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Aula de

Introdução aos
Orixás
Victor Angelo - Oselonan
O que São Orixás?
O Termo Orixá, do Yorubá “Òrìsà”, vem de “Orìsè”, uma abreviação de “Ibiti orí ti sè”,
que significa “A Origem/Fonte do Ori”, encarados como Guardiões da nossa existência
enquanto encarnados. Segundo a doutrina tradicional africana, que antecede e muito a
crença Cristã, Olódúmarè, o Ser Supremo, o Deus e Criador de Tudo e Todos, não pode ser
entendido e cultuado de forma ampla, pela sua magnitude, então o adoramos e o
alcançamos através das Forças da Natureza, Ancestrais e Divindades, que ele mandou para
a terra, a fim de que elas mostrassem suas aptidões para a manutenção e administração da
Criação. Cada divindade se fincou em uma terra africana, criou um império e mobilizou
seguidores, que vivem até hoje louvando e adorando as maravilhas que eles
proporcionaram. Dentro da doutrina da Umbanda, os Orixás são energias de Deus
exteriorizadas pelo criador, cada um regendo um trono divino, como justiça, lei, amor,
evolução, geração, etc.
Dentro de qualquer culto aos Orisàs, é importante salientar que se trata de uma
adoração Henoteísta, ou seja, que acredita num Deus supremo e criador único, a quem
chamamos de Olódúmarè, mas que não nega a existência de outras divindades que
controlam diferentes elementos, sendo estes criados pelo Supremo. Sendo assim, como já
dito antes, os Orisàs também são chamados de “Ébórá”, que significa "Um homem/mulher
forte, aquele que é notável, um mito poderoso“, ou Irunmole, contração de “Emò ti be nilè”,
que significa “Sobrenaturais da Terra”.
Exú – Èsù
Exu foi o primeiro Orixá a pisar na terra, sendo tratado como “Òjíse Edumare”
(Mensageiro Divino). Para que as divindades, ancestrais e qualquer outra energia nos ouça,
Exú deve ser cuidado, adorado e muito bem alimentado. Ele não atrapalha, não destrói,
nem muito menos nos machuca, como todos, Exú também é Deus e Pai, porém, como tudo,
tem seu fundamento que deve ser mantido e executado da melhor maneira possível. É o
dono do mercado, então frequentemente é ofertado para que traga riquezas e proteção,
pois sabe retribuir aqueles que o agradam.
Para os Yorubás, possui vários nomes diferentes, encarados como títulos para uns e
qualidades para outros, como “Iyangui” (A Matéria Prima do Universo), “Òkòtó” (O Infinito),
“Òdára” (O Senhor da Felicidade), entre outros.
Exú é comemorado no dia 13 de Junho na maioria dos Terreiros, devido ao seu
sincretismo com Santo Antônio. Também é conhecido como a Divindade do Dinamismo, da
Virilidade e da Fertilidade Masculina, inclusive tendo como um de seus símbolos mais
marcantes o Ogò, bastão de madeira em formato fálico que geralmente acompanha búzios
e cabaças. Èsù come tudo que a boca come, dês que feito com amor, dedicação e
principalmente fé. Geralmente usa Vermelho, Vermelho com preto ou Todas as Cores.
Na maioria dos terreiros de Umbanda, não se cultua esta divindade,
tendo como representantes o que chamamos de Catiços ou Ekurus. A grande
diferença entre ambos é que os chamados Guardiões, bebem, fumam e
gargalham, diferente da divindade, que transmite o axé publicamente através
de suas danças marcantes.
Saudações a Exú
Lároyé Èsù – Salve o Mensageiro
Mó Júbà Òjisè – Meus Respeitos Àquele que é o Mensageiro
Pombogira ou Pomba Gira
Não existe, dentro do Candomblé ou Cultura Tradicional Africana, qualquer vestígio da
existência de uma figura feminina equivalente ao Orixá Exu. O termo “Pombogira” nasceu
da corruptela da palavra Pambu Nzila ou Pambu Njila, um titulo de uma divindade
masculina conhecida como Aluvaiá, um Inkice que faz parte da Cultura Bantu, e que tem
como ponto de força as Encruzilhadas e Caminhos, se sincretizando com o Exu Orixá.
“Lebara”, termo bem conhecido, também não pode ser usado para se referir a uma
figura feminina equivalente a divindade Exu e nem as Pombogiras, já que vem da contração
da palavra “Elegbara”, que significa “Aquele que possui o poder”. Geralmente é utilizada
também para se referir as Casa de Exu, localizadas na entrada dos Terreiros.
Abrindo um parênteses no tema de nossa Aula, Pombogira, Pombagira ou Pomba Gira
são entidades, espíritos, que se apresentam com roupagem fluídica feminina, fazendo
referência a alguma encarnação que aquele espirito teve. Geralmente foram bruxas,
ciganas, mulheres da vida, rainhas, etc, mas hoje por escolha, como prega a Quimbanda, ou
por resgate, como prega a Umbanda, trabalham de forma espiritual para diversas
finalidades. As manifestações destas entidades nasceram, como já citado, na Quimbanda,
que de maneira simplória, se refere a um culto aos antepassados (espíritos) que viveram na
