃO DO
CONHECIMENTO

PENSAMENTO SENTIDOS
OU RAZÃO (EXPERIÊNCIA SENSÍVEL)

Juízos a priori Juízos a posteriori


Exemplo: Exemplo:
«5 + 5 = 10». «O Sol brilha».

Juízos cuja verdade pode ser conhecida Juízos cuja verdade só pode ser
independentemente de qualquer experiência, conhecida através da experiência
tendo origem no pensamento ou razão. sensível.

Não são estritamente universais (não são


São universais (são verdadeiros verdadeiros sempre e em toda a parte) e são
sempre e em toda a parte) e contingentes – são verdadeiros, mas
necessários (negá-los implicaria poderiam ser falsos, e negá-los não implica
entrar em contradição). entrar em contradição.
MODOS DE CONHECIMENTO

Conhecimento a priori Conhecimento a posteriori

Baseia-se em juízos a priori, tendo a sua fonte Baseia-se em juízos a posteriori, tendo a
ou origem apenas no pensamento ou na razão. sua origem na experiência. É o
É justificado pela razão e não pela experiência. conhecimento empírico, justificado pela
experiência.

Todos os corpos são extensos.


B=B A Ana tem cabelos castanhos

Todo o conhecimento começa com a experiência,


mas nem todo deriva da experiência , segundo Kant.
ORIGEM DO CONHECIMENTO

EMPIRISMO
RACIONALISMO (Empirismo inglês do século
(Racionalismo do século XVII) XVIII)

Filósofos: Filósofos:
René Descartes David Hume
(1596-1650)
(1711-1776)
RACIONALISMO

Desconfiança dos
A razão (entendimento) é a sentidos:
fonte principal do Eles são fonte de
Ideias inatas: conhecimento. crenças confusas e,
As ideias muitas vezes,
fundamentais já incertas.
nascem connosco.
A razão é fonte de um
conhecimento totalmente
independente da experiência
sensível – a priori, necessário
e universal. A matemática
constitui o modelo do Otimismo
Intuição e dedução: racionalista:
conhecimento.
As ideias Há uma
fundamentais correspondência
descobrem-se por entre pensamento e
intuição intelectual. O sujeito impõe-se ao realidade. Toda a
O conhecimento realidade pode ser
objeto através das noções
constrói-se de forma conhecida.
e princípios evidentes que
dedutiva. traz em si.
O RACIONALISMO
DE
RENÉ DECARTES
Vida e obra
1596 - 1650
René Descartes (nasceu a 31 de Março de 1596, La Haye en Touraine, França e
faleceu em 11 de Fevereiro de 1650, Estocolmo, Suécia).
Também conhecido como Cartesius, foi um filósofo, um físico e matemático francês.
• Foi contemporâneo de Galileu.
• O seu pai era juiz da Alta Corte de Justiça.
• Estudou no mais prestigioso colégio jesuíta de França e
na Universidade de Poitiers, a mesma onde estudou Francis
Bacon.
• Em 1618, entrou ao serviço de Maurício de Nassau durante
a Guerra dos Trinta Anos para conhecer o Mundo e a
verdade.

• Em 1619, ter tido uma “visão mística” que o inspirou a criar


um novo sistema matemático e científico, descrito em seu Discours
de la méthode Pour bien conduire sa raison, et chercher la vérité
dans les sciences (Discurso do Método).
• Publicou as suas obras na Holanda, enquanto Galileu era
processado pela Inquisição.
• Em 1633, os seus livros entraram para o Index Libroru
Prohibitorum, o índice dos Livros Proibidos da Igreja Católica.
• É considerado o pai da Filosofia Moderna.
RENÉ DESCARTES
(1596-1650)

Filósofo racionalista

Para Descartes, a razão é a fonte principal do conhecimento:


A razão é a fonte do conhecimento universal e necessário.

Procurou na razão os fundamentos do conhecimento.

