Você está na página 1de 51

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CIÊNCIAS

DA SAÚDE DE ALAGOAS

Linguística aplicada à
Fonoaudiologia
AULA 12
DADOS DE ANÁLISE
• (1) testes de gramaticalidade, nos quais
frases são expostas a falantes nativos de uma
língua, que devem utilizar sua intuição e
distinguir as frases gramaticais das
agramaticais, e

• (2) a intuição do próprio linguista, que,


afinal, também é um falante nativo de sua
própria língua.
Outros tipos de pesquisa
• Os gerativistas que fazem pesquisas aplicadas
(psicolingüistas, neurolingüistas etc.) também
observam os dados do uso da língua, em
situação natural ou em situação experimental,
procurando extrair deles informações para o
modelo de explicação da competência
lingüística.
Esses gerativistas se interessam por
• (1) testes e experimentos psicolingüísticos,
com pessoas de todas as idades, nos quais os
informantes são levados a produzir ou
interpretar determinados tipos de estruturas
lingüísticas;
• (2) testes e experimentos de aquisição da
linguagem com crianças, além de gravações da
fala natural dessas;
• O projeto da linguística gerativa é observar
comparativamente as línguas humanas, com os
seus milhares de fenômenos morfofonológicos,
sintáticos, semânticos e sua suntuosa
complexidade, com o objetivo de descrever os
Princípios e os Parâmetros da GU que
subjazem à competência linguística dos
falantes, para, assim, poder explicar como é a
Faculdade da Linguagem, essa parte notável
da capacidade mental humana.
SOCIOLINGUÍSTICA
VARIACIONISTA

6
 A Sociolinguística firmou-se nos
Estados Unidos, na década de
1960;

 Principal nome dessa subárea:


William Labov;

 Pode ser mencionada também


como: Sociolinguística
variacionista ou Teoria da
variação.
7
 Estuda a língua em seu uso real;

 Observa a correlação sistemática existente


entre a estrutura linguística, os aspectos
sociais e culturais da produção linguística;

 A língua é vista, portanto, como uma


instituição social.

8
O sociolinguista se interessa por todas as
manifestações verbais nas diferentes
variedades de uma língua.

9
Um dos seus objetivos é entender quais são
os principais fatores que motivam a variação
e/ou mudança linguísticas, e qual a
importância de cada um desses fatores na
configuração do quadro que se apresenta.

10
O que é Variação Linguística?

• Duas formas alternativas com o mesmo valor


referencial.

11
• O estudo dos processos de variação e mudança
permite estabelecer três tipos básicos de
variação:

12
• 1) Variação regional: associada a distâncias
espaciais entre cidades, estados, regiões ou
países diferentes; a variável geográfica permite
opor, por exemplo, Brasil e Portugal.

13
• 2) Variação social: associada a diferenças
entre grupos socioeconômicos, compreende
variáveis já citadas como: faixa etária, grau de
escolaridade, procedência, etc;

14
• 3) Variação de registro: tem como variantes
o grau de formalidade do contexto
interacional ou do meio usado para a
comunicação, como a própria fala, o e-mail, o
jornal, a carta, etc.

15
O que é Mudança Linguística?

• Sobreposição de uma das duas formas


variantes ao longo do tempo.

16
Para entender as causas da mudança é
necessário conhecer em que ponto da estrutura
social a mudança se origina, como ela se
espalha para outros grupos sociais e quais os
grupos que se mostram mais resistentes a ela.

17
18
A variação/mudança não é vista como um
efeito do acaso, mas como um fenômeno cultural
motivado por fatores linguísticos (ou fatores
estruturais) e por fatores extralinguísticos.

19
FATORES LINGUÍSTICOS

FATORES MORFOSSINTÁTICOS:
SUJEITO, OBJETO DIRETO, OBJETO INDIRETO, TIPO DE ORAÇÃO

FATORES FONÉTICOS/FONOLÓGICOS:
PRESENÇA OU AUSÊNCIA DE DETERMINADO FONEMA

FATORES SEMÂNTICOS:
[+ animado]/ [-animado] [+humano]/[-humano]

VARIAÇÃO ESTUDADA: PREENCHIMENTO OU APAGAMENTO DO SUJEITO

• TINHA UM RAPAZ QUE ELE IA TOCAR


• TINHA UMA CASA DO OUTRO LADO, NÉ?, QUE Ø VENDE TOALHA

20
FATORES EXTRALINGUÍSTICOS

• IDADE

• SEXO

• ESCOLARIDADE

• CONTEXTO SITUACIONAL

• RELAÇÕES ASSIMÉTRICAS

21
Quando a variação é detectada as principais
perguntas que perpassam ou devem perpassar
a mente do sociolinguista são:

22
• Há um contexto específico para o uso de uma
das formas?
• Há diferença nos usos dessas formas de acordo
com a idade?
• Há diferenças ao se comparar a fala de
pessoas escolarizadas com pessoas
analfabetas?
• E quanto a pessoas de nível socioeconômico
distinto?
23
METODOLOGIA

24
• Graças a sua metodologia de análise da
língua em situação real da comunicação, a
sociolinguística consegue medir o número de
ocorrências de usos de uma variante e,
sobretudo, fazer previsões sobre as principais
tendências de uso em relação a essa variante.

25
• Para Labov (2008,[1972]), existiam quatro
aspectos que impossibilitavam a investigação
da fala espontânea e que demonstravam o
motivo pelo qual somente a competência e a
língua eram estudadas anteriormente:

26
I) A agramaticalidade da fala cotidiana;
II) A variação na fala e na comunidade;
III) A dificuldade para captar e registrar a fala
real; e
IV) A raridade das formas sintáticas em
variação.