terra e faleceram, ou forças encantadas que nunca encarnaram.
Ogum - Ògún
Ogum é o Senhor do Ferro, o Grande “Alagbede” (Ferreiro) dos Orixás. É considerado a
Divindade responsável por desbravar os caminhos desconhecidos, sendo também
responsável pela metalurgia e tecnologia. É um grande General de Batalha, chamado de
“Balògún”, temido comandante de tropas, pois matou uma centena, para matar a fome de
milhares. Também esta ligado a Caça, pois foi quem ensinou seu irmão Oxóssi a Caçar,
sendo o grande “Olode” (Chefe dos Caçadores).
Na Bahia, nas casas de candomblé mais antigas, Ògún é Sincretizado com São
Sebastião, tendo sua comemoração no dia 20 de Janeiro. Já em São Paulo e Rio de Janeiro,
é na verdade sincretizado com São Jorge, comemorado no dia 23 de Abril. Sendo patrono
da tecnologia, as ferramentas são seus simbolos, pois foi esta divindade que chegando a
terra, ensinou o ser humano a usar a pá, enxada, espada, machado, alavanca, picareta e
faca. É o Senhor do “Àdá” (Facão), do “Obé” (Faca), da “Ofange” (Espada), e do “Abò”
(Escudo), sendo assim o Propiciador dos Sacrifícios, tendo caminho com todos os Orisàs que
utilizam Obé, inclusive Ìyàmì, com exceção somente de Nanã, que possui fundamentos
específicos. Geralmente no Candomblé come feijão preto, inhame, cará e usa Azul Celeste.
Na Umbanda, Ogum é o Orixá da Guerra, a energia que rege a Lei
Cósmica, estando por vezes sozinho, ou ao lado de Iansã, aplicando a Justiça
Divina. Tem energia Eólica, aparecendo muitas vezes como regente da Linha
de Baianos. Sua cor diverge, sendo em algumas casas Vermelho, em outras
Vermelho com Branco, e em outras ainda, Azul Celeste.
Saudações a Ogum
Pataki Ori Ògún – Salve Principal das Cabeças
Oxossi – Ósòósí
Oxóssi é o Senhor da Caça, da Fartura e da Prosperidade. Extremamente ligado ao
Sustento das Casas, possui o titulo de “Oxoto Kan Soso” (Caçador de uma Flecha Só).
Segundo as tradições africanas, foi o segundo Rei da Cidade de Ketu, pai adotivo de Logun e
fiél aprendiz de Ossaim. Tão grande é sua força e supremacia, que por vezes é chamado de
“Oni Aráaiyé” (Senhor da Humanidade).
Como não poderia ser diferente, tem como principal símbolo o “Ofá” (Arco),
instrumento com que caça e proporciona a todos a Fartura. Anda também com o “Iru Kerê”,
um chifre de Boi que possui rabo de cavalo preso, para afastar os Espíritos Negativos dos
seus domínios. É invocado com dois “Ogês”, chifre de boi, que batemos um no outro
produzindo um barulho chamado “Olugboohun” (Senhor Escuta minha Voz). Geralmente
come Milho Torrado, Feijão Fradinho, mas nunca Mel de Abelha. Usa Verde Escuro ou Azul
Cristal, que adorna suas vestimentas e contas.
Na Bahia, é sincretizado com São Jorge, sendo comemorado no dia 23 de Abril, já em
São Paulo e no Rio de Janeiro, é sincretizado com São Sebastião, comemorando-se no
vigésimo dia de janeiro.
Na Umbanda, é o Orixá que nos estimula o conhecimento, dominando as
Matas, assim como sua fauna e flora. Em determinadas vertentes da
Umbanda caminha junto com Obá. Usa Verde Escuro e Chefia a Linha dos
Caboclos, bem como todas as Linhas das Matas.
Saudações a Oxóssi
Òkè Àró – Aquele de Alta Graduação Honorífica!
Ode Àárò Lé – O Caçador que Ajuda no Culto e na Casa!
Odé Koké – Grande Caçador!
Obaluae – Obàlúàiyé
Dentro da doutrina africana e brasileira, é um consenso que existe um Orisà que nunca devemos
pronunciar seu nome, este é Sòpònà ou Sànpònná, que significa “Varíola”. Com esta proibição, para se
referir a tal energia, geralmente utilizamos seus títulos. Obàlúàiyé significa “Rei que é Senhor da Terra”.
Na visão africana, não existe Omolu, sendo essa palavra usada para se referir a Nanã, isso dentro
do Culto a esta Orixá em Abeokuta, na Nigéria. Na África, Obàlúàiyé não é coberto pelo “Ìkó” (Palha da
Costa), e possui profunda ligação com Xangô, por se relacionarem ao fogo, fazendo alusão a seu título
“Bàbá Igbonã” (Pai da Quentura). Neste continente também, a cor de seu culto é Vermelho, já que em
solo africano a terra é avermelhada.
No Brasil, Obáluàyé seria a face nova da energia, responsável pela manutenção da vida, e Omulu
(Filho do Senhor), a face velha, sendo o principio da morte. Quando novo, é uma energia dinâmica, um
Orisà guerreiro, que é coberto de Palha da Costa, e usa muitas vezes uma “Ésin” (Lança) ou o Xaxará
(Quando velho também o usa), um centro de palha que representa os ancestrais e a ligação do céu com
a terra. Geralmente usa Vermelho, Preto e Branco quando novo e Preto com Branco quando Velho.
De modo geral, Obàlúàiyé esta ligado a tudo que faz referencia a superfície da terra,
relacionando-se a saúde, pois é frequentemente apaziguado para evitar disseminações de doenças,
principalmente aquelas que causam febre e vermelhidão.

