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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARA

DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA
DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA (UFC/UFPB/UFRPE)
DISCIPLINA: NUTRIÇÃO DE NÃO RUMINANTES
DOCENTE: GERMANO AUGUSTO

FIBRA VEGETAL NA NUTRIÇÃO DE


EQUINOS E COELHOS - IMPORTÂNCIA E
VALOR NUTRICIONAL
Discente: Monik Kelly de Oliveira Costa

Fortaleza,
2016
INTRODUÇÃO

C(H2O)

ENZIMAS DEGRADAÇÃO PELOS


DIGESTIVAS MICROORGANISMOS
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INTRODUÇÃO
Fermentação no intestino grosso;
Grande potencial de digestão da fibra, obtendo
energia através da fermentação das forragens.

Não digerem a fibra tão eficientemente quanto os


animais de maior peso corporal;
Não necessariamente dependem da digestão da
fibra para satisfazer suas necessidades energéticas.
(SAKAGUCHI, 2003)
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INTRODUÇÃO
Extrema importância na saúde intestinal destes animais, pois
mantém o bom funcionamento dos intestinos, aumentando o
peristaltismo e prevenindo distúrbios digestivos como cólicas.

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EFEITOS DA FIBRA SOBRE A NUTRIÇÃO
DE COELHOS E EQUINOS
• Os mamíferos e outros animais de estômago simples não
possuem enzimas próprias para hidrolisar frutanas, ligações β-
glucanas, substâncias pécticas e oligossacarídeos.

• “Fibra dietética” Podem ser fermentados pelos


microrganismos do intestino grosso para produzir produtos
microbianos de valor nutricional para os animais
(HALL, 2003)

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EFEITOS DA FIBRA SOBRE A NUTRIÇÃO
DE COELHOS E EQUINOS
• Diferentes estratégias de utilização digestiva dos componentes da parede
celular vegetal

50 a 60% da
eficiência de
digestão
Maior capacidade de digestão

(SLADE & HINTZ, 1969)


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FIBRA NA ALIMENTAÇÃO DE EQUINOS
• Os carboidratos  75% da ração
• Equilíbrio na proporção entre os carboidratos não-estrutural e estrutural da dieta.

Amido
Amido

Irritação do revestimento do intestino


Ácido láctico (PAGAN, 1999)
Alteração do pH do conteúdo 7
FIBRA NA ALIMENTAÇÃO DE EQUINOS
• Kline
(1996), a forragem deve compreender pelo menos 50% da dieta
do cavalo.
• Animais de alto desempenho
• Andriguetto et al., (1999)  16 a 18%.
• Carvalho e Haddad (1987)  18 a 30%.
• Cunha (1991)  de 25 a 50% da dieta total com base na matéria seca.
• Quantidade exata
• Sob várias condições
• Vários estágios do ciclo de vida dos equinos.

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FIBRA NA ALIMENTAÇÃO DE EQUINOS
• Duren (2000)
• Feno e sal mineral, antes do exercício de resistência
• 73% mais água no trato digestório após o exercício e
33% mais eletrólitos, do que animais alimentados
com dietas com baixo nível de fibra.
• Esta reserva pode prevenir desidratação e
desbalanço mineral nesses animais.

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FIBRA NA ALIMENTAÇÃO DE EQUINOS
• Manutenção do suprimento sanguíneo ao intestino
grosso (IG), fazendo com que o sangue não seja todo
dirigido a periferia (musculatura).
• Esta situação mantém ativo o IG e previne cólicas nos
animais.

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FIBRA NA ALIMENTAÇÃO DE EQUINOS
•A degradabilidade pela microflora microbiana do IG dos
equinos, é dependente da composição da parede celular
do alimento.

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FIBRA NA ALIMENTAÇÃO DE EQUINOS
• Taninos condensados
Valor nutricional dos alimentos;

Enzimas digestivas Microflora simbiótica

• Os taninos hidrolisáveis, liberam a cadeia peptídica e expõe seus


sítios de hidrólise.
• As substâncias terpenóides de maior importância nutricional são
as saponinas, destacando-se em leguminosas como alfafa pelo
efeito hipocolesterolêmico.
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(EASTWOOD, 1992; FERREIRA, 1994; BRETT; WALDRON, 1996)
Digestibilidade da fibra para equinos
• Carboidratos não estruturais (CNE) e estruturais.

Glicose, frutose, lactose, sacarose, Presentes na parede celular, são


amido ou que podem ser digeridos pelas resistentes a digestão pelas
enzimas produzidas pelos equinos. enzimas do trato digestório dos
equinos, necessitando ser
fermentado pelos microorganismos
do intestino grosso, para que sejam
utilizados pelos animais.
Fibra celulose e hemilcelulose

(PAGAN, 1999)13
Digestibilidade da fibra para equinos

Digestibilidade dos nutrientes Conteúdo da celulose

Estimula a motilidade intestinal


Reduz a duração das ações digestivas
Wolter (1975)
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Digestibilidade da fibra para equinos

Matéria Seca, Proteína Bruta e Energia Bruta

% Fibra Bruta

Darlington e Hershberger (1968);


Vander Noot e Gilbraith (1970)

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Digestibilidade da fibra para equinos

• Smolders et al. (1990)  Relação negativa entre o teor


de fibra bruta e a digestibilidade da matéria orgânica,
sendo esta maior nos alimentos concentrados, quando
comparado com os alimentos volumosos.

