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VARIAÇÃO EM ATAQUE

SILÁBICO
Fonologia em LP – Prof.ª Joelma Castelo
Aluna: Maria Carolina de S da Silva
INTRODUÇÃO
 Para a análise de variação, é necessário
lembrar que “a heterogeneidade linguística
não é aleatória e, embora nem toda variação
implique mudança, toda mudança pressupõe
variação”. (Dinah Callou).
 Em relação à variação em onset silábico no
português brasileiro, a autora ressaltou a
variação existente entre os róticos e as
consoantes oclusivas alveolares.
OS RÓTICOS
 A variação discorrida pela autora é a do R
forte (como em carro ou rato).
 A variante considerada de maior prestígio
era a vibrante ápico-alveolar. Segundo
Vianna (1902), a variante uvular/velar
deveria ser evitada por ser uma pronúncia
viciosa.
 Percebe-se uma mudança na pronúncia do
/R/ tanto no ponto de articulação (em que
houve uma posteriorização) quando no modo
de articulação (de vibrante para fricativa).
 A velarização é um processo que ocorreu não
somente em países hispanoamericanos como
também em outras áreas linguísticas
românicas.
 Segundo Hammarström (1953), essa
mudança acontece por conta da tensão
necessária para se articular o R ápico-
alveolar.
 Já segundo Granda Gutierrez (1996ª) e
Morais-Barbosa (1962), a razão para a
mudança é um processo de relaxamento e
comodidade articulatória.
 De acordo com as amostras de fala culta
(Nurc), da década de 1970, pode-se observar
a variação e mudança na pronúncia do /R/
em diversas regiões do país.
 Foi verificado que o Rio de Janeiro
assemelha-se mais com Salvador e Recife no
processo de posteriorização do /R/, em que
apresentam cerca de 97% de preferência
pelas variantes velares/uvulares.
 Enquanto isso, as cidades de São Paulo e
Porto Alegre apresentam, respectivamente,
1% e 4%.
FATORES SOCIAIS
 Segundo Callou (1987), a variante com maior
predomínio na fala culta carioca era a
fricativa velar.
 Alguns fatores sociais apontados que podem
exercer influência sobre a escolha da
variante pelo falante foram gênero, área de
residência do indivíduo e faixa etária.
 A fricativa era mais observada na fala de
mulheres, principalmente em contexto
inicial, apresentando 79% de ocorrência,
enquanto os homens apresentavam 21%.
 Em relação à área residencial do falante,
percebe-se um predomínio de inovação na
área suburbana, com ocorrência de 69% da
variante fricativa velar em contexto inicial.
 Além disso, foi possível observar uma
mudança em curso, já que os falantes mais
jovens (25-35) apresentavam 66% de
ocorrência da variante inovadora em
contexto inicial. Indivíduos entre 36-50 anos
apresentaram 61% e com mais e 51 anos
mostraram-se mais conservadores, com 24%.
ENFRAQUECIMENTO
 De acordo com Callou, Leite e Moraes (1996),
a fricativa glotal é a que predomina em
diversos dialetos.
 Esse processo pode ser definido como um
enfraquecimento – o que envolve abertura
(diminui a resistência da passagem de ar) e
sonoridade.
 O enfraquecimento pode ser definido como
aumento da sonoridade, enquanto o
fortalecimento é a diminuição da mesma.
PALATALIZAÇÃO DAS OCLUSIVAS
ALVEOLARES
 A palatalização das consoantes [t] e [d] pode
ocorrer em diversas regiões do país por
razões linguísticas ou extralinguísticas.
 Esse processo é mais frequente no Sul e no
Sudeste do país.
 De acordo com um estudo baseado nos
dados do corpus Nurc, a capital que
apresenta maior índice de realização das
africadas é o Rio de Janeiro (99%), seguida
por Salvador (73%), São Paulo (48%), Porto
Alegre (18%) e, finalmente, Recife (2%).
 Em Amazonas e no Pará, predomina o uso
das consoantes africadas, tanto na existência
de neutralização em contexto pós-tônico final
(estant[i]) quanto no uso da vogal alta
anterior fonológica (est[i]ma). Enquanto a
consoante vozeada /d/ pode ser realizada
como alveolar ou palatalizada, ocorrências
de /t/ alveolar são bem mais raras quando há
alteamento de vogal.
 No estado da Bahia, o grau de palatalização
varia em diferentes regiões: enquanto uma
apresenta um grau maior, em outra há
menor número.
 Hora (1999) estudou o falar da comunidade
de João Pessoa e ressaltou que cerca de 7%
dos casos de palatalização sofrem influência
de fatores extralinguísticos.
 De acordo com ele, a variante africada
recebe maior prestígio por ser utilizada por
indivíduos com maior grau de escolaridade.
 Além disso, o sexo do falante também se
definiu como um fator importante. Percebeu-
se que as mulheres utilizavam menos as
consoantes palatais.
 Nos estados do Paraná e Rio Grande do Sul, a
variante que predomina é a palatalizada.
Entretanto, em Santa Catarina há maior
número de ocorrências da consoante
alveolar.
 Bisol (1986) afirma que, em RS, ainda que
haja grande frequência das africadas, a
presença das consoantes /s/ e /z/
influenciaria para a ocorrência de uma
alveolar e não de uma palatalizada.
 Além disso, haveria uma relação direta entre
a palatalização e o processo de alteamento
da vogal.
 Segundo Pagotto (2004), com foco na cidade
de Florianópolis, fonologicamente, a
africação das consoantes dentais seria uma
forma de compensar os traços da vogal,
fazendo-os visíveis.
 Mostra que as palatais são mais frequentes
nos centros urbanos, entre os jovens e entre
as mulheres. Entretanto, o predomínio é das
não africadas.
 Carvalho (2002), ao estudar a região norte e
noroeste fluminense, constata o predomínio
da palatalização, principalmente entre os
jovens.
BIBLIOGRAFIA
 Callou, D. (2015). Variação e mudança no
âmbito do consonantismo. In: M. A. Martins,
& J. Abraçado, Mapeamento sociolinguístico
do português brasileiro (pp. 54-64). São
Paulo: Contexto.

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