Na Umbanda, esta divindade esta extremamente ligada a saúde, se dividindo na


energia nova e velha, sendo Obaluaye cultuado como principio de Evolução, junto com
Nanã, e Omulu como principio de Geração, junto a Iemanjá. É Sincretizado com São
Roque, comemorado em 16 de Agosto, São Lazaro, comemorado em 17 de Dezembro, e
no dia de Finados, comemorado em 02 de Novembro. Patrono dos Pretos Velhos.
Saudações a Obaluaye
Atotó a Jú Gbé Rò (Atoto Ajubero) – Silêncio/Calma, o médico
vem nos curar
Ossaim – Òssányìn
“Tatamirô” (Pai das Folhas), é o Senhor da Magia e da Cura através das folhas e pós
sagrados. Somente Ossaim conhece as palavras que despertam os Axés das Folhas,
chamadas no candomblé de “Ewe”. Sua morada é nas matas virgens, acompanhado de
Aroni, um ser encantado que afasta os caçadores e protege seus segredos.
Seu principal símbolo é uma haste com um pássaro em cima e seis varetas forjadas
formando um leque, isso mostra sua ligação com Ìyàmì. Muitos dizem que sua aparência
original é com apenas uma perna, já que simboliza as árvores, com apenas um tronco.
Sua Festa é no dia de São Benedito, em 05 de Outubro, onde se adorna os
assentamentos e as casas com as cores Verde e Branco, espalhando folhas por todo espaço
sagrado.
Na Umbanda não possui culto em muitas casas, tendo seu papel assumido por Oxóssi.
Em algumas aparece em rituais fechados. Algumas casas ainda o considera patrono das
Linha de Curandeiros.
Saudações a Ossaim
Ewe Assá – Salve o Senhor das Folhas.
Kó si ewé, Kó sí Òrìsà – Sem Folhas, não há Orixá.
Oxumarê – Òsùmàrè
É o Senhor da Transformação e da Movimentação, Orixá que propicia muitas riquezas e
prosperidade. Ele que fornece os movimentos de Translação e Rotação do Mundo, do Dia
para a Noite, das Estações do Ano. Possui muita relação com as serpentes, principalmente
das que vivem dentro do rio.
Dentre as vertentes tradicionais, se tem a crença que esta divindade foi um dos
primeiros sacerdotes de Ifá. Seu culto e voltado a Formação do Arco-íris, tanto que para os
africanos, seu nome quer dizer exatamente isso. Por estar relacionado a movimentação, na
cultura tradicional esta ligado a manutenção da chuva.
É sincretizado com São Bartolomeu, comemorado em 24 de Agosto. No Brasil esta
extremamente ligado a Nanã, por ser sua mãe, a Ewá e a Obaluaye, tanto que tem papel
importante no Olubajé. Sua comida principal é a Cobra de Batata Doce e sua cor preferida é
a mistura de Amarelo com Preto. Gosta muito de Búzios.
Na Umbanda, é o Orixá que suga os excessos de sentimentos amorosos,
estando assetando no polo negativo do Trono do Amor, juntamente a Oxum.
Saudações a Oxumarê

