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ENSAIO DE FLUÊNCIA (CREEP TEST)

E MECÂNICA DA FRATURA

MísseisTomahawk

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Prof.: M.Sc. Antonio Fernando de Carvalho Mota
ENSAIO DE FLUÊNCIA (CREEP TEST)
• a) DEFINIÇÃO: Fluência é a deformação plástica que
ocorre com o tempo sob tenção constante, quando a
temperatura aplicada for superior a metade da
temperatura de fusão do material (T aplic > ½ Tf).
• b) APLICAÇÕES: Refinarias de petróleo, caldeiras,
aeronaves de altas velocidades, mísseis, turbinas à
vapor, turbinas à gás e usinas nucleares.

velocidade do som
Refinária Abreu e lima MísseisTomahawk (340 m/s 1220 km/h ISA)
Aspecto da ruptura por fluência
ENSAIO DE FLUÊNCIA (CREEP)

Quando um metal é solicitado por uma


carga, imediatamente sofre uma deformação
elástica. Com a aplicação de uma carga
constante, a deformação plástica progride
lentamente com o tempo (fluência) até haver
um estrangulamento e ruptura do material.
Velocidade de fluência (relação entre
deformação plástica e tempo) aumenta com
a temperatura.
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ENSAIO DE FLUÊNCIA
c) Técnica do ensaio
Máquinas de Ensaio de Fluência

Testadores de fluência e ruptura por tensão modelo M3


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ENSAIO DE FLUÊNCIA
 É executado pela aplicação de uma
carga uniaxial constante a um
corpo de prova de mesma
geometria dos utilizados no ensaio
de tração, a uma temperatura
elevada e constante
 O tempo de aplicação de carga é
estabelecido em função da vida útil
esperada do componente
 Mede-se as deformações ocorridas
em função do tempo ( x t)

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ENSAIO DE FLUÊNCIA
d) Resultado:
PRIMEIRO SEGUNDO TERCEIRO
ESTÁGIO ESTÁGIO ESTÁGIO
 (%)

° ° °
DIMINUE POUCO VARIA AUMENTA
DEFORMAÇÃO

° = tg.

DEFORMAÇÃO INICIAL

LOG. TEMPO (h)


CREEP TEST

Exercício: Explique o ensaio de fluência


e relacione com uma aplicação prática

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FLUÊNCIA (CREEP)
FATORES QUE AFETAM A FLUÊNCIA:
• Temperatura
• Módulo de elasticidade
• Tamanho de grão
Em geral:
Quanto maior o ponto de fusão, maior o módulo
de elasticidade e maior é a resistência à fluência.
Quanto maior o tamanho de grão, maior é a
resistência à fluência.

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ENSAIO DE FLUÊNCIA

Deformação Taxa de
por fluência deformação
CURVAS DE FLUÊNCIA
FLUÊNCIA E RELAXAÇÃO
Quando os materiais são submetidos a carregamentos constantes por
longos períodos de tempo, apresentam, além da deformação elástica
instantânea uma parcela de deformação plástica variável com o tempo e
uma parcela de deformação denominada anelástica, ou seja,
uma deformação reversível não instantânea.
Este processo no qual a tensão (σ) aplicada à peça é constante e a
deformação crescente com o tempo, é denominado fluência.
Se a peça for submetida a uma deformação constante, a fluência
manifesta-se na forma de alívio de tensão ao longo do tempo, conhecido
por relaxação.

 = cte
 = cte

Exemplos de deformação (direita) por fluência e relaxação da tensão


(esquerda) por fluência 13
EXERCÍCIO - SOLUÇÃO
1. Um corpo de provas com 750 mm de comprimento de um aço liga
baixo carbono-Ni é submetido a uma tensão de tração de 40 MPa,
sob uma temperatura de 538ºC.
Determine o crescimento do comprimento depois de 5.000 horas.
Considere que os aumentos do comprimento instantâneo e primário
seja igual à 1,5 mm.

