DO JOVEM
WERTHER
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE
GOIÁS
CÂMPUS INHUMAS
LITERATURA PORTUGUESA I
PROF.ª VERA LÚCIA PAGANINI
http://www.goethezeitportal.de/wissen/illustrationen/johann-wolfgang-von-goethe/goethehaus-in-frankfurt.html
• Em 1770, vai para Estrasburgo, Alsácis, onde conhece Herder, filósofo e escritor
alemão, que lhe influencia na leitura de Shakespeare, Homero e Ossian.
• Em 1771, licencia-se em Direito. Nesse ano publica "O Cavaleiro da Mão de Ferro".
• Em 1774 o amor por Charlotte Buff, noiva de um amigo, dá origem à obra pré-
romântica "Os Sofrimentos do Jovem Werther".
• Em 1806, casa-se com Christiane Valpius. Escreve cenas de "Fausto", obra do
romantismo, que começou em 1774 e só é concluída em 1830.
• Johann Wolfgang Goethe morreu aos 82 anos em Weimar, Alemanha, no dia 22 de
março de 1832.
BIBLIOGRAFIA
Principais obras de Goethe:
• Götz von Berlichingen - 1773
• Os Sofrimentos do Jovem Werther - Clavigo - Prometheus - 1774
• Egmont - 1775
• Ifigênia em Taúrides – 1779
• Torquato Tasso - 1780
• Reineke Raposo - 1794
• Xenien (em conjunto com Friedrich Schiller) - 1796
• Hermann e Dorothea - 1798
• Os Anos de Aprendizado de Wilhelm Meister - 1807
• Fausto (Parte I) - 1808
• As afinidades eletivas – 1809
• Fausto (Parte II) - 1832
CONTEXTO HISTÓRICO
• AUTOR: 1749 – 28 de agosto nasce Johann Wolfgang Goethe em
Frankfurt.
• 1774 - A obra Os sofrimentos do jovem Werther (Die Leiden des
jungen Werthers) foi escrita por Goethe na Alemanha;
• 1832 – Goethe morre em 22 de março.
• OBRA: As cartas são datadas em: 4 de maio de 1771 a 20 de
dezembro de 1772.
• PERÍODO: 1749 - 1832
• O imperador Carlos VI, ansioso em manter unificados os domínios dos
Habsburgo, promulgou a Sanção pragmática em 1713, declarando que sua filha
Maria Teresa I da Áustria lhe sucederia. Quando morreu em 1740, os eleitores da
Baviera e da Saxônia rechaçaram a Sanção Pragmática. Frederico II invadiu a
Silésia, precipitando a Guerra da Sucessão Austríaca (1740-1748). Maria Teresa
assinou a paz com ele em 1742, cedendo-lhe a Silésia.
• O surgimento da Prússia (O Reino da Prússia (em alemão: Königreich Preußen)
foi um reino alemão de 1701 a 1918 e, a partir de 1871, o principal Estado-
membro do Império Alemão, compreendendo quase dois terços da área do
império.)
• Prússica surgiu como uma grande potência levou a uma mudança de alianças e a novas
hostilidades. A intenção de Maria Teresa de reconquistar a Silésia deu lugar a uma série de
alianças que conduziriam à guerra dos Sete Anos (1756-1763).
• Durante 18 anos os Estados alemães estiveram implicados de forma diferente em cinco
guerras contra os exércitos da França revolucionária e napoleônica. No início a Áustria e
a Prússia perderam muitos territórios, mas em 1812 Napoleão foi derrotado na campanha
da Rússia. Frederico Guilherme III da Prússia, junto com a Áustria e a Rússia, derrotou
Napoleão em Leipzig (1813). No Congresso de Viena (1814-1815) os Estados vencedores
de Napoleão redesenharam o mapa da Europa.
• 8 de junho de 1820: A Constituição da Confederação Germânica entra em vigor.