Arò bó bò Yí – Neste dia que Nasce Lhe Rendemos Graças


Nanã – Nàná
Dentro da doutrina Brasileira, Nanã é a Senhora dos Mangues, Pântanos e Dona do
Portal de Encarnação e Reencarnação. É a Senhora da União, pois da união da Terra e da
Agua, nasce a Lama. Chamada de Iyá Agbà (Mãe Antiga), foi a propiciadora da Matéria
Prima para que Oxalá moldasse o Ser Humano, com a condição que seu Barro volte para
suas mãos no desencarne.
Teve três filhos, Obaluaye, Oxumare e Iyewá. Fontes ainda dizem que Oyá, Iroko e
Ossaim também são da sua família, mas não é um consenso entre todos. Possui o titulo de
Omo Àtiòro Okè Ofa (Filha do Poderoso Pássaro Atiro da Cidade de Ofa). Utiliza cor Lilás,
tendo como símbolo o “Ibiri”, um bastão de haste de palmeira que comanda a vida e a
morte.
Na Cultura Africana, principalmente na cidade de Abeokuta, na Nigéria, é chamada de
Omolu Buruku, sendo Omolu uma Orixá Fêmea e Buruku seu Esposo Místico. É a única
divindade cultuada pelos Yorubas que veio de outras terras, dos Fon.
Na Umbanda, é o Orixá que Rege os Pântanos e Mangues, a Chuva e o
Poço. Esta assentada no Trono da Evolução junto com seu Filho Obaluaye. É a
avó de todos os Orixás, tendo como sincretismo Santa Ana, comemorada no
dia 26 de Julho. Patrona dos Pretos Velhos e das Crianças.
Saudações a Nanã

