PPGCISH
EPISTEMOLOGIAS DAS
CIÊNCIAS HUMANAS
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AVALIAÇÃO Unidade 1: 1 RESENHA DE ATÉ 5 LAUDAS.
UNIDADE II
06º Encontro: 00/00 – Pragmatismos: Acionalismo, Interacionismo, Interacionismo
Simbólico, Fenomenologia e Etnometodologia.
07º Encontro: 00/00 – Funcionalismos e Estruturalismos.
08º Encontro: 00/00 – Culturalismo e Interpretativismo. [AULA em colaboração com a
Profa. Dra. Eliane A. Silva].
09º Encontro: 00/00 – Teoria de Sistemas e Teoria do Agir Comunicativo. [AULA em
colaboração com o Prof. Dr. Jean].
10º Encontro: 00/00 – Estudos Culturais e de Gênero.
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UNIDADE III
11º Encontro: 00/00 – Nova História e História Social Inglesa [AULA em colaboração
com o Prof. Dr. Linhares].
12º Encontro: 00/00 – Conceitos centrais das Epistemologias Modernas I: Humanidade
/ Animalidade, Objetividade / Subjetividade, Individualidade / Propriedade / Alteridade,
Pessoa / Espírito - Self, Natureza/Cultura.
13º Encontro: 00/00 – Conceitos centrais das Epistemologias Modernas II: Sociedade /
Estado, Cultura / Civilização, Técnica / Processo, Política / Autoridade / Liberdade /
Verdade.
14º Encontro: 00/00 – Conceitos centrais das Epistemologias Modernas III: Emoção /
Razão, Opinião, Crença, Conhecimento, Ideologia.
15º Encontro: 00/00 – Conceitos centrais das Epistemologias Modernas IV: Tempo
(Cotidiano, Ritual, Sagrado, Público).
Objetivos da Aula:
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Rebaixamento teórico-metodológico da Filosofia, classificada como discurso geral; e
diferenciação entre História e estória;
Noção de dados objetivos: laboratório, arquivo, pesquisa de campo; e de
metodologia científica nas Ciências Sociais, de modo que a busca pela verdade
deveria pautar-se em práticas impessoais, verificáveis e falsificáveis a partir de
registros axiologicamente neutros;
Debate epistemológico nas Ciências Sociais: olhar do pesquisador como ferramenta
de validação empírica:
Olhar exterior; Olhar interior; Olhar de baixo; universalidade da verdade sobre o
real;
Debate metodológico nas Ciências Sociais:
Dados qualitativos; dados quantitativos; linguagem matemática; linguagem
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Metodologia Geral
Reconhecimento da falência de uma abordagem dogmática na produção do discurso científico, de
modo que metodologias plurais e epistemologias concorrentes são acionadas;
Reconhecimento da complexidade social inerente aos critérios de cientificidade, de modo que estes não
devem reduzir-se a posturas estanques e dogmáticas do tipo qualitativo x quantitativo, identidade x
diferença, neutralidade x engajamento, exclusividade x anarquismo metodológico / epistemológico;
Pires permanece moderno, mas assume um tom de reflexividade: a Ciência como polêmica de si
mesmo, característico da modernidade reflexiva e tardia;
Visão moderna: da epistemologia e metodologia reificada ao objeto analítico;
Visão moderna reflexiva: das questões de pesquisa à epistemologia e ao método em construção;
Pires retoma o percurso histórico de debates epistemológicos que redundaram:
1. na produção fundacional do objeto analítico das Ciências Sociais (o fato social, em detrimento do
à normatividade científica como modo de recepção da crítica da normativa social produzida pelas
minorias sociais, étnicas, nacionais, políticas, econômicas, estéticas e morais.
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A metodologia geral parte, assim, de uma refundação epistemológica do conhecimento
científico: desnaturaliza e des-essencializa os discursos de verdade, de objetividade e de
cientificidade.
