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DIREITO INTERNACIONAL

Responsabilidade Internacional dos


Estados
Fábio Mendonça Santiago
Aula 06
2019-II
CONCEITO DE RESPONSABILIDADE
INTERNACIONAL DOS ESTADOS
Trata-se de um conceito mais coletivo do que individual, e
ocorrerá quando um agente ou funcionário do Estado
erra e comete violação ao direito de outrem; ou quando
um Tribunal interno deixa de aplicar um tratado vigente,
negando eventual direito a um estrangeiro protegido por
esse tratado, é o Estado para o qual o agente trabalha que,
em princípio, responde pelo dano na órbita internacional.
A responsabilidade individual é subsidiária das
jurisdições estatais e tem relevância um pouco menor no
plano externo, embora a condenação de indivíduos se
encontre em voga em tribunais penais internacionais.
CONCEITO DE RESPONSABILIDADE
INTERNACIONAL DOS ESTADOS
A prática de um ato ilícito internacional, assim entendido
como todo ato violador de uma norma de DIP, por parte
de um Estado, em relação aos direitos de outro, gera a
responsabilização do (Estado) causador do dano, em
relação ao Estado contra o qual o ato ilícito foi cometido.
Portanto, “todo fato internacionalmente ilícito de um
Estado gera a sua responsabilidade internacional”, sendo
necessário que nas relações entre Estados haja um critério
mínimo de justiça que mantenha estável o bom
entendimento entre as potencias estrangeiras, impondo
ao Estado violador dessa estabilidade, um ônus jurídico.
FINALIDADE DA RESPONSABILIDADE
INTERNACIONAL DOS ESTADOS
1. Visa coagir psicologicamente os Estados para que não
deixem de cumprir com seus compromissos internacionais
(finalidade preventiva)
2. Visa atribuir ao Estado que sofreu um prejuízo causado por
uma violação de normas do DIP praticada por outro Estado,
uma justa e devida reparação (finalidade repressiva)
O conceito de responsabilidade internacional dos Estados
alcança também as Organizações Internacionais
intergovernamentais, que podem reclamar direitos e também
serem demandadas por eventual violação de normas
internacionais que acarretem prejuízos a terceiros.
CARACTERÍSTICAS DA RESPONSABILIDADE
INTERNACIONAL DOS ESTADOS
Ideia de justiça: É o princípio segundo o qual os Estados
estão vinculados ao cumprimento daquilo que assumiram
no cenário internacional, devendo observar seus
compromissos de boa-fé, sem qualquer prejuízo aos outros
sujeitos do direito das gentes. Ou seja, o Estado é
internacionalmente responsável por toda ação ou omissão
que lhe seja imputável de acordo com as regras do DI, e das
quais resulte violação de direito alheio, ou violação
abstrata de uma norma jurídica internacional, por ele
anteriormente aceita.
CARACTERÍSTICAS DA RESPONSABILIDADE
INTERNACIONAL DOS ESTADOS
Reparação: O instituto da responsabilidade
internacional do Estado visa sempre a reparação a um
prejuízo causado a determinado Estado em virtude de
ato ilícito praticado por outro.
 A reparação (civil) é a restitutio naturalis ou restitutio in
integrum, que tem por finalidade restituir as coisas ao estado de
fato anteriormente constituído, na medida do possível,
buscando promover o status quo ante como forma de
satisfação.
 Se o restabelecimento não for possível, o prejuízo deve ser

reparado por meio de indenização ou compensação


CARACTERÍSTICAS DA RESPONSABILIDADE
INTERNACIONAL DOS ESTADOS
Proteção diplomática: A responsabilidade internacional
do Estado se opera de Estado para Estado, mesmo que o ato
ilícito seja praticado por um indivíduo ou ainda que a vítima
seja um particular seu. A proteção diplomática é a atividade
voltada para a proteção de direitos de um Estado em
decorrência da violação desses direitos por outro Estado
A vítima de uma violação não demanda diretamente o Estado
violador, apenas apresenta uma reclamação ao Estado de sua
nacionalidade, para que este a proteja internacionalmente.
Quando o Estado de sua nacionalidade oferece proteção,
endossa a reclamação da vítima e toma como sua a queixa
alegada. Esse endosso irá outorgar a proteção diplomática
CARACTERÍSTICAS DA RESPONSABILIDADE
INTERNACIONAL DOS ESTADOS
CONDIÇOES PARA CONCESSAO DO ENDOSSO
Ser a vítima pessoa (física ou jurídica) nacional do Estado
reclamante ou pessoa sob sua proteção.
Ter a vítima esgotado os recursos internos (administrativos
ou judiciais)
Ter a vítima agido corretamente e sem culpa, ou seja, não
ter contribuído com seu próprio comportamento para a
criação do dano
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA
RESPONSABILIDADE DO ESTADO
EXISTENCIA DE UM ATO ILÍCITO INTERNACIONAL: A
violação ou lesão de uma norma de Direito Internacional
Público, tanto de forma comissiva, quanto de forma
omissiva
IMPUTABILIDADE OU NEXO CAUSAL: É o nexo que liga
o ato danoso violador do direito Internacional (ou a
omissão estatal), ao responsável causador do dano (autor
direto ou indireto do fato). Trata-se do vínculo jurídico que
se forma entre o Estado (ou organização internacional) que
transgrediu a norma internacional, e o Estado que sofreu a
lesão decorrente de tal violação.
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA
RESPONSABILIDADE DO ESTADO
PREJUIZO OU DANO: Pode ser material ou imaterial
(moral), causado ao Estado (ou organização
internacional), e pode ter decorrido de um ato ilícito
cometido por um Estado (ou organização internacional),
ou por particular em nome do Estado.
Somente o sujeito de direito das gentes (Direito
Universal - Internacional) vitimado por algum dano
pode reclamar do outro faltoso, a sua reparação,
principalmente no que concerne ao cumprimento de
eventual tratado celebrado entre ambos
NATUREZA JURÍDICA DA
RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL
DOUTRINA SUBJETIVISTA: Ou teoria da culpa, implica
que a responsabilidade internacional deve derivar de um
ato culposo (stricto sensu) de um Estado, ou doloso, em
termos da vontade de praticar o ato ou evento danoso.
Ou seja, não basta que haja prática de ato internacional
objetivamente ilícito; é necessário que o Estado que o
praticou tenha agido com culpa (negligencia,
imprudência ou imperícia), ou dolo intencional.
NATUREZA JURÍDICA DA
RESPONSABILIDADE INTERNACIONAL
DOUTRINA OBJETIVISTA: Ou teoria do risco, segundo a
qual haverá responsabilidade do Estado no simples fato de
haver violação de uma norma internacional que deveria
respeitar, não se preocupando em saber a motivação ou os
fatos que o levaram a atuar delituosamente.
 Na teoria objetivista, a responsabilidade do Estado surge em
decorrência do nexo de causalidade existente entre o ato ilícito
praticado pelo Estado e o prejuízo sofrido por outrem, sem quaisquer
preocupações com o elemento psicológico para auferir a
responsabilidade do Estado causador do dano. O que está em jogo é
o risco.

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