Do gráfico  /t = 10-5,7h-1


 = 10-5,7t
 = 10-5,7 x 5000
Lf = 750mm + 1,5mm + (10-5,7 x 5000) mm
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/t = 10-5,7h-1
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EQUAÇÃO CONSTITUTIVA NORTON POWER LAW

A lei constitutiva Norton Power Law é uma equação


muito simples e, por isto, muito utilizada. Essa formulação
possui apenas duas constantes a serem determinadas,
como pode ser visto na equação abaixo (Norton, 1929).

d/dt = an
Onde:
d/dt = taxa de deformação por fluência.
 = tensão de Von Mise.
a e n = constantes relativas ao material.
ENSAIO DE FLUÊNCIA (CREEP)
ENSAIO DE FLUÊNCIA
f) PREVISÃO DAS PROPRIEDADES PARA
TEMPOS LONGOS:

Frequentemente necessita-se de dados de


resistência a altas temperaturas para condições nas
quais não existe informação experimental, onde
muitas vezes é necessário conhecer a tensão
necessária para produzir 1 por cento de deformação
em 100.000h (12 anos), embora a liga tenha apenas
2 anos de existência.
ENSAIO DE FLUÊNCIA
Obviamente, em tais situações torna-se
necessário uma extrapolação dos dados
existentes para tempos mais longos.
Uma extrapolação segura das curvas de
fluência para tempos mais longos só pode ser feita
quando se tem certeza que não ocorrerão
mudanças estruturais na região da extrapolação
que resultem na variação da inclinação da curva.
Um dos métodos de extrapolação mais utilizado
é o de Larsen e Miller.
Influência da temperatura no ensaio de Fluência
ENSAIO DE FLUÊNCIA
ENSAIO DE FLUÊNCIA
Desenho esquemático dos tipos de fratura:
(a) Dúctil com microvazios;
(b) Transgranular por clivagem;
(c) Intergranular.

(a) Ductile fracture (b) Cleavage (c) Intergranular fracture

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Mudança de comportamento no gráfico
Tensão x Tempo de Ruptura

A fratura passa
através do grão

A fratura se dá no
contorno de grão
DEVER DE CASA

• Por quê um
tamanho de grão
grande favorece
uma maior
resistência à
fluência?

• O que significa
temperatura
equicoesiva (TEC)?

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FUNDAMENTOS DA
MECÂNICA DA FRATURA

©Prof. Enio Pontes de Deus


Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais UFC
O Processo de Falha
Sob o ponto de vista microscópico, a
falha de uma estrutura se dá de acordo
com a seguinte sequência:
• acúmulo de danos
• iniciação de uma ou mais trincas
• propagação de trinca
• fratura do material

A Mecânica da Fratura consiste numa parte da


Engenharia, que tem como objetivo promover respostas
quantitativas para problemas específicos relacionados
com a presença de trincas nas estruturas...
Mecânica da Fratura
X
Aproximações Convencionais

1. Aproximação Convencional
•Tensão de Escoamento
TENSÃO
•Tensão de Ruptura

Não há consideração de defeito no material


2. Mecânica da Fratura
TENSÃO Tenacidade à
Tamanho do Defeito
Fratura
O defeito é considerado
E.P. de Deus
UFC
Introdução
Características Gerais da Mecânica da Fratura
Falha numa Estrutura
Considera-se que uma estrutura ou uma parte dela FALHA
quando acontece uma das condições:
 Quando fica totalmente inutilizada,
 Quando ela ainda pode ser utilizada, mas não é
capaz de desempenhar a função satisfatoriamente,
 Quando uma deterioração séria a torna insegura
para continuar a ser utilizada
PORQUE UMA ESTRUTURA FALHA...

Negligência durante o projeto, a construção ou a


operação da estrutura;
aplicação de um novo projeto, ou de um novo
material, que vem a produzir um inesperado ( e
indesejável) resultado.
O PROCESSO DE FALHA
Sob o ponto de vista microscópico, a falha se dá de
acordo com a seguinte seqüência:
acúmulo de danos iniciação da(s) trinca(s)

propagação de trinca Fratura do Material


A MECÂNICA DA FRATURA
A Mecânica da Fratura é a área do conhecimento
responsável pelo estudo dos efeitos decorrentes da
existência de defeitos e trincas em materiais utilizados na
fabricação de componentes e estruturas...
Conhecimentos: Ciência dos Materiais, Resistência dos
Materiais, Análise Estrutural, Metalurgia, ...
FRATURA PROCESSO DE PLASTICIDADE TESTES APLICAÇÕES
FRATURA

Ciência dos Materiais Engenharia


Mecânica Aplicada
Mecânica da Fratura
TRIÂNGULO DA MECÂNICA DA
FRATURA
Propriedades do Material
KIC , JIC

Mecânica da
Fratura

Tensões  Comprimento da Trinca “a”


Pouso Bem Sucedido de um 737 que Perdeu o Teto
Durante o Vôo, Devido à uma Falha por Fadiga (após
mais de 32 mil decolagens)
DC-9 Fraturado Durante um Pouso “Normal” (notar
que os pneus não estão furados nem os trens de
pouso estão quebrados, logo a falha não pode ser
debitada à barbeiragem do piloto)
Navio Quebrado em Dois no Porto (em 1972)
Vaso de Pressão Fraturado Durante o Teste Hidrostático
E.P. de Deus