Pires, com efeito, sustenta uma postura epistemológica moderna reflexiva que:
Afirma um conhecimento sistemático do real válido empiricamente: esforço de objetivação e
registro do verdadeiro e do falso;
Esse esforço de objetivação inerente à pesquisa científica pode ser axiologicamente neutro ou
dessa objetivação do real, haja vista que juízos de valor e juízos de realidade são dificilmente
distinguíveis;
Observar o mundo empírico implica em acionar um mundo moral e emocional pré-estabelecido, de
modo que a produção da verdade científica é uma forma de construir o social e a cultura (traz um
projeto de sociedade), o que não impede hierarquizações científicas dessas construções.
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Objeto Construído
Objeto disciplinar: fato social, ação social, papéis sociais, sociabilidades, estruturas sociais, discursos,
narrativas, imaginário, simbólico, moralidades..;
Pré-construção social do objeto de estudo: o social e a cultura informam ao pesquisador as formas de
classificação e de representação do real, de modo que o olhar científico está contaminando por estas
construções em primeiro grau; as ciências sociais são observações tecnicamente codificadas das observações
do ator e agente social comum sobre o mundo;
O crime, a burocracia, o jornal, a sexualidade, a guerra, o divórcio, o contrato, a arte, a cidade são formas sociais e culturais de antemão
estabelecidas...
Procedimento epistemológico, teórico-metodológico e temático operado pelo pesquisador: seleções,
perspectivas e recortes na construção do objeto analítico.
Schutz (1987, p. 11): ciência como construção em segundo grau:
“...os objetos de pensamento, construídos pelos pesquisadores nas ciências sociais, baseiam-se em objetos
de pensamento construídos pelo pensamento comum do homem levando sua vida cotidiana entre seus
semelhantes, e a ele se reportando”.
A noção de objeto construído não implica em uma postura epistemológica construcionista do pesquisador:
A teoria, o olhar discriminador, vem antes dos fatos, os eventos circunstanciais do mundo social nominados, classificados e categorizados
pela teoria;
O Construcionismo não se interessa pela discussão ontológica sobre o real pressuposto pelo discurso nativo, de modo que não diferencia
entre juízos de valor e juízos de realidade;
A noção de objeto construído não implica em subjetivismo:
A construção científica, por definição, reduz a complexidade do social e da cultura em um discurso inteligível e metodologicamente
enquadrado, mas não necessariamente literário e subjetivista, pois busca a verdade em aproximações jamais conclusivas do real; 14
O objeto construído deforma a realidade, mas não a verdade: produz mapas mentais.
Ciência e Senso Comum
O modelo moderno reflexivo: ruptura com o senso comum; ruptura com a ruptura epistemológica
científica clássica e reflexão sobre o senso comum;
Demarcação entre formas de conhecimento, e não de acesso à verdade;
O senso comum, a teoria nativa, é o ponto de partida de toda reflexão empiricamente embasada
sobre o social e a cultura.
A produção da Verdade: 3 modelos E-T-M
Como apreender a verdade sobre o mundo social?
1. Olhar exterior e neutralidade axiológica: tradição positivista, funcionalista, estruturalista, sistêmica; ênfase
em dados quantitativos; discurso de ruptura com o senso comum, as pré-noções; dissociação entre contemplação
e ação; busca por leis e causalidades materiais;
2. Olhar interior e neutralidade axiológica: tradição compreensiva, fenomenológica, etnometodológica,
simbólico-interacionista; sujeito e objeto da pesquisa social partilham de uma mesma ontologia; ênfase na
subjetividade, na produção de sentidos, na linguagem, na ação social; dicotomia contemplação / ação e ruptura
relativa com o senso comum; primado dos dados qualitativos, da precisão descritiva; busca pela causalidade
intencional;
3. Olhar de baixo e engajamento crítico e emancipatório: tradição hegeliana, marxista, feminista, de estudos
culturais e de gênero, pós-modernas; afirmação da inserção da ciência no mundo social de hierarquias, posições,
fronteiras e interesses sociais e repertórios simbólicos; as pré-noções, o senso comum, fazem parte da pesquisa,
que deve organizar um confronto emancipatório ou uma luta por reconhecimento; busca pela causalidade
material, intencional e de interpretação e a consequente superação dos vieses inerentes às visões de mundo
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dominantes; constante preocupação com a reflexividade epistêmica; primado dos dados qualitativos, da ação
sobre a contemplação.
