Missionários do Coração de

Jesus e Maria

Formação de

discíp
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IntroduçãoFormação de discípulos
Era de noite e noite fria. O sol se havia escondido cedo para não ser
testemunha da maior injustiça da história. A lua regava de estrelas o negrume
do firmamento. Enquanto isso Pedro se escondia nas sombras do anonimato,
esperando, temeroso, a sentença que no Palácio do Sumo Sacerdote haveria
de condenar seu Mestre.
Vencendo temores e arriscando a vida, havia penetrado no pátio do Sinédrio
que, sem arbítrio, havia determinado a conveniência da morte de um só
homem para o bem de todo o povo. Enrolado em sua túnica, se protegia,
mais do que do impiedoso frio da noite, de qualquer olhar que o delatasse.
Seu rosto se iluminava ocasionalmente pela chama caprichosa de uma
fogueira que refletia a angústia de sua alma.
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No exato momento em que o Sumo Sacerdote rasgava suas
vestiduras consagradas e declarava a Jesus de Nazaré réu de morte,
os criados e os guardas do Palácio descobriram Simão Pedro e o
acusaram do crime capital:

— Este também é discípulo de Jesus.

O que foi que delatou Pedro como discípulo de Jesus? Como se
notou no pescador de Cafarnaum que ele seguia o pregador da
Galileia? Por que não se pôde ocultar na sombra nem esconder sob o
manto a doação incondicional ao Mestre de Nazaré?
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Há certas características, óbvias e visíveis, que

identificam claramente um discípulo de Jesus.
Não se trata de símbolos superficiais, mas de uma
personalidade bem definida que o torna
inconfundível.
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Ao fazermos este ENSINO iluminados pela chama da Palavra de

Deus. Ela nos identificará como discípulos de Jesus ou como
simples simpatizantes do Mestre de Nazaré.
Revelar-nos-á a verdade do que significa ser um autêntico
discípulo; e diante desta realidade não teremos outra alternativa: dar
a meia-volta, como o jovem rico, ou deixar a rede cheia de
peixes, como os pescadores do Mar de Tiberíades.
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Quem não estiver disposto a Tomar uma destas duas

decisões, é preferível que pare aqui porque, para
permanecer na indiferença, é melhor não se deixar
questionar pela Verdade do Evangelho.
Enfim, prosseguir significa acender uma mecha que
já não se poderá apagar.
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Por outro lado, umFormação de nasce,
discípulo não discípulos
se faz. Nascemos para a
nova vida pela graça, mas para chegar a ser discípulo do Mestre de
Nazaré é preciso seguir uma metodologia.
São Marcos assegura que Jesus fez discípulos (MC 3, 14).
E quando ele os enviou, ordenou-lhes que fizessem outros
discípulos, para ficar claro que eles não surgem por geração
espontânea, ou por herança, mas, que é necessário todo um
processo de produção, que será delineado nesta formação.
Que o Espírito Santo nos vá configurando de acordo com o modelo de Jesus Cristo, para
que reproduzamos sua imagem neste mundo e estendamos sua missão até os confins da
Terra.
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1º Capítulo
O Plano de Jesus
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“Mantenhamos os olhos fixos em Jesus" (hb-12,2)

Nosso único modelo de ação pastoral é a pessoa e a vida de
Jesus Cristo. Não podemos melhorar nem seu projeto nem sua
ação. Ele elaborou um plano progressivo, com objetivos
concretos e uma metodologia definida, que devemos conhecer
para imediatamente poder reproduzir.
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O Plano de Jesus
Jesus é o Pastor dos pastores e o único Mestre que nos
ensina, tanto com suas palavras como com seu exemplo.
Todo pastor é pastoreado por Jesus. No caso de perder esta
primeira relação de dependência, perde-se autoridade com
respeito a todos os demais.
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1. Sua missão: Ser Jesus
Se com uma única frase quiséssemos resumir a missão de
Jesus Cristo, seria: "ser Jesus". O nome, para os orientais,
não é apenas a forma de chamar a pessoa, porém também
revela o mais profundo do seu ser, de sua missão e sua
vocação. Jesus, (Yeshúa) significa: “Iahweh salva". Jesus
é Jesus porque, nele e através dele, se possibilita a salvação
de cada homem e de todos os homens.
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Ele veio salvar o homem completo. Não só a alma,

