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Extinção

Operante
 É comum que algumas consequências produzidas por
certos comportamentos deixem de ocorrer quando
estes são emitidos. Quando isso acontece,
observamos no comportamento que as produzia
efeitos contrários aos produzidos pelo reforçamento.
Quando suspendemos (encerramos) o reforçamento
de um comportamento, verificamos que a frequência
de sua ocorrência diminui, retornando ao seu nível
operante, isto é, retornando à frequência com que
ocorria antes de ter sido reforçado.
O procedimento que
consiste na suspensão do
reforçamento e o
processo dele decorrente
são conhecidos como
extinção operante.
Se a suspensão do
reforçamento produz uma
diminuição na frequência de um
comportamento, é possível
concluir que os efeitos
do reforçamento em relação à
manutenção do comportamento
são temporários.
 Para testarmos essa afirmação, basta realizarmos um
experimento com três situações distintas:
 na primeira, observamos e registramos a frequência do
comportamento de um organismo sem contingências de
reforçamento programadas (nível operante);
 na segunda, reforçamos o comportamento, bem como
observamos e registramos a sua frequência (reforçamento);
 na terceira, retiramos o reforçamento e novamente
observamos e registramos a frequência do comportamento
(extinção).
Exemplo:
 Walker e Buckley (1968) conduziram uma intervenção, que também foi uma
pesquisa, com uma criança que apresentava dificuldades de ficar
concentrada durante tarefas na sala de aula.
 Os pesquisadores, inicialmente, registraram:
 1) quantos intervalos de 10 minutos a criança permanecia realizando as
tarefas adequadamente (nível operante) ao longo da aula.
 2) Em seguida, começaram a dar-lhe pontos toda vez que fazia a tarefa
adequadamente a cada intervalo de 10 minutos.
 3) Por fim, Walker e Buckley pararam de dar os pontos, mesmo se ela
passasse os 10 minutos de um dado intervalo engajada na tarefa escolar.
 4) Ao final da intervenção, a criança pode trocar os pontos ganhos por
brinquedos de sua preferência.
O principal efeito do procedimento de
extinção, como vimos, é o retorno da
frequência do comportamento aos
seus níveis prévios,
ou seja, ao nível operante. No
entanto, além de diminuir a
frequência da resposta até o nível
operante, esse procedimento produz
outros três efeitos importantes no
início do processo de extinção
operante.
Aumento na frequência da
resposta no início do
procedimento de extinção 1
 Durante um procedimento de extinção, antes de a frequência
da resposta começar a diminuir, ela pode aumentar
abruptamente.
Exemplo:
Quando tocamos a campainha da casa de um amigo e não
somos atendidos. Provavelmente você já passou por uma
situação assim. O que geralmente fazemos antes de virarmos as
costas e ir embora? Começamos a pressionar o botão da
campainha várias vezes antes de desistir. É importante lembrar
que esse aumento inicial pode ocorrer, e não que
necessariamente ocorrerá em todos os processos de
extinção.
Aumento na
variabilidade da
topografia da resposta
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 Logo no início do processo de extinção, a
forma como o comportamento estava
ocorrendo começa a modificar-se.