Formas de Medida no discurso científico e suas Funções
Precisão Teórica: ajuste do esquema conceitual enquanto verdade e aproximação do real ou enquanto
modelo de apreensão da teoria nativa;
Precisão Empírica: uso adequado das medidas quantitativa e qualitativa;
Funções de criatividade e de reflexividade no ato de medir: afastamento do objeto analítico (jogo das
grandezas), afastamento do olhar do pesquisador (jogo do pesquisador).
O 4° modelo E-T-M
O processo de objetivação científica desde uma postura de estrangeirice: liberdade política, ética, de
conhecimento (ontológica, teórica, epistemológica e metodológica); não pertencimento ao grupo
estudado e às suas perspectivas; mas vinculação, participação e interesse pelo mesmo em um olhar
distante e próximo, exterior e interior, de baixo e solidário, atento e indiferente, pois o estrangeiro
participa de forma não apologética;
Simmel afirma que a ciência é participação social, de modo que um olhar exterior, um olhar interior
distanciado e um olhar de baixo são meros equívocos sobre o fazer científico, que deve pautar-se em
participação-crítica, em reflexividade epistêmica, teórica e metodológica;
Bourdieu: o paradigma da objetivação participante;
Feminismo: perspectiva de identidade e de proximidade, mas pertencimento crítico e liberdade de
movimento;
Foucault: situar-se nas fronteiras do pensamento e afirmar a relacionalidade dos olhares de dentro, de
fora e de baixo. 16
Considerações epistemológicas para uma Metodologia Geral das Ciências Sociais e
Questões Epistemológicas Fundamentais:
Indiferença em relação às posturas epistemológicas construtivistas e realistas;
Pires, nesse sentido, refuta o dilema epistemológico clássico das Ciências Sociais e aponta que as
questões epistemológicas fundamentais incidem na abertura do pensamento científico para uma
modernidade reflexiva, crítica e consciente de sua participação no mundo social:
Ciência Social como modo e estilo de vida pautado na estrangeirice simmeliana: liberdade de movimento, de
combinação de paradigmas E-T-M; afirmação do interesse na busca pela verdade científica e na transformação social;
Superação da distinção entre pesquisas qualitativas e quantitativas: primado da precisão numérica
ou descritiva e das funções epistemológicas de criatividade e de reflexividade;
A metodologia, o procedimento de pesquisa, é trans-teórico e transdisciplinar;
As formas de medida (quantitativa e qualitativa) e os materiais empíricos (observações diretas,
documentos, experimentos) tem seus limites teóricos, ainda que não impliquem em posições
epistemológicas específicas;
Precisão numérica e precisão descritiva não são funções meramente intercambiáveis, pois que
apontam dimensões sociais e culturais particulares do mundo relacional humanos.
