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Pacientes cardiopatas: sopro cardíaco,

arritmia cardíaca e angina pectoris

Andressa Pereira; Fernanda Barros; Gabriel Batista


Sopro cardíaco
• Sopro cardíaco é o nome que damos ao som que o
sangue faz ao passar por uma válvula cardíaca com
alguma alteração estrutural. Porém, nem todo paciente
com sopro no coração tem obrigatoriamente uma
doença cardíaca.
Sopro cardíaco
• O sopro cardíaco é um som que pode ser escutado
quando há interferência no fluxo de sangue que passa
por essas válvulas. O sopro, portanto, surge geralmente
por problemas nas válvulas cardíacas. Entretanto, em
crianças e em pessoas jovens saudáveis ele pode ser
um achado inocente, sem nenhum significado clínico.
• O sopro costuma ser identificado durante o exame
físico médico, através da ausculta cardíaca com o
estetoscópio.
Existem 2 defeitos básicos:
• Estenose valvar = Quando a válvula se torna endurecida e não
consegue mais se abrir completamente, o sangue acaba tendo
dificuldade de passar de uma câmara para outra. Esse
turbilhonamento produz o sopro. Se a válvula estenosada é a
aórtica, chamamos de sopro por estenose aórtica. Se o defeito
for na válvula tricúspide, sopro por estenose tricúspide, e assim
por diante.
• Regurgitação ou insuficiência valvar: Quando a válvula não se
fecha completamente, ela acaba permitindo refluxo do sangue
na direção contrária. Esse tipo de fluxo retrógrado também
produz turbilhonamento e, consequentemente, um sopro. Por
isso, temos o sopro de insuficiência mitral, insuficiência aórtica,
etc.
Ausculta
• Enquanto a válvula normal produz um som do tipo
“tum-tum”, as válvulas doentes e com sopro fazem algo
tipo “tuuuush-tum” ou “tum-tuuuush”.
• – Os sopros sistólicos são causados por estenoses das
válvulas aórtica ou pulmonar, ou por insuficiência das
válvulas mitral ou tricúspide.
• – Os sopros diastólicos ocorrem por estenoses das
válvulas mitral ou tricúspide, ou por insuficiência das
válvulas aórtica ou pulmonar.
– Sopro grau I – sopro muito discreto, inaudível para quem não
tem ouvidos treinados.
– Sopro grau II – sopro médio, facilmente audível pelo
estetoscópio.
– Sopro grau III – sopro alto.
– Sopro grau IV – sopro muito alto que pode ser sentido com
mão ao se tocar no peito do paciente.
– Sopro grau V – sopro muito alto que pode ser escutado
mesmo sem encostar o estetoscópio no peito do paciente.
– Sopro grau VI – sopro tão alto que poder ser escutado mesmo
sem estetoscópio.
Sopro cardíaco temporário, sem relação com doença das válvulas

– Febre
– Anemia
– Hipertireoidismo
– Exercício físico.
– Gravidez.
As principais causas de sopro cardíaco adquirido são

• – Prolapso da válvula mitral


– Febre reumática
– Endocardite infecciosa
– Calcificação da válvula pela idade
Tratamento
• Nas situações mais graves, com importante lesão
valvar, pode ser indicada a cirurgia para troca da
válvula nativa defeituosa por uma válvula artificial.
• Pode ser tratada com diuréticos como Furosemida
(Lasix®)
• E betabloqueadores como o propranolol
Medicamentos
• Evitar Diclofenacos, Piroxicans e Corticoides, pois
geram retenção hídrica e podem aumentar a pressão
arterial do paciente
• Em analgésicos é bom manter o mesmo cuidado com a
pressão arterial, receitar AAS e paracetamol
Arritmia cardíaca
• Arritmia cardíaca, também chamada
de disritmia ou ritmo cardíaco irregular, é uma
alteração que ocorre no ritmo normal do coração,
provocando frequências cardíacas muito rápidas, muito
lentas ou irregulares.
Arritmia cardíaca
• Várias são as causas que levam a alterações no ritmo
dos batimentos cardíacos, como infartos, lesões nas
válvulas, doenças das artérias coronárias, doenças do
músculo cardíaco, doenças infecciosas (doença de
chagas), alterações nas concentrações de eletrólitos
(sódio, potássio e cálcio) no corpo, pós-cirurgia cardíaca
ou congênita (defeito presente desde o nascimento).
Anestesia
• É importante considerar a possibilidade de aumento da
pressão arterial e a interação da adrenalina com o
propranolol, por este motivo é indicado a prilocaína 3%
com felipressina.
Arritmia cardíaca
Arritmia cardíaca
Arritmia cardíaca
Intervenção medicamentosa
• Atropina 0,5 mg (máximo 3 mg)
• Dopamina 2 a 10 µg /Kg/ min
Arritmia cardíaca
• As arritmias podem ser exacerbadas pelo estresse e
pela ansiedade que ocorrem durante o atendimento
odontológico. Sempre que possível, os procedimentos
demorados devem ser distribuídos em várias consultas
de curta duração, e técnicas auxiliares de sedação
devem ser consideradas. A avaliação odontológica deve
incluir uma história detalhada e um cuidadoso controle
da freqüência e do ritmo do pulso do paciente.
Anestesia local
• A felipressina, substância geralmente associada à
prilocaína, não age em receptores adrenérgicos, mas
diretamente sobre a musculatura vascular lisa. Por não
desencadear alterações significativas na frequência
cardíaca, é uma boa opção para uso em cardiopatas.

