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Brasil Império

AULA 05: DEBATES RECENTES NA HISTORIOGRAFIA


DA INDEPENDÊNCIA: CONTINUIDADE OU RUPTURA?
P R O FA . TA Í S A R A Ú J O

R E F.
OLIVEIRA, Cecília Helena Salles de. A Independência e a construção do Império. São Paulo: Atual, 1995.
MATTOS, Ilmar Rhloff de, ALBUQUERQUE, Luis Affonso S. de. Independência ou morte: a emancipação
política do Brasil. São Paulo: Atual, 1991.
Tese de Oliveira
 Dinamismo da sociedade colonial;

 Atuação contraditória dos agentes da Independência;

 Historiador:
analisar o passado
“em seus próprios
“ Geralmente se estuda apenas uma das facetas da vida na colônia: termos”
a economia agroexportadora, o monopólio de comércio externo e o
trabalho escravo. Ocorre que a ênfase nesses aspectos acaba
provocando uma visão simplificada tanto das relações coloniais
quanto da sociedade que se formou no Brasil” (OLIVEIRA: 1995, 7)
Sociedade colonial do século XVIII: outra visão

Economia diversificada
 Expansão das lavouras e engenhos de açúcar:
 no Rio de Janeiro, entre 1769-1790 – de 90 para 616. Assim como surgiram mais
de 400 novos empreendimentos – armazéns, olarias (fabrico de cerâmica), fábricas
(beneficiamento de arroz e anil). Notar: os dados são anteriores à vinda da Família
Real.

 Aumento dos investimentos em outras atividades como: criação de gado, Mercado interno
lavouras de algodão, tabaco, café, anil e arroz.
 Produtos variados de exportação: couro, madeira, aguardente, cera, sebo,
especiarias, ervas medicinais, azeite de peixe, carnes defumadas, peixes Mercado externo
secos e farinha.
Diminuição
das
exportações
do Brasil
para
Portugal
Construções e estradas
 Surgimento de novas propriedades;
Modificações na paisagem do Rio de Janeiro e outras
regiões do Centro-sul (SP e MG);
 Desmatamento: abria espaço para novas construções e • RUGENDAS, J. M. Tropa de negociantes a caminho
estradas: interligação entre os centros mais dinâmicos. do Tijuco-MG, séc. XIX
 Com essas reformas, pessoas e mercadorias circulavam
com mais facilidade. O comércio pelo interior do país se
beneficiou muito com essas transformações na paisagem da A Inglaterra já
colônia. comercializava
 O comércio ilegal com países vizinhos ou entre as próprias diretamente com os
capitanias ou ainda com as possessões portuguesas na África colonos, antes da Abertura
(Angola e Benguela) movimentavam a dinâmica do mercado dos Portos!
interno colonial:
Por que houve essa dinamização em fins do século XVIII?

 Reformulação do Império:

• Incremento da produção de manufaturas em Portugal e da produção


colonial. Objetivo: impedir que o lucro proveniente das colônias fosse
para a Inglaterra.
Reformas de Pombal, 1750 • Incentivo a empresas nacionais (portuguesas) para gerenciar as linhas de
crédito no mercado colonial.

• Surgimento de grupos de comerciantes que se tornaram pequenos e


médios proprietários na colônia.
Valorização da terra

• Incentivo ao aumento da produção: expulsão dos A terra e a produção de


bens adquire um
“rendeiros”; caráter de mercadorias,
por isso as pessoas
• Interior de Minas Gerais e São Paulo: sítios e chácaras
livres que viviam em
voltados para a produção de uma variedade de produtos terras cuja propriedade
voltados ao abastecimento local. não lhes pertencia,
serão expulsas dessas
• Salvador: Dos 500 engenhos próximos à região de áreas e integradas à
Salvador, somente 14 eram considerados “grandes produção como
trabalhadores
fábricas” (mais de 100 escravos). dependentes.
Integração de brasileiros aos cargos
públicos
 Pessoas ricas e instruídas da sociedade colonial brasileira passam a
ocupar funções públicas e administrativas, antes mesmo da chegada
da Corte.

 Esses conflitos entre grandes proprietários e homens livres se


intensificam, o que significa que as tensões sociais não viriam
somente da relação entre senhores e escravos. Exemplo:
Inconfidência Mineira e Conjuração Baiana

 D. Rodrigo de Souza Coutinho: medidas liberalizantes para aumentar a


produção colonial como a concessão de autonomia para as diversas
regiões produtoras da colônia, supressão de alguns monopólios e
diminuição dos impostos.
Transformações na colônia e
independência
A vinda da Família Real não provocou a separação, antes agravou os conflitos que já permeavam a sociedade colonial.