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QUESTÕES EPISTEMOLÓGICAS DA CIÊNCIA MODERNA: A SOCIOLOGIA DO
CONHECIMENTO E A INSERÇÃO SOCIAL DO DISCURSO CIENTÍFICO
O conhecimento é socialmente definido de forma ampla e não necessariamente abarca a demarcação de validade ou
falsidade, mas de aceitação social: ideias, ideologias, crenças, mitos, tecnologias, ciências, narrativas artísticas..;
A Sociologia do Conhecimento objetiva explicar e compreender o conhecimento, incluso a ciência, como produção,
representação, ação, função social;
Bacon, Voltaire e a crítica da perturbação social ao conhecimento objetivo: distinção entre Verdade e Interesse;
Nietzsche: distinção entre Validade e Utilidade do conhecimento;
Kant: sistematização de uma filosofia da consciência que reconhece o indivíduo como sujeito cognoscente e portador de
categorias inatas de pensamento; a consciência racionaliza o mundo em uma visão passível de comunicação coletiva;
superação do empirismo inglês; precursor do racionalismo durkheimiano;
Hegel: o conhecimento se realiza em função dos processos dialéticos do Espírito;
Marx: o conhecimento se realiza em função dos processos dialéticos das relações de produção; problema da falsa
consciência, da alienação positiva e negativa; possibilidade de objetividade do olhar de baixo emancipado dos
preconceitos da visão dominante;
Scheler: a ciência moderna é resultado de espaços de liberdade de investigação, crítica e reflexão adquiridos desde a
idade média europeia, quando emerge uma pluralidade de agências mundanas e religiosas em disputa moral e pela
definição ontológica, epistemológica e teórica do mundo: como resultado o paulatino estabelecimento da livre discussão
pública, da troca dialética de teses, do parlamento e do mercado, do anseio burguês pelo acúmulo de bens, do controle
racional instrumental da natureza, do social e da cultura, da aventura em busca da verdade que relativiza noções absolutas
de ontologia e de epistemologia;
Mannheim: conhecimento como narrativa interessada de grupos sociais; o relativismo E-T-M da ciência moderna se 18
realiza pela diferenciação social, pela mobilidade social, pela democratização política e econômica; o interesse social não
necessariamente invalida o conhecimento; distinção entre conhecimento ideológico e conhecimento utópico.
As questões fundamentais da Sociologia do Conhecimento de certa forma ignoram a questão
epistemológica da validade do conhecimento e enfatizam:
O estudo das mudanças e transformações dos interesses acadêmicos e intelectuais em relação com as mudanças e
transformações sociais;
O estudo das mentalidades e suas justificações nativas;
O estudo da avaliação social dos tipos de conhecimento e os fatores que apontam para a sua aceitação ou rejeição;
O estudo das condições sociais de emergência de problemas e disciplinas de conhecimento;
O estudo dos processos de institucionalização da vida intelectual;
O estudo dos intelectuais;
A análise dos impactos sociais do conhecimento institucionalizado, científico e tecnológico
Contexto de emergência da Sociologia do Conhecimento
Conflito social, disputa moral e de narrativas em sociedades diferenciadas e democratizadas, de tradição na
institucionalização da produção intelectual;
Sociedade da desconfiança epistêmica e do caos cultural, mas não social, demanda profissionais da análise ideológica;
Revolução copernicana: erro e verdade são socialmente condicionados.
Paradigma para a Sociologia do Conhecimento
A base existencial das produções mentais dever ser buscada no social (formas relacionais) e na cultura (formas simbólicas),
enfatizando as relações causais ou funcionais e as relações simbólicas ou significativas entre conhecimento e base existencial;
A Sociologia do Conhecimento se nutre de teorias historicistas e teorias analíticas gerais;
Realismo: posição epistemológica preocupada com a validade do conhecimento; Construtivismo: a noção de verdade é
função de uma base social e cultural;
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Marx, Scheler, Mannheim, Durkheim, Sorokin: relações de produção e conhecimento; fatores reais e dados culturais; grupos
organicamente integrados produzem o conhecimento publicamente legítimo; o social é a fonte e repositório das formas
elementares de conhecimento; sistemas de verdade e integração cultural em sociedades complexas.
Tipos de Conhecimento e Função
Mito e lenda;
Conhecimento implícito na linguagem popular natural;
Conhecimento religioso;
Conhecimento místico;
Conhecimento filosófico-metafísico;
Conhecimento Positivo;
Conhecimento Tecnológico.
Função do conhecimento
Marx: organização das relações de produção e das forças produtivas;
Scheler: expressão das formas particulares dos grupos sociais, que atualizam essências eternas em juízos
localizados de valor.
Mannheim: afirmação ideológica e utópica de grupos sociais organizados;
Durkheim: organização dos rituais de coerção e de efervescência, regulação negativa e positiva do social;
Sorokin: expressão dos sistemas de verdade e integração cultural.
