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História do Cerco de Lisboa

José Saramago
José Saramago (1922-
2010)

• Um dos mais
importantes nomes da
literatura portuguesa
contemporânea;
• Olhar crítico e mordaz,
descrença em relação às
instituições, são
características do autor;
• Ganhador do Nobel de
Literatura (1988) e do
Prêmio Camões (1995).
Estilo e linguagem

•Estilo oral;
• Frases e períodos longos;
• Pontuação não convencional;
• Diálogos inseridos nos parágrafos;
• Parágrafos longos;
• Preferência por narrador onisciente;
• Comentários do narrador misturam-se às falas dos
personagens;
• Diversidade de tons: coloquial, pomposo, irônico,
lírico, etc.
O texto de
Saramago não
tem pretensões
de ser um novo
texto histórico.
Estilo / Fases
• 1ª Fase:
 resgate de fatos históricos
 relações entre ficção e história
 metaficção
• 2ª Fase:
 Tempo e Espaço indefinidos
 Tom alegórico
 criação de situações-limite
 questionamentos existenciais e filosóficos
Elementos da Narrativa
• Narrador
 3ª pessoa, onisciente
 emite juízos, sentencia, critica, ironiza, denuncia,…
• Estrutura Narrativa
 História real sobre o Cerco de Lisboa (autor)
 História fictícia imaginada por Raimundo (revisor)
 Processo de escrita da ficção (narrador)
• Tempo / Espaço
 Lisboa, abril de 1989
 Lisboa, julho de 1147
• Estrutura
 17 capítulos
A história real

 O Cerco deu-se de 1º de julho a 25 de


outubro de 1147.

 Foi o processo de Reconquista cristã da


península ibérica, com o auxílio dos
cruzados em trânsito para o Oriente
Médio.

 Efetivamente, o
único sucesso da
Segunda Cruzada.
O Início
*Diálogo entre Revisor e “Senhor Doutor”.

*Deleatur

*Revisor cético, amargurado, entristecido,


subalterno intelectualmente – profissão

*Autor – História X Revisor – literatura


(anterior)

*Discurso – História e Literatura –


representações – tudo é literatura.

* Autor não quis ver as provas –


confiança no revisor.
DISSE O REVISOR, Sim, o nome deste sinal é
deleatur, usamo-lo quando precisamos suprimir e
apagar, a própria palavra o está a dizer, e tanto
vale para letras soltas como para palavras
completas, Lembra-me uma cobra que se tivesse
arrependido no momento de morder a cauda, Bem
observado, senhor doutor, realmente, por muito
agarrados que estejamos à vida, até uma serpente
hesitaria diante da eternidade, Faça-me aí o
desenho, mas devagar, É facílimo, basta apanhar-
lhe o jeito, quem olhar distraidamente cuidará que a
mão vai traçar o terrível círculo, mas não, repare
que não rematei o movimento aqui onde o tinha
começado, passei-lhe ao lado, por dentro, e agora
vou continuar para baixo até cortar a parte inferior
da curva, afinal o que parece mesmo é a letra Q
maiúscula, nada mais, Que pena, um desenho que
prometia tanto...
Personagens
• Raimundo Benvindo Silva:
 revisor, metódico, solitário, 50 anos.
• Maria Sara:
 Dra., funcionária da editora, separada, 35 anos.
• Mogueime:
 Soldado, lutou ao lado de Mem Ramires na tomada de
Santarém.
• Ouroana:
 da Galiza,ex-concubina de um cruzado, lavadeira de
fidalgos.
• Costa:
 representante da editora.
• Cavaleiro Henrique:
 alemão que apresenta técnicas e engenhos de
batalha (torre móvel), “dono” de Ouruana.
• Mem Ramires:
 capitão, media as relações entre soldados e o Rei;
herói no cerco de Santarém.
Tema
• A partir do diálogo inicial:
 apagamento, negação, supressão, mudança “O gosto
da modificação, o prazer da mudança, o sentido da
emenda.” “Faz de mim outra coisa, se és capaz”
• Raimundo passa a ser outro depois do NÃO.
 ação redentora, revisor abandona papel pagado e
solitário, torna-se criador.
• Amor
 quebra as barreiras, abre o cerco, abre para múltiplos
caminhos.
Aspectos Ideológicos
• Batalha entre duas crenças, duas concepções de
mundo;
• Mais simpatia pelos mouros do que pelos cristãos;
 desde a descrição detalhada do almuadem cego,
diálogo entre Arcebisbo e mouros,...
• Promessa do Rei de dividir igualmente os despojos
com os soldados = Justiça.
• Plano que leva os cristão à vitória é desumano e
indigno (Fome).
Os cercos
• Vários cercos rondam a história:
 militar
 pessoal / amoroso
 social / político
• O final traz o desenlace do cerco amoroso e militar
• Cerco social permanece
 desigualdades sociais, preconceito, desemprego,
pobreza,...
• Amor
 única forma de ultrapassar barreiras e romper cercos

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