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A TEORIA DA ESCOLHA RACIONAL

Síntese produzida:
prof. Dejalma Cremonese
Site: www.capitalsocialsul.com.br
E-mail: dcremoisp@yahoo.com.br
Idéias Gerais
- A emergência da teoria da escolha racional no
curso dos anos 1980 (invasão do homem econômico)
- A subordinação do homo sociologicus ao homo
economicus.
- No entanto, apenas recentemente a abordagem
econômica foi empregada de forma tão sofisticada
para capturar os diversos aspectos da vida social,
abrangendo desde a freqüência à igreja e os
casamentos até as situações de guerra e os padrões
de suicídio.
- O indivíduo como ator político racional. Está em
jogo as preferências do indivíduo. O agir
estratégico. Custo benefício de uma ação
(maximizar a satisfação e minimizar os danos.

- Crenças e desejos são critérios de escolhas


(escolhem as melhores ações que estejam de
acordo com eles.

- Todo comportamento social é concebido como


agir estratégico, podendo ser explicado como o
resultado de um cálculo egocêntrico de possíveis
vantagens.
- Teoria dos jogos (cada um agirá com base nos
cálculos dos efeitos das ações possíveis dos
outros)
- Dilema do prisioneiro (falta de cooperação)
- Para Olson o povo não sabe tomar decisões
políticas
- Os representantes desta teoria professam um
pessimismo acerca da possibilidade de ação
coletiva, eles resistem a reconhecer a existência
de um contingente significativo de cidadãos
republicanos orientados para o interesse público
e comprometido a participar, ainda que de modo
limitado, dos assuntos políticos.
Representantes