Ponte sobre o Rio Ohio, em Point Pleasant, W.Virginia, USA


(similar à ponte Hercílio Luz em Florianópolis, SC)
E.P. de Deus

Restos da Ponte Após a Falha (com 46 mortes) Causada por uma


Pequena Trinca que Levou ~50 anos para Ficar Instável
VASOS de PRESSÃO

Definição • Reservatórios estanques, de qualquer


tipo, dimensões ou finalidade destinados ao
armazenamento e processamento de líquidos e
gases sob pressão ou sujeitos a vácuo total ou
parcial. • Panela de pressão, compressor de oficina,
reator nuclear etc.

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Códigos e Normas de Projeto
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Um vaso de pressão inadequadamente projetado
para suportar uma elevada pressão ou
temperatura representa um risco muito grande à
segurança material e humana.
Necessidade de conjunto de
orientações, padrões,
requisitos etc…

CÓDIGOS E NORMAS
DE PROJETO
Diversas classificações dos processos de fratura (Fortes, 2003)

Segundo Tokimatsu (1995), a tendência em classificar as fraturas


segundo a base dual dúctil- frágil tende a ser confusa. Apenas em
alguns casos os dois tipos de falha são perfeitamente discerníveis, na
maioria das vezes não há uma distinção perfeita entre fraturas frágeis
e dúcteis (Tokimatsu, 1995).
Os metais podem fraturar por clivagem – mecanismo basicamente
frágil, -após uma deformação plástica relativamente grande. Da
mesma forma, é também possível ocorrer uma deformação
macroscópica desprezível em um metal que fratura por um
micromecanismo dúctil – por microcavidades.
Vasos de Pressão - Acidente
Incentivados por diversas ocorrências de
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falhas em caldeiras.

1905 Explosão de caldeira em uma fábrica


de sapatos. Motivou a criação da
primeira norma regulatória.
The Brockton,
Em 1911 foi criado o comitê de caldeiras Massachusetts shoe factory
do ASME. (58 mortos e 117 feridos)

Em 1924 foi publicada a seção VIII do


ASME referente a vasos de pressão não
sujeitos à chama

Shoe factory after explosion of Merch 20, 1905


Which led to the adoption of many state
boiler codes and the ASME Boiler and Pressure Vesse Code
(Hartford Steam Boiler Inspection & Insurance Company)
Vasos de Pressão - Acidente
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Vasos de Pressão - Acidente
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ASME ⇒ American Society of Mechanical Engineer

O que é ASME? Sociedade sem fins lucrativos, fundada em 1880,


que escreveu o código de projeto de vasos de pressão mais
utilizado na indústria.

QUAL A DIFERENÇA ENTRE NORMA E CÓDIGO?

Norma ( Standard ) ⇒ Conjunto de regras e padronizações


Aplicação voluntária, exceto quando contratual.

Código ( Code ) ⇒ É um standard que seu uso é obrigatório por lei.


FRATOMECÂNICA
(ANALISE DE FRATURAS/ MECÂNICA DA FRATURA)
48
Análise de falhas
49
ANÁLISE DE FALHAS
50
Comparação com a tradicional Resistência dos Materiais

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MECÂNICA DA FRATURA

(a) (b)
a) Condição de tensão plana;
b) Condição de deformação plana.

Obs.: Um vaso de pressão ou um navio em


miniatura não reproduz o estado de tensões
do tamanho natural, em lugar de deformação
A tensão perpendicular a superfície pode plana apresenta tensão plana.
ser alta somente em chapas grosas (BB).
Mecânica da fratura
• Análise de trincas (crack)
Necessita de um
aumento contínuo
Estáveis de tensão para
crescer
Trincas
Uma vez iniciado o
processo continua
espontaneamente,
Instáveis sem necessidade
de aumento de
tensão
PRINCÍPIO BÁSICO
Trincas estáveis são admissíveis contanto que a
tensão de serviço fique abaixo do valor crítico.
MODELO DE GRIFFITH
– Pequenas trincas no interior do material atuando como concentradores de
tensão diminuem a força externa necessária para a separação dos átomos por
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um efeito de amplificação da força externa aplicada. - O efeito das trincas
depende do tamanho e orientação da trinca em relação ao esforço aplicado

Griffith
m
ou tem uma forma elíptica, a tensão máxima na ponta da
Se a trinca
trinca será dada por:
c = Tensão crítica
E = módulo de elasticidade
 s = energia de superfície específica
a = a metade do comprimento de uma fenda interna
FATOR DE CONCENTRAÇÃO DE TENSÃO - kt

máx = (1 + 2a/b) médio


Obtidos por elementos finitos.
máx. = kt. méd.
Quando a = b (circulo) → máx = 3  média
F

máx

média

F
TEORIA DE GRIFFITH - TRINCAS SÃO CONCENTRADORAS DE TENSÃO

Alan Arnold Griffith iniciou estudos da mecânica da fratura em materiais


57frágeis mais especificamente o vidro, com base na lei de conservação de
energia estabelecendo a relação entre fratura e o comprimento da trinca.