Problemas adicionais
Conhecimento e contexto cultural e social: raça, gênero, ideologias políticas e econômicas, religião,
filiação nacional e etc.
Darwin, Hobbes, Ricardo: seleção das espécies, guerra de todos contra todos, sobrevivência dos 20
mais aptos, lógica egoísta natural de mercado, Estado de Natureza...
Ethos e estrutura cultural da Ciência
Ciência Pura:
lugar moral e emocional, cognitivo e comportamental de questionamento e reflexão sobre o social e a cultura em
sociedades complexas e diferenciadas administradas em regimes de concorrência dos poderes e recursos sociais;
implica em um complexo emocionalmente modulado de normas e valores operados por cientistas situados em redes
de interdependência;
código de validação, de reconhecimento, de reciprocidade, de obrigação e de depuração de uma herança partilhada
de bens simbólicos;
projeto global de modernidade, de afirmação etnocêntrica dos valores culturais de acúmulo material e simbólico, de
trabalho e exploração da natureza e do social, de racionalidade instrumental, de objetividade do mundo social, de
quantificação e de comparação de fenômenos, de vida contemplativa, de abstração lógica, de diferenciação –
segmentação de causalidades;
questões de ciência: ontologia, epistemologia, teoria, metodologia, implicações éticas do conhecimento científico...
papéis sociais e ethos específico de respeito, lealdade e adesão aos cânones disciplinares; legitimação pelos pares;
insulação.
Universalismo: discurso de verdade objetiva, impessoal, verificável e falsificável de forma transcultural e global;
conhecimento científico acessível a toda a humanidade;
Comunismo: a ciência é um produto coletivo e herança comum; reconhecimento e estima como únicos direitos de
propriedade; imperativo da transparência, da honestidade, da comunicação;
Desinteresse: caráter público e testável da ciência frustra interesses escusos por parte dos próprios cientistas; o alto
custo transacional de comunicação da ciência faz dela um ‘mau negócio’; o público leigo cede aos apelos da
propaganda, do mito, do esoterismo, dos dogmas políticos e religiosos e do refrigério da arte;
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Ceticismo organizado: imperativo institucional e metodológico de organização autorreferente do conhecimento
científico, que se esgota em sua sacralidade própria e desinteressada.
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AULA 02 – 14.05.2020
02º Encontro: 00/00– Emergência, consolidação e crise da Modernidade Ocidental.
ARENDT, Hannah. Entre o passado e o futuro. São Paulo: Editora Perspectiva, 1997. [p. 9-68]. [PEDRO LEVI]
BECK, Ulrich. La sociedade del riesgo. Hacia uma nueva modernidade. Barcelona, Buenos Aires, México: Paidós, 2002.
ELIAS, Norbert. O processo civilizador: Uma história dos costumes. Rio de Janeiro: Zahar, 2011. [Cap.1 – Parte I, I-II-III-IV-V-VI; Cap. 2 – I,
II, III, IX, X]. [JORGE CARLOS]
ELIAS, Norbert. O processo civilizador: Uma formação do Estado e Civilização. Rio de Janeiro: Zahar, 2011. [Cap.1 – Parte I, I-II-III-IV-V-VI;
Cap. 2 – I, II, III].
GIDDENS, Anthony. As consequências da modernidade. São Paulo: Editora Unesp, 1991. [Cap. 1]. [WINNIE]
GIDDENS, Anthony. Modernidade e identidade. Rio de Janeiro: Zahar, 2002. [Caps. 1 e 4]. [RAISSA]
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2006. [Cap. 1 e 2]. [ALLAN PHABLO]
Objetivos da Aula:
Emergência, consolidação e crise da Modernidade Ocidental: modernidade clássica e modernidade tardia, alta
ou reflexiva; modelos de individualidade em horizontes modernos; perda da tradição e da aura, fim da política e
do mundo comum; processo civilizador sócio- e psicogenético; riscos, perigos, confiança, sistemas peritos e de
comunicação generalizada nas descontinuidades e nos deslocamentos espaço-temporais da modernidade
radicalizada.