ROMANTISMO
• Precursor do Romantismo, Rousseau foi o primeiro filósofo a dar
destaque ao culto á natureza e à emoção em oposição da razão;
desconfiando da ciência e recusando o racionalismo exacerbado dos
pensadores da Ilustração.
• Rousseau cria a hipótese do homem passar a ser corrompido pelo
poder e esmagado pela violência e aquilo que é natural do homem; os
instintos, os sentidos, as emoções, os sentimentos, a autenticidade e a
razão se transformam em perigo e maldade.
• A procura de um novo fazer literário, mais verdadeiro e expressivo era
o lema daqueles jovens que se reuniam para discutir e fazer a nova
literatura, que se configurará no movimento denominado de Sturm und
Drang (Tempestade e Ímpeto), mesmo título da peça de 1776 de um
dos integrantes do grupo em torno do jovem Goethe, Maximilian
Klinger.
• A questão central gira em torno dos novos valores que esta geração
tenta estabelecer a partir de suas produções literárias, nas quais
conceitos como amor, fantasia, sentimento, morte, liberdade e natureza
ocupam o lugar central.
• O Romantismo, partindo da Inglaterra e da Alemanha, se alastrou e
influenciou escritores de muitos outros países. Surgiu no rescaldo da
Revolução Francesa e em meio à euforia produzida pela Revolução
Industrial.
• O ROMANTISMO, enquanto visão de mundo foi uma reação aos
valores éticos e intelectuais ilustrados e clássicos, assim como aos
fatos históricos mais marcantes da virada do século XVIII para o
século XIX. Nesse sentido, a visão de mundo romântica surge mais
como uma reação ao novo que como a proposição de algo diferente.
Todo valor que ela elege é sempre em oposição a outro que pretende
negar.
• Em termos de história das ideias, nessa época a Alemanha estava em
plena tentativa de inserir-se no contexto da discussão intelectual
europeia centrada no delineamento do ideário do Iluminismo.
CLASSIFICAÇÃO TIPOLÓGICA DO ROMANCE
Romance caracterizado pela existência de uma única personagem central, que o autor desenha
e estuda demoradamente e à qual obedece todo o desenvolvimento do romance. Trata-se,
frequentemente, de um romance propenso para o subjectivismo lírico e para o tom
confessional, como sucede com o Werther de Goethe, o Adolphe de Benjamim Constant, o
Raphael de Lamartine, etc. O título é, em geral, bem significativo acerca da natureza deste
tipo de romance, pois é constituído, com muita frequência, pelo próprio nome da personagem
central. (GRIFOS NOSSOS)
Assim, no nosso caso temos:
29 de julho. Não, está bem! Tudo corre pelo melhor... Eu, seu esposo! Oh, Deus
que me deste o ser, tivésseis me preparado esta felicidade e toda a minha vida não
passaria de uma adoração contínua! Mas não quero advogar contra a tua vontade.
Perdoa-me estas lágrimas, perdoa-me os meus inúteis anseios... Ela, minha
mulher! Se eu tivesse estreitado em meus braços a mais doce criatura da face da
terra... Corre-me um arrepio pelo corpo todo, Guilherme, quando Alberto abraça o
seu corpo esbelto. (GOETHE, p. 52)
ROMANTISMO CARACTERÍSTICAS
“Suplico-te... Vês que para mim acabou-se tudo... Não poderei suportar tudo isso
mais tempo.” (p.63)
ENREDO
O jovem Werther, por motivos de trabalho, está longe de sua família e amigos, mas
comunica-se com Wilhelm (Guilherme, amigo) através de cartas nas quais narra sua
história de paixão e tragédia com a jovem Charlotte (Carlota).
Desde o início ele soube que sua amada estava prometida a um noivo: Albert (Alberto),
homem qual Werther adquiriu grande admiração e amizade desde sua apresentação.
Mas o tempo é um martírio para as almas envoltas pela paixão. Com o convívio diário,
Werther apaixonava-se cada vez mais. Passeios no campo, longas conversas, poemas,
todos os momentos que contribuíram para fazer com que esquecesse do mundo todo e só
visse importância em Charlotte (Carlota).