Tentativa de superação dos argumentos dos céticos


radicais – impossibilidade de atingir o
conhecimento.
Objetivo de Descartes

Construir um sistema sólido e fundamentado assente em pincípios


indubitáveis que nos permitissem aceder a um conhecimento válido e
universal, contrariando, desta forma, a visão negativa do ceticismo que
negava essa possibilidade.
RENÉ DESCARTES
(1596-1650)

Mas como procurar a verdade?


- O primeiro passo na procura da verdade consiste em partir de
um ceticismo provisório para assegurar a inexistência de erros.

Descartes duvida:

Dos sentidos – porque já nos iludiram no passado;


Do conhecimento anterior – porque inúmeras vezes se mostrou
errado;
Do mundo físico – pois, tal como os sonhos, pode ser uma
ilusão.
RENÉ DESCARTES
(1596-1650)

Como usa a DÚVIDA?

Através da recusa todas as crenças em que se


note a mínima suspeita de incerteza.

Trata-se de um instrumento da luz natural ou razão,


posto ao serviço da verdade.

RAZÕES QUE JUSTIFICAM A DÚVIDA

Por causa dos Porque os Porque não Porque pode


Porque alguns
sentidos são existir um deus
preconceitos e muitas vezes dispomos de um
seres humanos se enganador, ou
dos juízos enganadores: critério que nos
convém fazer de enganaram nas um génio
precipitados que permita discernir
conta que nos maligno, que
formulámos na o sonho da demonstrações
enganam sempre. sempre nos
infância. vigília. matemáticas. engana.
RENÉ DESCARTES
(1596-1650)

CARACTERÍSTICAS
DA DÚVIDA
(Cartesiana)

É metódica e provisória Hiperbólica Universal e radical

É um meio para atingir Rejeita como se fosse falso Incide não só sobre o
a certeza e a verdade,
não constituindo um tudo aquilo em que se note conhecimento em
fim em si mesma. geral, como também
a mínima suspeita de
Duvidar tem por
sobre os seus
finalidade alcançar incerteza.
uma verdade que fundamentos e as suas
resista à dúvida –
raízes.
cogito.
DÚVIDA
(Cartesiana)

É EXERCÍCIO É UMA SUSPENSÃO


VOLUNTÁRIO DO JUÍZO

EFEITOS

Liberta o espírito dos erros que o podem perturbar


ao longo do processo na procura da verdade.

Abre caminho à possibilidade de reconstruir,


com fundamentos sólidos, o edifício do saber.
1ª Certeza: duvida, pensa.
- Pode duvidar de mais algum ponto?
Não!
Então, também não pode duvidar, de que
duvida.

- Que é então duvidar?


Duvidar é um pensar imperfeito, porque não
tem certezas.
A primeira verdade:
– O cogito.

Mesmo que duvide de tudo, há uma coisa de


Se duvido é
que não posso duvidar.

porque penso, e se penso


existo, ainda que seja apenas uma
substância pensante.
1.ª certeza:
-Penso, logo existo.
Mas:
-Para poder duvidar, tenho de pensar.
Então:
- Se existo, penso, ainda que só em
pensamento.
CARACTERÍSTICAS DO COGITO

É um princípio evidente e indubitável, uma certeza inabalável.

Obtém-se por intuição, de modo inteiramente racional e a priori.

Serve de modelo do conhecimento: fornece o critério de verdade.

É uma crença fundacional relativamente a todo o sistema do saber.

Apresenta a condição da dúvida e impõe uma exceção à sua universalidade.

Revela a natureza ou a essência do sujeito: o pensamento ou alma.

Refere-se a toda a atividade consciente, distinguindo-se do corpo.


A alma é conhecida antes do corpo e de tudo o resto, de forma bastante mais fácil.
REGRAS DO MÉTODO

Permitem guiar a razão (o bom senso),


orientando duas operações fundamentais:

Intuição Dedução

Ato de apreensão direta Encadeamento de


intuições, envolvendo
e imediata de noções um movimento do
simples, evidentes e pensamento, desde os
princípios evidentes até
indubitáveis.
às consequências
necessárias.
4 REGRAS DO MÉTODO
(Para atingir o conhecimento, segundo Descartes)
Têm origem exclusivamente racional e a priori.