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Digestibilidade da fibra para equinos
Karlsson et al. (2000)

• Diferentes proporções de feno:aveia (100:0; 80:20; 60:40; e


40:60)
•A inclusão de aveia proporcionou melhora na digestibilidade da
matéria seca, matéria orgânica, proteína bruta e energia bruta
• Entretanto houve um declínio na digestibilidade da fibra (FDN,
FDA e fibra bruta) no tratamento com maior inclusão de aveia
(40:60), quando comparado com a dieta exclusiva de feno.

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Digestibilidade da fibra para equinos
Drogoul et al. (2001)
Digestibilidade da matéria orgânica com o aumento da porcentagem de
grãos na dieta
Digestibilidade da fibra pode permanecer inalterada ou diminuir.
• A eficiência da utilização da fibra dietética esta correlacionada com três
principais fatores:
• Composição da dieta, especialmente a fração de carboidratos,
• Atividade da microflora fibrolítica no ceco e cólon
• Taxa de passagem da digesta através do trato digestivo especialmente nos
compartimentos de fermentação.
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FIBRA NA ALIMENTAÇÃO DE COELHOS
• A higroscopia da fração fibrosa da dieta podem alterar o volume
e peso das fezes, assim como o grau de viscosidade e sua relação
com o trânsito da digesta.
• Influenciara digestão e absorção de outros nutrientes da dieta,
sendo comumente verificado um efeito negativo pelo aumento
da massa digestiva, diminuindo a retenção no trato
gastrointestinal (TGI) e impedindo a ação completa das enzimas
digestivas.

(VAN SOEST, 1994).


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FIBRA NA ALIMENTAÇÃO DE COELHOS
• As substâncias pécticas
• São as que mais alteram a viscosidade da digesta;
• Sua degradação tende a ser quase completa pela microflora
• Ocorrendo a liberação das substâncias complexadas à parede
celular
• Contribuindo para um trânsito mais lento e maior atividade
fermentativa na região do ceco-cólon de herbívoros não-
ruminantes.

(VAN SOEST, 1994)


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FIBRA NA ALIMENTAÇÃO DE COELHOS
• As pectinas e a lignina  Capacidade de adsorção de ácidos
biliares, repercutindo sobre o metabolismo lipídico do animal,
devido a possíveis efeitos sobre a hipocolesterolemia.

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FIBRA NA ALIMENTAÇÃO DE COELHOS
•A complexação dos ácidos biliares às frações da fibra dietética
reduz a sua reabsorção ileal, e sua circulação enterohepática.

• Consequentemente, o “pool” de ácidos biliares no organismo é


diminuído e o colesterol circulante passa a ser imediatamente
mobilizado para atender a síntese de ácidos biliares, diminuindo
assim sua concentração sérica.

(FERREIRA, 1994)
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FIBRA NA ALIMENTAÇÃO DE COELHOS
•A fibra na alimentação de animais de ceco funcional favorece a
manutenção da microbiota intestinal, interferindo também nas
trocas catiônicas e poder tamponante, determinadas pela sua
capacidade de ligar-se à íons metálicos e alterando sua
disponibilidade.

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FIBRA NA ALIMENTAÇÃO DE COELHOS
•A complexação de elementos minerais ao ácido urônico das
pectinas e aos ácidos fenólicos das ligninas, refere-se aos cátions
divalentes, tais como: cálcio, ferro, zinco, cobre, manganês e
magnésio.
• Istoé especialmente verdadeiro quando da presença de fitatos,
oxalatos e silicatos na fração fibrosa da dieta, responsável pela
interferência negativa sobre a disponibilidade dos mesmos,
porém, minimizada em coelhos pelo fenômeno da cecotrofia.

(FERREIRA, 1994; VAN SOEST, 1994).


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FIBRA NA ALIMENTAÇÃO DE COELHOS
•A importância se relaciona com a regulação do trânsito da
digesta e com a manutenção da integridade da mucosa
intestinal
(De BLAS et al., 1999)

• Estimular e facilitar o trânsito digestivo dos alimentos,


principalmente por sua fração indigestível, papel que não pode
ser substituído, satisfatoriamente, por substâncias inertes
(De BLAS, 1992)

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FIBRA NA ALIMENTAÇÃO DE COELHOS
•O nível de fibra bruta recomendado nas dietas dos coelhos
varia entre 8 a 17%
• Menores quantidades reduzem o peristaltismo intestinal,
provocando diarréias.

(HOOVER & HEITMANN, 1972; CHEEKE & PATTON, 1980; BORIELLO & CARMAN, 1983; BLAS et al., 1985)

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FIBRA NA ALIMENTAÇÃO DE COELHOS
• Pode-se recomendar um valor médio mínimo de 13% de
fibra bruta ou 17,5% de fibra detergente ácido.
• Ouum máximo de 17% de fibra bruta ou 23% de fibra
detergente ácido.