Anthony Downs – Mancur Olson – Arrow


• Um dos primeiros livros de teoria da
escolha racional a explorar aplicações na
Ciência Política foi An economic theory of
democracy (1957), de Anthony Downs. O
livro The logic of collective action, de
Mancur Olson Jr. (1965), tentou utilizar a
mesma perspectiva para compreender
organizações.
• Para todos os autores citados, os agentes
sociais estariam interessados na
maximização da riqueza, de votos, ou de
outras dimensões mais ou menos
mensuráveis em termos de quantidades e
sujeitas a constrangimentos de recursos
materiais.
• A teoria da escolha racional é definida como a
teoria sociológica que se propõe a explicar o
comportamento social e político assumindo que
as pessoas agem racionalmente.
• A teoria dos jogos: objetiva trabalhar, por meio
de conceitos, situações nas quais os indivíduos
tomam decisões considerando as
conseqüências das decisões tomadas por
outros.
• A Teoria da Escolha Racional está ligada à
racionalidade cognitivo-instrumental e, para
Jonh Scott (2000), surgiu do “sucesso” da
economia nas Ciências Sociais. Esse fator
conduziu muitos cientistas a pensarem teorias
em torno da idéia fundamental da “razão” e,
mais do que isso, na idéia de que os indivíduos
calculariam os custos e os benefícios prováveis
de toda ação antes de decidirem o que fazer.
• A Teoria da Escolha Racional pressupõe
que diante de uma dada situação os
indivíduos agem racionalmente a fim de
maximizar as possibilidades de alcançar
suas metas e realizar seus projetos. Mais
do que isso, para os teóricos da TER, os
indivíduos devem antecipar os resultados
das ações e calcular qual será a
alternativa melhor ou a que lhes trará a
maior satisfação.
• Soluções subótimas se referem a indivíduos
que, enfrentando escolhas interdependentes,
escolhem uma estratégia sabendo que os
demais indivíduos também vão escolhê-la e
sabendo também que todos poderiam obter ao
menos o mesmo se outra estratégia tivesse sido
adotada (Elster, 1978, pp. 122 e ss.).
• O chamado dilema do prisioneiro é um claro
exemplo de comportamento subótimo com duas
pessoas envolvidas.
Dilema do prisioneiro
• Irão cooperar ambos os prisioneiros para
minimizar a perda da liberdade, ou um
dos presos, confiando na cooperação do
outro, o trairá para ganhar a liberdade?
Dois suspeitos, A e B, são presos pela polícia. A
polícia tem provas insuficientes para condená-los,
mas, separando os prisioneiros, oferece a ambos o
mesmo acordo: se um dos prisioneiros
testemunhar para contra o outro e o outro
permanecer em silêncio, o que colaborar sai livre o
cúmplice silencioso cumpre 5 anos de sentença.
Se ambos ficarem em silêncio, a polícia só pode
condená-los a 1 ano de cadeia cada um. Se
ambos se acusarem um ao outro, cada um será
condenado a 2 anos de cadeia. Cada prisioneiro
faz a sua decisão sem saber o que o outro vai
decidir. Nenhum tem certeza de como o outro vai
reagir e que decisão irá tomar. A questão que o
dilema propõe é: o que vai acontecer? Como
reagir?
Racionalidade
• Racionalidade, neste contexto, significa
que, ao agir e interagir, os indivíduos têm
planos coerentes e tentam maximizar a
satisfação de suas preferências ao
mesmo tempo que minimizar os custos
envolvidos.
• A premissa de Downs é que políticos e eleitores
agem racionalmente. As motivações dos
políticos são desejos pessoais, tais como renda,
prestígio e poder derivados dos cargos que
ocupam. Como estes atributos não podem ser
obtidos sem que eles sejam eleitos, as ações
dos políticos têm por objetivo a maximização do
apoio político e suas políticas são orientadas
meramente para este fim.
• Os eleitores estabelecem preferências
entre partidos competidores baseados em
uma comparação entre: (a) a "renda de
utilidade" das atividades do atual governo
e (b) a renda de utilidade se os partidos
de oposição estivessem no governo. A
escolha de um partido pelos eleitores
toma como base esta ordem de
preferências, assim como características
do sistema eleitoral.
• Em um sistema de dois partidos, os eleitores
simplesmente votam no partido que preferem.
Em um sistema multipartidário, no entanto, os
eleitores têm de levar em conta a preferência
dos outros eleitores. Por exemplo, se o partido
que ele ou ela preferem não tem chances de
vencer, então ele ou ela votam em outro partido
que pode ter a possibilidade de manter o partido
que ele ou ela têm mais aversão fora do poder.
• Por sua vez, argumenta Downs, os governos
ganham votos com gastos públicos e os perdem
se aumentam os impostos. Eles continuarão
aumentando o gasto até quando o ganho
marginal de votos decorrente dos gastos igualar
à perda marginal de votos pelo aumento de
impostos necessário para financiar aqueles
gastos. O ganho ou a perda de votos dependem
da renda de utilidade de todos os eleitores e das
estratégias dos partidos de oposição. O trabalho
de Downs marcou a penetração da abordagem
econômica em algumas áreas da Ciência
Política.
• Downs pressupõe que os agentes
políticos se comportam da mesma forma
que os agentes econômicos, buscando
maximizar seus interesses pessoais,
permitindo estabelecer uma analogia
entre mercado e política (SILVA,
2007:01).
• Downs trata o processo “político-eleitoral
em termos análogos aos que são
utilizados para dar conta do jogo do
mercado na ciência econômica,
salientando o cálculo realizado por
partidos e eleitores em variadas
circunstâncias que encontram
regularmente ao tomar suas decisões”
(DOWNS, 1999:16).
• A questão da racionalidade: (...) a aplicação da
abordagem econômica aos fenômenos
convencionalmente percebidos como
pertencendo a outros campos (ciência política,
sociologia) envolve justamente a suposição de
que a economia como disciplina teórica redunda
numa teoria de comportamento racional como
tal, a qual seria em princípio válida para
qualquer comportamento que envolva um
problema de eficácia e seja, portanto, passível
de ser apreciado em termos de racionalidade: a
busca de poder político, status, ou prestígio
social não menos do que a de ganhos
„econômicos‟ ou materiais. (REIS apud
DOWNS, 1999: 12).
Segundo Downs, um indivíduo racional se
comporta da seguinte forma:
(1)ele consegue sempre tomar uma decisão
quando confrontando com uma gama de
alternativas;
(2)ele classifica todas as alternativas diante
de si, em ordem de preferência, de tal
modo que cada uma é preferida,
indiferente ou inferior a cada uma das
outras;
(3)seu ranking de preferência é transitivo;
(4) ele sempre escolhe, dentre todas as
alternativas possíveis, aquela que fica em
primeiro lugar em seu ranking de preferência;
e
(5) ele sempre toma a mesma decisão cada vez