Método inspirado na matemática.

Evidência Análise Síntese Enumeração / revisão

Não aceitar nada Começar pelo Fazer


Dividir cada uma
como verdadeiro mais simples e enumerações tão
se não se das dificuldades fácil de
apresentar à completas e
compreender e
consciência como em partes, para revisões tão
subir
claro e distinto, gerais, que
gradualmente
sem qualquer melhor as
margem para para o mais tivesse a certeza
dúvidas. resolver. complexo. de nada omitir.
CRITÉRIO DE VERDADE

CLAREZA DISTINÇÃO

EVIDÊNCIA

Separação de uma
Presença ideia relativamente
da a outras.
Às ideias não lhe
ideia
estão associados
ao elementos que não
espírito. lhe pertençam.

Mas após atingir a 1ª verdade, Descartes ainda não afastou a hipótese do Deus
enganador. Isto é:
- Descartes necessita de demonstrar a existência de um Deus que não nos engane.
Descartes encontra-se agora na posse de uma verdade
inabalável que lhe pode servir de modelo para o
conhecimento futuro.

No entanto, a ideia de um génio maligno que o engana


permanentemente impossibilita-o de sair do cogito.

Não nos esqueçamos que Descartes deseja criar um saber


universal: uma física, mecânica, moral, biologia, etc., e não
pode fazê-lo enquanto estiver encerrado no seu
pensamento.

Apesar de ser uma verdade evidente, o cogito, por


si só não lhe garante a existência de tudo o resto.
Assim:
- Se provar a existência de Deus.
- Se Deus existir, o génio maligno desaparece.
- Deus é sumamente bom, não engana o cogito.

Mas como provar a existência de Deus?


- Bom, como disse anteriormente, o cogito
possui em si a ideia inata de Deus. Esta é a
chave para as provas da existência de Deus.
Mas qual é a natureza de Deus?

- É uma substância pensante, tal como o cogito, mas ao


contrário deste, é infinitamente perfeita.

- É criador, perpetuador da ordem pela criação contínua;

- É doador de sentido (das ideias inatas) e fundamento da


existência do Universo.
2.ª certeza:
- Pensa!

- Se penso de modo imperfeito, então deve existir quem pensa


de modo perfeito (isto é, sem dúvidas, com certezas).

- De onde lhe veio esta ideia de perfeito, que tem dentro de si?
- De si mesmo? (= ateísmo) Não!

- De outro ser? Sim!


- Que ser Perfeito é esse? É DEUS!

ARGUMENTO DA CAUSALIDADE:
- Deus é a causa de ter dentro de si a ideia de Perfeito.
3.ª certeza:
- Logo, existe!

- Se DEUS é a causa de Descartes ter dentro de si a ideia de


Perfeito, então…

- DEUS tem dentro de si toda a existência, e por isso…

- DEUS concedeu a existência a Descartes e a todos os seres


imperfeitos (isto é, só um ser Perfeito pode dar existência aos
imperfeitos).

ARGUMENTO ONTOLÓGICO:
- Existencial.
IDEIA DE SER PERFEITO : noção de um ser
omnisciente, omnipotente e sumamente bom.

PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS

1.ª prova 2.ª prova 3.ª prova

Argumento Argumento da marca A causa da existência do


ontológico: impressa: ser pensante e
Na ideia de ser A causa que faz com imperfeito não é ele
perfeito estão que a ideia de ser próprio. Se assim não
compreendidas todas perfeito, que fosse, daria a si próprio
as perfeições; a representa uma as perfeições de que tem
existência é uma substância infinita, ideia. Além disso, como
dessas perfeições; não pode ser outro ser o sujeito finito não
logo, Deus existe senão Deus. possui o poder de se
necessariamente. É Deus que possui conservar no seu próprio
O facto de existir é todas as perfeições ser, o seu criador e
inerente à essência de representadas nessa conservador é Deus
Deus. ideia. (causa sui).
A segunda verdade:
– A existência de Deus.
Penso, mas não conheço tudo.
- Sou imperfeito (IDEIA INATA).