Salubá Nanã Buruku – Salve Mãe da Sabedoria


Oxum – Òsún
Deusa do Amor, da Beleza, da Fertilidade Feminina e da Sensualidade. É chamada de
“Alàwòyè Omo” (Mãe que Cura as Crianças) e de “Olutóju Awón Omo” (Senhora que Vigia e
Guarda todas as Crianças), títulos que traduzem a sua importância no Culto, já que ganhou
de Olódúmarè o dever e a reponsabilidade de cuidar da criança que esta no útero até o
momento que ela, fora da barriga da mãe, tome consciência dos seus atos.
Detém o poder da Feitiçaria, estando intimamente ligada as Ìyàmìs, expandindo este
poder a todos os seus filhos. Divide com outras divindades o poder de propiciar a Riqueza e
a Prosperidade.
Na Africa, seu nome simboliza um rio, o rio Òsùn, que corre por Ijesá, Ijebu e Osogbó
(Da Nigéria a Lagos).
É Sincretizada com Nossa Senhora da Conceição Aparecida, comemorada no dia 12 de
Outubro, ou Nossa Senhora da Conceição, comemorada no dia 08 de Dezembro. Em seus
adornos sobressai o dourado, em alguns casos usando rosa claro. Oxum é a agua que mata
a sede, mas também afoga, usando ao mesmo tempo seu “Abebé” (Espelho) e sua “Ofange”
(Espada). Adora Joias, Ouro e “Idés” (Pulseira).
Na Umbanda, é o Orixá que Rege o Amor, estando no polo positivo deste
trono, junto a Oxumare. Em algumas casas pode usar azul, em outras rosa,
mas nunca se desfaz do dourado. Patrona da Linha das Crianças e também dos
Ciganos.
Saudações a Oxum
Ò óré Yéyé ó – Salve Mãezinha Meiga/Benevolente
Oba - Obá
Iyoba é Dona das Aguas Revoltas e Represas. É muito agressiva, sendo considerada
uma deidade da guerra e das conquistas, o principio arcaico do fogo, e por isso patrona dos
Ancestrais.
Senhora Guerreira. Comandava as mulheres e desafiava os Homens. Obá é a Senhora
de Eleeko, terra de suas guerreiras. Possui uma fúria feminina gigante. Dona do Lado
Esquerdo (Osì), lado do coração, do poder feminino, e lado que cortou sua orelha. Ligada a
Oxóssi, pois é uma grande arqueira que carrega o “Ofá”. Ligada a Xangô e Oyá através do
Fogo e de sua luta pela vida. Ligada a Ogum através das guerras. Ligada às quedas d’agua e
a por isso a Nanã.
Possui grande ligação com as Ìyàmìs, pois foi a fundadora, como dito, de um dos
principais cultos a ancestralidade feminina.
Na Umbanda, é o Orixá que esta assentada no trono do Conhecimento
junto a Oxossi, drenando os excessos e dando lucidez as paranoias. Esta ligada
a Falange de Caboclas e Valquírias. Possui sincretismo com Santa Rita de
Cassia, comemorada em 22 de Maio, e com Santa Joana D’arc, comemorada
em 30 de Abril. Usa o Vermelho bem forte como Oyá, “Ofange” (Espada),
“Ofá” (Arco), “Iru Kere” (Cetro de Rabo) e “Abò” (Escudo).
Saudações a Oba

Exó Obá Sirê – Cantemos Para a Rainha.