Exemplo:
No exemplo da campainha, também podemos ver
essa característica: além de pressionarmos várias
vezes o botão, começamos a fazê-lo ou com mais
força ou com a mão toda, bater na porta ou mesmo
bater palmas.
Evocação de respostas
emocionais
 Tente se lembrar de algumas vezes em que algum
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comportamento seu foi colocado em extinção. Por exemplo,
quando estudou muito para uma prova e tirou nota baixa, quando
telefonou várias vezes para seu(ua) namorado(a) e ele(a) não
atendeu. Como você se sentiu? É bem provável que algumas
respostas emocionais, como, por exemplo, aquelas comumente
vistas na raiva, na ansiedade, na irritação ou na frustração,
tenham ocorrido. Não é raro, por exemplo, observarmos
aparelhos de telefone celulares serem jogados no chão quando o
seu dono não consegue fazer uma ligação importante ou
volantes serem socados quando o carro não pega.
Resistência à
 extinção
Pode ser definida como o tempo ou o número de vezes que
um determinado comportamento continua ocorrendo após a
suspensão do reforçamento.
 Dizemos que, quanto mais tempo, ou quanto maior o
número de vezes que o comportamento continua a ocorrer
sem ser reforçado, maior é a sua resistência à extinção.
Veja que dizer que um comportamento tem alta resistência
à extinção não é a explicação de por que ele demora a ser
extinto.
 Resistência à extinção é a própria demora, é o fenômeno
propriamente dito, e não sua explicação.
Eliminação de um comportamento de
birra utilizando-se o procedimento de
extinção. Caso relatado por Williams
em 1958.
 O caso descreve um tratamento bem-
sucedido de um comportamento de
birra de uma criança de 2 anos de
idade utilizando-se o procedimento de
extinção, isto é, removendo-se a
consequência reforçadora do
comportamento de fazer birras.
 De acordo com Williams (1958), a criança
teve sérios problemas de saúde durante
seus primeiros 18 meses de vida. À época
do tratamento do comportamento de birra,
esse problema de saúde já havia cessado
há alguns meses, mas a criança
continuava demandando a mesma atenção
e cuidados especiais que seus pais lhe
davam quando estava doente.
 Os pais da criança e uma tia alternavam-se na tarefa de
colocá-la para dormir e precisavam ficar no quarto com ela
até que adormecesse. Caso saíssem antes que ela pegasse
no sono, a criança iniciava uma “monumental” crise de
choro e só parava quando um deles voltava. A crise de
choro era iniciada até mesmo se a pessoa que estivesse
com ela no quarto pegasse uma revista ou livro para ler, e
só cessava se o livro/revista fosse deixado de lado.
Conforme relatado por Williams, os pais e a tia ficavam de
uma hora e meia a duas horas por noite no quarto da
criança esperando que ela dormisse.
 Após checado com o médico que a criança já estava em
perfeitas condições de saúde, decidiu-se remover a
consequência reforçadora do comportamento de chorar, que
era mantido pela atenção/presença do cuidador (pais e tia)
no quarto da criança enquanto ela pegava no sono. Após o
início da intervenção comportamental, o cuidador colocava a
criança na cama, executava os procedimentos normais de
pais ao fazer isso (cobrir, beijar, desejar boa noite, etc.), saía
do quarto e fechava a porta. Desse ponto em diante, porém,
o cuidador não mais retornava ao quarto quando a criança
começava a chorar.
 Na primeira noite da primeira extinção a criança
ficou 45 minutos chorando após o cuidador deixar
seu quarto.
 Na segunda, ela não chorou, segundo Williams,
possivelmente por conta da fadiga produzida pelos
45 minutos de choro da noite anterior.
 Na terceira, ela chorou por 10 minutos, e a duração
da birra foi diminuindo uma noite após a outra, até
se extinguir por completo a partir da sétima noite.
 Conforme relatado por Williams, a partir da décima
noite, o choro não só havia cessado, como a
criança sorria enquanto seus pais deixavam o
quarto.
 Esses resultados são impressionantes na medida
em que um problema que atormentava os
cuidadores e a própria criança por tanto tempo foi
resolvido pela simples suspensão da
consequência reforçadora, isto é, pelo
procedimento de extinção.
Modelagem
Modelagem
 O repertório comportamental dos
indivíduos podem ter sua frequência