mas também o corpo e o espírito, bem como as
estruturas sociais, políticas e econômicas. Interessa-
lhe o homem completo, não só o corpo e o alimento,
nem só a alma e a graça, mas a pessoa íntegra em
todas as relações.
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Sua missão é salvar os homens de qualquer tempo ou latitude. Ele
mesmo sintetizou sua missão em cinco pontos quando, da tribuna
da sinagoga de Nazaré, apresentou seu plano de trabalho:
O Espírito de Deus está sobre mim, porque me ungiu e enviou-me para:
- anunciar a Boa Nova aos pobres;
- proclamar a libertação aos cativos;
- dar vista aos cegos;
- pôr em liberdade os oprimidos;
- e proclamar o ano da graça do Senhor (LC, 4,1-19).
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2. Sua meta: Instaurar o Reino

Jesus tinha um objetivo bem concreto e definido: instaurar o Reino

de Deus neste mundo. Por isso o tema central da sua pregação era
revelar o mistério do Reino, as condições para entrar nele, e
sobretudo o estilo de vida dos que a ele pertencem. São Mateus
delineia muito claramente os diferentes componentes de como Jesus
inaugurou o Reino:
“Percorria a Galileia, proclamando a Boa Nova de Deus, ensinando nas
sinagogas o mistério do Reino e curando os enfermos” (Mt 4,23).
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Seu ministério compreendia quatro facetas:

a. PERCORRER;
b. PROCLAMAR;
c. ENSINAR ;
d. CURAR;
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a. Percorrer: Formação de discípulos

Jesus foi um pregador itinerante, que nunca se estabeleceu em um lugar fixo.

Ia por todos os lugares, mesmo os proibidos, como a Samaria. Inclusive
deslocou-se para além dos limites da Terra Santa: Tiro e Sidon. Pregava no mar,
nas aldeias, nas praças das cidades, nos templos e sinagogas, nas montanhas e
vales, na casa dos pecadores e na mesa dos fariseus. Enfim, em toda parte
escutava-se a voz do alegre mensageiro, que comunicava a Boa Nova do Reino
a todos os homens. Como bom pastor, tomou sempre a iniciativa. Por isso
disse:
“O Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido” (LC 19,10).
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b. Proclamar:

A primeira fase da pregação de Jesus era o anúncio da Boa

Notícia: o Reino de Deus chegou! São Marcos resume o
conteúdo deste Querigma:
“Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo:
fazei penitência e crede no Evangelho” (Mc 1,15).
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c. Ensinar:
Depois do anúncio da Boa Nova, vinha o processo de ensino.
Não se tratava tanto de um amontoado de verdades e teses
teóricas, mas de uma forma de viver e de relacionar-se uns com os
outros. Com o seu próprio exemplo, veio ensinar a viver àqueles
que haviam nascido de novo por crerem no Evangelho. Tratava-se
de uma nova doutrina exposta com autoridade
“Com efeito, ele a ensinava como quem tinha autoridade e não
como os seus escribas” (Mt 7,28 29).
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d. Curar:
Outro elemento do ministério de Jesus, era a cura de
enfermos, como sinal da chegada do Reino. Tudo isto, tendo
em vista instaurar a soberania total de Deus sobre o seu
povo, excluindo todo substituto e competidor do Senhorio de
Iahweh diante do seu povo. Por isso, São Pedro resume o
ministério de Jesus, dizendo:
“Andou fazendo o bem e curando todos os oprimidos do demônio,
porque Deus estava com ele” (At 10,38). 1 1
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3. Seu Método: Formar Discípulos-Mestres