Iyewá
Senhora das Possibilidades, Protetora da Virgindade, da Beleza e da Criatividade. Dona
da Chuva, da Agua em estado Gasoso ou Sólido. Ewá é a Virgem de Xangô, reside nas matas
com seu irmão Obaluaye e também usa o “Ìkó” (Palha da Costa). Domina a Vidência
concedida por Orunmilla e em algumas tradições é dita como metade cobra. É lembrada no
Olubajé, dança com um “Àkasì” (Arpão) e um “Ofá” (Arco).
A mitologia sobre Yèwá conta que ela enfrentou Iku, a morte, frente a frente, e a
venceu para proteger o adivinho Orunmila. Em razão deste fato, tornou-se dona da visão e
dos mistérios. É ela que domina os cemitérios. Ali ela entrega a Oyá os cadáveres dos
humanos, os mortos que Obaluaê conduz a Orixá Oko que os devora para que voltem
novamente a terra, à terra de Nanã. Ela é o próprio entardecer, Senhora da Cova Aberta,
ninguém seria capaz de enfrentá-la.
Na Umbanda, não existe culto nem lembrança de Ewá nos Terreiros. Ela é sincretizada
com Santa Luzia, e comemorada no dia 13 de Dezembro. Tem como simbolo principal uma
lira e come “Eja Isu” (Peixe com Inhame).
Saudações a Iyewa
Ri Rô Iyewa – Branda Doce Yewá.
Oyá – Iyànsán
Oyá, como é chamada frequentemente, é o nome original desta divindade, Dona
Deusa dos Ventos e das Tempestades, Senhora dos Raios e do Fogo, símbolo de luta e
superação feminina. “Oyá” significa “Rápida”, além disso, é o nome de um rio localizado na
Nigéria, rio que corta seu território.
Contam as lendas que Oyá foi a única deusa que não nasceu divina, alcançando este
status ao se relacionar com cada uma das outras divindades. Com Ògún ganha a “Ofange”
(Espada) e o “Abò” (Escudo), e aprende a Arte da Guerra. De Oxóssi aprendeu a caçar e a se
transformar em Búfalo, ganha o “Ofá” (Arco e Flecha). Com Omulu, ganha o poder sobre os
Eguns. De Ossaim ganha o “Iruexim” (Cetro com Rabo de Búfalo), para controlar os Eguns.
Com Xangô, ganha o domínio sobre o Fogo e também o título de Yànsán, que quer dizer “A
Senhora das Tardes”, “A Mãe do Céu Rosado” ou “A Mãe do Entardecer.”.
Na Umbanda, é cultuada como Senhora da Lei ao lado de Ogum, e como Dona do
Poder Eólico, dos Ventos. Cultuada no sincretismo através da figura de Santa Bárbara,
comemorada em 04 de Dezembro, ou na figura de Santa Joana D’arc, comemorada em 30
de Abril. Patrona da Linha dos Caboclos, Boiadeiros e De Pena, por sua ligação com Xangô e
Oxóssi, além de ter um mistério intimamente ligado as Pombogiras. Recebe por vezes a cor
Vermelha, que é seu símbolo, podendo ser tratada no Rosa ou Branco, no Candomblé, ou
por Amarelo, em algumas Casas de Umbanda.
Saudações a Oyá
Eepá Eyin Oyá – Saudamos os Majestosos Raios de Oyá
Mó Júbà Iyá Mesan Orun – Meus Respeitos a Mãe dos Nove Céus
Logun Edé – Ólòlún Odé
Senhor da Riqueza, Prosperidade e da Fartura, o menino que todo adulto teme. Senhor
da Surpresa e do Inesperado, sendo a divindade que põe o Brilho no Ori de cada ser
humano, para que este se destaque. Filho biológico de Oxum e adotivo de Oxóssi, sendo
que as lendas contam que na realidade Oxum teve um caso com Ògún. De qualquer forma,
reúne os domínios de seus pais em uma única energia, sendo belo e exuberante na arte do
encanto e destemido na caça.
É sincretizado com Santo Expedido, comemorado em 19 de Abril. Pode usar a Cor Azul
Clara com Amarelo Rajado, Branco e até o vermelho, tendo em suas contas a presença
marcante do Azul com Amarelo e o Ambar. Utiliza o “Abebé” (Espelho), o “Ofá” (Arco), o
“Ofange” (Espada), “Iru Kerê” (Cetro com Rabo de Boi) e o “Abò” (Escudo).
Na Umbanda não é cultuado, tendo apenas grande presença como patrono dos
Caboclos Guerreiros Noviços.
Saudações a Logun
Loci Loci Logun – Brada Príncipe Guerreiro
Yemanjá – Yéyè Omo Ejá
“A Mãe Cujos Filhos são Peixes”, é a Senhora da Maternidade, cuidando junto com
Oxum das Crianças que nascem. Orixá da Saúde Mental e Psicológica, da Pesca e Senhora
da Fartura, que nos alimenta, realizando uma delicada manutenção natural com suas aguas
salgadas e sagradas. Foi a Segunda Esposa de Oxalá, Mãe de Todos os Orixás, tendo seus
seios praticamente rasgados por ter criado e amamentado vários e vários deuses, como
Xangô, Oxóssi, Ogum, Obaluaye, entre outros.
É chamada de Mãe de Todas as Cabeças, pois é para ela que Oxum entrega a criança,
quando a mesma sai do útero, e é Yemanjá que entrega aquela cabeça a seu Orixá Regente.
Princesa de Todas as Aguas Salgadas, já que sua Mãe Olòókun é a verdadeira Rainha dos
Mares.
Na Umbanda faz par com Omulu no Trono da Geração, sendo a Mãe que tudo cuida, a
Orixá da Maternidade e também da Cura. É sincretizada com Maria, celebrada em 01 de
Janeiro, ou com Nossa Senhora dos Navegantes, celebrada em 02 de Fevereiro. Alguns
sincretismos a parte a assimilam com Nossa Senhora das Graças, adorada em 27 de
Novembro, ou com Nossa Senhora das Cabeças, celebrada em 01 de Agosto. Usa a cor Azul
Clara, podendo também ser representada com o Cristal. Usa o “Abebé” (Espelho) e por
vezes uma “Ofange” (Espada) com “Abò” (Escudo).
Saudações a Yemanjá
Odocí Iyabá – Mãe das Aguas
Erù Ìyá – Remete a Espuma do Mar
Xangô – Sàngó
Orisà dos Trovões e Raios, da Realeza e Justiça. Grande Regente do Fogo, filho de
Aganju (Orixá dos Vulcões) com Ìyá Masse (Qualidade de Iemanjá). É geralmente
apaziguado, pois é viril, violento e justiceiro, com a fama de punir severamente mentirosos,
ladrões e malfeitores, inclusive sendo este seu culto na África.
Xangô, ao contrário do que muitos dizem, foi o fundador do Culto aos Ancestrais, para
que seu poder nunca tivesse fim, e para ser adorado mesmo após sua partida. Tem grande
Ligação com a Natureza, sendo o motivo de possuir como símbolo a Gamela e o Pilão de
duas Bocas, feitos de Madeira de Árvore.
É sincretizado com São João Batista, comemorado em 24 de Junho, São Pedro,
comemorado em 29 de Junho, e com São Jerônimo, celebrado em 30 de Setembro. Usa
originalmente Vermelho rajado com Branco, porém pode ser tratado com Marrom. Dança
com “Oxê” ou “Aáké” (Machado de Duas Faces), “Dòjé” (Foice), “Seré” (Espécie de
Chocalho) ou “Kókóró” (Chave).
Na Umbanda, é o regente do Trono da Justiça, sendo cultuado como uma divindade
ligada a esta energia. É Xangô que bate o martelo para que Ogum compense sua Lei.
Cultuado nas Pedreiras, devido ao sincretismo com São Jerônimo. Patrono da Linha dos
Boiadeiros.
Saudações a Xangô