que é confrontado com as mesmas
alternativas. Todos aqueles que tomam
decisão racionalmente no nosso modelo –
inclusive partidos políticos, grupos de
interesse e governos – mostram as mesmas
qualidades. (DOWNS, 1999:28).
O capítulo 3 – intitulado A lógica
básica do voto
– traz embasamento para o restante dessa
segunda parte. No referido capítulo,
Downs segue com a ideia de que os
cidadãos agem racionalmente em política;
nesse caso, o cidadão vota no partido que
ele acredita que lhe trará mais benefícios
do que qualquer outro (1999:57).
• Na escolha entre dois partidos, o cidadão vota
naquele que acredita trazer uma maior renda
de utilidade (benefícios) durante o período
eleitoral (o que se segue à próxima eleição e o
que termina no dia da eleição), ou seja, ele
compara as rendas de utilidade que imagina
receber com cada partido assumindo o poder. A
diferença entre essas duas rendas de utilidade
esperadas é o diferencial partidário esperado.
Caso seja positivo, vota nos ocupantes que
estão no cargo; se negativo, vota na oposição;
e, se for zero, se abstém.
• Anthony Downs (1957), procura associar a
decisão do voto a uma decisão econômica.
• Os eleitores participariam do processo
eleitoral a partir do cálculo de possíveis
benefícios, em termos de política pública,
que seriam obtidos com a vitória deste ou
daquele candidato. A partir deste cálculo
racional, os eleitores tomariam a iniciativa de
votar no candidato que, segundo sua
expectativa, traria maior benefício ou
simplesmente abster-se de votar.
• O calcanhar de Aquiles para a TER reside na
figura do “carona”, ou numa linguagem
utilizada pela própria teoria da escolha
racional, free-rider, ou seja, o indivíduo que
chega a conclusão de que irá obter os
benefícios esperados independentemente da
sua participação. Assim sendo, o free-rider
usufrui dos resultados obtidos pela ação de
outros cidadãos .
Tese de Bruno S. de Carvalho –
idéias gerais
• A noção de racionalidade passa a ser vinculada
a ideia de consumidor da teoria econômica.
• A racaionalidade se refere a cognição pessoal
que intenta três elementos básicos: riqueza,
prestígio e poder.
• Um olho nos ganhos o outro nos custos...
• “Sempre que falarmos de comportamento
racional queremos dizer comportamento
racional dirigido principalmente para fins
egoístas...
• Escolha racional: previsões das ações que os
sujeitos racionais tomam em uma situação de
escolha.
• Cálculo = custo/benefício pessoal
• A Teoria da Escolha racional é um discurso
economicista...
• O mercado e não mais a dinâmica política
(idéias de bem-comum) deve ser o verdadeiro
regulador social.
• Racionalidade instrumental = racionalidade
econômica
• Custos e benefícios de todas as consequências
das ações.
• A política se constitui apenas mais um mercado
de trocas de votos e satisfação dos interesses.
• O conceito de racionalidade
• O comportamento oportunista (free rider) –
pilares da teoria social e da Escolha racional.
• Fala da teoria dos jogos e do dilema dos
prisioneiros (cooperar ou não cooperar?) a
questão da confiança.
• Noções de cálculo: custo/benefício
• No cap. II. Escolha racional e teoria
política (no pluralismo, o Estado é neutro,
por que há uma pulverização dos
mecanismos de poder p. 80)
A teoria sociológica do voto
• A participação política é determinada pelo grau de
identidade entre grupos sociais e partidos políticos.
As bases dessa teoria foram sintetizadas por Lipset
& Rokkan em um artigo intitulado Estruturas de
clivagem, sistemas partidários e alinhamentos de
eleitores. Neste artigo os dois autores demonstram
como a consolidação do sistema partidário no
continente europeu reproduziu as várias divisões
(clivagens) existentes nas sociedades. Dessa forma,
as divisões entre operários e empresários, católicos
e protestantes, centros urbanos e periferias rurais
eram representadas no parlamento por partidos
políticos que defendiam nos legislativos os
interesses específicos desses segmentos sociais.
• A participação política, segundo a teoria sociológica
do voto, seria estimulada pelo grau de identidade
entre grupos e partidos. Todavia, esta identidade
também não impede que ocorram comportamentos
do tipo free-rider. O ponto em comum entre as duas
teorias da participação política aqui analisadas é o
fato de que a incerteza é vista como um estímulo
para a participação política. O comportamento do
tipo free-rider se apóia na idéia de que é possível
alcançar um determinado benefício sem que se aja
para tanto. Contudo, o que aconteceria se um
conjunto mais amplo de eleitores adotasse o mesmo
comportamento?
• Seguramente o resultado esperado não seria obtido.
Como não existe nenhuma forma infalível de prever-
se o desfecho de uma eleição, os indivíduos seriam
motivados a participarem de um pleito, votando no
candidato de sua preferência, exatamente por não
saberem como os demais eleitores se comportarão,
mesmo que as pesquisas de tendência de votos
indiquem algum provável resultado. Em outras
palavras, na dúvida sobre o comportamento dos
demais eleitores, o eleitor é estimulado a praticar um
ato individual e completamente isolado, como única
atitude possível diante de um grau imenso de
incerteza.
Em síntese...
• Para Downs, os agentes sociais estariam
interessados na maximização da riqueza,
de votos, ou de outras dimensões mais ou
menos mensuráveis em termos de
quantidades e sujeitas a
constrangimentos de recursos materiais.
• Os agentes políticos se comportam
de forma igual aos agentes
econômicos buscando maximizar
seus interesses pessoais, e
estabelecendo uma perfeita analogia
entre mercado e política.
• Parte da racionalidade da teoria
econômica.
Teórico procede
Ele calcula o caminho mais
razoável para aquele que toma a
decisão de atingir suas metas, e
presume que esse caminho será
realmente escolhido por aquele
que toma decisão é racional.

Os benefícios devem sempre


superar os custos.
“ A racionalidade política é sine qua
nom de todas as formas de
comportamento político”. (Downs)
Os partidos políticos e os eleitores, à
semelhança de empresários e
consumidores, atuam racionalmente,
pois os partidos calculam a trajetória e
os meios de sua ação para maximizar
seus votos ou lucros, enquanto os
eleitores , da mesma forma, procuram
maximizar suas vantagens, ou seja,
suas utilidades.
A teoria de DOWNS é uma obra de
engenharia política. Não se presta a
trazer qualquer acréscimo a teoria
democrática. Se presta a fazer
análise da conjuntura norte –
americana.
A teoria de DOWNS reduz o cidadão
ao típico homem burguês, mero
consumidor e maximizador de suas
utilidades.

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