Contradição entre as medidas liberalizantes de D. João:


 facilitação da comunicação e comércio entre as províncias da colônias, diminuição de certos impostos, liberdade para venda na
rua das mercadorias importadas, liberdade para construção de manufaturas, a concessão de sesmarias para ampliar as lavouras

E a cobrança de impostos:
 dízimo sobre atividades produtivas; impostos sobre importação e exportação, taxas sobre a circulação de pessoas, escravos e
mercadorias, tributos específicos pelo açúcar, algodão e tabaco, impostos sobre os imóveis localizados em áreas urbanas (10% de
seu valor) e até os mendigos deveriam ter uma licença para pedir esmolas. Além de tributos extraordinários para cobrir reformas
urbanas no Rio de Janeiro.
Especialmente a vida cotidiana de famílias livres, pobres ou remediados, se
tornou mais difícil:

Aumento do preço dos aluguéis e dos materiais de construção,


Aumento do preço dos imóveis e do tributo urbano (décima urbana).
 O centro da cidade passou a ser ainda mais aglomerado, com escravos de ganho vendendo
quitutes e água retirada dos chafarizes, homens de negócio, comerciantes.
As ruas que ligavam as
principais lojas comerciais ao
porto foram as primeiras a
serem reformuladas, com a
iluminação a azeite de peixe e
o calçamento de pedras.

RUGENDAS, J. M. Rua Direita, séc. XIX


2º áudio

• TAUNAY, Nicolas-Antoine. Vista do Largo do Machado


em Laranjeiras, séc. XIX.
D. João VI enfrentava pressões de variados lados:
 As populações de homens livres empobrecidos causavam tensões sociais e violência urbana;

 As corporações de ofício e casas de comércio instaladas na colônia ficavam receosas com as


populações de imigrantes europeus que representavam concorrência nos negócios;

 No reino português, os grupos dirigentes reivindicavam melhores condições para realização do


comércio com a antiga colônia;

• Na perspectiva de Oliveira, esses conflitos políticos não tratam de uma oposição entre
brasileiros e portugueses ou entre portugueses e luso-brasileiros, mas antes de um
“enfrentamento no interior da monarquia portuguesa”

• Os conflitos são aprofundados com a elevação do Brasil à Reino Unido em 1815. As


capitanias passavam a ser reconhecidas como províncias do Império; situação que se
consolidou com a coroação de D. João VI como rei do Império.
Crise no Império Português:
 Descontentamento com D. João VI:
 Discussões a respeito de que soluções deveriam ser tomadas;
 Projetos políticos diferentes:

 Reformistas –Integridade do Império português e da manutenção do poder real; dentro dessa tendência havia mais
divisões:
◦ Manter as leis do Antigo Regime

◦ Reformular o Antigo Regime, integrando as reivindicações de portugueses e brasileiros;

◦ Manter D. João VI no Brasil e enviar D. Pedro a Portugal

◦ Enviar D. João VI a Portugal e manter D. Pedro no Brasil

 Revolucionários – Nova ordem política e jurídica; ruptura em relação à Monarquia Absoluta; construção
de um governo liberal e constitucional;
Em resumo... Tese de Cecília H. S. de Oliveira:

Transformações econômicas
século XVIII – dinâmicas
diferentes entre os vários grupos
• Para se entender a sociais: artesãos, rendeiros,
Independência do Brasil, posseiros, pequenos e grandes
comerciantes, funcionários
é necessário reconhecer a públicos....
complexidade da
sociedade colonial. Diferentes propostas políticas
sobre o futuro da Monarquia
Portuguesa e sobre como
deveriam ser as relações entre
Portugal e Brasil.
Contexto das disputas políticas, que levaram
à independência do Brasil
• Agosto – outubro de 1820: Revolução do Porto – Portugal.
 Uma rebelião armada que contou com o apoio da população e formou em
dezembro uma Junta governativa.
• Dezembro de 1820: Convocação de eleições para uma Assembleia
representativa do Império em Lisboa: Cortes Gerais Extraordinárias e
Constituintes da Nação Portuguesa.
• Janeiro de 1821: Manifestações no Pará, na Bahia e no Rio de Janeiro exigiam a
adesão do Brasil à Revolução do Porto.
 Participaram desses motins: oficiais, soldados, milicianos, bacharéis,
pequenos proprietários, artesãos, grandes proprietários, comerciantes e
donos de engenho. No caso do Pará e da Bahia exigia-se também o fim da
subordinação ao Rio de Janeiro. Houve conflitos armados entre grupos
com propostas divergentes.
• Movimento no Rio de Janeiro: D. Pedro fica!
 Fevereiro/1821: Multidões saíram às ruas no Rio de Janeiro pedindo a volta da Família Real a Portugal e o
juramento do Rei à nova Constituição elaborada na Revolução do Porto.

