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MUSEOLOGIA

Aula 2: HISTÓRICO DA MUSEOLOGIA NO MUNDO E NO BRASIL


MUSEOLOGIA

Aula 2: HISTÓRICO DA MUSEOLOGIA NO MUNDO E NO BRASIL


MUSEOLOGIA

Aula 2: HISTÓRICO DA MUSEOLOGIA NO MUNDO E NO BRASIL


  A MUSEOLOGIA NO MUNDO
MUSEOLOGIA
Você viu que a palavra museu teve origem na antiga Grécia. Museion
era o nome dado aos templos das musas, que representavam os ramos
das artes e das ciências. Mas esses templos não tinham a finalidade de
reunir coleções. Eram locais reservados para debates filosóficos e
estudos artísticos, científicos e literários.
 
E essa noção de museu continuou associada às artes, às ciências e à
memória, da mesma maneira que era na antiguidade. Mas, com o passar
do tempo, a ideia de museu foi adquirindo novos significados, até que,
no século XV, colecionar objetos virou uma mania em toda a Europa.
 
Nesse período vivia-se o espírito científico e humanista do
Renascimento, e as coleções – cada vez maiores e variadas – eram
armazenadas em locais chamados de "gabinetes de curiosidades". As
pessoas importantes gostavam de ter esses “gabinetes” em suas casas,
para exibir objetos raros e exóticos como prova de sua riqueza e seu
poder.

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Com a expansão das navegações para o oriente e para o novo mundo,
essas coleções passaram a ser enriquecidas com obras de arte, artefatos
científicos e outros objetos provenientes das Américas e da Ásia,
adquiridos pela nobreza e pela burguesia ascendente. Também eram
colecionados trabalhos de artistas locais.
 
Símbolos do poder político e econômico, essas coleções proliferavam
por toda a Europa. Além de objetos e obras de arte, essas coleções
também passaram a abrigar espécimes da natureza – animais, plantas e
minerais raros e exóticos – formando as primeiras coleções científicas
criadas por estudiosos que buscavam reproduzir o ambiente natural de
espécies vindas de terras distantes.
 
Entretanto, os gabinetes de curiosidades reuniam objetos que atraíam
mais por sua beleza, raridade, técnica ou pelo seu valor simbólico.
Eram adquiridos mais pelo prazer de colecionar para mostrar riqueza e
poder do que para servir como elementos de pesquisa. Não havia um
critério científico na formação dessas coleções, e os objetos no seu
conjunto não constituíam um conhecimento organizado. Esses
gabinetes também não tinham a função de transmitir conhecimento.
 
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Foi entre os séculos XV e XVI que surgiram as primeiras coleções organizadas para formar
acervos de instituições parecidas com as que hoje conhecemos como museus. Mas foi somente
no final do século XIX que surgiu, na Inglaterra, uma instituição criada para essa finalidade: o
Museu de História Natural de Londres.
 
Os objetos então passaram a ser coletados formando um conjunto lógico. E o primeiro a
organizar esses objetos por classes foi o botânico, zoólogo e médico suíço Carlos Lineu, criador
do método de classificação científica.
 
A partir de então, as coleções passaram a ser usadas também para a pesquisa, e os antigos
gabinetes transformaram-se em museus, tal como hoje são conhecidos. Contudo, essas
instituições ainda não eram abertas ao público. Apenas os estudiosos e membros de sociedades
científicas tinham acesso a esses locais. Em 1753 surgiu o Museu Britânico em Londres
(Inglaterra). Entre 1750 e 1773 o Museu do Louvre em Paris (França), e em 1783 o Museu
Belvedere em Viena (Áustria).

Museu de História Natural de Londres Museu do Louvre ( Paris) Museu Belvedere ( Viena)

 
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No final do século XVIII, na França, foi permitido ao público ter acesso
a essas instituições, marcando o surgimento dos primeiros museus
nacionais. Em seguida, outros museus foram criados na Europa: em
1808, em Amsterdã (Holanda), surgia o Museu Real dos Países Baixos.
Em 1810 o Altes Museum em Berlim (Alemanha); em 1819 o Museu do
Prado em Madri (Espanha), e em 1852 o Museu Hermitage em São
Petersburgo (Rússia).
 
Criados dentro do espírito nacionalista da época, esses museus tinham
como função formar cidadãos através do conhecimento do seu
passado, e participaram de maneira decisiva na construção dos
Estados nacionais emergentes e das nacionalidades. Também
assumiam a função de exaltar o poder desses países através de
coleções trazidas das suas colônias.
 