modificada por suas consequências.
 A partir de agora, analisaremos como
um novo comportamento passa a
fazer parte do repertório
comportamental de um organismo.
O repertório
comportamental é o
conjunto de
comportamentos de um
indivíduo que se tornam
prováveis dadas certas
condições ambientais.
 A modelagem é um procedimento de reforçamento
diferencial de aproximações sucessivas de um
comportamento-alvo.
 O resultado final desse procedimento é um novo
comportamento construído a partir de combinações de
topografias de respostas já presentes no repertório
comportamental do organismo.
 O modo como essas combinações se dão é determinado
pelas contingências de reforçamento e pelas extinções que
sucessivamente resultam no comportamento-alvo.
A modelagem é um dos
modos pelos quais
novos comportamentos
passam a fazer parte
do repertório
comportamental dos
indivíduos.
Exemplo:
 Quando o bebê emite um som parecido com “mã”.
Quando isso ocorre, a mãe, felicíssima, acaricia seu
filho e sorri para ele. O que parece ter acontecido?
Isso mesmo, você acertou: a mãe disponibilizou uma
consequência potencialmente reforçadora para a
vocalização da criança. O bebê emitiu a resposta
“dizer ‘mã’”, e a consequência desse comportamento
foi receber atenção e carinho da mãe, os quais,
geralmente, são potentes estímulos reforçadores no
controle do comportamento humano.
 Se essas consequências apresentadas pela mãe
resultarem no aumento da probabilidade de que o
bebê volte a dizer “mã” quando ela estiver
próxima, podemos afirmar que o carinho e a
atenção dela são estímulos reforçadores para os
comportamentos daquela criança. Se nossa
conclusão estiver correta, podemos dizer que o
comportamento de dizer “mã” se tornará cada vez
mais frequente.
 Depois de algum tempo, provavelmente a mãe deixará
de dar tanta atenção e carinho quando seu filho disser
apenas “mã”. O fato de a mãe fazer isso consiste no
procedimento de extinção. Vimos que, quando um
comportamento é colocado em extinção, ocorre um
aumento na variabilidade de sua topografia. Esse
aumento na variabilidade topográfica poderá acontecer
com o comportamento do bebê, de modo que ele
provavelmente emitirá variações de “mã”, como “mãb”,
“mád” e “mãg”, por exemplo.
 É provável que a criança, em algum momento,
repita o “mã” logo após emitir o primeiro “mã”,
formando, “mãmã”. Provavelmente, a mãe
passará a reforçar essa resposta verbal, uma vez
que se assemelha mais a “mamãe” do que apenas
“mã”.
 Agora, emitir a topografia de resposta “mãmã” é
fortalecido pelas consequências providas pela
genitora – até que ela deixe de reforçar essa
topografia, como fizera antes com “mã”.
Essas contingências de reforçamento e
essas extinções continuam ocorrendo
até que o bebê, eventualmente, diga
“mamãe”.
Denominamos o procedimento que a
mãe, intuitivamente, utilizou para ensinar
seu filho a dizer “mamãe” de
modelagem comportamental
ou apenas de
modelagem.
O reforçamento diferencial
consiste em reforçar algumas
respostas que obedecem a
algum critério e em
não reforçar aquelas
que não atendem a tal critério.
Modelação
 Na modelação, ou aprendizagem por
observação de modelos, o
comportamento de um organismo tem a
sua probabilidade alterada em
decorrência da observação do
comportamento de outro organismo e
da consequência que este produz.
 na modelação, inicialmente, o
organismo não precisa emitir
determinado comportamento para
alterar a probabilidade de que este
ocorra. Bastaria que observasse outro
organismo se comportando e
produzindo consequências
reforçadoras.
Exemplo:
Uma criança que passa a fazer birra com mais
frequência ao ver um colega conseguir mais
sorvete de seus pais com esse
comportamento.
 A observação do reforçamento do
comportamento de outro organismo somente
aumenta a probabilidade de emissão de uma
topografia de resposta similar pelo observador.
 A sua aprendizagem requer a apresentação de
consequências reforçadoras contingentes à
emissão da resposta. Só haverá
aprendizagem se for reforçado.
Bibliografia

 MOREIRA, Márcio Borges. Princípios


básicos de análise do comportamento.
Márcio Borges Moreira, Carlos Augusto de
Medeiros. – 2. ed. – Porto Alegre: Artmed,
2019.

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