 Líderes desse movimento: José Clemente Pereira, um português e Joaquim Gonçalves Ledo, um fluminense:
apoiadores da Revolução de 1820. Defendiam um governo representativo em união com Portugal. Suas ideias
tinham uma forte base popular. Articularam-se em torno de D. Pedro I para que D. João voltasse a Portugal e
• Fevereiro
jurasse à de 1821: D.
Constituição João VI jura à Constituição e
liberal. Partido Brasileiro: Políticos
anuncia a volta da Família Real a Portugal (Abril de 1821) que apoiavam a permanência
 D. João oficializou dois decretos: 1. D. Pedro voltaria a Lisboa; 2. Seria convocada de D. João VI no Brasil e que
uma Assembleia com representantes das províncias brasileiras com o fim de se arquitetaram para que D.
redigir uma nova Constituição para a América Portuguesa. Pedro ficasse; acreditavam
que a Família Real defenderia
 Os decretos geraram oposição entre os ministros mais absolutistas de D. João. seus interesses perante as
Políticos brasileiros ficaram preocupados com o entrave que poderiam Cortes portuguesas; não são
só aqueles que nasceram no
representar esses ministros. Assim, propõem a volta de D. João e a regência de Brasil; também havia
D. Pedro no Brasil. portugueses cujos interesses
estavam no Brasil.
• O Brasil elege 72 deputados para participar das Cortes Gerais, mas somente 49
conseguem estar presentes; no Rio de Janeiro, a eleição dos deputados da
província é realizada em praça pública, com participação popular;

• Outubro de 1821: Decretos de Lisboa em obediência às decisões das Cortes


Gerais:
• Decretos: Retorno de D. Pedro para Portugal; criação de um Executivo representativo dos governos
locais das províncias brasileiras.

• Os decretos foram uma afronta aos grupos que se articulavam em torno de D. Pedro no
Brasil. Acirraram a disputa local em São Paulo, Minas Gerais, Pará, Bahia, Pernambuco, em
torno das eleições para formar uma Junta de governo no Brasil e ignorar as determinações
de Lisboa;
Manifestações em relação aos decretos de
Lisboa: contra e a favor.

• Os decretos das Cortes em Lisboa foram elaborados não só por


portugueses, mas também por brasileiros que lá se encontravam;

• Havia deputados portugueses que, assim como os brasileiros,


também não concordavam em tomar medidas sobre o Brasil sendo
que não estavam todas as províncias representadas na Assembleia
das Cortes Gerais;

• No Brasil, esses decretos foram apoiados por grupos contrários à


regência de D. Pedro, formados por brasileiros e portugueses.
• Dois grupos aparecem com mais destaque nesse contexto de pré-
Independência:
Republicano e
Monarquista crítico a D.
e próximo a Pedro;
D. Pedro; Nogueira da Gama e Defendia a
Defendia um José Bonifácio
Gonçalves Ledo convocação de
Conselho de uma
Procuradores assembleia
Provinciais constituinte

Monarquia Constitucional Monarquia Constitucional


integrada ao Reino Unido
Independente
O 7 de setembro
• 09/janeiro de 1822: Dia do Fico - Fortalecimento do grupo político de Gama e
Bonifácio.
• Decretos de D. Pedro:
• Nomeação de brasileiros para o Ministério
• Expulsão das tropas portuguesas fiéis às Cortes
• Exigência de aprovação de D. Pedro em relação aos decretos da Corte portuguesa
• Convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte para junho de 1822
• 07/ setembro de 1822 - D. Pedro encontrava-se em viagem a São Paulo quando
recebeu uma carta de D. Leopoldina (que presidia a reunião do ministério) e José
Bonifácio comunicando que em Lisboa os decretos de D. Pedro haviam sido revogados
e sua volta era exigida. Naquele lugar, o príncipe teria proclamado a separação de
Portugal.
• 12/ outubro de 1822 - D. Pedro é aclamado imperador diante de uma multidão no Rio
de Janeiro.
• Em 1º de dezembro de 1822, o príncipe era coroado Imperador e recebia o título de D.
Pedro I.
• Houve conflito armado em dois lugares: na província da Cisplatina e na da Bahia, onde
centenas de pessoas morreram.
3º áudio
Debate Historiográfico

