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Bases Fisiológicas do

Comportamento e
Cognição
Linda Davidoff
Contribuição: Professora Renata Gomes
Adaptação: Profº Felipe Pimentel
O homem com um mundo
despedaçado

 Aos 23 anos de idade, um soldado russo,


subtenente Zasetsky, levou um tiro no lado
esquerdo da cabeça. O ferimento alterou seu
comportamento de forma abrupta, conforme
verificamos em seu diário (Luria, 1972).
Luria (à direita) e
seu paciente
Zasetsky (1950).

Fonte: http://luria.ucsd.edu/Luria_Pics/Page1.html
Fonte: http://amazon.com
 Uma mudança experimentada por Zasetsky foi
a visão fragmentada:
 Desde que fui ferido, não pude mais ver um
único objeto inteiro – nem uma única coisa.
Mesmo agora, preciso usar minha imaginação
para completar objetos, fenônemos ou
qualquer coisa viva. Isto é, preciso representar
sua imagem na mente e tentar lembrar-me
deles como elementos completos – depois de
poder observá-los, tocá-los ou obter alguma
imagem deles.
 Partes do corpo de Zasetsky aparecem
distorcidas para ele:
 Às vezes, quando estou sentado, subitamente

sinto como se minha cabeça fosse do


tamanho de uma mesa – exatamente desse
tamanho – enquanto minhas mãos, pés e
tronco tornam-se bem pequenos .
 Quando fecho os olhos, sequer tenho certeza
de onde está minha perna; por alguma razão
costumava pensar (e até sentir) que estava
acima do ombro ou até mesmo acima da
cabeça.
 A percepção de espaço foi prejudicada de
outra forma:
 Às vezes tenho dificuldade para me sentar

em uma cadeira ou um sofá. Primeiro olho


onde a cadeira está, mas, quando tento
sentar, subitamente tenho de agarrar a
cadeira porque sinto medo de cair no chão.
Às vezes isso ocorre porque a cadeira está
mais distante do que imagino.
 Talvez o mais triste de tudo é que as
habilidades intelectuais de Zasetsky ficaram
profundamente prejudicadas. Ele perdeu a
capacidade de ler e escrever. Teve dificuldade
de compreender o sentido de uma conversa
ou de entender uma história simples. Outrora
excelente estudante e pesquisador
competente,não podia mais lidar com
instrumentos que lhe eram básicos:
gramática, aritmética, geometria, física.
 Começando do zero, Zasetsky tentou
desesperadamente reaprender Procurou
meios de compensar as capacidades
intelectuais que perdera. Porém jamais teve
êxito, apesar dos diligentes esforços ao longo
de mais de 25 anos.
 O caso de Zasetsky frisa a importância do
cérebro para o comportamento e a cognição.
Como o cérebro é organizado? Como opera?
Como as pessoas que sofreram lesão cerebral
recuperam funções mentais?

 Nota: Cérebro como pré-requisito para o


comportamento (não causa).
Evolução e Comportamento

 Teoria da evolução (Charles Darwin, a origem


das espécies, 1859): todos os animais
descedem de uns poucos ancestrais comuns.
Evolução e Comportamento

 Seleção Natural: mudança evolutiva ocorre


quando modificações genéticas (nas
estruturas físicas) melhoram a capacidade do
indivíduo de sobreviver e reproduzir-se,
sendo estas mudanças passadas adiante.
 Exemplos: coelhos velozes; inteligência

superior na espécie humana; prega nos olhos


dos esquimós; nariz adunco e grande dos
jordanianos.
Evolução e Comportamento

As mutações ocorrem ao
acaso. A maioria delas são
deletérias (pouco
funcionais) e diminuirão a
adaptação dos organismos
ao meio ambiente. A
seleção natural elimina as
mutações deletérias e
preserva as combinações
disponíveis que estão
melhor adaptadas ao
ambiente

Fonte: http://port.pravda.ru/photo/science/
Evolução e Comportamento

Fonte: http://port.pravda.ru/photo/science/
Evolução e Comportamento
Evolução e Comportamento

