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O Evangelho segundo o Espiritismo » Capítulo XIII - Não saiba a vossa mão esquerda o que dê a
vossa mão direita » Instruções dos Espíritos » A compaixão
17. A compaixão é a virtude que mais vos aproxima dos anjos; é a irmã da caridade, que vos
conduz a Deus.
Compaixão
E, respondendo Jesus, disse: Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos
dos salteadores, os quais o despojaram, e espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto.
E, ocasionalmente descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo.
E de igual modo também um levita, chegando àquele lugar, e, vendo-o, passou de largo.
Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima
compaixão;
E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre o seu
animal, levou-o para uma estalagem, e cuidou dele;
E, partindo no outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele;
e tudo o que de mais gastares eu to pagarei quando voltar.
Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?
E ele disse: O que usou de misericórdia para com ele. Disse, pois, Jesus: Vai, e faze da mesma
maneira.
Lucas 10:30-37
O ser humano, muitas vezes, confunde o “ato de perdoar”
com a negação dos próprios sentimentos, emoções e anseios,
reprimindo mágoas e usando supostamente o “perdão” como
desculpa para fugir da realidade que, se assumida, poderia
como consequência alterar toda uma vida de relacionamento.
Uma das ferramentas básicas para alcançarmos o perdão real
é manter-nos a uma certa “distância psíquica” da pessoa-
problema, ou das discussões, bem como dos diálogos mentais
que giram de modo constante no nosso psiquismo, porque
estamos engajados emocionalmente nesses envolvimentos
neuróticos.
Ao desprendermo-nos mentalmente, passamos a usar de
modo construtivo os poderes do nosso pensamento, evitando
os “deveria ter falado ou agido” e eliminando de nossa
produção imaginativa os acontecimentos infelizes e
destrutivos que ocorreram conosco.
Em muitas ocasiões, elaboramos interpretações exageradas
de suscetibilidade e caímos em impulsos estranhos e
desequilibrados, que causam em nossa energia mental uma
sobrecarga, fazendo com que o cansaço tome conta do
cérebro. A exaustão íntima é profunda.
A mente recheada de idéias desconexas dificulta o perdão, e
somente desligando-nos da agressão ou do desrespeito
ocorrido é que o pensamento sintoniza com as faixas da
clareza e da nitidez, no processo denominado “renovação da
atmosfera mental”.
É fator imprescindível, ao “separar-nos” emocionalmente de
acontecimentos e de criaturas em desequilíbrio, a terapia da
prece, como forma de resgatar a harmonização de nosso
“halo mental”. Método sempre eficaz, restaura-nos os
sentimentos de paz e serenidade, propiciando-nos maior
facilidade de harmonização interior.
A qualidade do pensamento determina a “ideação”
construtiva ou negativa, isto é, somos arquitetos de
verdadeiros “quadros mentais” que circulam
sistematicamente em nossa própria órbita áurica. Por nossa
capacidade de “gerar imagens” ser fenomenal, é que essas
mesmas criações nos fazem ficar presos em “monoideias”.
Desejaríamos tanto esquecer, mas somos forçados a lembrar,
repetidas vezes, pelo fenômeno “produção/consequência”.
Desligar-se ou desconectar-se não é um processo que nos
torna insensíveis e frios, como criaturas totalmente
impermeáveis às ofensas e críticas e que vivem sempre numa
atmosfera do tipo “ninguém mais vai me atingir ou
machucar”. Desligar-se quer dizer deixar de alimentar-se das
emoções alheias, desvinculando-se mentalmente dessas
relações doentias de hipnoses magnéticas, de alucinações
íntimas, de represálias, de desforras de qualquer matiz ou de
problemas que não podemos solucionar no momento.
Ao soltar-nos vibracionalmente desses contextos complexos,
ao desatar-nos desses fluidos que nos amarram a essas crises
e conflitos existenciais, poderemos ter a grande chance de
enxergar novas formas de resolver dificuldades com uma
visão ampla das coisas e de encontrar, cada vez mais,
instrumentos adequados para desenvolvermos a nobre tarefa
de nos compreender e de compreender os outros.
Quando acreditamos que cada ser humano é capaz de
resolver seus dramas e é responsável pelos seus feitos na
vida, aceitamos fazer esse “distanciamento” mais
facilmente, permitindo que ele seja e se comporte como
queira, dando-nos também essa mesma liberdade.
Viver impondo certa “distância psicológica” às pessoas e às
coisas problemáticas, seja entes queridos difíceis, seja
companheiros complicados, não significa que deixaremos de
nos importar com eles, ou de amá-los ou de perdoar-lhes,
mas sim que viveremos sem enlouquecer pela ânsia de tudo
compreender, padecer, suportar e admitir.
Além do que, desligamento nos motiva ao perdão com maior
facilidade, pelo grau de libertação mental, que nos induz a
viver sintonizados em nossa própria vida e na plena afirmação
positiva de que “tudo deverá tomar o curso certo, se minha
mente estiver em serenidade”.
Compreendendo por fim que, ao promovermos “desconexão
psicológica”, teremos sempre mais habilidade e
disponibilidade para perceber o processo que há por trás dos
comportamentos agressivos, o que nos permitirá não reagir
da maneira como o fazíamos anteriormente, mas sim notar
como está sendo feita a nossa forma de nos relacionar com os
outros. Isso nos leva, consequentemente, a começar a
entender a “dinâmica do perdão”.
Uma das mais eficientes técnicas de perdoar é retomar o vital
contato com nós mesmos, desligando-nos de toda e qualquer
“intrusão mental”, para logo em seguida buscar uma real
empatia com as pessoas. Deixamos de ser vítimas de forças
fora de nosso controle para transformar-nos em pessoas que
criam sua própria realidade de vida, baseadas não nas críticas
e ofensas do mundo, mas na sua percepção da verdade e na
vontade própria.
“Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares
de que teu irmão tem alguma cousa contra ti, deixa
perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com
teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta”. (Mateus
5.23,24)
“Porque se perdoardes aos homens as suas ofensas,
também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não
perdoardes aos homens as suas ofensas, tampouco vosso
Pai vos perdoará as vossas ofensas”. (Mateus 6.14,15)
“Entra em acordo sem demora com teu adversário,
enquanto estás com ele a caminho, para que o adversário
não te entregue ao juiz, o juiz ao oficial de justiça, e sejas
recolhido à prisão. Em verdade te digo que não sairás dali,
enquanto não pagares o último centavo”. (Mateus 5.25,26)
“Antes, sede uns para com os outros benignos,
compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como
também Deus em Cristo vos perdoou”. (Efésios 4.32)
“Então Pedro, aproximando-se, lhe perguntou: Senhor, até
quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe
perdoe? Até sete vezes? Respondeu-lhe Jesus: Não te digo
que até sete vezes, mas até setenta vezes sete”. (Mateus
18.21,22)
“A quem perdoais alguma cousa, também eu perdôo;
porque de fato o que tenho perdoado, se alguma cousa
tenho perdoado, por causa de vós o fiz na presença de
Cristo, para que Satanás não alcance vantagem sobre nós,
pois não lhe ignoramos os desígnios”. (2 Coríntios 2.10,11)
“Acautelai-vos. Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o;
se ele se arrepender, perdoa-lhe. Se por sete vezes no dia
pecar contra ti, e sete vezes vier ter contigo, dizendo: Estou
arrependido, perdoa-lhe. Então disseram os apóstolos ao
Senhor: Aumenta-nos a fé”. (Lucas 17.3-5)
“Contudo Jesus dizia: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem
o que fazem”. (Lucas 23.34)