História Romântica História Marxista Recentes


interpretações – Nova
• Século XIX/Primeira metade • Anos 1970/80 História Política/História
do século XX Intelectual
• Ênfase em fatores externos –
• Valoriza o nacionalismo das Revolução Industrial/ • Anos 1990/2000
lutas de independência; articulação entre esses
fatores e o modo como a • Ênfase na complexificação
• Toma como referência os elite brasileira correspondeu da sociedade colonial
EUA a tais pressões
• Valorização dos conflitos
• Coloca D. Pedro na posição • Manutenção/Continuidade políticos e do debate de
de herói nacional do Antigo Sistema Colonial ideias entre os
participantes do momento
• Sem participação popular • Sem participação popular histórico

• Apoio popular
Vídeo: João Paulo Pimenta Garrido sobre as leituras da Independência:

https://www.youtube.com/watch?v=rYl1slpqBnM
O Primeiro Reinado (1822 – 1831)
• Inglaterra: primeira a reconhecer a legitimidade da Independência;
• 1º empréstimo brasileiro: pagamento de indenização a Portugal em 1825;
• A ordem social vigente permaneceu a mesma – escravocrata
• 1823: reuniões sobre a necessidade de eleger uma Assembleia
Constituinte . Dois grupos:
• “Democratas” – Gonçalves Ledo: Monarquia com fortalecimento do poder
legislativo;
“O Brasil precisa e deve ser livre para ser feliz, e se os povos manifestarem geral desejo de serem
republicanos, não acharão em mim oposição; antes farei quanto puder para que o consigam e eu me
contento em ser seu concidadão” (CORREIO DO RIO DE JANEIRO APUD MATTOS, ALBUQUERQUE,
1995, p. 68)
• “Aristocratas” – José Bonifácio: Monarquia com centralização do executivo;
• Com apoio dos “absolutistas” e do Partido Português, foram eliminando os democratas do debate;
• O editor do jornal “Malagueta”, Luís Augusto May, é espancado como forma de intimidação;
A Constituinte
• Maio de 1823: Reunião dos deputados eleitos para a constituinte, sem a presença dos “democratas”

Divergências:

As atribuições do poder executivo:


• Para os constituintes, o “Partido Brasileiro”: O Imperador não
poderia dissolver a Câmara de deputados eleitos; não poderia ter
poder de veto absoluto;

• Para o “Partido português”: O Executivo tinha que ser forte e


centralizado; O Imperador deveria ter amplos poderes;

• D. Pedro: Defenderia a Constituição “se fosse digna do Brasil e de


mim”. Aproxima-se do Partido Português;
• Jul 1823: Afastamento de Bonifácio da direção do ministério; não conseguiu
lidar com as divergências entre “brasileiros” e “portugueses”;
• Porém, o projeto apresentado ainda é o de Antônio Carlos Andrada:
 Os estrangeiros seriam inelegíveis a cargos de representação nacional;
 O imperador não poderia tornar-se representante de outro reino;
 A Câmara dos deputados seria indissolúvel e teria subordinada a si as Forças
Armadas;
 Sistema eleitoral indireto e censitário: renda mínima de 150 alqueires de mandioca;
• Nov/ 1823: A disputa entre as facções políticas leva D. Pedro a intervir no processo da
Constituinte e dissolver a Assembleia;
• Os irmãos Andrada são presos, além de outros deputados;
• D. Pedro não convoca outra assembleia, mas sim um Conselho de Estado com 10
membros escolhidos por ele;
• 25 de março de 1824: Outorgada a Constituição Política do Império do Brasil
A Constituição Liberal
• Religião oficial do Império: a católica; permitindo-se o culto particular das
demais;
• Poder legislativo: Câmara X Senado; eleitos; porém o Senado era um cargo
vitalício e eram eleitos 3 nomes, sendo que o senador seria escolhido pelo
Imperador;
• Voto: indireto e censitário (obedecia ao censo econômico – tinha que ter
alguma renda para votar – 100 mil réis); Para ser candidato a compor o grupo
que elegeria os deputados era necessária a renda de 200 mil réis; os escravos
libertos poderiam votar, mas não se candidatar; para ser candidato a deputado,
a renda deveria ser de 400 mil réis.
• Cada província teria um presidente nomeado pelo Imperador.
• Ficavam asseguradas a liberdade de pensamento, expressão e a igualdade
perante a lei;
O poder moderador
•Conselho de Estado e Poder Moderador:
◦ Os conselheiros eram cargos vitalícios e nomeados pelo Imperador, tendo pelo menos a
renda de 800 mil réis; exerceriam o poder executivo de administração do país;
◦ Poder Moderador: pertencia ao Imperador: moderar disputas; porém esse poder
acabava misturando-se ao executivo e concentrando poderes nas mãos do Rei. Sua
pessoa era “inviolável e sagrada”. Poderia: realizar nomeações, dissolver a Câmara,
convocar eleições novas, aprovar ou vetar decisões.
Charges didáticas
Reação à Constituição de 1824: A
Confederação do Equador.
• Cipriano Barata (médico e jornalista) participou da
Conjuração Baiana (1798), da Insurreição
Participantes Pernambucana (1817), representou a província da Imprensa de oposição:
Bahia na Assembleia das Cortes em Portugal (1821). • O Tamoio – José
Ao voltar, após a outorga da Constituição por D.
Pedro I movimenta a cidade do Recife com suas Bonifácio e seus irmãos;
ideias republicanas e é preso no Rio de Janeiro, em • Sentinela da Liberdade –
1824. Cipriano Barata
• Tífis Pernambucano –
• Frei Caneca, também republicano, opositor ao Frei Caneca
governo de D. Pedro I e participante da Insurreição
Pernambucana (1817), torna-se uma figura pública de
destaque com a publicação de seu jornal Tífis
pernambucano.
• Manoel de Carvalho, admirador da Constituição
norte-americana, proclamou a Confederação do
Equador, em 2 de julho de 1824, reunindo Paraíba,
Rio Grande do Norte e Ceará;
• Causas:
 Nomeação de um governador não desejado na província de Pernambuco;
 Autoritarismo de D. Pedro I;
 Centralização político-econômica no Rio de Janeiro;