Timmothy Crow defendeu a idéia, sustentada


numa multitude de estudos, segundo a qual, a
esquizofrenia é o preço que o homo sapiens
teve de pagar pela emergência da linguagem.
No essencial, a sua hipótese sustenta que a
esquizofrenia assenta numa falha do
desenvolvimento da assimetria do cérebro,
representada pela presença do centro de
processamento da linguagem na região
temporal do hemisfério dominante.
Teixeira, J. M. (2004) Editorial da Revista Saúde Mental, VOLUME VI Nº3 MAIO/JUNHO
"Não consigo me convencer
de que um Deus caridoso e
onipotente teria
propositalmente criado
vespas parasitas com a
intenção expressa de
alimentá-las dentro de
corpos vivos de lagartas." [
Charles Darwin ]
Hereditariedade e Comportamento:
mecanismos básicos

 Genética do comportamento – estuda as


bases herdadas (individuais e da espécie) da
conduta e da cognição. Pressupõem que tudo
o que as pessoas fazem depende, em algum
grau, das estruturas físicas subjacentes e
querem determinar o quanto e de que forma.

 Grande ênfase nas influências da filogênese


sobre o comportamento.
Hereditariedade e Comportamento:
mecanismos básicos

 IMPORTANTE: dizer que os genes influenciam


algumas características não equivale a dizer
que os genes determinam essas
características.
 Controvérsia INATO X APRENDIDO (Exemplos:

o ambiente determina qual língua a pessoa


falará, mas são os genes são responsáveis
pelas estruturas essenciais à fala.)
Hereditariedade e Comportamento:
mecanismos básicos
 Quando se fala em análise da hereditariedade
de características físicas e comportamentais, é
preciso levar em conta a análise de traços
discretos (uma característica que o indivíduo
tem ou não) e traços contínuos (características
que se apresentam em níveis diferenciados).

 Comportamentos são traços contínuos com


inúmeras gradações diferentes em
características.

Agressividade?
Hereditariedade e Diferenças
Individuais
 Como as diferenças na hereditariedade
influenciam no comportamento e cognição
individuais?
 Estudo pioneiro de Galton com famílias: em
1860, Francis Galton (primo de Darwin)
investigou a presença de membros notáveis
em diversas famílias e descobriu que
cidadãos famosos tinham mais membros
igualmente famosos em suas famílias do que
se poderia atribuir ao acaso.
Hereditariedade e Diferenças
Individuais

 Galton descobriu também que parentes próximos tinham


maior probabilidade de ser ilustres do que os distantes.
Entretanto, Galton minimizou o fato de que pessoas
eminentes dotam os filhos de vantagens sociais e
educacionais, concluindo simplesmente que a
hereditariedade era responsável pelo brilhantismo.
Hereditariedade e Diferenças
Individuais

 Apesar das deficiências, o estudo de Galton


serviu como catalisador do interesse pela
relação entre comportamento e
hereditariedade e deu origem a duas das
cinco estratégias contemporâneas de
pesquisa: as pesquisas com gêmeos e com
adoção (as demais são: técnica de
procriação, investigação de anormalidade
genética e estudo de consistência vitalícia.)
Hereditariedade e Diferenças
Individuais

 Estudos com gêmeos:


 Testam a hipótese de que os genes influenciam a
similaridade do comportamento:
 Estudos que comparam grupos de gêmeos
idênticos e gêmeos fraternos.
 Estudos que comparam gêmeos idênticos
criados em ambientes diferentes e gêmeos
fraternos criados no mesmo ambiente). VER
QUADRO 2.1 pag. 58.
Hereditariedade e Diferenças
Individuais

 Estudo da Adoção:
 Compara-se o comportamento de crianças
adotadas na primeira infância ao comportamento
de seus pais adotivos e biológicos. Esses
estudos sugerem que a hereditariedade tem
papel substancial em cognição, temperamento,
propensão a distúrbios como depressão e
esquizofrenia, capacidade motora e linguagem.
Hereditariedade e Diferenças
Individuais

