Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Introdução aos
Orixás
Victor Angelo - Oselonan
O que São Orixás?
O Termo Orixá, do Yorubá “Òrìsà”, vem de “Orìsè”, uma abreviação de “Ibiti orí ti sè”,
que significa “A Origem/Fonte do Ori”, encarados como Guardiões da nossa existência
enquanto encarnados. Segundo a doutrina tradicional africana, que antecede e muito a
crença Cristã, Olódúmarè, o Ser Supremo, o Deus e Criador de Tudo e Todos, não pode ser
entendido e cultuado de forma ampla, pela sua magnitude, então o adoramos e o
alcançamos através das Forças da Natureza, Ancestrais e Divindades, que ele mandou para
a terra, a fim de que elas mostrassem suas aptidões para a manutenção e administração da
Criação. Cada divindade se fincou em uma terra africana, criou um império e mobilizou
seguidores, que vivem até hoje louvando e adorando as maravilhas que eles
proporcionaram. Dentro da doutrina da Umbanda, os Orixás são energias de Deus
exteriorizadas pelo criador, cada um regendo um trono divino, como justiça, lei, amor,
evolução, geração, etc.
Dentro de qualquer culto aos Orisàs, é importante salientar que se trata de uma
adoração Henoteísta, ou seja, que acredita num Deus supremo e criador único, a quem
chamamos de Olódúmarè, mas que não nega a existência de outras divindades que
controlam diferentes elementos, sendo estes criados pelo Supremo. Sendo assim, como já
dito antes, os Orisàs também são chamados de “Ébórá”, que significa "Um homem/mulher
forte, aquele que é notável, um mito poderoso“, ou Irunmole, contração de “Emò ti be nilè”,
que significa “Sobrenaturais da Terra”.
Exú – Èsù
Exu foi o primeiro Orixá a pisar na terra, sendo tratado como “Òjíse Edumare”
(Mensageiro Divino). Para que as divindades, ancestrais e qualquer outra energia nos ouça,
Exú deve ser cuidado, adorado e muito bem alimentado. Ele não atrapalha, não destrói,
nem muito menos nos machuca, como todos, Exú também é Deus e Pai, porém, como tudo,
tem seu fundamento que deve ser mantido e executado da melhor maneira possível. É o
dono do mercado, então frequentemente é ofertado para que traga riquezas e proteção,
pois sabe retribuir aqueles que o agradam.
Para os Yorubás, possui vários nomes diferentes, encarados como títulos para uns e
qualidades para outros, como “Iyangui” (A Matéria Prima do Universo), “Òkòtó” (O Infinito),
“Òdára” (O Senhor da Felicidade), entre outros.
Exú é comemorado no dia 13 de Junho na maioria dos Terreiros, devido ao seu
sincretismo com Santo Antônio. Também é conhecido como a Divindade do Dinamismo, da
Virilidade e da Fertilidade Masculina, inclusive tendo como um de seus símbolos mais
marcantes o Ogò, bastão de madeira em formato fálico que geralmente acompanha búzios
e cabaças. Èsù come tudo que a boca come, dês que feito com amor, dedicação e
principalmente fé. Geralmente usa Vermelho, Vermelho com preto ou Todas as Cores.
Na maioria dos terreiros de Umbanda, não se cultua esta divindade,
tendo como representantes o que chamamos de Catiços ou Ekurus. A grande
diferença entre ambos é que os chamados Guardiões, bebem, fumam e
gargalham, diferente da divindade, que transmite o axé publicamente através
de suas danças marcantes.
Saudações a Exú
Lároyé Èsù – Salve o Mensageiro
Mó Júbà Òjisè – Meus Respeitos Àquele que é o Mensageiro
Pombogira ou Pomba Gira
Não existe, dentro do Candomblé ou Cultura Tradicional Africana, qualquer vestígio da
existência de uma figura feminina equivalente ao Orixá Exu. O termo “Pombogira” nasceu
da corruptela da palavra Pambu Nzila ou Pambu Njila, um titulo de uma divindade
masculina conhecida como Aluvaiá, um Inkice que faz parte da Cultura Bantu, e que tem
como ponto de força as Encruzilhadas e Caminhos, se sincretizando com o Exu Orixá.
“Lebara”, termo bem conhecido, também não pode ser usado para se referir a uma
figura feminina equivalente a divindade Exu e nem as Pombogiras, já que vem da contração
da palavra “Elegbara”, que significa “Aquele que possui o poder”. Geralmente é utilizada
também para se referir as Casa de Exu, localizadas na entrada dos Terreiros.
Abrindo um parênteses no tema de nossa Aula, Pombogira, Pombagira ou Pomba Gira
são entidades, espíritos, que se apresentam com roupagem fluídica feminina, fazendo
referência a alguma encarnação que aquele espirito teve. Geralmente foram bruxas,
ciganas, mulheres da vida, rainhas, etc, mas hoje por escolha, como prega a Quimbanda, ou
por resgate, como prega a Umbanda, trabalham de forma espiritual para diversas
finalidades. As manifestações destas entidades nasceram, como já citado, na Quimbanda,
que de maneira simplória, se refere a um culto aos antepassados (espíritos) que viveram na
terra e faleceram, ou forças encantadas que nunca encarnaram.