- Deus é perfeito.
- Temos, então, a ideia de um ser perfeito (Deus).

- Como só o que é perfeito (Deus) pode ser causa


dessa ideia, então…

- Descartes conclui que Deus existe.


DEUS:
É um ser perfeito e não é É infinito, a fonte do bem e
enganador. da verdade.

É a garantia da verdade É omnipotente, eterno e


objetiva, das ideias claras e omnisciente.
distintas.
Embora criador do
É o criador das verdades Universo, não é autor do
eternas, a origem do ser e mal nem responsável pelos
o fundamento da certeza. nossos erros.

Garante a adequação entre É o princípio do ser e do


o pensamento evidente e a conhecimento.
realidade.
Permite superar os
Legitima o valor da ciência argumentos dos céticos
e confere objetividade ao radicais e provar a
conhecimento. existência do mundo
exterior.
Três tipos de substâncias
e seus atributos essenciais

Substância Substância Substância


pensante extensa divina
(res cogitans) (res extensa) (res divina)

Pensamento Extensão Vários atributos,


(todos eles numa
perfeição infinita)

Alma Corpo Qualidades


objetivas

Qualidades subjetivas
Ser humano (não estão presentes nos
corpos)
Resumo de Descartes

Ideias inatas
– conhecimento claro e distinto -

Principais verdades:
- A existência do pensamento (alma), traduzida no cogito;
- A existência de Deus, ser perfeito, com os atributos respetivos;
- A existência de corpos extensos em comprimento, largura e altura.

O fundamento do conhecimento é o cogito,


(enquanto crença básica ou fundacional e primeira verdade, de outras ideias
claras e distintas da razão).

Todavia, este fundamento do conhecimento depende daquele que é o


princípio de toda a realidade: Deus.

CÍRCULO CARTESIANO:
(o facto de a ideia que temos de Deus ser clara e distinta, garante-nos que Deus existe;
Pois é Deus quem garante a verdade e a objetividade das ideias claras e distintas.
O EMPIRISMO
DE
DAVID HUME
Vida e obra
1711 - 1776

David Hume (nasceu em Edimburgo em 26 de abril de 1711 e faleceu na


mesma cidade a 25 de Agosto de 1776).
- Foi um filósofo, historiador e ensaísta escocês que se tornou célebre
pelo seu empirismo radical e ceticismo filosófico.
- É considerado um dos mais importantes pensadores do chamado
iluminismo escocês e da filosofia ocidental.
- Com apenas 11 anos entrou para Universidade de Edimburgo
onde estudou: latim, grego, matemática, física e filosofia.

- Em 1739 mudou-se para a França e publicou seu primeiro


livro: Tratado da Natureza.

- Em 1745, tentou ingressar como professor na Universidade de


Edimburgo, mas não foi aceite o que o decepcionou muito.

- Em 1748 reeditou o Tratado com o Título de Ensaios Filosóficos


sobre o entendimento humano.

- Publicou também uma obra sobre a história da Inglaterra o que foi


considerado por muitos uma obra profunda.

- Depois de ter vivido em França voltou a Inglaterra em 1766


acompanhado do filósofo Rousseau.
DAVID HUME
(1711-1776)

Filósofo empirista

Afirma que o conhecimento


deriva fundamentalmente da experiência.

Todas as crenças e ideias


têm uma base empírica, até as mais complexas.

É na experiência
que deve ser procurado o fundamento do conhecimento.
DAVID HUME
(1711-1776)

A teoria do conhecimento de David Hume posiciona-se contra


o racionalismo.
Começa por concordar com Descartes que o conhecimento
deve partir de uma dúvida, mas não só de todo o
conhecimento, como das faculdades que o produzem.

Descartes nunca pôs em causa a razão, enquanto faculdade


capaz de originar um método válido para conhecer. Já Hume
duvida da existência de um princípio a priori, o cogito
cartesiano, capaz de se constituir como verdade indubitável e
fundamento de todas as demais deduções
DAVID HUME
(1711-1776)

A origem do conhecimento:
- Todo o conhecimento, diz-nos Hume, tem origem na experiência.
- O sujeito relaciona-se com o objeto através dos sentidos.