 Técnicas de Procriação:
 Raças endogâmicas: o pesquisador cruza
animais aparentados por pelo menos vinte
gerações, o que resulta em indivíduos
geneticamente muito semelhantes, e os mantém
em condições ambientais controladas. Avalia-se
então a reação de indivíduos de raças distintas a
situações semelhantes. Diferenças (entre raças)
ou semelhanças (mesma raça) significativas de
comportamento são atribuídas à hereditariedade.
Hereditariedade e Diferenças
Individuais

 Inbreeding:

Fonte: http://evolution.berkeley.edu/evosite/relevance/IIIA1Inbreeding.shtml
Hereditariedade e Diferenças
Individuais

 Investigações de Anormalidades Genéticas:


 Verificam associações entre anormalidades
hereditárias e determinados tipos de pensamento
ou conduta, como, por exemplo, a dificuldade de
visualizar objetos tridimensionais no espaço
apresentada por portadoras da Síndrome de
Turner (indivíduos com apenas um cromossomo
X e nenhum cromossomo X ou Y adicional).
Hereditariedade e Diferenças
Individuais

 Investigações de Anormalidades Genéticas:


 David Skuse e seus pesquisadores do Institute of
Child Health estão pondo em andamento um
trabalho interessantíssimo relacionado com a
Síndrome de Turner. Esta pesquisa foi publicada
em uma das mais conceituadas revistas de
medicina americana, Nature. Dr Skuse apresenta
esse trabalho como sendo uma evidência de que
existe um gene responsável pelo comportamento
social.
Hereditariedade e Diferenças
Individuais

 Investigações de Anormalidades Genéticas:


 Uma vez que jovens com Síndrome de Turner
geralmente possuem apenas um cromossomo X,
o seu fenótipo (a maneira de um gene se
expressar) poderia fornecer pistas importantes
dos genes presentes no cromossomo X. O
cromossomo X de uma jovem com Turner pode
ter sido herdado de sua mãe ou de seu pai. Esta
é a razão pela qual se estudou o comportamento
social de uma garota com Turner.
Hereditariedade e Diferenças
Individuais

 Investigações de Anormalidades Genéticas:


 Os pesquisadores descobriram que muitas jovens
com Turner apresentam dificuldades em
situações sociais e que elas não são tão
facilmente adaptáveis quanto as jovens controle.
Garotas com Turner que possuem seu
cromossomo X herdado da mãe aparentam ter
um comportamento social menos adaptável do
que aquelas com cromossomo X paterno.
Fonte: UFB
Hereditariedade e Diferenças
Individuais

 Pesquisa de Consistências Vitalícias:


 Estudos com os mesmos indivíduos ao longo da
vida, verificando a consistência de seu
comportamento ainda que expostos a ambientes
diferentes. Os dados isolados não são
conclusivos (o comportamento pode ser
influenciado por experiências ainda no útero e a
persistência pode ser produto de consistência
ambiental ou combinação entre ambiente e
genes), mas apóiam outras fontes.
Hereditariedade e Diferenças
Individuais

 Investigações de Anormalidades Genéticas:


 Os pesquisadores descobriram que muitas jovens
com Turner apresentam dificuldades em
situações sociais e que elas não são tão
facilmente adaptáveis quanto as jovens controle.
Garotas com Turner que possuem seu
cromossomo X herdado da mãe aparentam ter
um comportamento social menos adaptável do
que aquelas com cromossomo X paterno.
Fonte: UFB
O modelo input-output do
sistema nervoso humano
Ss originados fora do Ss originados dentro do
corpo corpo

Células receptoras nos


olhos, ouvidos, pele e Células receptoras
outros órgãos sensoriais em órgãos internos
e glândulas.
Sistema Nervoso Periférico

Input Sistema SNC Sistema


Nervoso (cérebro e Nervoso
Output Somático medula
espinhal)
Autônomo
(simpático e
parassimpático)

