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Céstodos

Aula XVI

Afonso de Almeida/FMCS-2016
Céstodos

 Os céstodos geralmente designados por


Ténias, são vermes de corpo achatado,
hermafroditas que possuem uma cabeça
arredondada – o escólex, permitindo ao
parasita a sua fixação à mucosa intestinal dos
animais parasitados por meio de eficientes
ganchos e/ou ventosas, altamente musculadas
presentes no escólex.

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Características morfológicas dos
Céstodos

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Características gerais dos
Céstodos

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Introdução

Os Echinococcus são céstodes de pequenas


dimensões que pertencem à família Taenidae e que
vivem em grande número no intestino de diversos
canídeos e de alguns felídeos. Echinococcus
granulosus é a única espécie com importância
médica, sendo o parasita habitual do cão
doméstico, nas zonas de criação de ovinos. Os
carneiros constituem os hospedeiros
intermediários normais do verme, albergando as
formas larvares do parasita - as hidátides ou
quistos hidáticos.
O homem infecta-se acidentalmente, ao ingerir os
ovos disseminados pelos cães, vindo a sofrer do
crescimento tumoral da larva suas complicações.
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1. O verme adulto
· Minúscula ténia (4-8 mm);
· Corpo: - escólex piriforme possuindo na
extremidade um rostro musculoso com 30 a 40
ganchos, dispostos circularmente em 2 fileiras; 4
ventosas;
- colo delgado e curto;
- estróbilo com 3 a 6 proglotes (1º proglote
com limites demarcados, não apresentando
esboço dos futuros órgãos sexuais, 2º proglote
maior com órgãos reprodutores masculinos e
femininos desenvolvidos, último proglote - único
grávido - com forma oval, medindo cerca de um
terço ou metade do comprimento total do verme;
apresenta um útero com volume aumentado,
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Fig..1 Verme adulto
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O verme permanece fixado pelas ventosas e
ganchos à mucosa do intestino delgado, com o
escólex introduzido nas vilosidades ou na entrada
das glândulas de Lieberkuhn.
2. Os ovos

 Morfologicamente indistintos de outros


céstodes;
 Forma ovóide/elíptica (32-38 um comp.. por 25-
35 largura), casca grossa, não operculados e
embrionados;
 Mantém-se viáveis: 3 semanas na areia húmida
ou águas pouco profundas, 11 dias em
dessecação ao ar, 4 meses em congelação a
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1ºC; 10% a 30% resistem a 1 hora de exposição
Fig..2 Ovos.
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O embrião só evolui quando o ovo é ingerido
por um hospedeiro intermediário normal
(carneiro) ou acidental (homem). Depende:
 acção da pancreatina sobre o embrióforo o
que leva à sua desintegração;
 bílis que condiciona a activação da
oncosfera.

O embrião após a libertação invade a mucosa


com auxílio dos ganchos e secreção de
glândulas específicas que facilitam a
penetração.

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3. Larvas
Quisto grande esférico (hidátide) de paredes
bem definidas que cresce durante vários anos,
acabando por estar envolvido por uma falsa
cápsula formada por tecido do hospedeiro. É
constituído por:
 Membrana externa laminada cuticular - 1
mm de espessura, não nucleada, aspecto
semelhante a albumina de ovo parcialmente
cozida; quando cortada retrai-se e enrola-se
sobre a face externa. É constituída por lamelas
que aumentam de espessura ao longo do
tempo.
 Membrana interna germinativa - 12 a 15
um de espessura,
Afonso deque forra internamente a
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 Cápsulas prolígeras - granulações
macroscópicas vacuolizadas formadas na face
interna da membrana germinativa a partir do
crescimento em conjunto de pequenas
saliências multinucleadas. No seu interior são
formados os escólex.
 Protoescólex - formações ovóides (120-160
um) que apresentam 2 pólos : no primeiro , o
pedúnculo de fixação do escólex à parede da
cápsula prolífera no segundo o ponto de
invaginação das 4 ventosas e dos ganchos.
 Líquido hidático - Densidade: 1.006 - 1.015;
pressão osmótica ligeiramente superior ao
soro. Possui elevado nº de substâncias
antigénicas. Afonso de Almeida/FMCS-2016
Fig..3 Ganchos.