Não deve ultrapassar a quantidade de 2


tubetes de 1,8 mg
Arritmia cardíaca
• O uso de anestésico com vasoconstritor adrenérgico
(lidocaína 2% com epinefrina 1:100.000), dependendo
da dose pode provocar arritmias, o que contra indica
seu uso em pacientes com arritmias refratárias.
• – Antiarrítmicos da classe I -A classe I consiste nos farmacos
que bloqueiam os canais de sódio (Na+) nas membranas dos
miócitos (células musculares cardíacas).
– Antiarrítmicos da classe II –É constituida por antagonistas
adrenérgicos beta que atuam nos receptores cardíacos do
sistema simpático, reduzindo a atividade cardíaca.
– Antiarrítmicos da classe III –São fármacos que bloqueiam os
canais de potássio (K+) membranares dos miócitos,
prolongando o potencial de ação e portanto a contração dos
miócitos condutores.
– Antiarrítmicos da classe IV– Bloqueiam os canais de cálcio
(Ca2+) das membranas dos miócitos.
Principais fármacos
• Quinidina
1. Varfarina: efeito potenciador
2. Fluconazol: contraindicado, inibe o metabolismo da quinidina
3. Eritromicina: usar com precaução

• Propranolol
1. Agentes antidiabéticos ou insulina podem aumentar o risco de hipoglicemia ou
hiperglicemia.
2. Analgésicos antiinflamatórios não esteróides, especialmente indometacina, podem
reduzir seus efeitos anti-hipertensivos
Protocolo de atendimento
• Faça contato com o cardiologista, solicitando
informações sobre o tipo e a severidade da arritmia,
bem como sobre as condições atuais do paciente.
• No caso de paciente com fibrilação atrial, investigue se
ele está fazendo uso de anticoagulantes. Em caso
positivo, avalie se a RNI atual é compatível com a
intervenção odontológica.
Protocolo de atendimento
• Para pacientes portadores de marca-passo cardíaco,
determine o tipo de dispositivo e a necessidade de se
evitar o uso de certos equipamentos que podem,
potencialmente, interferir com o funcionamento dos
mesmos.
• As sessões de atendimento devem ser agendadas
preferencialmente no período da manhã, sendo de
curta duração.
Protocolo de atendimento
• Tal cuidado é especialmente frequente com pacientes
que apresentam arritmias ou quando são portadores
de marca-passos (MP) e cardioversores-desfibriladores
implantáveis (CDI).
• Provocaram interferência apenas o eletrocauterizador,
as curetas ultrassônicas e o banho ultrassônico, em
distâncias curtas. Os demais (amalgamador, testador
pulpar, fotopolimerizador, micromotores, escova
elétrica, microondas, cadeira e refletor odontológicos,
e raio-x) mostraram-se inofensivos.
Protocolo de atendimento
• Reduza a ansiedade o quanto possível. Considere a
sedação mínima por via oral com benzodiazepí- nicos
ou pela inalação da mistura de óxido nitroso e oxigênio.
• Anestesia local perfeita, tomando o cuidado de injetar
lentamente, após aspiração negativa
Protocolo de atendimento
• Monitore o pulso, a FC e a PA em intervalos regulares
durante a consulta.
• Se o paciente apresentar aumento da FC, mas com
ritmo regular, provavelmente a taquicardia será
benigna. Nesse caso, mantenha-o em repouso e sob
observação, pois muitas vezes o episódio é passageiro,
como resultado da injeção intravascular acidental de
um pequeno volume de solução anestésica contendo
epinefrina. Caso a taquicardia perdure por mais do que
2-3 min, institua algumas manobras de estimulação do
tônus vagal.
Protocolo de atendimento
Endocardite bacteriana
Profilaxia antibiótica
• Pacientes com moderado a severo comprometimento
cardiovascular podem necessitar de profilaxia
antibiótica para alguns tipos de tratamento dentário, a
fim de reduzir o risco de endocardite infecciosa.
• Profilaxia padrão: amoxicilina - adulto 2g
- criança 50mg/kg
1 h antes do procedimento
Profilaxia antibiótica
• Alérgicos a penicilina: cefalexina - adulto 2g
- criança 50mg/kg
1 h antes do procedimento
Profilaxia antibiótica
• Incapazes de tomar via oral: Clindamicina - adulto 600mg
- criança
50mg/kg
IV
30m antes do procedimento
Angina pectoris (angina de peito)
• Ela não é uma doença, mas sim um conjunto de
sintomas que ocorre por conta do baixo suprimento de
sangue.
Angina pectoris (angina de peito)
• A angina representa uma variedade da cardiopatia
isquêmica sintomática. Na maioria dos casos, a
cardiopatia aterosclerótica ou a obstrução
aterosclerótica de uma ou várias artérias é o fator
causal da angina, ou seja, da dor no peito.
Aterosclerose, é uma condição em que ocorre o acúmulo de
placas de gordura, colesterol e outras substâncias nas paredes
das artérias, o que restringe o fluxo sanguíneo e pode levar a
graves complicações de saúde.