Efetores que Efetores que controlam os


controlam os órgãos internos e as
glândulas
músculos esqueléticos
Neurônios e
neurotransmissores
 O neurônio é considerado a unidade
funcional básica do sistema nervoso. Uma
mensagem transmitida de um neurônio para
outro depende da condução de impulsos
nervosos ao longo do axônio e da
secreção/recepção de neurotransmissores na
sinapse.
 Neurotransmissores podem ser excitatórios

ou inibitórios e afetam drasticamente o


comportamento.
Neurotransmissores
Importantes e suas Funções

 DOPAMINA: Controla a estimulação e os níveis


do controle motor. Quando os níveis estão
baixos no Parkinson, os pacientes não
conseguem se mover, outras pessoas tem que
ajudá-lo. Presume-se que o LSD e outras
drogas alucinógenas ajam no sistema da
dopamina.
Neurotransmissores
Importantes e suas Funções

 SEROTONINA: Esse é um neurotransmissor que


é incrementado por muitos antidepressivos
tais com o Prozac, e assim tornou-se
conhecido como o 'neurotransmissor do 'bem-
estar'. ' Ela tem um profundo efeito no humor,
na ansiedade e na agressão. Conhecido como
"molécula da felicidade.
Neurotransmissores
Importantes e suas Funções

 ACETILCOLINA (ACh): controla a atividade de


áreas cerebrais relacionadas à atenção,
aprendizagem e memória. Pessoas que sofrem
da doença de Alzheimer apresentam
tipicamente baixos níveis de ACTH no córtex
cerebral, e as drogas que aumentam sua ação
podem melhorar a memória em tais pacientes.
Neurotransmissores
Importantes e suas Funções

 NORADRENALINA: Principalmente uma


substância química que induz a excitação física
e mental e bom humor. A medicina comprovou
que a noradrenalina é uma mediadora dos
batimentos cardíacos, pressão sanguínea, a taxa
de conversão de glicogênio (glucose) para
energia, assim como outros benefícios físicos.
Neurotransmissores
Importantes e suas Funções

 GLUTAMATO: O principal neurotransmissor


excitante do cérebro, vital para estabelecer os
vínculos entre os neurônios que são a base da
aprendizagem e da memória a longo prazo.
Neurotransmissores
 Níveis são influenciados por:
◦ Experiência (Estresse causa esgotamento da
norepinefina),
◦ Drogas (Morfina libera endorfinas que aliviam dor);
◦ Doenças (Parkinson – degeneração dos neurônios
que secretam dopamina);
◦ Nutrição (Aminoácido tirosina* aumenta os níveis de
norepinefrina e alivia depressão);
◦ e Ritmos biológicos (Antes de dormir, grande
quantidade de serotonina é liberada).

* Encontrado em: peixes, carnes magras, aves sem pele, ovos, leguminosas, nozes
e castanhas, leite e iogurte desnatados, queijos magros e tofu.
O cérebro
 Pesa em média 1.350 kg.

 Os neurônios se organizam no cérebro


formando estruturas específicas.

 Apesar de cada uma das regiões do cérebro


ter aparentemente uma função mais
específica, é preciso entender que todo o
cérebro funciona em conjunto.
Cérebro – o córtex cerebral
 O córtex cerebral recobre uma enorme região
do cérebro anterior. Quanto mais um
organismo é capaz de processamento
inteligente em ambiente complexo, tanto mais
córtex parece possuir. Anfíbios e peixes não
possuem córtex e pássaros e répteis tem
córtices ínfimos. Entre os mamíferos, os
primatas têm córtices grandes.