1. Discorrer sobre a Emergência, consolidação e crise da Modernidade Ocidental nos modelos historicistas
e sociológicos de Elias, Giddens e Beck; 23
2. Discorrer sobre a noção de Crise da Tradição e de Crise do Sujeito Moderno na abordagem filosófica e
sociológica de Arendt e Hall.
Elias: a sócio- e a psicogênese do Processo Civilizador da Modernidade
Ocidental
História dos sentimentos e das mentalidades; das boas maneiras, do gerenciamento de impressões em
situações de monitoramento face a face, de envergonhamento, amedrontamento e embaraço;
Poliarquia do medievo tardio como contexto de emergência da modernidade: sociedade de corte – sociedade
cavaleirosa – Estado Absolutista:
Cidade – moralidade e cultura emotiva sintetizada nos códigos de urbanidade;
Corte – moralidade e cultura emotiva sintetizada nos códigos de cortesia;
Igreja – moralidade e cultura emotiva sintetizada nos códigos canônicos;
Feudos – moralidade e cultura emotiva sintetizada nos códigos militares de cavalaria e nas tradições camponesas;
Universidade – moralidade e cultura emotiva sintetizada nos códigos acadêmicos.
Elias postula a não naturalidade da vida interior e exterior individual, rompendo com a tradição
epistemológica ocidental de binarização Natureza – Cultura, Indivíduo – Sociedade, Emoções – Razão;
Elias postula a indeterminação, mas também o sentido não finalístico da história: os desdobramentos
aparentemente eventuais descrevem curvas civilizatórias em um compasso de variações sociais e
culturais;
Método historiográfico de tempo longo pautado em análise de documentos (manuais de etiqueta,
literatura, biografias...) e em abordagem interpretativa de instituições (corte, tribunal, mercado, família,
guilda...); hermenêutico desde perspectivas teóricas e nativas; microanalítico de questões cotidianas,
aparentemente ordinárias e banais; interdisciplinar, abrangendo questões e recortes da Sociologia, 24
Antropologia, Filosofia, Psicologia Social, Psiquiatria...
Agenda ousada de pesquisa sobre o Processo Civilizador Ocidental:
• Da mentalidade do Medievo à mentalidade da Modernidade: Renascimento – Reforma / Contra-
Reforma – Iluminismo / Esclarecimento – Revoluções Seculares;
• Capitalismo Mercantilista – Monopolista – Financeiro;
• Estado Absolutista – Estado Liberal – Estado Nacionalista – Estado Autoritário / Totalitário - Estado-
Nação-Moderno de Direito – Estado Supranacional;
• Burocracia Racional, Impessoal, Sistemática e Sistêmica de Estado, de Mercado e de Instituições Totais
e Semi-Totais;
• Cultura Local e Nacional, Colonialismo e Imperialismo Europeu;
• Processos de Urbanização – Mercadologização – Destradicionalização / Desenraizamento –
Individualização – Profissionalização – Pacificação de Territórios – Imposição de Monopólio da
Violência e Fiscal – Imposição de Língua e Hábitos Nacionais – Organização de Economia Monetária;
• Psicologização – Autocontrole Emocional – Abrandamento das Pulsões – Avanço do Limiar da
Vergonha e da Repulsa – Internalização de cadeias complexas de interdependência.
Elias, p. 19, v.2.: “A sociogênese do absolutismo ocupa, de fato, uma posição decisiva no processo global
de civilização. A civilização da conduta, bem como a transformação da consciência humana e da
composição da libido que lhe correspondem, não podem ser compreendidas sem um estudo do processo de
transformação do Estado e, no seu interior, do processo crescente de centralização da sociedade, que
encontrou sua primeira expressão visível na forma absolutista de governo”.
Estado – Burocracia Centralizada: Estatística como expressão de uma Epistemologia absolutista? 25
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