A teoria de Griffith considera que um corpo frágil contém pequenas


falhas (microtrincas).

Quando um esforço de tensão externo é


aplicado, as pontas das microtrincas atuam
como concentradores de tensão.

Como o corpo não pode liberar estas tensões através de deformação


plástica, a tensão local na região próxima à ponta da microtrinca é mais
severa (crítica) e aumenta até atingir a resistência teórica, causando a
ruptura do corpo.
ENSAIO DE TENACIDADE À FRATURA

A tenacidade é avaliada comparando-se as curvas


para diferentes materiais com diferentes comprimentos
de trincas
MECÂNICA DA FRATURA
60
APLICAÇÃO DO kIC
ANÁLISE DAS CAUSAS DAS FALHAS
62 Interpretação e caracterização da superfície de fratura
(Mapa topográfico)

Está análise de fratura revestiu-se de tal


importância para a ciência dos materiais
Fractografia que em 1944 forjou-se o termo
“fractografia” para descrever a ciência
que estuda a superfície de fratura.

Conhecer a causa da falha

Prevenção de novas ocorrências


ENGENHEIRO O(A) DE EQUIPAMENTOS JÚNIOR INSPEÇÃO – PETROBRAS MARÇO 2010

58- O trem de aterrissagem de um avião foi fabricado em aço ABNT 4340


revenido com tenacidade à fratura (KIc) e limite de escoamento, de 90
MPa√m e 1200 MPa, respectivamente.
Para aumentar a segurança do equipamento, a tensão máxima atuante,
durante o pouso da aeronave, não ultrapassa 50% do limite de
escoamento do material.
Entretanto, a operação do equipamento pode produzir carregamentos
que causem o aparecimento de trincas superficiais e, portanto, após
1000h de operação, o componente deverá ser inspecionado.
Para tal, são apresentadas, na tabela abaixo, diferentes técnicas de
inspeção, com suas respectivas capacidades de detecção de trincas.

Técnica Tamanho de trinca mínimo (mm)


Visual 4,0
Líquidos penetrantes 3,7
Partículas magnéticas 2,5
Correntes parasitas 0,5
Adotando a equação:

na qual ? e a significam a tensão atuante e o


comprimento crítico de trinca, respectivamente, é (são)
considerada(s) correta(s) para a inspeção.

x (A) todas as técnicas apresentadas na tabela.


(B) as técnicas da tabela, com exceção da visual.
(C) líquidos penetrantes e partículas magnéticas.
(D) partículas magnéticas e correntes parasitas.
(E) correntes parasitas.
Técnica Tamanho de trinca mínimo (mm)
Soluçáo: Visual 4,0
Líquidos penetrantes 3,7
Partículas magnéticas 2,5
90 MPa√m = 0,5x1200 MPa √3,14a Correntes parasitas 0,5
3,14a = (90/0,5 x 1.200)2
a = 0,0225/3,14 = 0,00716m = 7,16mm
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Aplicação da Engenharia no dia a dia
Lei do Cubo-Quadrado
• Área da superfície = 4r2 = 3 r
Volume 4/3r3 r
A lei do quadrado-cubo pode ser enunciada como
segue: Quando um objeto é submetido a um aumento
proporcional em tamanho, seu novo volume é
proporcional ao cubo do multiplicador e sua nova
superfície é proporcional ao quadrado do multiplicador. Esfera de raio r

Em termos gerais este princípio estabelece que, quando


una forma cresce em tamanho, seu volume cresce mais
rápido que sua superfície. Quando se aplica ao mundo
Manitú
real, este princípio tem muitas implicações que são
importantes em campos que vão desde a engenharia
mecânica à biomecânica. Isto ajuda a explicar grande
variedade de fenômenos, por exemplo o porquê grandes
mamíferos como aos elefantes é mais difícil perder calor
Chefe apache com o poder de
que aos menores como os roedores, se transformar num gigante
com 50 pés de altura

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