Durante todo o século XIX, várias expedições percorriam os territórios
colonizados recolhendo espécimes da flora e da fauna, com o objetivo
de conhecer os recursos naturais e os costumes locais. Assim foram
se formando as coleções de Mineralogia, Botânica, Zoologia,
Etnografia e Arqueologia que passaram a integrar os acervos dos
principais museus da Europa.

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Desde então, naturalistas e artistas europeus realizavam viagens exploratórias ao
chamado "novo mundo", descrevendo e retratando minuciosamente as características do
meio físico e os costumes dos habitantes. No Brasil, Debret, Rugendas, Saint Hilaire, Spix
e Martius, entre outros, publicaram um vasto material etnográfico sobre o nosso País.
 
Ainda em 1870 surge o Museu Metropolitano de Nova Iorque (Estados Unidos). Com um
perfil mais pedagógico, serviu de modelo para outros museus norte-americanos e mais
tarde influenciou a ação de museus latino-americanos, como o MASP (Museu de Arte de
São Paulo) e o Museu de Antropologia da Cidade do México.

Metropolitan (Nova Iorque) Museu de Antropologia da Cidade do México

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A MUSEOLOGIA NO BRASIL
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A primeira instituição museológica brasileira surgiu no início do século
XIX. O Museu Real, criado por D. João VI no Rio de Janeiro em 1818
veio a ser o atual Museu Nacional. Inicialmente, seu acervo era composto por
uma coleção de história natural doada pelo próprio príncipe. Pouco depois
passou a ser aberto ao público, e seu acervo foi enriquecido por uma importante
coleção de egiptologia adquirida por D. Pedro I. Contudo, o Museu Real manteve
um perfil puramente colecionista, e somente no final do século XIX adquiriu um
caráter científico.
 
Em 1864 foi criado o Museu do Exército, e em 1868 o Museu da Marinha. Em
seguida, foram criados o Museu Paranaense em 1876 e o Instituo Histórico e
Geográfico da Bahia em 1894. Ainda nesse cenário, surgiram dois importantes
museus etnográficos: o Paraense Emílio Goeldi em 1866 e o Museu Paulista –
atualmente Museu do Ipiranga –, em 1894.
 
Junto com o Museu Nacional, o Museu Paraense Emílio Goeldi e o Museu Paulista
assumiram o perfil de museus etnográficos, seguindo o modelo que se difundiu
em todo o mundo entre os anos de 1870 e 1930. Suas coleções eram formadas
por elementos de história natural, etnografia, paleontologia e arqueologia, e
eram organizadas e apresentadas de uma forma enciclopédica, isto é, seguindo
uma cronologia.

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Museus Brasileiros
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MUSEOLOGIA
As pesquisas desenvolvidas por esse museus apoiavam-se na teoria evolucionista de
Charles Darwin, naturalista inglês, a partir da qual eram interpretadas as origens e
evolução das espécies e da sociedade, que mais tarde foi a base da antropologia.
 
Portanto, podemos dizer que tanto no Brasil como no resto do mundo os museus se
constituíram sobre dois modelos: um, baseado na história e na cultura do seu país, e
orientado para celebrar sua nacionalidade, e outro, voltado para o estudo da pré-
história, da arqueologia e da etnologia, como resultado dos movimentos científicos da
época.
 
No Brasil, assim como nos demais países, os museus de modelo enciclopédico
predominaram até 1930, quando entraram em declínio junto com as também
superadas teorias evolucionistas. Entretanto, os museus brasileiros mantiveram suas
ações a serviço do nacionalismo, celebrando em suas exposições a exuberância da
nossa natureza e a cultura do nosso povo.

Essa temática nacionalista ganhou maior relevância a partir da criação do Museu


Histórico Nacional (MHN), no Rio de Janeiro, em 1922, junto com o Movimento
Modernista. Daí por diante, a museologia rompeu com a tradição enciclopédica e
inaugurou a fase consagrada à história brasileira, produzindo exposições que
apresentavam a nossa cultura material e simbólica como representativa da nossa
nacionalidade.

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O objetivo das ações realizadas pelo MHN era educar o nosso povo através dos
valores nacionais. As exposições apresentavam fatos e personagens da nossa
história, incentivando o culto à tradição e à formação cívica como fatores de
união e progresso. Os acervos documentavam a evolução da nação brasileira,
com destaque especial para os períodos do Império e da República.
 
Seguindo o modelo implantado pelo Museu Histórico Nacional, vários museus
surgidos entre as décadas de 1930 e 1940 trouxeram as marcas de uma
museologia comprometida com a ideia de uma memória nacional, como fator
de integração social e reflexão crítica.
 