27
Com vistas a analisar a heterogeneidade
ordenada presente no uso linguístico, os
pesquisadores que seguem o aporte teórico da
sociolinguística variacionista adotam um
modelo satisfatório que deve incorporar a
análise do perfil social dos falantes de uma
dada comunidade de fala.

28
Para isso, a sociedade é estratificada em
grupos de acordo com a idade, com o sexo,
com a escolaridade, com a situação
socioeconômica o que proporciona a
correlação entre o uso de determinadas formas
em variação e a posição em que o falante se
encontra na sociedade.

29
Dessa forma, dentro desse método de estudo,
podemos seguir dois caminhos possíveis para
a análise da variação linguística:

30
a) A partir de um grupo definido em termos
sociológicos, determinam-se os valores das variáveis
que eles utilizam;

b) A partir dos valores particulares das variáveis,


determinam-se as características sociais dos grupos que
as utilizam.

31
Na busca por dados que denotem a realidade
da comunidade linguística selecionada,
podemos adotar mais de uma forma de coleta
de dados, variando o tipo de contato com os
falantes:

a) interações livres;
b) entrevistas; e
c) testes.

32
A partir do fenômeno escolhido para
estudo, delimitamos o tamanho da amostra
que será observada.
Para tal, o pesquisador tem que tomar
cuidado com a homogeneidade da amostra,
com o número de variáveis que serão levadas
em conta no estudo dessa variação e com o
método que será escolhido.

33
A sociolinguística variacionista não se ocupa
somente da variação linguística entre os
indivíduos de diferentes posições sociais, mas
também da variação estilística de um só
informante submetido a diversos contextos de
fala ou escrita.

34
• Com essa finalidade, algumas estratégias
podem ser utilizadas para fazer variar esses
contextos.

35
Trata-se, pois de fazer variar os níveis de
língua (estilos contextuais), do menos formal
até o mais formal:

a) Contexto A- é referente às situações que


escapam das restrições sociais da situação da
entrevista;

36
b) Contexto B- é referente à situação de
entrevista que engloba o estilo mais simples
denominado fala monitorada. Ocorre quando a
pessoa está respondendo perguntas que são
formalmente reconhecidas como integrantes
de uma entrevista;

37
c) Contexto C- é referente ao estilo de leitura
em que as instruções dadas ao leitor visam
estabelecer um estímulo rumo ao estilo de
leitura mais coloquial, mas seu efeito é pequeno,
pois as pessoas têm pouco controle consciente
do uso das variáveis;

38
d) Contexto D- é referente ao estilo de leitura de lista
de palavras em que um passo a mais na direção de
um contexto mais formal é considerado na pronúncia
de palavras isoladas.

39
Passo a passo para um Estudo
Variacionista

40
Passo 1: Escolha do fenômeno a
ser estudado
• Um fenômeno linguístico que seja do seu
interesse;
• Deve ser um caso de variação ou mudança
linguística;
• Estabeleça suas hipóteses a partir de pesquisas
feitas sobre o tema;
• Deve ser um fenômeno viável.

41
Passo 2: Perfil dos informantes
• Quais pessoas usam esse fenômeno?
• Onde você o ouviu?
• Quais as características dessas pessoas?

• Quais, em sua opinião, são as características


sociais mais significantes?

42
Passo 3: Levantamento das
hipóteses
• O que favorece o uso desse fenômeno?
• O que desfavorece o uso desse fenômeno?

• Quais fatores linguísticos e extralinguísticos


serão então analisados?

43
Passo 4: Preparação para a coleta
de dados
• Escolha, a partir do perfil do falante delineado
no passo 2, a comunidade que você irá
estudar:

- Comunidade de fala;
- Comunidade de prática;
- Rede social.

44
• Prepare o tipo de coleta: entrevista, leitura,
questionário;
• Faça um teste para observar as possíveis
lacunas do método utilizado;
• Apresente-se à comunidade escolhida e inicie a
coleta.

45
Passo 5: Coleta de dados
• Assinatura do TCLE
• Preenchimento da ficha social
• Entrevista/leitura

46
Passo 6: Transcrição dos dados
Escolher protocolo para fazer:

• Transcrição ortográfica
• Transcrição fonética

47
Passo 7: Descrição e análise dos
dados
• Descreva as ocorrências encontradas de
acordo com os aspectos linguísticos e sociais
separados previamente;

• Análise quantitativa: VARBRUL ou


GOLDVARB X

• Análise qualitativa
48
COLETA DE DADOS DE FALA
1) Obedecer a estratificação proposta para a
coleta de dados;
2) Coletar apenas 5 minutos de dados de fala;
3) Utilizar o mesmo tipo de instrumento de
coleta no grupo;
4) Cada pessoa será responsável por realizar a
sua coleta de dados;
5) O responsável pelo grupo deverá reunir
todos os arquivos e gravar em um cd para ser
entregue no dia 8/06. 49
Oficina de transcrição de dados de
fala
INDIVIDUAL
1º de junho

Materiais:

1) Protocolo de Transcrição (Email da turma)


2) Arquivo de som (Celular)
3) Fones de ouvido
50
• NB: Trechos ou partes inteiras das obras
supracitadas (e de outras fontes estão presentes)
nestes slides sem citação pontual de fonte, por
economia de espaço. Este material não deve, em
nenhuma hipótese, ser considerado de autoria do
professor. Os arquivos de imagens, os gráficos, os
exemplos ilustrativos derivam de fontes variadas e,
por economia de espaço, não vêm acompanhadas
de indicação de fonte. Esse material deve ser
utilizado exclusivamente pelos alunos do curso a
que se destina, porque foi organizado no intuito de
ilustrar as discussões em sala de aula.

Você também pode gostar