Oba Nisá Káwó Kábíèsílè – Venham Ver o Rei Sobre a Terra


Oxalá - Òsàlá
Por vezes chamado de “Òrìsànlá” (Grande Orixá) e “Obàtálá” (Senhor do Pano Branco).
É o Orisá da Paz, da Criação, da Vida, do Sol, do Nascimento e da Renovação. É o Pai de
todos os Orisàs, incumbido por Olódúmarè de terminar sua criação. Foi esta divindade que
moldou o corpo físico do ser humano, através do barro de Nanã, soprando o “Èmí” (Sopro
da Vida).
Segundo a doutrina do Candomblé, possui duas faces. A de Oxaguiã (Ógìyán), o
Guerreiro Noviço que possui o “Atòri” (Vara de Cipó), que ganhou de Oyá, a “Ofange”
(Espada) e o “Abò” (Escudo) que ganhou de Ogum. É um grande estrategista e destruidor,
pois transforma tudo em pó para que a renovação aconteça, é a própria batalha para a
revolução. Já na sua face de Oxalufã (Ólùfón), é o Velho Sábio, Guardião da Paz e face do
Criador de Tudo e Todos. Ele detém a supremacia de todos os mundos e o Axé da Criação,
utilizando sempre seu “Apasoró” (Cajado).
É sincretizado com Jesus Cristo, comemorado frequentemente no dia 25 de Dezembro
ou 31 de Dezembro. Utiliza tudo sempre na cor branca leitosa, sendo na Umbanda regente
do Trono da Fé. Patrono de tudo relacionado a Paz e aos Ciganos.
Saudações a Oxalá

Epá ô Epá Babá ou Exeuê Babá – Viva o Pai


Tempo
A primeira coisa que devemos deixar claro quando tratados de Tempo é que não se
trata de um Orixá. Tempo ou Kitembu é um Inkice, Pai do Panteão Bantu, Cultuado na
Nação Angola de Candomblé. Seu nome pode ser traduzido como Vento, o Ar em
Movimento, que é seu domínio, frequentemente chamado de “Tata Nzaria” (Pai dos
Climas). É a própria Ancestralidade.
Dentro da Cultura Bantu, essa energia se divide em quatro de acordo com a época do
ano, sendo “Ntembu Murunganga” (Verão), “Ntembu Apananga” (Outono), “Ntembu
Mauíla” (Inverno) e “Ntembu Muílu” (Primavera). É a divindade do Crescimento e da
Evolução, pois tudo e todos dependem do Tempo, ele que sabe de tudo e localiza tudo.
Na Cultura do Candomblé de Ketu pode ser sincretizado com Ìrokò, o Orisà da Arvore
Gameleira. É representado com uma Bandeira Branca, simbolizando a presença do vento e
da paz. Pode ser sincretizado com São Francisco de Assis, comemorado em 04 de Outubro,
e com São Lourenço, comemorado em 10 de Agosto.
Geralmente usa a cor Branca ou a mistura de Verde, Branco e Marrom. Utiliza para a
dança uma Grelha.
Saudações a Kitembu

Nzara Ndembwa – Gloria ao Tempo

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