A partir de então, o Museu Histórico Nacional se tornou referência para outros
museus brasileiros, e contribuiu para a criação do curso de graduação em
museologia em 1932, que funcionou no próprio museu até 1979, formando e
aperfeiçoando profissionais de várias áreas do conhecimento que desejassem
trabalhar em museus de todo o País.

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AS NOVAS INSTITUIÇÕES MUSEOLÓGICAS
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A partir do final da década de 1980, outros tipos de instituições
passaram a ser criadas principalmente nas capitais e grandes cidades
do Brasil e do mundo, realizando ações educativas de excelente
qualidade: os centros culturais. Com uma estrutura receptiva mais
flexível, esses espaços foram inicialmente concebidos para
funcionarem como instrumentos de visibilidade institucional de
empresas.
 Além de reunirem acervos de diversos tipos – próprios e de outras
instituições – para realizarem suas exposições, alguns centros culturais
se especializaram em adquirir e conservar acervos específicos,
tornando-se referência no tratamento desses acervos.
Centro Cultural Banco do Brasil
 

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MUSEOLOGIA Nessa aula você:

- conheceu como se formaram as primeiras coleções


museológicas;
- conheceu os primórdios da museologia no Brasil e no
mundo;
- aprendeu a respeito das novas instituições museológicas.
 
O na próxima aula...
Você irá:
- saber mais sobre os centros culturais e os centros de
memória e de referência;
- identificar os principais tipos de museus e diferenciar
suas ações.
 

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MUSEOLOGIA Atividades de Estudo

Visite os sites dos museus brasileiros e estrangeiros citados na nossa aula,


e pesquise sobre os seus acervos. Visite o site do Museu Histórico
Nacional, e pesquise sobre o seu acervo de Egiptologia. Procure saber
sobre os trabalhos publicados por Jean Baptiste Debret, Johann Moritz
Rugendas e por Spix e Martius. Neles você vai encontrar belos desenhos
e descrições sobre a natureza do nosso País e os costumes do nosso povo
no século XIX.

Aula 2: HISTÓRICO DA MUSEOLOGIA NO MUNDO E NO BRASIL


MUSEOLOGIA Questões:
Questão 1:As primeiras coleções armazenadas nos “gabinetes de
curiosidades” foram formadas com o intuito de:

a) reunir objetos raros e exóticos para exibição pública;


b) servirem como instrumento de transmissão de conhecimento;
c) demonstrar o poder político e econômico dos seus possuidores;
d) formar o acervo dos futuros museus;
e) serem usadas como instrumento de afirmação nacionalista.
 

Questão 2: O espírito humanista do Renascimento e a expansão comercial


da era das navegações foi determinante para:

a) a abertura dos museus para o público;


b) aumentar o número de museus nos países do leste da Europa;
c) a criação das primeiras coleções de arte popular na península itálica;
d) a diversificação das primeiras coleções, com o acréscimo de objetos
vindos principalmente da Ásia e das Américas;
e) a criação dos gabinetes de curiosidades.

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Questão 3: As primeiras coleções científicas foram criadas com o intuito
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de:

a) mostrar ao público as espécies raras e exóticas vindas das colônias;


b) serem usadas como instrumentos de afirmação de nacionalidades;
c) reproduzir o ambiente natural de espécies vindas de terras
distantes;
d)demonstrar poder político e econômico;
e) formar cidadãos através do conhecimento do seu passado.
 
Questão 4:A celebração das nacionalidades foi, inicialmente, um dos
principais objetivos dos museus. No Brasil, as exposições desse
período reuniam:
a) acervos provenientes da Ásia, Europa e América Central;
b) objetos que demonstravam o poder e a riqueza das elites
comerciais brasileiras;
c) visitantes de diferentes idades para celebrar a Independência do
Brasil;
d) acervos que documentavam a evolução do nosso País, destacando
os períodos imperial e republicano;
e) acervos que se apoiavam na teoria evolucionista de Charles Darwin.
 

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MUSEOLOGIA
Questão 5: A transformação dos antigos gabinetes de curiosidades
em museus só foi possível quando:

a) os gabinetes passaram a ser administrados pelo governo;


b) passaram a exaltar as jovens nações europeias e as nacionalidades;
c) o público passou a frequentar as exposições;
d) passaram a ser realizadas ações educativas para os públicos infantil
e jovem;
e) os objetos colecionados passaram a constituir um conjunto lógico,
formando acervos classificáveis.
 
BONS ESTUDOS!!!!
 
GABARITO: 1)C – 2) D – 3) C – 4) D – 5) E
 

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