ARTÉRIA CORONÁRIA
Angina pectoris (angina de peito)
• A angina muitas vezes é desencadeada pelo estresse
emocional ou pelo exercício físico, sendo aliviada pelo
repouso.
• O paciente com angina aguda demonstra sinais de
ansiedade; é incapaz de indicar exatamente o local da
dor, mas com freqüência fecha o punho sobre o
esterno numa tentativa de descrevê-la.
Angina pectoris
• Há três classificações para a Angina: a estável, a instável
e a variante.

É muito importante ir a uma consulta com o seu médico, pois por mais
que possa parecer que não é nada, a Angina pode estar “dando um
aviso” de que uma parada cardíaca ou um AVC está ocorrendo.
Angina pectoris estável
• A angina estável acontece quando a dor acontece
devido a um gatilho, como a prática de exercício, e
normalmente melhora com o uso de medicamentos e
descanso.
Angina pectoris instável
• A angina instável, por sua vez, ataca de forma
repentina e a dor aparece sem uma causa óbvia.
Geralmente a dor continua mesmo quando a pessoa
encontra-se em repouso e é causada por conta de
depósitos de gordura nas artérias ou até mesmo por
coágulos sanguíneos que as bloqueiam.
Angina pectoris variante
• Também chamada de Angina de Prinzmetal, a angina
variante é causada por um espasmo de uma das
artérias, pelo fato dela ter se estreitado de forma
temporária. Esse tipo de angina também pode
acontecer até mesmo quando você está deitado e, na
maioria das vezes, é muito grave.
Os sintomas de angina
• Dor nos braços, pescoço, mandíbula, ombro ou costas;
• Náusea;
• Fadiga;
• Falta de ar;
• Sudorese;
• Tontura.
Tratamento
• Em alguns casos, é necessário recorrer a
procedimentos cirúrgicos, como a implantação de
pontes em artérias coronárias ou a angioplastia
(introdução de um balão inflado nas artérias coronárias
estreitadas a fim de expandi-las).
Analgésicos
• AAS – primeira opção
• Paracetamol – segunda escolha
Anti-inflamatórios
• Benzidamina (Benflogin, Benzitrat, Eridamin 50 mg).
50 mg de 6/6 horas. - primeira escolha

• Ácido Mefenâmico (Ponstan 500). - segunda escolha

Obs.: evitar Diclofenacos, Piroxicans e Corticoides, pois


geram retenção hídrica e podem aumentar a pressão
arterial do paciente
Anestesia local
• Prilocaína 3% com felipressina
Conduta durante o tratamento
• Se caso tiver um emergência no consultório durante o
atendimento, o CD deve estar preparado para lidar com
a situação, as principais formas de tranquilizar o estado
do paciente são:
• Trinitrina com administração sublingual
• Manobra vagal
• A sedação consciente por óxido nitroso ou por
benzodiazepínicos pode ser empregada nesses
pacientes, para que durante o atendimento o paciente
esteja tranquilo diminuindo os riscos do pacientes
apresentar um angina de peito.
Conduta durante o tratamento
• Planejar seções curtas de 30 a 40 minutos
• Monitorize a PA durante o procedimento
REFERÊNCIAS
• ANDRADE, E. D. de. Cuidados Com o Uso de Medicamentos em
Diabéticos, Hipertensos e Cardiopatas. In: CONCLAVE
ODONTOLÓGICO INTERNACIONAL, 15, 2003, Campinas. Anais…
Campinas, SP: ACDC, 2003. p. 1678- 1899.
• GARCIA, G. Uso de anestésico local contendo adrenalina ou
noradrenalina em cardiopatas e hipertensos. Odontol. Mod., v.
14, n. 6, p. 17-23, jul. 1987.
• ANDRADE, E. D. Terapêutica medicamentosa em
odontologia. 3ª edição. Ed. Artes médicas.

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