Werther, culpando-se do amor que sente pela jovem Charlotte, muda-se para outra região, mas
não consegue esquecer a amada, por vezes, tentou afastar esse pensamento, sabia que nunca
poderia tê-la para si. Mas a certeza cega de que ela também o amava fez com que retornasse
para, mortalmente, ser atingido pela paixão.
Charlotte casa-se com Alberto, que passa a ter ciúmes de Werther, este percebendo o embaraço
que causa ao casal, continua nutrindo um amor platônico por Charlotte. Werther promete não
mais visitá-la e no último encontro com a moça, lê em voz alta, os Cantos de Ossain.
Ambos se comovem, choram, se abraçam e se beijam. O mais sublime e apaixonado beijo da
história da literatura, mas em seguida Charlotte repele-o, dizendo que nunca mais quer vê-lo.
Charlotte (Carlota) sabia que amava Werther, mas também sabia que este amor era impossível.
Assim, ela pediu para nunca mais vê-lo e ele assentiu.
Werther parte acreditando que é amado mas ciente de que é um amor impossível. Resolve então
suicidar-se, mandando pedir as pistolas de Alberto, alegando que ia viajar e precisava de
proteção. Charlotte com o coração despedaçado, envia-lhe as armas. Werther dispara um tiro em
sua própria cabeça e morre. No dia seguinte, Werther foi encontrado morto em seu quarto. Todas
as suas cartas a Charlotte (Carlota) estão transcritas no livro. Sua morte é a prova da intensidade
do amor romântico e doentio. A história de Werther retrata a paixão exacerbada e infeliz que
culmina com o suicídio, o escapismo do romântico.
TEMPO & ESPAÇO
• Espaço:
Não é possível determinar se o espaço utilizado nesta obra é realístico
ou ficcional.
• A cidade de Walheim – A natureza é descrita com paixão; a pintura,
era totalmente bucólica, o campo onde se via uma grande extensão de
um manto verde; as árvores centenárias, a simplicidade da vida
camponesa, o luar, o sol ao entardecer.
• Na primeira carta, Werther (p. 8) escreve:
“De resto estou me sentindo muito bem por aqui. A solidão destas campinas
paradisíacas é um bálsamo delicioso para o meu peito, e essa época de juventude
aquenta com toda plenitude meu coração tantas vezes tiritante. Cada árvore, cada
moita é um ramo de flores, e a gente faria gosto em se transformar num besouro
para esvoaçar nesse mar de perfumes e poder sugar todos os seus alimentos. A
cidade em si é desagradável, mas nos arrabaldes a natureza é de uma beleza
indizível. Foi o que levou o falecido Conde de M... a plantar um jardim sobre uma
daquelas colinas, que se sucedem umas às outras com tanta variedade, formando
vales plenos de delícia.”
Segundo Aguiar e Silva o tempo pode ser dividido em:
No romance em análise, o tempo cronológico das cartas indica a sucessão dos acontecimentos: “Aos 04
de maio de 1771” (GOETHE, p. 7); “Aos 08 de janeiro de 1772” (GOETHE, p. 7); “20 de dezembro
(GOETHE, 1988, p. 69).