 Sua forma “enrugada” representa um aumento


da área de cortex disponível
Cérebro, Comportamento e
Cognição
 O encéfalo, conjunto de tecidos nervosos
dentro da caixa craniana, pode ser dividido em
três grandes estruturas:
 o cérebro (formado pelo telencéfalo e pelo

diencéfalo),
 o cerebelo (na parte posterior no encéfalo, na

nuca) e
 o tronco encefálico (formado por mesencéfalo,

ponte e bulbo).
 Tálamo passagem obrigatória
para quase toda a informação
que é encaminhada ao córtex
cerebral. Abaixo dele fica o
hipotálamo, estrutura vital
que recebe o tempo todo
informações sobre o estado
funcional do corpo e regula
todos os sistemas que são
capazes de modificar o
funcionamento do corpo,
inclusive através do
comportamento. Acima do
tálamo fica a glândula pineal,
ou epitálamo, que também
ajuda a integrar o
funcionamento de corpo e
cérebro
Cérebro, Comportamento e
Cognição
 Em bebês recém nascidos o córtex ainda tem
muito a crescer. Atinge 45% da área de
superfície do adulto em 1 ano e 70% na idade
de 2 anos.
 O córtex se divide em 2 hemisférios, cada qual

com 4 lobos: frontal, parietal, temporal e


occiptal.
Cérebro, Comportamento e
Cognição
Cérebro – Lobos Parietais
 Região medial do cérebro, estão ligados as
partes sensitivas e somatosensoriais (externo
e interno).

 Em figura esquemática, percebemos a área


desponibilizada para cada parte do corpo,
tendo destaque partes como mãos e lábios.
Cérebro – Lobos Frontais
 Os processos mentais superiores são
processados nesta região do cérebro.

 Toda a organização de ideias e rememorização


depende desta área para a integração dos
dados sensitivos.

 Fortemente vinculados ao controle de


movimentos finos e regulares.
Cérebro – Lobos Temporais
 Estes estão fortemente ligados aos lobos
frontais. Os circuitos participam na decisão do
que registrar e armazenar do ambiente que
nos cerca.

 Problemas de memória têm ampla relação com


lesões nesta área do cérebro.

 Registram e sintetizam o que é ouvido. Ex:


Hebert Vianna.
Cérebro – Lobos Occiptais
 Maior responsável pela recepção e análise dos
dados visuais.

 Quedas com lesão no lobo occipital


representam alto grau de risco na perda da
capacidade visual.
Cérebro, Comportamento e
Cognição

Fonte: http://www.notapositiva.com/
Cérebro, Comportamento e
Cognição

Fonte: http://www.notapositiva.com/
Cérebro, Comportamento e
Cognição

Fonte: http://www.notapositiva.com/
Cérebro, Comportamento e
Cognição
 Os lobos e a linguagem: Aproximadamente
95% das dificuldades de comunicação,
chamadas afasias, provém de lesões do lado
esquerdo do cérebro.
Cérebro, Comportamento e
Cognição
 Trabalham para facilitar a comunicação no
hemisfério dominante:
 Área de Wernick (ajuda a selecionar as

palavras e compreender o que ouvimos);


 Giro Angular (faz a relação entre o que

vemos/lemos e palavras);
 Área de Broca (possibilita fala fluente e

pronúncia distinta).
Cérebro, Comportamento e
Cognição
 Afasia é a perda da linguagem causada por lesão no sistema
nervoso central que, na maior parte das vezes, ocorre do lado
esquerdo do cérebro. Os quadros são muito variados. Vão
desde a dificuldade de articular bem as palavras até a perda
total da linguagem oral e da capacidade de traduzir conceitos
em palavras e de simbolização. A afasia não se manifesta
apenas na linguagem oral. Pode manifestar-se também na
escrita, porque os pacientes perderam a capacidade de
simbolizar, de traduzir o comando cerebral para a linguagem
escrita. Em alguns casos, são capazes de escrever sob ditado
ou de copiar, mas incapazes de ler o que escreveram. Em
outros, trocam ou omitem letras, às vezes, as vogais; às vezes,
as consoantes. (Drauzio Varella)
Hemisférios Cerebrais
 Cada hemisfério tende a estar associado
predominantemente a um lado do corpo (de
forma cruzada para os músculos e sistemas
sensitivos visual, auditivo e cutâneo).
 O lado esquerdo do cérebro, também chamado

dominante, é relacionado as estruturas que


possibilitam a linguagem.
Hemisférios Cerebrais
 Sperry e colaboradores conduziram diversos
estudos com pacientes com cérebro dividido
(corpo caloso seccionado como recurso para
deter ataques epilépticos agudos), usando
freqüentemente o sistema visual.
Hemisférios Cerebrais

O QUE O QUE
VOCÊ VÊ? VOCÊ VÊ?