- A mente que capta as percepções é uma tábua rasa, não possui formas inatas capazes
de tratar, de enformar, o conhecimento.

- Desta forma, o conhecimento proveniente da experiência entra na mente pela


sensibilidade e imprime-se nela.

-Ao conhecimento presente na mente, em contacto com o objecto da sensibilidade,


Hume chama impressão.

As impressões são as percepções da mente. Quando o objecto que origina as


impressões se afasta dos sentidos, estas tornam-se fracas, pouco intensas.

A estas impressões mais fracas presentes na mente, Hume chama ideias.


DAVID HUME
(1711-1776)

Origem do conhecimento

Através das perceções

Grau de Ideias
Impressões maior menor (pensamentos)
força e
vivacidade

São as perceções São as representações das


mais fortes, As ideias derivam das impressões, ou as suas
impressões, são cópias
como as imagens enfraquecidas. Ex.º:
delas.
sensações, emoções e a memória da cor de um
paixões. girassol
Ex.º: o cheiro de uma (As ideias da memória são
Não existem ideias
flor. mais fortes do que as da
inatas.
imaginação.)
DAVID HUME
(1711-1776)

Processos de conhecimento para David Hume:

-Todo o conhecimento provém da experiência por indução, no entanto, segundo Hume, é


possível conhecer por intuição e dedução.

- Estes dois últimos processos do entendimento aplicam-se aos objetos da mente e dão
origem às ciências formais (matemática, geometria, etc.).

- Por intuição, entende-se um conhecimento imediato; por dedução um conhecimento


discursivo, mediato, que vai de proposição em proposição, segundo regras, até a uma
conclusão.

- A indução é o processo mental pelo qual se extrai da observação de casos particulares


uma lei universal. Este método funda-se na causalidade. Ao observarmos continuamente
que a água mata a sede, concluímos que toda a água mata a sede.

- A indução aplica-se aos objectos exteriores ao ser humano e está na base das ciências
naturais.
DAVID HUME
(1711-1776)

Origem do conhecimento

Através das perceções

Grau de Ideias
Impressões maior menor (pensamentos)
força e
vivacidade

São as perceções São as representações das


mais vívidas e fortes, As ideias derivam das impressões, ou as suas
impressões, são cópias
como as imagens enfraquecidas. Ex.º:
delas.
sensações, emoções e a memória da cor de uma
paixões. flor.
Ex.º: a cor de uma flor. (As ideias da memória são
Não existem ideias
mais fortes e vívidas que as
inatas.
da imaginação.)
DAVID HUME
(1711-1776)

Tipos de conhecimento
Não estão
dependentes A sua
RELAÇÕES DE QUESTÕES DE
do confronto IDEIAS FACTO justificação
com a encontra-se na
experiência. Conhecimento experiência
Conheciment a posteriori
o a priori (traduzido em sensível.
São sempre
(traduzido em proposições
proposições contingentes).
verdadeiras, em necessárias)
Poderiam ter
quaisquer sido falsas.
Verdades Verdades
circunstâncias. necessárias. contingentes. Negá-las não
Ex.º: Ex.º:
São os «5+5 = 10.» «o Sol brilha.» implica
conhecimentos contradição.
da lógica e da
O conhecimento a priori nada nos diz de importante sobre o mundo.
matemática.
A distinção entre relações de ideias e questões de facto é, de certa maneira,
equivalente à distinção entre juízos analíticos e juízos sintéticos (a posteriori).
DAVID HUME
(1711-1776)

CAUSALIDADE E INDUÇÃO

Factos que esperamos que se


verifiquem no futuro…

…têm por base uma inferência causal.

Inferências de carácter indutivo


(a indução como previsão).