Fig.. 4 Ventosas.

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Fig.. 5 Quistos
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Hidátides anormais
Surgem em consequência do envelhecimento ou
perda de líquido hidático.

A) Endógenas - Hidátide multivesicular.No


protoescólex são transformadas em vesículas
que passam a segregar líquido hidático
internamente.
B) Exógenas - Vesículas filhas formadas para o
exterior da hidátide primitiva; isolam-se e
passam a crescer independentemente da
hidátide mãe.
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Ciclo de vida
Fase sexuada - Fase em que a pequena ténia
depois de formar proglotes com os seus órgãos
genitais hermafroditas, promove a fecundação e
produção de ovos. Decorre durante um período de 2
meses no intestino delgado do cão e de outros
carnívoros (hospedeiros definitivos). Está
dependente da morte dos ovinos e consumo das
suas vísceras por parte dos cães domésticos ou
errantes da região.
Fase assexuada - Ocorre no hospedeiro
intermediário (herbívoro), com formação do do
quisto hidático e suas cápsulas prolígeras
visualizando-se escólex em formação no seu
interior. Estes representam indivíduos filhos da
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d a
v i
de
l o
i c
C

1 O adulto no intestino delgado do hospedeiro definitivo


2 Ovos eliminando com as fezes
3 Ovos dispersos na natureza alcançam pastagem, vegetais e frutos
alimentares e solo, que contaminam.
4 Hidatidose Unilocular (Quisto Hidático) originada a partir da
oncosfera que eclodiu do ovo ingerido pelo hospedeiro
intermediário, a qual se pode encontrar no fígado, pulmões, rins,
etc. O fígado e os pulmões parecem ser os locais preferidos.
5 Após ingestão pelo hospedeiro definitivo, escólex na sua taca
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Taenia solium

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Introdução
 T. Solium (ténia do porco), causa infeção
intestinal
- Forma adulta
- Forma larvar Cysticercus cellullosae –
infecção somática;

 O Adulto atinge 2-4 metros de cumprimento;

 Apresenta 1 escolex globosa com cerca de 1 mm


de diametro, 4 ventosas;

 O homem é o hospedeiro definitivo, albergando


o parasita adulto no intestino;

 Infecta-se pela ingestão de carne de porco/suíno


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Ciclo de vida –
Taenia sp
1. Proglotes grávidos e/ou
ovos eliminados com as
fezes em grupos ou
isoladamente. Os
proglotes de T. solium
são imóveis enquanto
os proglotes de T.
saginata são móveis
permitindo migrar
sobre as pastagens
circundantes onde eles
2. Proglotis e/ou ovos alcançam a vegetação, contaminar serão a água e as
multiplicados
pastagens que acabam por serem ingeridos pelo porco/gado
abundantemente.
(hospedeiro intermediário) alcançam o intestino.
3. Oncosfera eclode entra da circulação geral e vai posteriormente
localizar-se e desenvolver-se sobretudo nos músculos
transformando-se em Cysticercus cellulosa na T. solium e
Cysticercus bovis na T. saginata. No caso de T. solium o homem pode
servir de hospedeiro intermediário.
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 O porco é o principal hospedeiro intermediario
no ciclo biopedemiologico do parasita, apesar
de desenvolvimento larvar poder ocorrer
noutros animais (como o javali e o camelo).

 O homem, tal como suínos (porcos) podem


adquerir cisticercos por infecção exógena
atraves da ingestão de ovos de T. solium
presentes na agua e em alimentos contaminados
com materia fecal humana, sobretudo verduras
cruas.

 Autoinfecção exógenia, atraves de mãos e


roupas contaminadas com as proprias fezes;

 Auto infecção endógena, quando os ovos


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Epidemiologia
 Apresenta uma prevalência elevado em alguns
países na Europa Oriental (Polónia e Rússia),
América Latina, África, Índia, China;

 Cosmopolita;

 A prevalência está associado à criação do


animal em liberdade e aos hábitos de defecção
humana no meio ambiente, assim como o fraco
grau de controlo veterinário da carne suína.