TEMPO SUBJETIVO: “um tempo mais fluido e mais complexo – o tempo subjetivo, o tempo
vivencial das personagens” (1988. P. 747)
TEMPO DO DISCURSO NARRARTIVO: “ao contrário do tempo objetivo da
diegese, o tempo do discurso narrativo é de difícil medição.” (1988, p. 750)
“19 de junho
Já não sei mais por onde fiquei em minha narrativa. Tudo o que sei é que eram
duas horas da madrugada quando me deitei à cama, e que se pudesse conversar
contigo ao invés de escrever, teria talvez te mantido acordado até de manhã.” (p.20)
A PERSONAGEM
Sobre a personagem, esclarece Aguiar e Silva (1988, p. 687)
(...) elemento estrutural indispensável da narrativa romanesca. (...) a função e o significado das ações ocorrentes numa
sintagmática narrativa dependem primordialmente da atribuição ou da referência dessas ações a uma personagem ou a
um agente. (GRIFOS NOSSOS)
Ao estudar “A personagem” (p. 687-695) o citado autor o faz pelos seguintes tópicos:
“O narrador” (p. 695-697);
“O narratário” (p. 698-699);
“A personagem como protogonista ou herói” (p. 699-703);
“O retrato da personagem” (p. 703-709)
“Personagens ‘planas’ e ‘redondas’ (p. 709-711)
•
NARRADOR E NARRATÁRIO
Sobre o narrador, versa Aguiar e Silva (1988, p. 695):
Dentre as personagens possíveis de um romance, há uma que se particulariza pelo seu estatuto e pelas
suas funções no processo narrativo e na estruturação do texto – o narrador. (AGUIAR E SILVA,
E complementa: “(...) todo texto narrativo exige uma voz narradora, seja qual for a sua caracterização.”
(AGUIAR E SILVA, 1988, p. 698)
Sobre o narratário, versa:
O narratário apresenta-se como uma personagem, com caracterização psicológica,
social etc., (...) que pode desempenhar apenas a função especifica de narratário ou
acumular esta função com a de interveniente mais ou menos importante na intriga
do romance. (AGUIAR E SILVA, 1988, p. 699)
No romance ocorre algo interessante, pois é dividido em dois momentos, como se fosse uma
história dentro da outra:
2º MOMENTO: Há um editor que recolhe as cartas do jovem Werther, as reúne, ordena, edita e
publica.
“Aos 04 de maio de 1771. Como estou contente de ter partido! Ah, meu amigo, o que é o coração humano!”
(GOETHE, p. 8)
22 de maio. (...) quando constato que a tranqüilidade a respeito de certas questões não passa de uma
resignação sonhadora, como se a gente tivesse pintado as paredes entre as quais jazemos presos com
feições coloridas e perspectivas risonhas – tudo isso, Guilherme, me deixa mudo. (GOETHE, p. 11)
Alargando esse horizonte do narratário, temos a profa. Dra. Marisa Martins Gama-Khalil
(2016, p. 81):
O narratário de Werther na primeira carta é apresentado como “Meu caro
amigo”: a amizade é o nó que enreda a leitura. (...) No decorrer das cartas,
entretanto, veremos que não só Wilhelm é destacado como voz receptora, já
que são eleitos outros amigos receptores, como na passagem: Ó meus amigos,
por que é que tão raras vezes se vê a torrente do gênio altear-se em grandes
ondas, avançar rugindo e perturbar as almas maravilhadas? (GOETHE, 1971,
p. 22) Vemos, no trecho, a ampliação do horizonte de recepção. O receptor
imediato das cartas é Wilhelm, mas o autor das mesmas sabe que, falando a
Wilhelm, fala para os homens do seu tempo, homens com as mesmas angústias
e sensações que as dele.
•
Corroborando esse pensamento, a profa. Dra. Gama-Khalil (2016, p. 81), o “narratário eleito
pelo editor é o homem bom”.
AUTOR EMPÍRICO: Johann Wolfgang von Goeth – existência jurídica/ser biológico/ser social.
AUTOR TEXTUAL: Johann Wolfgang von Goeth – existência literária para dizer o
texto/criado pelo autor empírico/cria o(s) narrador(es).
O RETRATO DA PERSNONAGEM
Para Aguiar e Silva (1988, p. 703) este: “retrato mais ou menos minucioso, mais ou menos
sobrecarregado de dados semânticos, pode dizer respeito à fisionomia, ao vestuário, ao
temperamento, ao caráter, ao modo de vida etc. da personagem em causa.”
Ex.: Werther
MEIO: o amor é impossível porque Carlota está noiva, então Werther fica melancólico;
“Relações que o narrador mantém com o universo diegético e também com o leitor” (AGUIAR
E SILVA, 1988, p. 765).