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Antero de Quental

(1842-1891)
«Morrerei depois de uma vida
moralmente tão agitada e dolorosa,
na placidez de pensamentos tão irmãos
das mais íntimas aspirações da alma
humana, e, como diziam o antigos,
na paz do Senhor — Assim o espero.»

Antero de Quental,
Carta a Wilhelm Storck,
o seu tradutor alemão.

Antero Quental (c. 1887), fotografia


de autor desconhecido, in Antero de Quental.
In Memoriam, Lisboa, 1896 — BN L. 57312 V.
Columbano Bordalo Pinheiro,
Retrato de Antero de Quental (1889).
1842 — Nasce nos Açores (Ponta
Delgada) Antero Tarquínio de Quental. «O facto mais importante da
minha vida durante aqueles anos
1847-1857 — Recebe de António
[1859-1864], e provavelmente
Feliciano de Castilho lições de latim
o mais decisivo dela, foi a espécie
e francês, que continuarão, depois, de revolução intelectual e moral
em Lisboa. que em mim se deu.»
Antero de Quental, carta a Wilhelm
1859 — Inicia estudos de Direito Storck, o seu tradutor alemão.
na Universidade de Coimbra, onde (In Cartas II, org., int. e notas de Ana Maria Almeida
Martins, Lisboa, Editorial Comunicação
lidera um movimento de agitação e Universidade dos Açores, 1989.)

intelectual.

1864 — Termina o curso.


1865 — Publica Odes «O livro [Odes modernas],
modernas, obra que originará publicado em 1865, um ano
a polémica do Bom Senso após a formatura de Antero
no curso de Direito em
e do Bom Gosto
Coimbra, vem cair como
ou Questão Coimbrã. uma pedra no charco de uma
literatura de salão, respeitosa
1866 — Trava, no Porto, um
das conveniências do seu
duelo com Ramalho Ortigão, público e dos seus mestres […].»
a propósito da polémica do Nuno Júdice, prefácio a Odes modernas,
Bom Senso e do Bom Gosto, Lisboa, Ulmeiro, 1996, p. 5.

saindo vencedor.
1867 — Depois de trabalhar como tipógrafo na Imprensa Nacional,
viaja para Paris, com o objetivo de conhecer o proletariado.
Visita o filósofo e historiador Michelet.

Thomas Couture, Retrato


de Michelet (1850-1879).
Exposição Universal de Paris de 1867, ilustração publicada em Le monde illustré, 1867.
1869 —Viaja até aos Estados Unidos e ao Canadá. Regressado a Lisboa, encontra
antigos conhecidos dos tempos de Coimbra.

1870 — A viver em Lisboa, com Jaime Batalha Reis, num lugar cujos frequentadores
designam por Cenáculo, promove o estudo de autores socialistas,
aderindo ao Partido dos Operários Socialistas.

Proudhon (aqui retratado


por Gustave Courbet,
em 1865) inspira Antero
de Quental, que transmite
ao grupo do Cenáculo a paixão
pelo socialista francês e pelo
reformismo social.
1871 — Organiza e redige o programa das Conferências do Casino, iniciativa
em que participam Oliveira Martins, Eça de Queirós e Jaime Batalha Reis,
entre outros. Antero apresenta a conferência «Causas da decadência
dos povos peninsulares nos últimos três séculos».

Jaime Batalha Reis (aqui retratado


por Columbano Bordalo Pinheiro,
em 1862) é uma das figuras mais
importantes da Geração de 70
e companheiro de Antero
de Quental nos tempos
do grupo do Cenáculo.
1872 — Edita Primaveras românticas — versos dos vinte anos (1861-1864).

1873 — Viaja para Ponta Delgada, depois de o pai morrer. Adoece com uma
«doença nervosa», que o faz procurar vários médicos.

1878 — Realiza uma cura hidroterápica em Bellevue, embora a sua doença


psicológica persista.

1880 — É candidato a deputado pelo Partido Socialista. Desiludido com a vida


da capital, abandona Lisboa.

1881 — Adota duas filhas de um amigo falecido e fixa-se em Vila do Conde, onde
permanece quase uma década.

1883 — Edita Tesouro poético da infância, reunindo textos de autores do século


XIX.
1886 — Publica os Sonetos completos.

1890 — Publica, na Revista de Portugal, o ensaio filosófico Tendências gerais


da filosofia da segunda metade do século XIX.

1891 — Fixa-se em São Miguel. No dia 11 de setembro, suicida-se com um tiro


de revólver em Ponta Delgada, junto ao Convento da Esperança.

Aspiração… desejo aberto todo


Numa ânsia insofrida e misteriosa…
A isto eu chamo vida […]
Antero de Quental,
Odes modernas, «Panteísmo»

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