Se Jesus tinha uma missão universal e estava limitado pelo
tempo e pelo espaço, como poderia abarcar toda a
humanidade e irromper as fronteiras geográficas? O que fez
de início foi rodear-se de discípulos, para desse modo
prolongar-se e multiplicar-se.
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Seu Método: Formar Discípulos-Mestres
A tarefa primordial de Jesus durante seus três anos
de ministério não foi atender às multidões que o
seguiam. Sua preocupação principal se concentrou
nos seus setenta e dois discípulos, até que doze deles
chegaram a ser mestres. A opção preferencial de Jesus
foi formar discípulos, capazes de gerar novos
discípulos.
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Seu Método: Formar Discípulos-Mestres

Aquele que em verdade aprende, não esconde a sua
riqueza, mas, por sua vez, ensina a outros. O verbo
"aprender" em hebreu (Lamad), quando se conjuga no
modo causativo (hifil), se traduz como "ensinar Quer
dizer, todo aquele que conseguiu aprender,
necessariamente deve ensinar
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Geralmente nosFormação
enganamosdepensando
discípulos
que Jesus andava
sempre rodeado de gente e que as multidões o arrastavam.
Não. Ainda que a Jesus interessasse todo o povo, sua
missão pastoral não se limitava alimentos e ensino aos
quatro ventos, mas a formar pastores que atendessem,
cuidassem e servissem às ovelhas. A prioridade de Jesus foi
terminar o processo pedagógico em doze dos seus
discípulos. Ele queria deixar terminado o modelo, para que
depois todos nós tivéssemos o ponto de referência que nos
guiasse em nosso trabalho pastoral.
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Seu Método: Formar Discípulos-Mestres
Ainda que a tarefa de colher a messe já madura nos
campos fosse estimulante, ele não tinha pressa. Ao
Mestre não interessava a produção em série, nem a
grande quantidade de apóstolos, mas sim a
qualidade. Proporcionalmente, formou apenas
quatro em um ano — um apóstolo cada três meses.
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Por eles eu me consagro (Jo 17,19) confessou na última ceia.
Jesus se consagrou de corpo e alma a cunhar os doze, que sendo
como ele, pudessem continuar no tempo e propagar no espaço
sua obra salvífica. Porque a tarefa de colher a messe já madura
nos campos era premente, soube então, investir e capitalizar o
pouco tempo que dispunha. Não lhe interessava a produção em
série, nem a grande quantidade de seguidores, mas a qualidade.
Proporcionalmente, modelou somente quatro em um ano. Um
discípulo a cada três meses!
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Seu Método: Formar Discípulos-Mestres

Jesus não só formou discípulos como também os
capacitou para que chegassem a ser mestres
formadores de outros discípulos, os quais chegaram,
por seu turno, a serem também mestres. Por isso a
comunidade primitiva se congregava em torno do
ensinamento dos Apóstolos (At 2,42).
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Seu Método: Formar Discípulos-Mestres
Jesus, ao contrário de João Batista, que somente tinha
discípulos, transformou os seus em mestres, aptos, por sua
vez, a formar discípulos. Assim pois, a opção preferencial
do trabalho pastoral de Jesus, foi a formação de discípulos.
Portanto, qualquer colaboração em instaurar e expandir o
Reino deve ter por base a formação de autênticos discípulos
de Jesus.
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Seu Método: Formar Discípulos-Mestres

A grande missão confiada por Jesus aos seus, foi:
Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem
discípulos (Mt 28, 19a). Evangelizar se reduz à
comunicação de uma mensagem, ou a anunciar a Boa
Nova, mas é uma tarefa de escultor: formar discípulos
de Jesus.
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2º Capítulo
O Mestre e o Discípulo