Assim, “parece lógico pensar que, quando Tiago foi escrita, uma fórmula
paulina tinha sido repetida fora de contexto e produzido um interpretação
falseada que precisava ser corrigida” (R. BROWN, Introdução ao N. T., p. 955).
A carta de Tiago e a tradição paulina posterior
A carta de Tiago situa-se numa situação polêmica diante da recepção da
tradição paulina.
Não contra o próprio Paulo, mas contra cristãos de tradição paulina que
fazem da teologia do Apóstolo das Nações uma simples herança religiosa,
sem consequências no concreto da vida de fé.
O cristão é pois liberado da Lei, ou seja, ele não encontra o sentido de sua
vida de fé na obediência das prescrições legais. Mas, porque Cristo é a
plenitude da Lei, paradoxalmente, o cristão, no espírito de liberdade,
cumpre o sentido fundamental da Lei: o ágape.
Tiago e Paulo: depois percursos diferentes para o Cristo
A carta de Tg não estabelece este percurso de ruptura com a tradição
mosaica. Ao dizer sim a Jesus, proclamado como Messias, Tg diz sim à Lei
em sua plena expressão. Basta lembrarmos a proximidade da Tg com o
Sermão da Montanha no Ev. de Mt.
A Lei é relida à luz da fé pascal e acolhida como lei da liberdade.
Há, portanto, um modelo de continuidade em Tg, que integra a herança da
fé hebraica de maneira mais “pacífica” que o modelo de ruptura paulina.