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Doença de Chagas

Infectologia
Doença de Chagas Conceito
A Doença de Chagas é uma infecção causada
pelo protozoário Trypanosoma cruzi,
transmitida pelos triatomas, que os eliminam
pelas fezes, na forma de tripomastigota,
que pode causar uma manifestação aguda
(chagoma de inoculação e sintomas sistêmicos
inespecíficos) após 4 - 12 dias da inoculação, ou
crônica,
após um período de latência de 10 a 20 anos,
comprometendo coração, esôfago e porção
distal do intestino.
Doença de Chagas Vetores
Doença de Chagas Etiologia
Trypanosoma cruzi (Chagas, 1909):
Doença de Chagas Etiologia
Trypanosoma cruzi (Chagas, 1909):
Doença de Chagas Etiologia
Trypanosoma cruzi (Chagas, 1909):
Doença de Chagas Epidemiologia
Ciclo de vida do Trypanossoma cruzy:
Doença de Chagas Epidemiologia
Endêmica nas Américas:

 zona rural de América Latina até o sul dos EUA,


 alto grau de adaptação dos vetores às condições de habitação
humana na zona rural,
 estimativa de 16 milhões de pessoas infectadas,
 resultando em 45.000 mortes/ano.
 é a causa mais importante de cardiopatia.
 tanto quanto 70% das pessoas contaminadas podem
permanecer assintomáticas.
 crianças de até 10 anos constituem a maioria dos pacientes na
fase aguda da doença.
Doença de Chagas Epidemiologia
Endêmica nas
Américas:
Doença de Chagas Patogenia
Infecção:

 ocorre geralmente à noite,


 durante a alimentação dos insetos,
 por meio de picadas em áreas expostas da pele,
 usualmente membros superiores e face.
 engurgitamento causado pela ingestão de sangue provoca
imediata defecação do triatomíneo, liberando as formas
infectantes (tripomastigotas metacíclicos).
 penetração no hospedeiro humano ocorre:
via mucosa ou por escarificações microscópicas da pele,
conseqüência do prurido intenso no local da picada,
facilitando o acesso dos tripomastigotas à corrente sangüínea.
Doença de Chagas Patogenia
No quadro agudo:
 a parasitemia associada ao
 parasitismo intracelular promove intensa
 reação inflamatória,
 com hiperplasia do SRE,
 vasodilatação e
 até necrose focal.
Doença de Chagas Patogenia
Quadro crônico:

cardíaco:
provavelmente pela presença de antígenos
comuns entre as células miocárdicas e o T. cruzi,
gerando reação inflamatória com lesão e necrose
tecidual, que resulta em
insuficiência cardíaca,
distúrbios de condução (bloqueio de ramo direito
do Feixe de Hiss, hemibloqueio anterior esquerdo)
ou do ritmo cardíaco.
Doença de Chagas Patogenia
No quadro crônico:

digestivo:
lesão dos neurônios da cadeia parassimpática do plexo
intramural da musculatura lisa

alterações peristálticas, levando a

descoordenação de pontos importantes no fluxo de


alimentos pelo tubo digestivo como:
 esfíncter esofagiano inferior (acalasia) e a

 transição ano-retal.
Doença de Chagas Patogenia
No quadro crônico:

Megacolon chagásico:
Doença de Chagas Patogenia
No quadro crônico:

Megacolon chagásico:
Doença de Chagas Clínica
Período de incubação:
 é de 4 a 12 dias
 a partir da infecção até o aparecimento dos sintomas da
fase aguda.