Ogum - Ògún
Ogum é o Senhor do Ferro, o Grande “Alagbede” (Ferreiro) dos Orixás. É considerado a
Divindade responsável por desbravar os caminhos desconhecidos, sendo também
responsável pela metalurgia e tecnologia. É um grande General de Batalha, chamado de
“Balògún”, temido comandante de tropas, pois matou uma centena, para matar a fome de
milhares. Também esta ligado a Caça, pois foi quem ensinou seu irmão Oxóssi a Caçar,
sendo o grande “Olode” (Chefe dos Caçadores).
Na Bahia, nas casas de candomblé mais antigas, Ògún é Sincretizado com São
Sebastião, tendo sua comemoração no dia 20 de Janeiro. Já em São Paulo e Rio de Janeiro,
é na verdade sincretizado com São Jorge, comemorado no dia 23 de Abril. Sendo patrono
da tecnologia, as ferramentas são seus simbolos, pois foi esta divindade que chegando a
terra, ensinou o ser humano a usar a pá, enxada, espada, machado, alavanca, picareta e
faca. É o Senhor do “Àdá” (Facão), do “Obé” (Faca), da “Ofange” (Espada), e do “Abò”
(Escudo), sendo assim o Propiciador dos Sacrifícios, tendo caminho com todos os Orisàs que
utilizam Obé, inclusive Ìyàmì, com exceção somente de Nanã, que possui fundamentos
específicos. Geralmente no Candomblé come feijão preto, inhame, cará e usa Azul Celeste.
Na Umbanda, Ogum é o Orixá da Guerra, a energia que rege a Lei
Cósmica, estando por vezes sozinho, ou ao lado de Iansã, aplicando a Justiça
Divina. Tem energia Eólica, aparecendo muitas vezes como regente da Linha
de Baianos. Sua cor diverge, sendo em algumas casas Vermelho, em outras
Vermelho com Branco, e em outras ainda, Azul Celeste.
Saudações a Ogum
Pataki Ori Ògún – Salve Principal das Cabeças
Oxossi – Ósòósí
Oxóssi é o Senhor da Caça, da Fartura e da Prosperidade. Extremamente ligado ao
Sustento das Casas, possui o titulo de “Oxoto Kan Soso” (Caçador de uma Flecha Só).
Segundo as tradições africanas, foi o segundo Rei da Cidade de Ketu, pai adotivo de Logun e
fiél aprendiz de Ossaim. Tão grande é sua força e supremacia, que por vezes é chamado de
“Oni Aráaiyé” (Senhor da Humanidade).
Como não poderia ser diferente, tem como principal símbolo o “Ofá” (Arco),
instrumento com que caça e proporciona a todos a Fartura. Anda também com o “Iru Kerê”,
um chifre de Boi que possui rabo de cavalo preso, para afastar os Espíritos Negativos dos
seus domínios. É invocado com dois “Ogês”, chifre de boi, que batemos um no outro
produzindo um barulho chamado “Olugboohun” (Senhor Escuta minha Voz). Geralmente
come Milho Torrado, Feijão Fradinho, mas nunca Mel de Abelha. Usa Verde Escuro ou Azul
Cristal, que adorna suas vestimentas e contas.
Na Bahia, é sincretizado com São Jorge, sendo comemorado no dia 23 de Abril, já em
São Paulo e no Rio de Janeiro, é sincretizado com São Sebastião, comemorando-se no
vigésimo dia de janeiro.
Na Umbanda, é o Orixá que nos estimula o conhecimento, dominando as
Matas, assim como sua fauna e flora. Em determinadas vertentes da
Umbanda caminha junto com Obá. Usa Verde Escuro e Chefia a Linha dos
Caboclos, bem como todas as Linhas das Matas.
Saudações a Oxóssi
Òkè Àró – Aquele de Alta Graduação Honorífica!
Ode Àárò Lé – O Caçador que Ajuda no Culto e na Casa!
Odé Koké – Grande Caçador!
Obaluae – Obàlúàiyé
Dentro da doutrina africana e brasileira, é um consenso que existe um Orisà que nunca devemos
pronunciar seu nome, este é Sòpònà ou Sànpònná, que significa “Varíola”. Com esta proibição, para se
referir a tal energia, geralmente utilizamos seus títulos. Obàlúàiyé significa “Rei que é Senhor da Terra”.
Na visão africana, não existe Omolu, sendo essa palavra usada para se referir a Nanã, isso dentro
do Culto a esta Orixá em Abeokuta, na Nigéria. Na África, Obàlúàiyé não é coberto pelo “Ìkó” (Palha da
Costa), e possui profunda ligação com Xangô, por se relacionarem ao fogo, fazendo alusão a seu título
“Bàbá Igbonã” (Pai da Quentura). Neste continente também, a cor de seu culto é Vermelho, já que em
solo africano a terra é avermelhada.
No Brasil, Obáluàyé seria a face nova da energia, responsável pela manutenção da vida, e Omulu
(Filho do Senhor), a face velha, sendo o principio da morte. Quando novo, é uma energia dinâmica, um
Orisà guerreiro, que é coberto de Palha da Costa, e usa muitas vezes uma “Ésin” (Lança) ou o Xaxará
(Quando velho também o usa), um centro de palha que representa os ancestrais e a ligação do céu com
a terra. Geralmente usa Vermelho, Preto e Branco quando novo e Preto com Branco quando Velho.
De modo geral, Obàlúàiyé esta ligado a tudo que faz referencia a superfície da terra,
relacionando-se a saúde, pois é frequentemente apaziguado para evitar disseminações de doenças,
principalmente aquelas que causam febre e vermelhidão.