De BLAS et al. (1985) ; De BLAS et al. (1989)


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FIBRA NA ALIMENTAÇÃO DE COELHOS
• O coelho possui uma capacidade limitada em digerir a fração mais
lignificada dos volumosos, possuindo coeficientes de digestibilidade
aparente em torno de 20 a 30% para a fração lignocelulósica ou fibra em
detergente ácido (FDA).
• As polpas de citrus e de beterraba, as quais podem alcançar digestibilidades
de até 70%.
• No entanto, apesar do escasso valor nutritivo dos alimentos fibrosos, de
modo geral, torna-se necessário o suprimento de uma quantidade mínima
de fibra dietética para evitar distúrbios digestivos que podem conduzir a
diarreias fatais, especialmente durante a fase de crescimento, prejudicando
o desempenho produtivo e reprodutivo.
(FERREIRA, 1994)
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FIBRA NA ALIMENTAÇÃO DE COELHOS

30% Feno de Tifton 85 (FDA - 34,35)

Machado et al. (2010)


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FIBRA NA ALIMENTAÇÃO DE COELHOS
Diferentes formas de apresentação da dieta
Natureza da fração fibrosa

Processo digestivo e a eficiência alimentar

Herbívoros de ceco funcional e praticantes da cecotrofia

Excreção seletiva da fibra mais lignificada e atividade


microbiana simbiótica, utilizando os produtos da
fermentação e os próprios corpos bacterianos. 30
FIBRA NA ALIMENTAÇÃO DE COELHOS
“Fibra indigestível”
Nível de 12 a 14% de fibra bruta (FB), passando para 17 a 21% de FDA.
Sendo este último o melhor parâmetro para indicação desta necessidade
dietética.
• Maior precisão na estimação da fração lignocelulósica;
• Forte correlação negativa com a concentração energética da dieta;
• Adequação ao processo seletivo de excreção da fibra mais
lignificada na região do ceco-cólon nesta espécie.
(FRAGA et al., 1991; SANTOMÁ et al., 1993; GIDENNE, 1996)

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FIBRA NA ALIMENTAÇÃO DE COELHOS
Separação de partículas entre o ceco e o cólon para a formação das fezes duras ou verdadeiras e
fezes moles ou cecotrofos.
Através da junção íleo-ceco-colônica, a porção distal do íleo adentra o “sacculus rotundus” e
descarrega seu conteúdo no ceco–cólon.
O ceco em constante movimento mistura seu conteúdo por rápidas contrações de fluxo e refluxo
ao longo do segmento e troca contínua com a digesta do cólon proximal, onde há separação de
partículas grandes e pequenas mecanicamente.
As partículas fibrosas tendem a acumular-se no lúmen (>0,3mm), enquanto as partículas solúveis
e fluídas (<0,3mm) tendem a circular pelas contrações dos haustras, saculações formadas pelo
arranjo de fibras musculares, movendo o material de uma forma retrógrada para o ceco.
Quanto maior o tamanho de partícula ou lignificação da fibra, mais rápida é a eliminação nas
fezes
(LANG, 1981; DE BLAS, 1984 ; CHEEKE, 1987; FRAGA et al., 1991)
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FIBRA NA ALIMENTAÇÃO DE COELHOS
Padrão fermentativo
• Tipo de substrato
• População microbiana característica

A concentração total de AGV’s varia de 50 a 350 mMol/ L (pH 6,4 a


5,8).
• Enchimento e esvaziamento cecal pela ingestão de alimento e
cecotrofia.

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FIBRA NA ALIMENTAÇÃO DE COELHOS
Dietas com alta % de fibra  a flora predominante constitui-se de
Bacterióides
Dietas com baixa % de fibra  Clostridios e Colibacilos, tendem a
desenvolver-se excessivamente, sucumbindo a microflora de
“barreira”, e causando um desequilíbrio osmótico e microbiano cecal,
provocando diarreias.
(MORISSE, 1986; DE BLAS, 1991; LEBAS, 1992)

No entanto, o uso de fontes de fibra potencialmente degradáveis ou


um excesso de amido, também podem predispor à
hiperfermentações cecais
(FERREIRA; FRAGA; CARABANÕ, 1996; JEHL; GIDENNE, 1996)
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CONCLUSÃO
• Eficiência da utilização da fibra dietética:
• Composição da dieta
• Carboidratos estruturais e não estruturais;
• Taxa de fermentação;
• Taxa de passagem no trato digestório
• Compartimentos com atividade fermentativa.
(DROGOUL et al., 2000)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARA
DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA
DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA (UFC/UFPB/UFRPE)
DISCIPLINA: NUTRIÇÃO DE NÃO RUMINANTES
DOCENTE: GERMANO AUGUSTO

FIBRA VEGETAL NA NUTRIÇÃO DE


EQUINOS E COELHOS - IMPORTÂNCIA E
VALOR NUTRICIONAL
Discente: Monik Kelly de Oliveira Costa

Fortaleza,
2016

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