VEJO VEJO
UMA NADA.
BOLA
Hemisférios Cerebrais
Hemisférios Cerebrais
 Hemisfério Esquerdo: superior para uso
da linguagem, lidar com números,
resolver problemas lógicos, processar
dados em seqüência, analisar detalhes,
lidar com abstrações.
 Hemisfério Direito: compreende até
certo ponto linguagem falada e escrita,
é excelente em tarefas perceptivas
como visualização de objetos, geração
de imagens, desenho, reconhecimento
de rostos, categorização por tamanho
ou forma, apreciação de música e
sintetização de detalhes de um todo.
Hemisférios Cerebrais
Hemisférios Cerebrais
 Não se definiu ainda se os dois hemisférios
desempenham funções distintas na emoção.
Segundo Sperry, cada hemisfério tem sua
forma de inteligência superior e consciência.
Quando separados um do outro, operam como
cérebros distintos. (Sobre consciência de
unidade, ver estudo de Gazzaniga.)
Plasticidade do Cérebro
 Mais recente ainda é a descoberta da incrível
plasticidade do cérebro. Não faz muito tempo,
pensava-se que pela idade de 3 anos o cérebro tinha
sua estrutura rigidamente estabelecida. Hoje, está
comprovado que a organização que o tecido
cerebral assume no começo da vida não é definitiva.
Provas assombrosas de que o cérebro é capaz de
encontrar rotas alternativas para atingir a mesma
finalidade estão nas hemisferectomias – operações
que extirpam um dos hemisférios do cérebro,
atingido por um sério dano.
Plasticidade do Cérebro
 Um dos casos mais famosos é o do menino
inglês Alex. Ele tinha uma anomalia no lado
esquerdo, onde se concentram as estruturas
responsáveis pela fala, e aos 8 anos de idade
era incapaz de se comunicar. Dez meses depois
que o hemisfério malformado foi retirado, Alex
começou a se expressar com sentenças
complexas, num exemplo dramático de como a
massa encefálica consegue se rearranjar.
Plasticidade do Cérebro
 Mas o fato é que pequenas metamorfoses
neurológicas ocorrem todos os dias de nossa vida: a
plasticidade é também o mecanismo pelo qual o
cérebro responde ao mundo externo. Assim, áreas
mais requisitadas por algum tipo de aprendizado,
como o estudo musical, podem transformar-se em
verdadeiros latifúndios neuronais. As conseqüências
de constatar a maleabilidade do cérebro são
profundas. Com isso, a velha disputa sobre quem
molda o comportamento humano, a natureza ou a
cultura, pode estar fadada a resolver-se num
empate. (Veja, 26/09/07 - O cérebro é o espírito)
Plasticidade do Cérebro
 O cérebro não é um orgão estático e fixo. É
moldado pelo
◦ meio ambiente e nossas experiências;
◦ simples passagem do tempo
(envelhecimento);
◦ necessidades mutáveis;
◦ Lesões;
◦ nutrientes e substâncias químicas.
Plasticidade do Cérebro
 Experiência:
◦ Poda - morte de neurônios e sinapses
não utlizadas (ex: ratos com fio de
bigode extirpado);
◦ Estimulação sensitiva : estudo
comparando ratos estimulados e não
estimulados(ex: estudo de Rosenzweig);
Hemisférios Cerebrais
Plasticidade do Cérebro
 Experiência:
◦ Sinapses de acomodação e Necessidades
em mutação (ex: necessidades
sazonais);
◦ Avivamento (Ex: se o cérebro é
repetidamente estimulado, certas ações
tornam-se progressivamente mais
prováveis, como convulsões ou
alucinações).

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