 Frei Caneca: “O poder moderador de invenção maquiavélica é a chave mestra da opressão da


nação brasileira e o garrote (tormento) mais forte da liberdade dos povos” (APUD MATTOS,
ALBUQUERQUE, 1995, p. 73)

• Desfecho:
 Após intensas batalhas de resistência, as províncias rebeladas são derrotadas pelo governo
central em novembro. Algumas lideranças são condenadas à morte por D. Pedro I, inclusive Frei
Caneca, que foi fuzilado.
(TYPHIS, 1823/1824)

Nós queremos um império Constitucional e o ministério é um absoluto. Nós


queremos uma Constituição feita pela nação soberana; o ministério realizou
um projeto feito por ele, que não tem soberania. Nós, como racionais,
queremos jurar uma Constituição, com conhecimento do que juramos,
livremente, sem coação, para ao juramento do poder ligar-nos; o ministério
quer que abjuremos da razão, o Dom mais precioso que recebemos do Criador
e que nos diferencia dos demais animais que a natureza criou, propensos para
a terra e sujeitos aos apetites do ventre; e que juremos o projeto, porque o
Senado do Rio de Janeiro o qualificou de obra-prima em política, e que o
juremos com um bloqueio na barra, fazendo-nos todas as hostilidades. Nós
queremos uma Constituição que afiance e sustente a nossa independência, a
união das províncias, a integridade do Império, a liberdade política, a
igualdade civil, e todos os direitos inalienáveis do homem em sociedade; o
ministério quer que, à força de armas, aceitemos um fantasma ilusório e
irrisório da nossa segurança e felicidade, e mesmo indecoroso ao Brasil.
(TYPHIS, 1823/1824)

Nós queremos um Império Constitucional e o ministério é um absoluto. Nós


queremos uma Constituição feita pela nação soberana; o ministério realizou
um projeto feito por ele, que não tem soberania. Nós, como racionais,
queremos jurar uma Constituição, com conhecimento do que juramos,
livremente, sem coação, para ao juramento do poder ligar-nos; o ministério
quer que abjuremos da razão, o Dom mais precioso que recebemos do Criador RAZÃO: SER
e que nos diferencia dos demais animais que a natureza criou, propensos para HUMANO
a terra e sujeitos aos apetites do ventre; e que juremos o projeto, porque o
Senado do Rio de Janeiro o qualificou de obra-prima em política, e que o
juremos com um bloqueio na barra, fazendo-nos todas as hostilidades. Nós NÓS
queremos uma Constituição que afiance e sustente a nossa independência, a X
união das províncias, a integridade do Império, a liberdade política, a ELES
igualdade civil, e todos os direitos inalienáveis do homem em sociedade; o
ministério quer que, à força de armas, aceitemos um fantasma ilusório e
irrisório da nossa segurança e felicidade, e mesmo indecoroso ao Brasil.
Pernambuco, palco de muitas
revoltas contra o governo central
do Rio de Janeiro, acabava sendo
um canal representativo das
insatisfações do nordeste.

Execução de Frei Caneca, Murillo LaGreca, 1924.

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