Período de progressão:
 após o término da fase aguda até a identificação das
manifestações crônicas
 é variável, prolonga-se por 10 a 20 anos.
 denominado de fase latente ou indeterminada.
 freqüentemente assintomático.
Doença de Chagas Clínica
Fase aguda:
 geralmente não é identificada, por serem inaparentes ou
não valorizados os sintomas característicos:

 porta de entrada:
chagoma de inoculação:
 lesão infiltrada e pouco dolorosa, eritemato-violácea, de

consistência elástica, com adenomegalia satélite.


 quando ocorre na face, corresponde ao sinal clássico de

Romaña, descrito como edema elástico e indolor da


região periorbitária e áreas adjacentes da face, de
coloração violácea, com hiperemia conjuntival,
freqüentemente com linfadenopatia pré-auricular.
Doença de Chagas Clínica
Fase aguda:
 porta de entrada:
chagoma de inoculação:
Doença de Chagas Clínica
Fase aguda:
chagoma de inoculação:
Doença de Chagas Clínica
Fase aguda:
chagoma de inoculação:
Doença de Chagas Clínica
Fase aguda:

 sintomas sistêmicos:
inespecíficos, correspondendo à presença do parasita na corrente
sangüínea e no interior das células musculares, do sistema retículo-
endotelial, dos fibroblastos e macrófagos.

 principais queixas são:


febre prolongada,
anorexia,
adinamia, mal-estar geral,
cefaléia.
exame físico, nota-se:
 linfadenopatia,
 hepatoesplenomegalia e
 sinais de insuficiência cardíaca relacionados à miocardite.
Doença de Chagas Clínica
Fase aguda:

 menos freqüentemente:
alterações sensoriais e neurológicas indicativas de eventual
ocorrência de meningoencefalite (praticamente limitada às crianças,
sendo freqüentemente fatal).

mesmo não tratadas, essas alterações involuem, desaparecendo


espontaneamente em algumas semanas. Contudo, a letalidade
pode atingir 5 a 10%.

 nas formas congênitas há predomínio da hepatomegalia sobre o


quadro febril.
Doença de Chagas Clínica
Fase crônica:
 distinguem-se duas formas de comprometimento visceral:
 cardíaca:
pacientes com predomínio de lesão miocárdica as complicações
descritas são:
insuficiência cardíaca, fenômenos tromboembólicos, choque
cardiogênico e intoxicação digitálica. Súbita parada cardíaca em
jovens é atribuída a fibrilação ventricular.
 digestiva:
ocorre estase com dilatação e atonia a montante dos segmentos
afetados e induzindo à formação de megaesôfago e megacólon,
disfagia, regurgitação, constipação, volvo sigmóide e hipertrofia da
glândula parótida.
Doença de Chagas Clínica
Gestante:

 A transmissão congênita do doença de Chagas em todas


as fases, é referida com:

 incidência muito variável, mas em geral é rara e leva à


prematuridade e a quadros graves no período neonatal.

 pode ocorrer também:


placentite chagásica,
abortamentos e
óbito fetal.
Doença de Chagas Clínica
Hospedeiro imunocomprometido:

 AIDS, transplantados, doenças hemáticas


imunossupressoras:
ocorre reativação da infecção chagásica preexistente (fases
indeterminada e crônica), que assume caráter septicêmico e
progressivo com acometimento preferencial do sistema
nervoso central e do coração.
dano do SNC caracteriza-se por:
 meningoencefalite aguda com abundantes parasitas no

líquor ou lesões necro-hemorrágicas focais, com efeito


de massa e grande edema perilesional, que à TC são
muito semelhantes àquelas causadas pela
toxoplasmose.
Doença de Chagas Clínica
Hospedeiro imunocomprometido:

 AIDS, transplantados, doenças hemáticas


imunossupressoras:
No coração ocorre:
 pancardite, principalmente miocardite,
 com lesões inflamatórias focais do miocárdio e pericárdio,
 com congestão, edema, infiltrado linfomonocitário e
 a forma amastigota do parasita em grande quantidade.
Geralmente a evolução clínica é desfavorável.
Doença de Chagas Laboratório
Fase aguda:
 demonstração direta do parasita:
 exame microscópico de gota espessa ou esfregaço,
 técnicas de concentração do parasita (método de centrifugação
de Strout: 600 Hz),
 biópsias dos linfonodos comprometidos ou do chagoma de
inoculação.
 xenodiagnóstico:
pesquisa de parasitas no conteúdo intestinal ou nas fezes dos
triatomíneos, algumas semanas após alimentá-los com sangue do
paciente suspeito da infecção. Sensibilidade de 90% na fase aguda,
e 30 a 40% na fase crônica. São necessárias de 30 a 40 ninfas de
terceiro ou quarto estágios, com jejum prévio de pelo menos vinte
dias, em cada coleta.
Doença de Chagas Laboratório
Fase aguda:
 hemoculturas: em meio NNN (Nicolle-Novy-MacNeal), com
sensibilidade um pouco inferior ao xenodiagnóstico.
 pesquisa de anticorpos específicos para o T. Cruzi:
classe IgM (nas fases precoces) e
IgG (na fase crônica, atingindo títulos máximos em 3 a 4 meses),
por técnicas de imunofluorescência indireta ou ELISA (também
inibição da hemaglutinação, fixação de complemento), tem boa
correlação com a fase aguda, não havendo porém correspondência
na fase crônica da doença.
dois ou três testes devem ser feitos porque testes falsos-positivos
são comuns, particularmente com outras infecções como:
 leishmanioses,
 malária,
 sífilis, infecção por T. rangeli e doenças autoimunes
Doença de Chagas Laboratório
Diagnóstico diferencial:
 Sinal de Romaña:
traumas,
conjuntivites,
picadas de insetos, miíase
abscessos e celulite periorbitária.
 Sinais e sintomas sistêmicos:
esquistossomose,
calazar,
brucelose, toxoplasmose,sífilis
mononucleose infecciosa, citomegalovirose,
 Congênita:
sífilis, toxoplasmose.
Doença de Chagas Tratamento
Tratamento ainda é insatisfatório:
 é indicado na fase aguda apenas,
 sendo controverso nas fases latente e crônica.
 Nifurtimox:
comprimidos de 120 mg,
do grupo dos nitrofuranos,
dose: adultos: 10 mg/Kg/dia em 4 doses pós-prandiais
crianças: 15 mg/Kg/dia
período: 60 a 120 dias, de acordo com o efeito terapêutico e a tolerância à
droga,
efeitos colaterais: 70 - 90% dos casos: inapetência, náuseas, vômitos,
anorexia e emagrecimento, insônia, irritabilidade, tremores e neuropatia
periférica. Raramente alucinações, infiltrado pulmonar e convulsões.
Geralmente causam a interrupção voluntária do tratamento.
melhores efeitos na Argentina, Chile e algumas regiões do Rio Grande do
Sul, sugerindo suscetibilidade diferenciada entre as cepas do T. cruzi.
Doença de Chagas Tratamento
Benzonidazol:
 comprimidos de 100 mg,
 derivado nitroimidazólico
 dose: 5 mg/Kg/dia
 período: 60 dias
 efeitos colaterais: erupções cutâneas com 7 a 10 dias de
tratamento, polineuropatia periférica e granulocitopenia que
indicam a interrupção do tratamento.
 controle: hemograma e contagem de plaquetas semanais.
Na fase aguda há remissão da febre em 2 a 3 dias, além do desaparecimento
um pouco mais lento da hepatoesplenomegalia, dos linfonodos e dos sinais
inflamatórios do chagoma de inoculação, da miocardite aguda.
O acompanhamento da eficácia terapêutica apoia-se nos resultados do
xenodiagnóstico (mais utilizado) ou hemocultura e das reações sorológicas
(negativação quando o tratamento é instituído na fase aguda ou no início da
fase indeterminada) pós-tratamento.
O sangue poderá ser usado para transfusão após ser tratado com violeta de
genciana.
Doença de Chagas Evolução

Prognóstico:
 Infecções agudas na infância são freqüentemente fatais,
particularmente quando o SNC é envolvido.

Prevenção:
 Promoção da higiene e saneamento públicos.
 Melhoria das condições de vida e moradia.

Campanhas de eliminação do vetor.
Doença de Chagas História

Múmia da América
do Sul:
 Cardiomegalia por
Doença de Chagas

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