Ex.º:
Até hoje, o calor evaporou a água. Logo, isso irá igualmente
verificar-se amanhã.
DAVID HUME
(1711-1776)

Problemas de causalidade

RELAÇÃO DE CAUSA E EFEITO

É geralmente entendida como uma conexão necessária.

Mas não dispomos de qualquer


impressão relativa à ideia de conexão
necessária entre fenómenos.

A única coisa que percecionamos é que As certezas relativas


entre dois fenómenos se verifica uma aos factos futuros
conjunção constante. têm só um
fundamento
psicológico: o
Conhecimento O conhecimento acerca dos factos futuros hábito ou costume.
a posteriori e é apenas suposição ou probabilidade,
não a priori. assentando na expectativa.

O hábito é um guia imprescindível da vida prática,


mas não constitui um princípio racional.
DAVID HUME
(1711-1776)

Apenas se pode aceitar quando é


Inferência causal
estabelecida entre impressões.

Algo de que nunca tenhamos tido qualquer impressão.

MUNDO (REALIDADE
EU EXTERIOR)
DEUS

Não temos O que concebemos


A crença na
experiência ou como existente
identidade, na
impressão de uma também o podemos
unidade e na
realidade exterior e conceber como não
permanência do eu é
independente das existente.
apenas um produto da
nossas impressões. Por outro lado, Deus
imaginação, não
Só a coerência e a não é objeto de
sendo possível afirmar
constância de certas qualquer impressão.
que existe o eu como
perceções é que nos Os argumentos
substância distinta em
levam a acreditar tradicionais deixam de
relação às impressões
nessa realidade ter sentido.
e às ideias.
externa.
DAVID HUME
(1711-1776)

Empirismo de Hume

A crença na
Só conhecemos as Mitigado ou
existência de algo
perceções, moderado:
para lá dos
pelo que a Hume
fenómenos carece
realidade acaba reconhece as
de fundamento. A
por se reduzir limitações
capacidade
aos fenómenos. das nossas
cognitiva do
capacidades
entendimento
cognitivas e a
humano limita-se
nossa
ao âmbito do
propensão para
provável.
o erro.

Crenças básicas para um empirista:


crenças de que se está a ter estas ou aquelas experiências.

Baseiam-se nas
impressões dos sentidos.
DAVID HUME
(1711-1776)

A crítica da causalidade e da indução:

- A causalidade, a relação entre uma causa e um efeito não pode ser determinada por

dedução, a priori, mas por experiência.

- Se colocarmos um ser humano perante um objeto nunca visto, ele não será capaz

de descobrir os seus efeitos sem os experienciar. Por outro lado, não havendo

uma causalidade necessária, a indução dá- nos apenas

conhecimentos prováveis.
DAVID HUME
(1711-1776)
A crítica da causalidade e da indução:

O limite da indução está na impossibilidade de experienciar todos os casos possíveis de uma


relação causa-efeito.
Por outras palavras, não há nenhuma lei necessária que nos autorize a concluir o universal, a
partir da observação de alguns casos particulares.
Por exemplo, da experiência de que alguns mamíferos têm pêlo não podemos concluir
necessariamente que todos os mamíferos têm pêlo, apenas provavelmente. Se observarmos a
pegada de um equídeo num país não africano, podemos concluir que pertence a um cavalo,
mas não de uma forma absoluta, pois pode pertencer a uma zebra. Todo o conhecimento que
resulta da indução funda-se no hábito, na regularidade habitual das relações causa efeito, no
passado, e constitui-se como uma crença, não uma certeza.
DAVID HUME
(1711-1776)

Cepticismo moderado de Hume:


- Em conclusão, Hume defende que a única realidades cognoscível é que se dá à pela percepção.

- Não há qualquer razão para pensar numa entidade metafísica que confira unidade e
fundamento ao conhecimento humano.

- O conhecimento encontra-se limitado ao que as impressões nos fornecem, a princípios subjetivos


e a raciocínio indutivos que não nos garantem qualquer certeza.

- Uma vez que o processo de conhecer é indutivo, todo o conhecimento é uma mera
probalidade.
Análise comparativa das teorias de
Descartes e Hume

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