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Manifestações Clinicas
 Irritação intestinal nos locais de ficção do
escolex, dor abdominal, anorexia e diarreia.
 As manifestações clínicas dependem da
localização, números de larvas infectantes, da
fase de desenvolvimento dos cisticercos e da
resposta imunológica do hospedeiro.

Diagnostico
 Baseia-se na recuperação e identificação dos
ovos característicos e proglotides na região
perianal ou nas fezes.
 Detecção de anticorpos específicos no soro e
liquido cefalorraquidiano confirmam o
diagnostico de neurocistecercose,
Afonso de Almeida/FMCS-2016 cujo suspeita
Tratamento, Prevenção e Controlo
 Tratamento:
- Praziquantel ou Albendazol
- Um saneamento rigorosa e higienização das
instalações pecuárias,
- uma inspeção rigorosa dos carcaças aquando do
abate,
- educação para a saúde,
- promover mudanças de hábitos como a lavagens
de mãos após defecar e antes das refeições,
- evitar a contaminação fecal humana do solo, da
água e dos animais,
- cozinhar totalmente as carnes de suína e
bovinos e,
- congelar a carne a uma temperatura menos ou
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igual 18ºC durante 12 horas.
Taenia saginata

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Introdução
 T. Solium (ténia do porco, apresenta um ciclo de
vida semelhante ao T. sagnata (ver ciclos de
vida);
 Infecta-se pela ingestão de carne de bovina mal
cozido contendo cisticercos;
 Desenvolve-se no instestino delgado;
 O parasita adulto atinge 4-10 metros de
cumprimento e viver cerca de 25 anos;

 Apresenta 1 escolex de forma piramidal com 4


ventosas, sem restelo e sem ganchos;

 O gado bovino é o hospedeiro intermediario,


ingerindo os ovos no pasto;
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 A oncosfera liberta-se no lumen intestinal,
penetra a parede intestinal e, atraves do
sistema circulatorio, atinge o tecido connectivo
intrafascular dos musculos esqueleticos, onde
se desenvolve Cystecercus bovis;

Epidemiologia
- Distribuição cosmpoloita;
- Mais pevalentes nos Estados Unidos da America
- As fezes humanas contaminam a vegetação e a
agua com ovos infecciosas, os quais se
dispersam nas pastagens e são ingeridos pelo
gado bovino

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Manifestações Clinicas
 As manifestações intestinais são semelhantes às
desenvolvidas por T. Solium, não havendo
cisticercose.
 A infecção é normalmente assintomático, com
dores abdominais ligeiras e irritabilidade da
mucosa intestinal nos locais de fixação do parasita.

Diagnostico
 Baseia-se na recuperação e identificação dos ovos,
porem a morfologia dos ovos não permite a
distinção das espécies do género Taenia.
 O diagnostico deferencial com T. Solium é feito
através da analise morfológica do escólex e dos
proglóticos grávidos (tamanho, numero de
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Tratamento, Prevenção e Controlo

- O tratamento é idêntico ao utilizado para


infecção por T. solium;

- A eliminação correta das fezes humanas, a


confeção adequada da arne bovina e o
congelamento previa da carne são medidas
preventivas da transmissão desta parasitose.

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Diphyllobothrium latum
 Diphyllobothrium latum - Ténia dos peixes, é
um céstodo predominante nas regiões onde há
muito consumo de peixes de agua doce, sendo
encontrada a parasitose humana nas zonas de
clima temperados e frios.
Hymenolepsis nana
 Hymenolepsis nana – ténia do porco, tem
distribuição mundial, sendo mais frequente em
climas quentes e secos existindo, contudo na
Europa;
 A infecção através da ingestão dos ovos pois
fixam-se nas vilosidades jejunais/intestino
delgado. Afonso de Almeida/FMCS-2016

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